AVIAÇÃO NAVAL BRASILEIRA

  Focke-Wulf Fw 58B

Bombardeiro, Patrulha Marítima e Emprego Geral


S u b v a r i a n t e s  e  M a t r í c u l a s

D2Fw

147

168

169

170

171

172

173

174

175

176

177

 

2AvN

209

210

211

212

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221 222 223

 


E s p e c i f i c a ç ã o   o r i g i n a l (D2Fw) (1)

Origem: Alemanha (Focke Wulf Flugzeugbau GmbH), Brasil (Fábrica do Galeão)
Dimensões: comprimento: 14,2 m; envergadura: 21 m; altura: 4,21 m; Superfície alar: 47,00 m2.

Pesos: vazio: 2.400 kg; máximo na decolagem: 3.600 kg.

Motores: dois motores Argus AS-10 de oito cilindros, desenvolvendo 240 HP e refrigerados a ar.

Desempenho: velocidade máxima: 263 km/h; velocidade de cruzeiro: 238 km/h; razão inicial de subida: 180,58 m/min; teto de serviço: 5.400 m; Alcance máximo: 730 km.
Armamento: duas metralhadoras Rheinmetal Borsig MG 15 de 7,92 mm sendo uma no nariz e outra no dorso, atrás da cabina de pilotagem e oito cabides para bombas de 25 kg sob as asas. Posteriormente esse armamento foi substituído por outro de procedência norte-americana (
duas metralhadoras Browning .30 e um cabide externo para 113kg).

Tripulação: piloto, co-piloto, bombardeador e rádio-operador.


H i s t ó r i c o

 

Na segunda metade da década de trinta, a aviação naval contava com cerca de 143 aviões em seu inventário. No entanto, aproximadamente 60 estavam sem condições de vôo por falta de apoio de terra (peças sobressalentes, mecânicos experientes e oficinas adequadas) (2).

Essa situação forçou o Ministério da Marinha a buscar uma solução que englobasse a contratação de técnicos estrangeiros, formação de profissionais brasileiros, construção de oficia de reparo de aeronaves no Brasil e montagem/construção de aeronaves modernas. As tentativas iniciais com os norte-americanos não produziram resultados.

Por outro lado, o Governo de Berlim naquela época tinha grandes interesses políticos e comerciais em conquistar mercados na América Latina. A necessidade da Marinha parecia uma boa oportunidade para isso. Após algumas iniciativas infrutíferas com a indústria aeronáutica norte-americana, o Ministério da Marinha aceitou a proposta alemã que dispôs nada menos que cinco fábricas para a concorrência brasileira.

O contrato foi finalmente assinado com a renomada indústria alemã Focke Wulf. O projeto era bastante ambicioso e, até aquele momento, nada parecido tinha ocorrido em termos de aeronáutica no país. Pelo contrato, cabia a Marinha a escolha do terreno e toda a obra civil da construção dos galpões da futura fábrica. Os alemães então enviariam técnicos, instrutores e ferramental. O projeto dividiu-se em quatro etapas, nas duas primeiras seriam montados os aviões Fw-44 de treinamento e Fw-56 de treinamento avançado. Na seqüência, o projeto previa a montagem/fabricação de aeronaves bimotores Fw-58 e encerraria com o Fw-200 Condor (2).

Após a conclusão da primeira etapa (montagem dos Fw-44), o Ministério da Marinha decidiu cancelar o passo seguinte e passar direto para a produção de bombardeiro Fw-58. Essa decisão foi motivada pelos acontecimentos geopolíticos que ocorriam na Europa naquele tempo.

Em relação ao Fw-58 “Wehie”, ele era uma aeronave moderna para a sua época. Projetada pelo famoso engenheiro aeronáutico Kurt Tank, voou pela primeira vez em 1935. Atendia a uma especificação da Luftwafe para uma aeronave bimotor de treinamento capaz de ser empregada em missões de bombardeio leve e outras funções. Eram simples de pilotar e manobravam como um caça, além de operarem em pistas não preparadas.

