Estivemos hoje (3 d emaio) na coletiva de imprensa realizada pela Marinha do Brasil, MBDA e Avibras realizada no Rio de Janeiro. O evento contou com a presença de Patrick de La Revelière, vice-presidente de vendas para a América Latina da MBDA, do vice-almirante (Ref) Ronaldo Fiuza de Castro, Gerente de Programa de mísseis superfície-superfície da MB e de Sami Youssef Hassuani, presidente da Avibras.

Durante a coletiva foi revelado que o primeiro míssil antinavio Exocet MM40 com motor de fabricação brasileira foi disparado com sucesso no dia 18 de abril de 2012, pela corveta Barroso (V34), também de construção nacional.

Foram feitas apresentações pelos representantes da MB, MBDA e Avibras sobre o desenvolvimento do motor nacional do míssil e a cooperação francesa no programa.

O vice-almirante Fiuza discorreu sobre a decisão da Marinha de nacionalizar a propulsão dos mísseis Exocet de seu inventário, cujo motor é perecível com o passar dos anos. Ao mesmo tempo, a fabricante MBDA já descontinuou a produção desses mísseis, pois produz versões mais modernas com outro tipo de propulsão.

Segundo o almirante, “quem produz o motor foguete pode pensar em desenvolver seus próprios mísseis”.

A MB solicitou à MBDA a cooperação para o projeto de uma nova propulsão e esta escolheu como parceiro brasileiro a Avibras, que já tinha vasta experiência na produção de foguetes.

Foi destacado que o novo motor não é produto de engenharia reversa: ele foi desenvolvido do zero seguindo as especificações fornecidas pela MBDA. É a primeira vez que a MBDA ajuda uma empresa estrangeira num projeto desse tipo.

Engenheiros da MBDA cooperaram com os engenheiros da Avibras no projeto e fabricação do novo motor. Cerca de 300 engenheiros e técnicos da Avibras trabalharam durante 2 anos em tempo integral na produção e certificação do motor.

Foram feitas de 30 a 40 certificações com o motor funcionando em bancada de testes e no dia 18 de abril foi feito o primeiro lançamento a partir de um navio.

Os mísseis da MB deverão ser todos remotorizados até o final de 2013. Até lá, também será possível estabelecer a vida útil dos motores que estão sendo testados pelo método de envelhecimento acelerado.

Os resultados obtidos nos testes foram melhores do que o esperado, com o motor superando as características do motor original. O tempo de queima do “sustainer” (o motor que leva o míssil até o alvo, depois da queima do “booster”, que faz a primeira impulsão) chegou a 270 segundos. O motor original tem tempo de queima de 240 segundos.

O míssil lançado pela corveta Barroso no dia 18 de abril foi disparado contra um alvo no limite do alcance, a uma distância de 38 milhas (70km).

Patrick de La Revelière salientou a importância da Mectron no processo de validação do primeiro lançamento. A empresa forneceu o equipamento de telemetria instalado no míssil que permitiu a coleta dos parâmetros do motor  durante o voo até o alvo.

A Marinha do Brasil espera agora poder atender a demanda de clientes internacionais que utilizam centenas de mísseis MM40 das primeiras versões. Os mísseis AM39 lançados de helicópteros também terão seus motores substituídos e será feita a integração com os helicópteros EC725.

A MBDA, por sua vez, tem grande interesse em cooperar com o Brasil, de olho nas futuras aquisições de mísseis Exocet SM39 para os submarinos SBR e também de mísseis Aster para as futuras fragatas do Prosuper. Segundo Patrick de La Revelière, a cooperação com a Avibras pode ser vista como uma espécie de antecipação de “off-sets”.

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wallace

Maravilha 1: Os resultados obtidos nos testes foram melhores do que o esperado, com o motor superando as características do motor original”

Maravilha 2: “O míssil lançado pela corveta Barroso no dia 18 de abril foi disparado contra um alvo no limite do alcance, a uma distância de 38 milhas (70km).”

Maravilha 3: “A Marinha do Brasil espera agora poder atender a demanda de clientes internacionais que utilizam centenas de mísseis MM40 das primeiras versões. Os mísseis AM39 lançados de helicópteros também terão seus motores substituídos e será feita a integração com os helicópteros EC725.”

Parabéns Brasil!

