1822             -                NAVIOS DE GUERRA BRASILEIROS            -               Hoje

 

"A Vida nos Caça-Pau"

 

"Os caça submarinos da classe SC 497/Javarí foram muito utilizados pelas suas guarnições, que lhes impuseram trabalhos além de sua capacidade prevista, e em condições de completo desconforto pessoal.

A falta de comodidade era realmente incrível, nesses pequenos navios, de boa estabilidade, mas que jogavam muito e eram cobertos pelas vagas, a ponto do pessoal dormir amarrado ao beliche.

O problema principal estava na alimentação, feita geralmente de comidas enlatadas, pois a cozinha era pequena e quente, situada na popa, cobertas abaixo. A água era, limitada, na quantidade de menos de 5 litros para cada homem, por dia, isto é, só para cozinha e lavagem de roupas, nada restando para o banho. Nos cruzeiros maiores, Trinidad - Belém ou Recife - Belém, as condições de vida eram realmente péssimas. O pessoal geralmente usava calções e camisetas, com sapatos grosseiros e um cinto aonde havia uma faca (para emergências) e pertences pessoais. Os oficiais tinha um pequeno camarote com 4 beliches, uma privada e comiam em um pequeno alojamento do pessoal, ou de volante no passadiço, ficando todos com um aspecto físico irreconhecível.

Os navios não tinham radar, somente existindo o sonar, vulgarmente chamado de "araponga", devido ao ruído desagradável que fazia, dia e noite, chegando a entrar no subconsciente do pessoal. O armamento era razoável para o ataque ao submarino imerso, mas totalmente insuficiente para um combate na superfície. Havia um velho canhão de 3 polegadas, 23 calibres na proa, usados para ataques inopinados e 2 metralhadoras Oerlikon de 20 mm, realmente boas. Na proa o lança - bomba - foguete (Mousetrap) em 2 ou 4 tentativas, nas bordas morteiros tipo K e na popa, as calhas de bombas de profundidade.

Os motores lançavam os gases da descarga nos bordos, os quais envenenavam, dia e noite, as guarnições.

Enfim foi um serviço efetuado por bravos heróis que tripulavam estes corajosos navios no difícil serviço de escolta através do Atlântico, sem contar o risco que devido à sua baixa silhueta serem confundidos com submarinos inimigos".