Em julho de 1937 chegou ao Brasil, por via marítima, o primeiro Fw-58 totalmente desmontado. Juntamente com ele, vieram os componentes para a montagem de outras dez aeronaves. O protótipo ficou pronto antes do final do mês de julho e recebeu a matrícula 147. As aeronaves desse primeiro lote foram denominadas D2Fw. Essa nomenclatura na Marinha obedecia a seguinte regra: “D” significava emprego geral; “2” representava o segundo modelo (o primeiro foi o Fw-44) e “Fw” vinha de Focke Wulf. O número subseqüente com três algarismos representava o número da aeronave dentro da série. O Fw-58 matrícula D2Fw-147 foi responsável pelo treinamento tanto das equipes de vôo como os técnicos e mecânicos que iriam fabricar o restante da série (2).

No ano seguinte foram montadas as demais aeronaves. O último dos dez aviões foi entregue a Marinha no início do mês de outubro de 1938. Embora fossem exemplares montados com componentes alemães, já possuíam  algumas partes fabricadas no Brasil como a tela externa. Esse lote recebeu as matrículas 168 a 177. Todos os aviões foram inicialmente formar a Segunda Esquadrilha de Adestramento Militar (2ª EAM), na época sediada na Base de Aviação Naval do Rio de Janeiro (Ilha do Governador/RJ), incumbida de prover treinamento avançado e, secundariamente, serviços de aerofotogrametria e emprego geral (3).

Além da matrícula oficial, os Fw-58 exibiam na sua fuselagem um código composto por três letras com um número em cada extremidade. O primeiro número e as letras indicavam a esquadrilha (2 - EAM – Segunda Esquadrilha de Adestramento Militar) e o último número correspondia ao número da aeronave na esquadrilha. Posteriormente a letras foram substituídas simplesmente por “V” (adestramento).

 

Concluído o primeiro lote de dez aviões, a Aviação Naval partiu para um segundo lote de 15 aviões. Embora muito semelhantes, os aviões dessa segunda série utilizaram uma porcentagem maior de componentes nacionais e componentes importados dos EUA. No Brasil eram fabricadas, além da tela dos modelos anteriores os pneumáticos, os freios, as hélices, o contraplacado de madeira para parte da fuselagem e as estruturas das asas (em madeira). Dos EUA vieram além do armamento (também colocado no primeiro lote) os rádios de comunicação. Essas mudanças nos componentes tornaram a aeronave mais pesada e, conseqüentemente, mais lenta. Para diferenciar do lote inicial, os Fw-58 dessa série foram designados na Marinha como 2AVN (segundo modelo da Aviação Naval).

O primeiro aparelho 2AVN voou em maio(3) (julho, segundo (2)) de 1940. Porém, antes que a série fosse completada, a Aviação Naval deixou de existir. Com a criação do Ministério da Aeronáutica, em 20 de janeiro de 1941, todos os exemplares da Marinha foram repassados para a nova pasta. Na medida em que os aviões restantes do segundo lote fossem completados, eles eram entregues diretamente a FAB. O último saiu da fábrica do Galeão em 12 de dezembro de 1942. Na Força Aérea, os Fw-58 foram designados FG 2 e voaram com as cores da FAB até 1951. No Museu Aeroespacial, localizado no Campo dos Afonsos (Rio de Janeiro), encontra-se preservado o único Fw-58 do mundo. No entanto, esta aeronave voou pela primeira vez em dezembro de 1941 (4), e portanto, não pertenceu a Aviação Naval.


F o t o s

Não disponível


B i b l i o g r a f i a

 

(1) PEREIRA NETTO, F. C. Aviação Militar Brasileira 1916-1984. Ed. Revista de Aeronáutica: Rio de Janeiro, 1985. p.53

(2) ANDRADE, R. P. História da Construção Aeronáutica no Brasil. Artgraph Ed., São Paulo/SP 1991. p. 31-38.

(3) ALAMINO, A. C. História da Força aérea brasileira - Focke-Wulf 58 Weihe. Disponível em: <http://www.rudnei.cunha.nom.br/FAB>. Acesso em: 

(4) CASTRO, L. B. de (Ed.) O Museu Aeroespacial Brasileiro. São Paulo: Ed. Aero, 1984?. p. 227-228.