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Roberto Lopes

Editor de Opinião da Revista Forças de Defesa

A Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPRON) contratou o Centro de Projetos de Navios da Marinha do Brasil, sediado no Rio de Janeiro, para, no prazo de 11 meses, detalhar o projeto de um novo navio-patrulha de 500 toneladas – o NaPaCos 500-BR – a ser construído no país.

A informação foi divulgada nesta segunda-feira (04.05) pelo respeitado site de notícias IHS Jane’s Defence Weekly.

Em linhas gerais, a ideia é de que o 500-BR tenha 55,6 m de comprimento, 9,3 m de boca e deslocamento básico de 450 toneladas. Ele poderá alcançar 25 nós de velocidade e permanecer em missão por 15 dias sem precisar voltar à terra.

De acordo com as mesmas informações, o navio será dotado de um canhão de 40 mm na proa, além de dois canhões de 20 mm e duas metralhadoras .50 nos costados, que poderão ser operadas manualmente ou remotamente – nesse caso, utilizando a tecnologia CORCED Ares (desenvolvida pela empresa Ares, do município fluminense de Caxias).

Segundo o texto do repórter Victor Barreira, do grupo Jane’s, uma fonte da EMGEPRON revelou que o plano da Marinha é construir 20 embarcações desse modelo. Contudo, o contrato para o início da produção depende de uma disponibilidade orçamentária que, hoje, a Marinha não tem.

Furtividade – A novidade representada pelo NaPaCos 500-BR deve significar, na prática, a interrupção na fabricação da classe Macaé – a variante brasileira do modelo francês CMN (Constructions Mécaniques de Normandie) Vigilante.

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NaPaCos “Macaé”, construída pelo estaleiro INACE

 

A Marinha já recebeu duas unidades desse tipo, construídas pelo estaleiro INACE (Indústria Naval do Ceará), e aguarda outros cinco barcos encomendados ao Estaleiro Ilha (EISA), do Rio de Janeiro.

No período em que o almirante-de-esquadra Julio Soares de Moura Neto esteve à frente da Marinha(2007 a 2015), falou-se na construção de 29 unidades da classe Macaé; e até em um programa mais amplo, que contemplaria a produção de 60 barcos desse tipo.

Entretanto, também havia, dentro da Marinha, muitas reclamações de que a empresa CMN não repassara todos os planos de fabricação da classe Vigilante. Isso vinha forçando os estaleiros nacionais a adotarem soluções próprias para certos compartimentos do barco.

Apesar de guardar alguma identidade com as características dos navios Macaé, o 500-BR terá um conjunto propulsor reforçado, tipo CODAD (dois motores a diesel), design com ênfase na furtividade e outras modificações.

Contestação – É a segunda vez, nos últimos seis anos, que a EMGEPRON trabalha no sentido de contestar projetos navais estrangeiros que já são de propriedade da Marinha.

Em 2011, apesar de os almirantes brasileiros terem recebido da multinacional inglesa BAE Systems os planos dos patrulheiros classe River – rebatizada no Brasil de Amazonas –, de 1.700 toneladas, a EMGEPRON defendeu, energicamente, o projeto que ela própria desenvolvera de um navio-patrulha em torno das 1.800 toneladas.

A irredutibilidade da EMGEPRON, que é uma empresa vinculada à Marinha, contestava abertamente a posição de alguns chefes navais que entendiam ser mais rápida e econômica a fabricação, no Brasil, de mais unidades oceânicas tipo Amazonas.

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Navio-patrulha oceânico “Amazonas”, da classe River, inglesa

 

Nos últimos três anos, por mais de uma vez, a BAE Systems fez chegar à Marinha sua disposição de construir novos barcos da classe Amazonas em estaleiros brasileiros. Mas essa proposta sempre recebeu respostas evasivas, e nunca prosperou.

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Augusto

Iríamos construir 60 navios da classe e agora recebemos informação da provável “interrupção na fabricação da classe Macaé”.

Só chegam notícias horríveis da Marinha, que age como io-io de criança com tanto vai-e-volta. Planeja uma coisa, volta atrás, depois volta a planejar, depois volta atrás novamente, e por aí vai.

