‘O Reino Unido não poderá fazer nada caso a Argentina retome as Falklands’

11

O comandante da Força-Tarefa britânica durante a guerra das Falklands/Malvinas alertou que os cortes no Ministério da Defesa do Reino Unido farão com que o país não possa responder em caso de retomada do arquipélago pelos argentinos

Thomas Harding

O almirante Sir John “Sandy” Woodward disse também que os Estados Unidos da América já tinham pouco interesse em apoiar a Grã-Bretanha em qualquer conflito uma vez que uma Argentina mais estável seria mais importante para o Departamento de Estado dos EUA.

Em uma carta ao jornal ‘The Daily Telegraph’, Woodward disse que Washington estava pressionando para o estabelecimento de negociações sobre a soberania das ilhas e que “elas já são chamadas de Malvinas pelos EUA”.

Com o fim da Guerra Fria e a emergência de potências asiáticas, a OTAN e a Grã-Bretanha não são tão importantes para Washington, que em 1982 desempenhou um papel importante no fornecimento de informações de satélites e mísseis para as forças britânicas.

“Não podemos mais contar com o apoio do Pentágono para ajudar-nos a manter a soberania dos territórios britânicos e defender os seus cidadãos”, escreveu ele.

Se forem confirmadas as prováveis reservas de petróleo ao redor das ilhas, então a pressão da Argentina em partilhar as riquezas será imensa.

Os EUA apoiariam uma “acomodação” da Argentina, pois está em acordo com os seus interesses nacionais e contribui para a estabilidade na região. “Isso nos diz muito claramente que lado o vento está soprando”. A Organização dos Estados Americanos (OEA), um espaço de debate para o norte e sul-americanos, na semana passada aprovou uma declaração pedindo a retomada das negociações entre o Reino Unido e a Argentina sobre a “soberania” das Ilhas Malvinas.

A administração do presidente Barack Obama também deixou claro no início de 2010 que iria apoiar as chamadas para as conversações sobre as ilhas, quando a comissão da OEA aprovou a utilização do termo “Malvinas”, em vez de “Falklands”.

Woodward disse que com as Forças Armadas já “bastante comprometidas” no Afeganistão e na Líbia e a Marinha drasticamente enfraquecida depois da revisão do ano passado, “a resposta parece ser que nós não podemos fazer absolutamente nada em ceder às pressões dos EUA”.

O almirante de 79 anos, comandou uma força-tarefa composta por dois porta-aviões, uma dúzia de fragatas e destróieres, quatro submarinos e um total de 100 navios de superfície, juntamente com 25 mil soldados para retomar as Ilhas Malvinas em 1982.

Mas a Royal Navy não tem mais porta-aviões, perdeu sua força de jatos Harrier e viu sua frota de navios de guerra cortada pela metade na última década.

As ilhas estão protegidas por uma força de mais de 1.000 soldados com uma companhia de infantaria blindada e quatro caças Typhoon e uma única fragata. No entanto, os Typhoon não tem capacidade anti-navio ou anti-submarino.

Em carta obtida pelo ‘The Daily Telegraph’ no ano passado Liam Fox, o secretário de Defesa, advertiu o primeiro-ministro de que as defesas da ilha se tornariam frágeis, tendo em vista os cortes previstos pelo Strategic Defence and Security Review (SDSR).

Ele disse que a retirada dos Nimrod MRA4, aviões de reconhecimento marítimo, poderá “limitar a nossa capacidade de implantar rapidamente forças marítimas em zonas de grande ameaça, e excluir um elemento do nosso plano de reforço das Malvinas”.

O último dos Nimrods foi destruído em Março passado, após a revisão do orçamento.

