Embarcações, produzidas originalmente para Trinidad e Tobago, já estão prontas

Roberto Godoy

A Marinha do Brasil está negociando a compra de três navios de patrulha oceânica de 2 mil toneladas, classe Port of Spain, produzidos pelo grupo britânico Bae Systems originalmente para a Força naval de Trinidad e Tobago. O governo tobaguiano desistiu do negócio por razões financeiras. As três unidades estão prontas e completaram os testes de mar em setembro de 2010, na Escócia.

A operação permitirá reduzir o custo do programa de renovação da frota da superfície, o Prosuper – estimado entre 4 bilhões e 6 bilhões – e ainda ganhar tempo na parte sensível do processo, o da ampliação da capacidade de patrulhamento em alto-mar, principalmente na região do pré-sal.

O Prosuper abrange 11 embarcações – cinco fragatas de 6 mil toneladas, cinco escoltas de 1.800 a 2 mil toneladas e um super navio de apoio de 22 mil toneladas, capaz de transportar a qualquer distância todo tipo de suprimentos necessários às operações da Marinha.

O negócio em andamento com a Bae Systems pode incluir quatro fragatas usadas Type 22 Série 3, recentemente desativadas pela marinha inglesa. Modernas e tecnologicamente revitalizadas, permitiriam a desativação dos equipamentos mais antigos da esquadra brasileira. Do grupo, três entrariam em ação quase imediata. A quarta fragata seria mantida como banco de peças, partes e componentes.

Oportunidade. Uma fonte do Ministério da Defesa admitiu ao Estado que a aquisição dos navios-patrulha “é de oportunidade”, mas, se completada, abre a possibilidade de mais encomendas, de três a cinco unidades, que seriam construídas no Brasil por estaleiros privados e ampla transferência de tecnologia.

Cada navio mede 91 metros, leva cerca de 65 tripulantes e um helicóptero médio. Nos ensaios a velocidade máxima sustentada ficou em cerca de 28 km/hora. O armamento principal é um canhão 30mm na proa, mais dois menores, de 20mm e duas metralhadoras 12,7mm.

Os navios estão preparados para receber sistemas de mísseis e de lançamento de torpedos. O complexo eletrônico, radar e centro de combate, foi definido apenas como “adequado” por especialistas que destacam o fato desses recursos não seguirem a disposição padrão brasileira.

Enquanto isso, o Prosuper segue a agenda prevista há um ano. A escolha final, entre ofertas de Itália, Reino Unido, Alemanha, Coreia e França, sairá em 2012. A primeira fragata ficará pronta entre 2018 e 2019 – a entrega do navio patrulha ocorreria 12 meses antes. Esse aspecto do programa muda com a compra dos três navios da classe Port Of Spain.

A Marinha vai adquirir 24 unidades da mesma aeronave que venha a ser selecionada pela Força Aérea por meio da escolha F-X2, dos novos caças avançados, mas em versão embarcada para equipar um porta-aviões de 60 mil toneladas que planeja incorporar entre 2027 e 2031 – a nau capitânia da projetada 2.ª Frota, na foz do Amazonas.

Plano da Força Naval abrange 61 navios e 5 submarinos

A Força Naval apresentou aos empresários do setor industrial seu plano completo. Abrange 61 navios de superfície e cinco submarinos – quatro de propulsão diesel-elétrica e um movido a energia nuclear. As encomendas vão até 2030. Há 48 grupos empresariais – representando cerca de 25 mil empregos em 19 diferentes setores – diretamente interessados em participar do empreendimento.

A Odebrecht Defesa e Tecnologia prepara os estaleiros da Enseada do Paraguaçu, na região metropolitana de Salvador, capital baiana, para disputar o Prosuper. A empresa, associada à francesa DCNS, constrói em Itaguaí, no Rio, uma nova base naval e as instalações industriais de onde sairão os cinco submarinos do Prosub, encomendados por 6,7 bilhões de euros.

A prioridade estratégica da Marinha do Brasil, para ser cumprida em várias fases durante 15 anos, é o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul, o SisgAAz. A área de cobertura do SisgAAz é imensa – cerca de 4,5 milhões de quilômetros quadrados – equivalente à metade do território brasileiro, tão grande quanto a Europa Ocidental.