Vader

Parabéns à brasileira Avibrás e aos INGLESES (BAe Systems – 37,5% das ações), ITALIANOS (Finmeccanica – 25% das ações) e EUROPEUS (EADS – 37,5% das ações) pela transferência dessa ótima tecnologia dos anos 80. O detalhe: como a França detém meros 22,36% das ações da EADS, através da SOGEADE (Société de gestion de l’aéronautique, de la défense et de l’espace), podemos dizer que de francês na MBDA temos a fantástica porcentagem francesa de 8,3%! Parabéns à Marinha do Brasil pela tremenda paciência demonstrada ao negociar a ToT do motor dessa maravilha tecnológica dos anos 80, após ter sido ameaçada, em… Read more »

Mauricio R.

“…espera agora poder atender a demanda de clientes internacionais que utilizam centenas de mísseis MM40 das primeiras versões.”

a) aqui ao lado, a Argentina já fez a remotorização de seus mísseis, através de projeto próprio e portanto compete conosco no mercado.

b) será que c/ esse produto, finalmente a Avibrás passará a viver do que produz e vende, ou continuará encostada no governo federal???

“…e será feita a integração com os helicópteros EC725.”

A MB solicitou o acesso a diversas tecnologias e segundo um forista dos mais bem informados, nossos “parceiros estratégicos” a época só responderam c/ evasivas.
Algo mudou???

Fabio ASC

Vader, concordo com quase tudo o que você falou, mas como sei da sua paixão pelo Grilo, lhe pergunto: por que não conseguimos integrar os torpedos suecos aos nossos subs? Já sei, os torpedos eram excelentes, imbatíveis e melhores do mundo, foram os malvados que não “deram” tecnologia para a Suécia integrar estes torpedos.

Alis, falando em tecnologia dos anos 80, não sabemos nem como os RBS 15 se portariam no calor do hemisférios Sul. aliás, nem eles sabem.

Daglian

Este míssel já não é o mais moderno, isto é fato. Porém, para quem realmente não produzia nada, isto já é além de uma superação, uma vitória para o país. Basta vontade (… e capital) e temos condições de produzir armamentos e desenvolver tecnologias à altíssimos níveis. Espero que isto tenha sido só o começo de mais desenvolvimentos NACIONAIS futuros!

Vader

Fabio ASC disse: 4 de maio de 2012 às 12:42 Em primeiro lugar não tenho paixão por arma alguma, muito menos por uma aeronave militar estrangeira que o mais perto que conseguirei chegar em dias de minha vida será pela internet. De mais a mais, e embora isso seja assunto para o Aéreo, o Gripen não seria minha primeira escolha para o FX2 da FAB, muito embora eu tenha absoluta certeza de que a ÚNICA capacitada para decidir sobre quais aviões nossos pilotos militares de alta performance irão usar seja a FAB. Isto posto, e já que você perguntou (e… Read more »

Guilherme Poggio

Fazendo uma “conta de padaria” adotando uma velocidade de cruzeiro de 1000 km/h e os 30 s a mais de queima do motor temos:

– o alcance do míssil subiu para mais de 78 km comparado com o original de 70 km (dado do fabricante)

dario_avalosf

Pessoal: o combustível é sólido ou líquido? Temos algo novo para ser usado no nosso VLS?

joseboscojr

Dario,

É sólido.

Requena

Vader

Esse seu realismo me desanima…
Deixa a galera (eu também) sonhar um pouco! hehehehe

GHz

Vader disse: 4 de maio de 2012 às 11:13 “(…)Parabéns à Marinha do Brasil pela tremenda paciência demonstrada ao negociar a ToT do motor dessa maravilha tecnológica dos anos 80, após ter sido ameaçada, em princípios da década de 90, pela FRANCESA MATRA, de obsolescência de seu arsenal de Exocet´s, através da não atualização dos MM 38, para FORÇAR A VENDA do MM 40; no que a MB apenas foi salva, a partir de 1996, pelo FIM da MATRA, através de sua fusão com a BAe INGLESA, para a formação da MBDA (…)” O Exocet não era da Matra, era… Read more »

GHz

Vader disse:
4 de maio de 2012 às 13:10

O Exocet era Aerospatiale.

joseboscojr

O Exocet, por voar ao nível do mar e por não ter asas grandes que o permitam planar, só voa enquanto tiver um propulsor ativo. Acabou o propelente, ele cai.
Mísseis têm pouca margem de erro para poupar custo, espaço, peso, etc, portanto, resta saber se os 30 segundos a mais de tempo de vôo tem o respaldo de 30 segundos a mais de tempo de bateria, de fluídos, etc.
Caso contrário se faz necessário que haja uma adequação de outros componentes do míssil para que os 30 segundos tenha utilidade prática.