Um porta-voz do Ministério da Defesa disse: “As afirmações de que as Ilhas Malvinas poderiam ser tomada sem uma luta são completamente infundadas. A guarnição corrente nas Ilhas Malvinas é muito maior em escala e tem uma maior capacidade do que em 1982 e juntamente com nossa capacidade de transporte aéreo. ela pode ser reforçada rapidamente. ”

FONTE:
The Telegraph

VEJA TAMBÉM:

 

Subscribe
Notify of
guest

11 Comentários
oldest
newest most voted
Inline Feedbacks
View all comments
cfsharm

Como a situação política influencia decisões!!! Com a restrição de orçamento a Royal Navy vive uma situação complicada para manter seus territórios. Por outro lado parece que o Tio Sam sinaliza que está mais preocupado com a economia. A Argentina dá saltos de alegria porque parece que a cada dia as Falklands estão cada vez mais Malvinas. Mas e a população das ilhas???????????????????? Eles são britânicos – o que acontecerá com eles??? Serão expulsos de suas terras? Ficarão nelas para serem cidadãos de 2a. classe ( eu não acredito em historinhas de igualdade onde há ressentimento muito recente). Na floresta… Read more »

Franz A. Neeracher

Meio exageradas as declarações do ex-almirante.
Todos nós sabemos que as forças armadas britânicas foram reduzidas drasticamente; mas ele se esquece de dizer que as forças armadas argentinas hoje são somente uma sombra do que eram em 1982 .
Sem chances para a Argentina; as ilhas continuarão britânicas…..

Vader

“O Reino Unido não poderá fazer nada caso a Argentina retome as Falklands”

Prezado Almirante, não tenha temores: a Argentina também não pode fazer nada para retomar as Falklands… 🙂

Aliás, um só dos 4 Typhoon que tem estacionados lá dá conta de toda a Força Aérea Argentina…

Clésio Luiz

Era o que iria dizer. Com o que a Argentina iria tomar as Falklands? Se as forças britânicas estão enfraquecidas as argentinas estão num estado de lástima. Nem participando de exercícios internacionais eles estão.

Augusto

Essas Forças Armadas dos ingleses, que eles consideram “bastante comprometidas” são facilmente suficientes para manterem a soberania sobre as Malvinas. Se as FFAA do Brasil estão sucateadas, as da Argentina nem operacionais poderiam ser consideradas.

aericzz

em um post por aki foi anunciado (ou denunciado…) por um alto funcionário argentino q os estoques de munição não duram uma hora de combate firme…não temam ingleses!!!!!duas type 23 e uma type 45 acabam com qq problema…(ou ft argentina….heheheeh).

Observador

Senhores, Ele sabe melhor do que nós que a Argentina não tem a menor condição de uma invasão militar a curto/médio prazo e que os argentinos tem buscado pela diplomacia o que não conseguiram pelas armas. O Almirante fala isto porque a Royal Navy perdeu muito prestígio e poder com os cortes orçamentários e quer pressionar pelos investimentos no material que vai substituir o que foi descomissionado. na falta de uma desculpa melhor, usa a Argentina. Ele luta para ver o Porta-aviões Queen Elizabeth pronto o quanto antes. E mais Type 45, Type 26, Astutes… Em pensar que pouco antes… Read more »

andersonrodrigues1979

Acho que isso é para pressionar o governo para liberar mais verba para as forças armadas.
Verdade seria muito difícil a Argentina tomar novamente as ilhas, mais uma coisa eu tenho certeza eles não cometeram os mesmo erros.

Wagner

A contra-gosto, já que eu considero as malvinas como argentinas. Mas o Vader está certo. Só os Efas da região dão conta de toda a Força Aérea Argentina e toda a sua alquebrada marinha. E concordo com que disse que isso é propaganda, choradeira, por causa dos cortes nas verbas, então o almirante fala isso para conseguir mais dinheiro. Enquanto os Kirchner estiverem no poder, a Aegentina não terá salvação efetiva. Dados econômicos indicam que eles só cresceram graças aos preços de commodities, visto que a maturidade institucional deles está ficando atrás da brasileira. No ” Pelo Mundo” dessa semana… Read more »

Antonio M

E se a Portugal quiser de volta suas colônias?

E se a Rússia quiser de volta o Alaska?

E se Brasil quiser de volta o Uruguai?

A França vai abriar mão da Guiana?

Por que a Argentina tem direto sobre as Malvinas? Elas a perderam duas vezes para os britânicos, e pronto! Assim como perdemos o Uruguai e pronto!

Antonio M

O problema da Argentina é que quebraram o país e há esperança de “sugarem” o petróleo que, potencialmente, há nas Malvinas e talvez outros recursos naturais.

E com a caterva que está governando a Argentina, será apenas questão de tempo acabarem com tais recursos e tranformaren-na em uma favela/deserto marítimos !!!!