Espanhóis e sul-coreanos se candidatam à modernização do Arsenal de Marinha do Rio

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AMRJ

Estaleiro e fábrica de motores Navantia - foto via Tognum
Vista aérea do estaleiro Navantia, na Espanha

 

Vinheta ExclusivoOs estaleiros Navantia, da Espanha, e Daewoo Shipbuilding & Marine Engineering Co., Ltd (DSME), da Coreia do Sul, formalizaram, junto à Marinha do Brasil, seu interesse em atuar na modernização do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, uma das prioridades definidas pelo novo comandante da Marinha, almirante-de-esquadra Eduardo Leal Ferreira.

As propostas nada têm a ver com o Programa de Obtenção de Meios de Superfície (PROSUPER) da Marinha.

Nos últimos três anos a Navantia assinou diferentes contratos de prestação de serviços com a Força Naval brasileira, além de acordos de cooperação com empresas que fornecem navios e equipamentos à corporação.

O último desses instrumentos de parceria foi fechado pelos espanhóis com a direção da companhia fluminense EISA – estaleiro incumbido de fabricar os navios-patrulha costeiros classe Macaé, de 500 toneladas (leia o texto Navantia fechou contratos com Grupo Sinergy e estaleiro Eisa para assistência técnica, publicado pelo Poder Naval a 21 de abril).

Nesse momento, a Navantia é o grupo empresarial europeu mais arrojado no estabelecimento de programas conjuntos com marinhas sul-americanas.

A companhia tem projetos ambiciosos no Brasil, no Peru – em cooperação com a empresa Serviços Industriais da Marinha (SIMA), sediada no porto de Callao – e na Colômbia, em parceria com a Corporação de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento da Indústria Naval Marítima e Fluvial (Cotecmar), da cidade de Cartagena.

Daewoo DSME  - Euronaval 2012 - foto forcas de defesa - poggio
Estande do grupo DSME, na mostra Euronaval 2012

 

DSME – No assunto da modernização do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro seu oponente é, contudo, um verdadeiro peso pesado.

A DSME é a segunda maior empresa de construção naval do mundo e um dos “três grandes” nomes da indústria naval da Coreia do Sul.

Segundo o Poder Naval pôde apurar, somente entre os anos de 2011 e 2014, a Daewoo Shipbuilding faturou cerca de 55,3 bilhões de dólares.

A 20 de dezembro de 2010 a empresa fechou um contrato de 1,07 bilhão de dólares para fabricar três submarinos de ataque leves (1.300 toneladas), em cooperação com a indústria naval alemã, para a Marinha da Indonésia.

Dois anos mais tarde – a 22 de fevereiro de 2012 – a Real Frota Auxiliar do Reino Unido encomendou à DSME o fornecimento de quatro navios-tanque de frota rápidos – serviço de 452 milhões de libras esterlinas (2,036 bilhões de Reais). Esses petroleiros devem começar a ser entregues aos britânicos no ano que vem.

Corveta classe Inhaúma e Barroso no AMRJ - google Earth maio 2010
Corvetas das classes Inhaúma e Barroso flagradas pelo Google Earth no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro

 

A modernização do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro prevê a recuperação e modernização de diques e diferentes maquinários, além da construção de prédios e o estabelecimento de novas linhas de produção. A última edição da Revista Forças de Defesa, que chegou às bancas três semanas atrás, traz ampla reportagem sobre o assunto.

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Lyw

Acredito que muito em breve a MB terá outras propostas na mesa, vindas de outros concorrentes do PROSUPER.

Douglas Falcão

essa modernização é essencial ao projeto das Tamandaré.

rafael oliveira

Discordo, Douglas.

Acho até que ela é danosa para a Tamandaré, pois pode virar a nova Barroso em termos de cumprimento de prazos, número de compras e etc.

Melhor contratar um estaleiro e assinar um contrato de financiamento, o que acaba minimizando as chances de contingenciamento, cortes de pagamento, atrasos e cancelamento do programa.

Roberto Lopes

Boa noite, Rafael. Acho que, nesse caso, o Douglas tem toda razão. Diante do estágio de “modernidade” dos nossos estaleiros, agravado pela falta de recursos para investimento, a Marinha, muito provavelmente, será obrigada a construir as suas corvetas CV03, da classe Tamandaré, dentro do Arsenal de Marinha do Rio. E, para isso, será necessário esperar (pelo menos) o estágio inicial da modernização do Arsenal. A essa altura do campeonato, já nem chamo mais as Tamandaré de classe Barroso Modificada. O post do Alexandre Galante mostra que a classe Tamandaré é um navio bastante original — o que, aliás, me parece… Read more »

rafael oliveira

Bom dia, Roberto.

Eu preferiria a contratação de um estaleiro internacional, tanto pela competência, quanto pela questão acima exposta.

Quando me referi a ser uma nova Barroso, quis dizer que seria mais um projeto que se arrastaria no tempo dependendo das verbas próprias da MB e que terminaria de forma melancólica, com uma unidade produzida.

Acredito que uma contratação de um estaleiro estrangeiro com financiamento firmado pelo Governo minimizaria esse risco.

Douglas Falcão

Saudações a todos! Rafael, entendo perfeitamente seu ponto de vista. Mas o país está no buraco. A construção naval vai de mal a pior, e um projeto militar moderno depende de alto nível de especialização na área, coisa que os estaleiros brasileiros não tem, porque nunca participaram de projetos militares na área naval de grande envergadura no passado. No presente momento, preferiria uma associação aos sul coreanos pelo amrj juntamente com a Engepron. No futuro a Engepron deveria receber capital privado. Contratar no estrangeiro, do ponto de vista político, seria desgastante; do ponto de vista tecnológico também seria desgastante porque… Read more »

rafael oliveira

Boa noite, Douglas. O estaleiro Verolme SA fabricou as últimas 3 Corvetas da classe Inhaúma. O problema é que conhecimento adquirido, se não é usado, é perdido. Acredito que hoje nem a MB, tampouco os estaleiros nacionais, tenham capacidade de projetar e construir as Tamandarés sozinhos (estou falando do casco mesmo, não dos radares, motores, armamentos, etc). Aliás, a MB também sabe. Tanto que contratou o Vard Niterói (do grupo italiano Fincantieri) para o detalhamento do projeto. Sobre a comparação com a Embraer, ela surgiu na época certa e sobreviveu graças a competência de seus quadros e a sua privatização.… Read more »

sergiocintra

Pitaco em seara alheia, mas.. …além da construção de prédios e o estabelecimento de novas linhas de produção… Se é para seguir um conceito de sinergia, como existente nos modelos americanos e outros que desconheço, o ideal seria concentrar em Itaguaí, essa casa nova, pois não teria que remendar nada, começaria do zero – que é mais rápido e barato – teriam uma siderurgica anexa, ferrovia e o polo de submarinos (não necessariamente no mesmo local), porto de calado fundo e principalmente sairia da região central do Rio. A area atual, só para manutenções,museos, coisas para entrenter turistas que é… Read more »