Aramar produzirá combustível nuclear em escala industrial ainda este ano

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vinheta-clipping-navalO Centro Experimental de Aramar (CEA), em Iperó, começa a produzir em escala industrial, no segundo semestre deste ano, o gás de urânio (UF6, combustível nuclear) para mover as usinas de Angra 1 e 2. A Usina de Hexafluoreto de Urânio (Usexa), que fará a conversão do concentrado de urânio em UF6, será inaugurada neste ano em Aramar e atualmente está em fase de montagem eletromecânica.

O custo da nova usina, que terá capacidade de fabricar 40 toneladas por ano, é de mais R$ 115 milhões (US$ 65 milhões), com 65% dos recursos da Marinha do Brasil e o restante investimento do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). A Marinha do Brasil informa que as atividades técnicas de Aramar seguem os requisitos e recomendações de licenciamento da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEM) e do Ibama.

Algumas unidades do sistema Usexa, em Iperó, já começaram a realizar os testes de construção, como os de compressores de ar e de caldeiras. Porém, segundo a Marinha do Brasil, os testes operacionais deverão ocorrer somente no segundo semestre. Dentro do comissionamento – projeção, instalação, testes e operação -, começo previsto para esse semestre, muitos sistemas necessitarão de calibração e ajustes técnicos em diversos equipamentos. Logo após essa fase, a produção do gás UF6 será iniciada, de forma progressiva, programada para o final deste ano.

Na verdade, esse processo, que será realizado pela Usexa, em Iperó, consiste em converter o “yellow-cake”, concentrado de urânio produzido pelas Indústrias Nucleares do Brasil (INB) na mina de Caetité (Bahia) em combustível nuclear (no gás UF6). Hoje em dia, o Brasil já domina a tecnologia necessária, mas ainda não tinha escala industrial para alimentar os reatores. Com o funcionamento da Usexa, o Brasil terá até dezembro deste ano o domínio completo do ciclo de combustível nuclear. Atualmente, essa conversão é realizada no Canadá.

O CEA iniciou as atividades no início dos anos 80, com a construção das edificações (prédios e galpões) para realização de atividades industriais (laboratórios e oficinas) e também apoio administrativo (refeitório e escritórios). A Usexa já possui aprovação do local e licença de construção, concedidas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), desde março de 2000. A usina deveria ter sido concluída já em 2001, porém foi atrasada por causa dos cortes orçamentários do programa nuclear. O projeto foi retomado em 2008, com a liberação de recursos por intermédio do Ministério da Defesa, parcelas anuais de R$ 130 milhões. Além da Usexa, irá funciona também em Aramar o Laboratório de Geração Nucleo-Elétrica (Labgene), que é o protótipo em terra do reator do submarino nuclear.

Funcionários

Cerca de 1.100 funcionários trabalham atualmente no Centro Experimental de Aramar, em Iperó. Parte dos técnicos trabalham no processo de construção civil (Labgene) e outros dividem-se na montagem eletromecânica da Usexa e na operação dos laboratórios.

A Marinha do Brasil informou que para atender as necessidades técnicas de Aramar são necessários profissionais militares e civis do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), que são em média de 800 pessoas. Já nas obras civis e montagens eletromecânicas empregam aproximadamente 300 funcionários, que fazem parte de empresas privadas, contratadas para a prestação de serviços específicos.

CEA também fará reator de submarino

Paralelamente à Usexa, o Centro Experimental de Aramar (CEA) mantém também o Laboratório de Geração Nucleo-Elétrica (Labgene), que é o protótipo em terra do reator do primeiro submarino nuclear brasileiro. O custo aproximado dessa instalação, que congrega uma gama de sistemas de várias disciplinas – mecatrônica, mecânica, eletrotécnica e edificações – é de R$ 450 milhões.

O protótipo em terra da instalação propulsora nuclear de um submarino está previsto para início de testes entre 2013 e 2014, com a produção de uma potência nominal de 48 Megawatts (MW) térmicos, por intermédio de um reator de água pressurizada (PWR).

O Labgene já possui dois prédios prontos, de um total de 10 edificações, que devem ser finalizados entre 2011 e 2012. “Cada edificação atende a um conjunto específico de requisitos de engenharia civil e arquitetura, contando-se com dimensões que vão de 15 x 25 metros até 30 x 50 metros”, informa a Marinha.

O prédio das turbinas (que abriga o circuito secundário) encontra-se na fase final de construção civil, com início das atividades prevista para junho deste ano. Já os prédios do reator (que abriga o circuito primário), do combustível nuclear (armazenamento) e outros cinco (apoio, operacional e armazenamento de rejeitos) ficarão prontos daqui um ou dois anos. Dentro deste complexo, existem sistemas e equipamentos, como de geração e dissipação de energia, de ventilação, proteção radiológica e de segurança nuclear.

A Marinha do Brasil afirmou que os sistemas desenvolvidos e testados pelo Labgene, como turbogeradores, condensador de vapor, vaso do reator e combustível nuclear, possuem aplicação direta na instalação propulsora do submarino nuclear em parceria com França.

O acordo militar entre os dois países foi assinado no dia 7 de setembro, pelos presidentes, Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil) e Nicolas Sarkozy (França). Nele, serão construídos cinco submarinos, sendo quatro convencionais e um nuclear. O valor total da construção dos submarinos será de R$ 17 bilhões (6,690 bilhões de euros), a ser pago em até 20 anos. O submarino de propulsão nuclear deverá ser lançado, segundo a Marinha, em 2021.

