As notícias sobre o submarino de propulsão russo da classe Akula, que navegou durante semanas pelo Golfo do México sem ser detectado, chamaram a atenção para a chocante falta de segurança do mar territorial por parte dos Estados Unidos. Mas, ao mesmo tempo, demonstraram as capacidades operacionais desse submarino.

Com um perfil stealth aperfeiçoado em relação a seus antecessores, velocidade máxima e profundidade de mergulho que impressionam, o classe Akula se tornou uma parte crucial do do arsenal naval russo desde sua entrada em serviço, em 1984. O submarino mais próximo ao Akula dentro da Marinha norte-americana é o da classe Vinrgínia, que está em serviço desde 2004. Com perfis operacionais e capacidades tão semelhantes, como seria uma comparação entre os dois?

Tipo e quantidade de armamento

Ambos os submarinos de ataque tem níveis de armamento similares, e ambos cumprem o Tratado de Redução de Armas Estratégicas (START II), que reduziu o número de submarinos armados com mísseis balísticos intercontinentais com ogivas nucleares, para 14. O armamento dos classe Akula se divide em quatro tubos de torpedos de 533mm, capazes de carregar 28 torpedos, e quatro tubos de 650mm, que podem carregar 12 torpedos. Os classe Virginia também são equipados com quatro tubos de 533mm. Porém, também possuem 12 sistemas de lançamento vertical, capazes de disparar mísseis de cruzeiro BGM-109 Tomahawk.

Desenvolvimento e custo por unidade

Os submarinos da classe Virginia são mais caros que a sua contraparte russa, o custo estimado de um Akula é de 1,55 bilhões de dólares, em comparação aos 2,4 bilhões de um Virginia. O preço original por unidade causou controvérsia, uma vez que essa classe havia sido planejada como uma alternativa mais barata aos dispendiosos submarinos da classe Seawolf. Isso levou a Marinha americana a acionar um programa de redução de custos. O largo uso de equipamentos “de prateleira” (tecnologia COTS) e o aprimoramento das tecnologias de construção baixaram o preço unitário dos Virginia para 1,8 bilhões de dólares.

Reator e propulsão

Os classe Akula são movidos por um reator de água pressurizada de 190MW, uma turbina a vapor OK-7 que gera 43.000hp, e dois turbogeradores OK-2 que produzem 2000kW de potência. Também foram instaladas duas hélices retráteis OK-300 para manobras silenciosas e em baixa velocidade, que aumentam a discrição do submarino. Contudo, a velocidade usando esse método se reduz a 5 nós.
O reator a bordo do classe Virginia foi projetado especialmente para o modelo pelo Knolls Atomic Power Laboratory. O reator de água pressurizada oferece maior densidade de energia, melhor resistência contra corrosão e menos custos de ciclo operacional. O reator em si foi concebido para operar durante 33 anos sem substituição do combustível nuclear, o que proporciona grande vantagem em relação aos submarinos que precisam dessa substituição. A classe Virginia usa propulsão do tipo pump-jet para operação silenciosa, pois reduz o efeito de cavitação e o desgaste do material.

Velocidade máxima, profundidade e endurance

O Akula russo supera a classe Virginia tanto em profundidade de mergulho quanto em velocidade. O submarino Akula tem profundidade máxima operacional de 600 metros – por sua vez, estima-se que o Virginia atinja mais de 250m. A classe Virginia alega velocidade máxima de acima de 25 nós, enquanto que a Akula é capaz de atingir entre 28 e 35 nós – apesar da redução para 10 nós quando o submarino navega na superfície. No entanto, o submarino Virginia foi desenvolvido para operar por mais tempo que o Akula, que tem endurance máximo de 100 dias. O endurance operacional da classe Virginia só é limitado pelos suprimentos para a tripulação, o que permite passar longos tempos no mar se necessário.

Stealth

As capacidades stealth da classe Akula foram confirmadas com a incursão recente ao Golfo do México. O modelo já é reconhecido como o submarino nuclear de ataque mais silencioso em serviço na Marinha russa. Fontes afirmam que a classe Akula-II tem um perfil acústico comparável ao dos submarinos da classe Los Angeles.
Entretanto, a classe Virginia vai além. Ao utilizar modernos revestimentos anecóicos, estruturas isoladas e um novo design de hélices, os submarinos da classe Virginia, exibem uma assinatura acústica menor que dos Akula-II russos, e equivalente à dos submarinos da classe Seawolf, que os Virginia haviam sido desenvolvidos para substituir.