Isso mostra erros graves do comando, principalmente a falta de planejamento estratégico de longo prazo.

aldoghisolfi

Estamos sucateados, financeira e moralmente falando.

Vejo as apresentações de projetos e pedidos disso e daquilo como manobra p’rá embeiçar o efetivo, em especial o efetivo votante,.. nada mais.

Somos puro descrédito.

wwolf22

tava na hora de alguém da MB ver que as “canhoneiras” eram e são muito obsoletas…
sera que nao cabe um lançador de míssil nesses patrulheiro ???

_RJ_

“Entretanto, também havia, dentro da Marinha, muitas reclamações de que a empresa CMN não repassara todos os planos de fabricação da classe Vigilante. Isso vinha forçando os estaleiros nacionais a adotarem soluções próprias para certos compartimentos do barco.” Bela descrição do que é TOT (como aprender sem dever de casa?) E, bem… o estaleiro INACE completou o dever de casa e entregou duas já. Portanto, sabe fazer e não precisa de nenhuma informação adicional. O estaleiro EISA não poderia colar dela (ou estudar) ao invés de pedir a resposta pros franceses? ” É a segunda vez, nos últimos seis anos,… Read more »

Alfredo Araujo

Na minha humilde ignorância, não entendo o pq de características stealth em um patrulheiro de 500 toneladas…

Novamente, dentro da minha ignorância, um meio naval de 500 toneladas armado com, no máximo, um canhão de 40mm é um meio de patrulha, e não um vazo de guerra…

Admiral Dalton… com a palavra… rs

_RJ_

Alfredo Araujo,
os triângulos e retângulos (que duvido que seja stealth de verdade) são para deixar o navio com cara de moderno (e para justificar ser diferente do Macaé)

MO

me perdoe, colocar um laça missel em um Mururu para que ??? deixar esta jaca mais cara e soltar ele no meio do atlantico e tem como lema “Incara eu”

Veja nosso litoral e quem ta ai é o Atlantico, NPa eh NPa aqui com uma marinha nao precisa nada disto de misseu balilistico intercontineltal VLS ou qqr porra em um NPas salvo, claro abandonar esquadra e isto virar a esquadra, ai meu, nao tem tu, sobrou para vc …

emtempo =
Um dos nossos rebocadores =

http://santosshiplovers.blogspot.com.br/2015/05/rb-c-neblina-pq5268-operando-em-santos.html

8 photos

Augusto

Alfredo Araujo
5 de maio de 2015 at 16:46 #

“(…) não entendo o pq de características stealth em um patrulheiro de 500 toneladas…”

É o que o mundo todo também quer saber.

Ao invés de ter deixado o INACE terminar o que conseguiu começar a duras penas, a Marinha passa a construção para o EISA, que tenta reinventar a roda.

_RJ_

_RJ_ @ 5 de maio de 2015 at 16:43#

“E, bem… o estaleiro INACE completou o dever de casa e entregou duas já. Portanto, sabe fazer e não precisa de nenhuma informação adicional. O estaleiro EISA não poderia colar dela (ou estudar) ao invés de pedir a resposta pros franceses?”

Me corrigindo, o EISA foi pedir ajuda ao italianos (Navantia).

_RJ_

espanhois (a falta de açúcar no sangue hoje tá braba)

Iväny Junior

As próximas escoltas substituindo as Vosper Mk.10, se forem efetivamente construídas.

Oganza

Meus caros… é a Guarda Costeira. Mas como ela é Brasileira e possui um almirantado de se puxar o cordão, vai se meter em mais uma lambança e passar a maior vergonha… … maaaasss dessa vez será com embarcações de 500 t … … ai meu Deus. Meus caros amigos, a MB não consegue tocar a contento um programa de NaPaCos de 500 t… mas quer ter NAe, SubNuc, Aviação embarcada, Projeção de Poder etc… etc… Ridículo. E ainda tem gente que discorda quando eu digo que – “Infelizmente não temos competência intelectual, quiçá militar para operar um verdadeiro Navio… Read more »

Oganza

Ops… EMGEPRON?