FONTE: Jornal Cruzeiro do Sul

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Getulio - São Paulo

Sendo um dos primeiros a se manifestar quero parabenizar a nossa gloriosa Marinha do Brasil por este grandioso programa estratégico para o país. Sem esta tomada de decisão no passado por homens com visão, dedicação e competência nunca teríamos chegado a este estágio completo do domínio do ciclo nuclear. É um feito inigualável no mundo. Segundo já levantaram os estudiosos é o programa nuclear mais econônico já realizado no mundo. Espero que um dia também tenhamos um porta aviões nuclear nacional.

Dunga

Segundo os astrólogos “muito bem informados” o submarino nuclear brasileiro deverá ficar operacional em 2121.

marcandrey

“O Centro Experimental de Aramar (CEA), em Iperó, começa a produzir em escala industrial, no segundo semestre deste ano, o gás de urânio (UF6, combustível nuclear) para mover as usinas de Angra 1 e 2.”

PERGUNTA:

Vai fornecer “di gratis”, ou a marinha tera direito a algum din-din, ja que 65% da bagaça foi de recursos da própria…

Fly Man

Esse submarino no nuclear está sugando o dinheiro da Marinha. Ficará pronto em 10 anos. Ja estamos a 20 construindo.

emerson

Caro Marcandey, A MB será remunerada pelo material fornecido, assim como recebe royalties pela tecnologia das ultracentrifugas em Resende, na FCN (. O que se paga hoje para os canadenses pelo processamento do yellow cake é mais caro do que será pago à MB, porque sairá mais barato faze-lo em Aramar do que no CAnadá. Assim como as centrifugas foram desenvolvidas pela MB e depois a tecnologia trasnferida para uma planta industrial com recursos da Finep, no futuro quando haver maior necessidade de UF6, haverá a construção de uma planta maior. Aramar é um centro de pesquisa com capacidade de… Read more »

marcandrey

Grato pela resposta emerson…

abraços….

emerson

Legal.
Se um dia voce tiver oportunidade, tenta arranjar uma visita ali no IPEN para ver o reator civil (fica dentro da USP, mas não pertence á USP). Lá dentro tem um centro de pesquisas da Marinha, todo vigiado por fuzileiros. O problema é que não dá para visitar o laboratorio da marinha, mas ter a chance de visitar o reator do IPEN já é um barato.

Mauricio R.

!!!Off topic!!!

Como não é possível postar no Aéreo, vou postar aqui:

(http://www.flightglobal.com/articles/2010/01/19/337276/rafael-quits-israels-congested-uav-market.html)

Possível grande negocio no pedaço!!! A Rafael do Python III e do Derby vai sair do mercado israelense de UAV’s!!!

Cor Tau

“Segundo os astrólogos “muito bem informados” o submarino nuclear brasileiro deverá ficar operacional em 2121.”

Imagina o caça imaginario da FABula…Engraçado….Como diz o racista matador de canhoto(Pobre dos canhotos…Coitados) do Darth Vader daqui….”Negadinha” aqui faz maior melodrama(Não vc Dunga) com o subnuc nesse sentido mas não faz com “O caça do conto da FABulas”….O projeto imaginario que tudo da, pode e faz………..E tudo por 1,99….Isso mesmo amiguinhos….No fantastico mundo da SAABida tudo isso é possivel…..Nunca antes na historia deste pais tivemos um projeto tão sério…Seguro…Concreto…Real….Preciso…Firme…Conciso…E tal……Viva ao proximo AMX……….

Todo mundo precisa crer em algo….Creio que vou tomar outra cerveja….

KeplerK

Lembrando que além de Angra I e II teremos ainda Angra III e, em fase de definição de sítio pelo Eletronuclear, mais duas no Nordeste, além do reator do NUCSUB e a possibilidade de mais duas usinas no Sul/Sudeste.

Mercado não vai faltar, com certeza.

henrique

O valor a ser pagp pelo Brasil a França por quatro subs convencionais e um casco nuclear aá o mesmo q a frança vai gastar em 6 novos subs nucleares. O lula ta chupando o saco do sarcosi com o nosso dinheiro……..

Robson Br

henrique em 20 jan, 2010 às 1:36

No custo sub nuclear brasileiro está incluso muita coisa. Depois de dominada a tecnologia, os valores serão outros.

Radical_Nato

Agora os gringos vão indoidar de vez!

Radical_Nato

Dale Brasil!sil!sil!sil!

Eduardo

Cor Tau

Fantástico! excelente comentário!

André Castro

Pelos planos do governo até Minas Gerais vai ter uma usina nuclear , no nordeste alguns estados estão numa briga de foice para levar uma planta , Alagoas ,Ceará , Bahia .

Ronaldo

Galera, o que o Brasil esta pagando parar obter a tecnologia do casco do submarino da França, não é nem 1% do que os Franceses ou quaisquer outros país com essa tecnologia pagou para desenvolver, ou vocês acham que o céu se abriu e a tecnologia caiu do colo de São Pedro? Acorda povo, vamos parar de dizer besteira.

Cor Tau

“Eduardo em 20 jan, 2010 às 7:55 ”

Obrigado Eduardo…………Abraços………