FONTE : Naval Technology

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jacubao

É isso aí!!! Agora vamos babar, e muito. (rsrsrsrs 😀 )

Comandante Supremo

Belo texto sem parcialidades nada a mais a dizer.

Blind Man's Bluff

Na verdade o Akula foi desenvolvido contra os antigos submarinos da classe Los Angeles, seguindo pela versão 688i (improved) e Akula II. Perto dos submarinos da classe Virginia, hoje, só os Astutes e os Seawolves. Os russos tem a classe a Severodvinski (Yasen/Graney), que foram desenvolvidos ainda durante a Guerra Fria, como substitutos para os “antiquados” Akulas, seguindo o conceito de plataforma multi-tarefa, sendo singularmente mais proximos a um SSGN que um submarino de ataque, porém com a queda do bloco soviético, só vieram a ser lançados recentemente. O grande ponto do Akula que valhe notar é que foram a… Read more »

Moriah

os custos de submarinos mesmo em larga escala só tendem a subir…não tem como reduzir muito. ainda assim, US$1,8 bilhão é um bom valor pela plataforma que oferece.

daltonl

Não entendi o porque de mencionar o START II já que o mesmo referia-se apenas a SSBNs e não a SSNs.

Também achei curioso comparar custos, já que o Akula, considerado um SSN de terceira geração, não está mais em produção enquanto o Virginia, considerado de quarta geração está em plena produção e evolução.

Não foi mencionado e nem era intenção do texto, comparar o melhor treinamento e logistica dos SSNs americanos, que, fazem a diferença, mesmo que o Akula II, dos quais apenas dois existem na Marinha Russa,
seja de fato superior a um Los Angeles “melhorado”.

Giordani RS

Mas uma coisa é certa! Um sub custa tanto quanto um porta-aviões mas é operado como um sub deve ser operado…esse é meu medo com relação a uma certa força sulamericana…vão ter um sub do século XXI, mas vão operá-lo da mesma forma?

MO

bingo !

joseboscojr

O problema de sairmos depois é que não tem mais como alcançar quem saiu na frente, salvo se de novo um meteoro cair na Terra e fazer os que estão na frente voltar atrás. Não posso acreditar que nosso submarino nuclear de 2030 será tão furtivo quanto um submarino russo ou americano, já que eles estão no negócio há mais de 50 anos, e já erraram tudo que podia, enquanto nós estamos vendo a banda passar com a bunda na janela por mais de 500 anos. Só tem um jeito agora da gente se dar bem pra cima de americanos,… Read more »

daltonl

Mesmo um modesto “porta-avioes” como o NAeSP não sairia por menos de 2 bilhoes de dolares hoje. Acrescente uma modesta ala aerea de 20 aeronaves mais aeronaves para treinamento e reposição e pode acrescentar outro 1 bilhão pelo menos.

Navios aerodromos também exigem grandes tripulações, sem falar que sempre vão ao mar acompanhados por navios de escolta.

Então, não diria que um sub nuclear custa tanto quanto um NAe convencional, mas, é´possivel que o investimento feito em um sub nuc possa ter um impacto desagradavel em meios de superficie sim.

MO

Dalton, em um local que trocar um motor diesel eh um parto …. quem dira o que o giordani quiz dizer ….

Marcos

É que os americanos ainda não viram nosso sub classe Maranhão, o terror dos mares.

Blind Man's Bluff

[…] Clancy escreve ficção, mas costuma ser bem informado. Embora seja geralmente considerado que um SSN Virginia supera um Akula, a questão é: supera por quanto? O suficiente para equiparar os efeitos de uma tripulação […]

Marcelodellapoor

Russos melhores dos mares submarinos que burlão o sistema defesa americano claro que EUA tem ótimos submarinos, mas os russos são melhores o tempo dirá não irei colocar questões em mentes fascinados com filmes e super amigos Rambo etc.