– Privatiza essa jossa.

Melky Le Faucheur

Temos a floresta amazônica e a vale*, madeira e ferro, Vamos pedir aos portugueses para nos ensinar a fazer caravelas ai construímos umas 600 caravelas e tamo pronto para a luta

rafael oliveira

Oganza, para privatizar é preciso que a empresa tenha algum valor. Sinceramente, acho que a EMGEPRON não tem – ou melhor, tem valor negativo, dado que quem comprar levará com ela os empregados e o consequente passivo trabalhista. Aliás, essa historinha da EMGEPRON contestar um navio fabricado pela BAe é demais para minha cabeça. Se juntar todo o pessoal da EMGEPRON, do CPN-MB, dos estaleiros nacionais e das universidades brasileiras não se chega na metade do know-how da BAe. Mas a incompetência tem que vir acompanhada de prepotência e o resultado é isso daí: vários projetos, muitas maquetes e muito… Read more »

Oganza

Rafael,

“não se chega na metade do know-how da BAe. “ – O colega foi muito generoso… mas é isso mesmo.

Grande Abraço.

_RJ_

A ENGEPRON inventa serviço pros seus engenheiros brincarem de desenhar navio, enquanto o governo ganha uma desculpa para postergar mais um ano o início da construção dos patrulhas.
Assim como o “ajuste” no projeto das Tamandarés faz com que se postergue mais um ano (ou mais) a fabricação desses. Isso sem precisar admitir que está atrasando por falta de verba. (ou de prioridade)

Mauricio R.

O Inace se serviu do navio patrulha classe “Grajaú”, p/ resolver os problemas de arquitetura naval e instalação de equipamentos a bordo, qndo construiu seus classe “Macaé”.
Mas não vão pensando, que por isso eles lá são essa “Brastemp” tda,qndo deu o problema do Caneco, a MB foi construir os navios na Alemanha e não em Fortaleza.
E o esforço do EISA apesar dos problemas é louvável, pois estão buscando melhorarem suas qualificações.

rafael oliveira

Como assim louvável??? Assumiram o compromisso de construir os navios e entregarem dentro de um prazo, mas não fizeram isso! Resolveram se qualificar após a construção do navio atrasar? Se o EISA não tinha competência para construir, não deveria sequer ter participado da licitação. Isso seria o caso de rompimento do contrato, devolução do dinheiro pago, cobrança de multa e impedimento de voltar a licitar com a Administração Pública! A verdade é que o grande problema da Marinha é não termos um estaleiro qualificado no Brasil. Mesmo eu não sendo estatista, parabéns à FAB que criou o ITA, o CTA… Read more »

Corsario137

Maurício é um cara indecifrável. Mete o pau na Embraer e acha louvável o esforço desse estaleiro mequetrefe que não cumpre prazos e, esse sim, vive somente do erário público.

Vai entender…

_RJ_

Maurício, que “problema do caneco” é esse? Não sei qual caso vc se refere (não sou tão antenado assim).

_RJ_

O Mauricio não traduziu o que significa “problema do caneco” e eu continuei boiando. Não sei o que ele disse, para entender qual foi a deficiência do estaleiro INACE

Fernando "Nunão" De Martini

_RJ_, Imagino que o Maurício esteja se referindo à época da construção dos primeiros lotes da classe Grajaú, que tinha navios contratados aos estaleiros Caneco e Mauá, mas que no fim das contas tiveram que ser terminados no AMRJ ou mesmo contratados em estaleiro alemão. Dois exemplos abaixo: http://www.naviosbrasileiros.com.br/ngb/G/G029/G029.htm http://www.naviosbrasileiros.com.br/ngb/G/G058/G058.htm Mais tarde, um dos lotes finais foi para o Inace, mas ainda assim a maioria dos restantes continuou sendo contratada a estaleiro alemão. Acho que é disso que ele está falando. Porém, eu lembro vagamente que a preferência de continuar contratando os lotes finais ao estaleiro alemão foi principalmente devido… Read more »

_RJ_

Obrigado, Nunão, pelo esclarecimento.