O aparato é destinado a vigiar e proteger um tesouro – na indústria da energia são 15,3 bilhões de barris de petróleo, 133 plataformas (86 fixas, 47 flutuantes) de processamento da Petrobrás, patrimônio decorrente de investimentos da ordem de US$ 224 bilhões, de 2010 até 2015.

Mais ainda: são desenvolvidas pesquisas sobre a biodiversidade exótica encontrada nas fontes hidrotermais localizadas nas zonas de encontro das placas tectônicas. As características apuradas permitem garantir em escala bilionária o aproveitamento na indústria farmacêutica e de cosmésticos. O oceano, na abrangência controlada pelo Brasil, abriga, ainda, 80 reservas de 100 materiais estratégicos. Mapeadas, não prospectadas.

FONTE: O Estado de São Paulo

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Tellez

Essa velocidade está certa? 28 km/h? Será que não seriam 28 nós?

Diegolatm

Bom, que está cheio de erro está, mas a noticia é muito bem vinda com relação aos NPocs, mas essa conversa das Type 22 B3 até em posts anteriores muitos dos colegas entendidos comentaram que no máximo 2 fragatas poderiam está em operação tendo canibalização da outras do mesmo modelo…

Fernando "Nunão" De Martini

Ao Rogerio Rufini do facebook e aos demais. 28 nós é uma velocidade máxima pra lá de boa para um navio patrulha, mas não creio que seja o caso para esses OPVs. Se não me engano (matérias aqui mesmo do Poder Naval) essa classe desenvolvida para Trinidad e Tobago alcançou 25 nós nas provas de mar, o que já seria acima da especificação original e é mais do que satisfatório para a função. Sobre os Macaé, devo lembrar que eles também não são mais velozes que isso (28 nós). De fato, são menos velozes, ficando na faixa comum para navios-patrulha,… Read more »

MO

Nada Fernandinho Curling é mole, basta saber “enxugar and lustrar gelo”

O cho que o interesse jornalisticos dos orgão são mais ou menos o mesmo de quem escreve, tipo pra quem eh ta bom .. mesmo se mbos nao necessariamente nesta ordem sibam sobre oque estejam falando …

Afinal os Vale Pequim (afinal em “mundo buneco” Beijing não existe .. tem 292 ou 391 m de loa …

José da Silva

Sobre as Type 22 III recomendo os colegas procurarem fotos e informações na internet mesmo.

Os navios estão detonados, já arrancaram tudo e estão deteriorando rapidinho. Serão scrap já, já…

Já devem estalar além de qualquer dispendio possivel para colocar para navegar novamente.

marciomacedo

Bem, há alguma novidade sobre a vinda do Fort George (o nome é mesmo esse?) e do classe Albion, que também estão sendo desativados? Eles constam do pacote original oferecido à MB, junto com as Type 22 B3. Seriam ótimos para substituirem o Marajó e, principalmente, o Rio de Janeiro, que segundo o PN dará baixa no princípio do ano que vem.

Fabio ASC

Prezado Fernando Nunão, sobre o Curling, é capaz do Sr Roberto Godoy anunciar o campeonato mundial a ser realizado em Santos.

Detalhe: à céu aberto.

fragatamendes

Caros amigos, sou novo no pedaço e vou deixar uma pergunta no ar e peço que se tiver errado que me corrijam.Não seria melhor em vez da compra que os nossos engenheiros(AMRJ incluído), pegassem o casco de uma “BARROSO”, colocassem um ou mais motores mais simples que as turbinas a gáz, colocassem um canhão de 76MM e mais dois de 40MM e quatro de 20MM e sensores que tivessem uma padronização com os “MACAÉ” e “GUANABARA”, pois acho que sairia mais barato e atenderia ao que a nossa Marinha está querendo.Abraços do MENDES.

fragatamendes

Valeu POGGIO, mas se a MB nos requisitos para aquisição do Navio de Patrulha Oceânico colocou o canhão principal como sendo de 76MM será que estes navios poderão ter os seu canhão de 30MM substituído por um de 76MM da OTO MELARA.