1822             -                NAVIOS DE GUERRA BRASILEIROS            -               Hoje

Imperial Marinheiro

Marcílio Dias

 

 

Nome

 

O NOME

 

O Imperial Marinheiro de Primeira Classe Marcílio Dias, era filho de Manuel Fagundes e de Dona Pulcena Dias, nasceu no Rio Grande do Sul, em 1838.

 

Ingressou na Marinha como Grumete aos 17 anos de idade, tendo sentado praça no Corpo de Imperiais Marinheiros em 5 de agosto de 1855.

 

Ao verificar praça no Imperial Corpo de Marinheiros, a fim de receber a instrução militar obrigatória, Marcilio Dias teve como seu primeiro comandante o então Capitão-de-Mar-e-Guerra Francisco Manuel Barroso da Silva, o futuro Comandante da nossa esquadra vitoriosa em Riachuelo.

 

Tendo cursado a Escola Prática de Artilharia, foi promovido a Marinheiro de Segunda Classe. Só podiam matricular-se na escola acima as praças que soubessem, pelo menos, ler e escrever. A sua sede era a bordo da Fragata Constituição. Depois realizou viagem de instrução para pratica de artilharia a bordo da Corveta Imperial Marinheiro. Dessa turma, composta de 38 alunos, somente 15 foram habilitados nos exames finais, sendo Marcilio Dias um desses 15. Sempre fora, uma praça distinta. Depreende-se daí, que Marcilio Dias não era, como muitos supõem analfabeto; se a Escola, cujo fim principal era o de “criar artilheiros com as necessárias habilitações para poderem desempenhar a bordo dos navios da Armada os importantes cargos de Chefes de Peça, Fiéis de Artilharia, Carregadores e Escoteiros, e a 11 de junho de 1865 Marcilio Dias era Chefe de Rodízio Raiado, conclui-se que o seu preparo instrutivo era de nível bem elevado.

 

Aprovado nos exames, Marcilio Dias embarcou na Canhoneira a Vapor Parnahyba, em 1863. Estava esse navio em aprestos de viagem para o Rio da Prata, era seu Comandante o 1º Tenente Aurélio Garcindo Fernandes de Sá.

 

Tomou parte ativa na tomada de Payssandú e de Corrientes. A 11 de junho de 1885, trava-se a memorável Batalha de Riachuelo.

A Parnahyba lançou-se sobre um Vapor inimigo pondo-o a pique. É porem, abordada pelos outros dois. A luta foi heróica. “Cada oficial, cada marinheiro, cada soldado, cumpriu o seu dever de verdadeiro brasileiro.” A nossa bandeira, que chegou a ser arriada por um oficial paraguaio, foi defendida até a morte pelo Capitão Pedro Afonso Ferreira e pelo Guarda-Marinha João Guilherme Greenhaigh. Quase toda a guarnição de ré foi acutilada.

 

Só com a aproximação da Fragata Amazonas, que viera em socorro da Parnahyba, é que os paraguaios abandonaram a nossa Canhoneira. O combate durara mais de uma hora. O Comandante Garcindo de Sã, tendo em vista a gravidade da situação, já ordenara ao Escrivão de Segunda Classe José de Correia da Silva que lançasse fogo ao paiol de pólvora.

 

Os paraguaios percebendo que vinham em socorro da Parnahyba, a Fragata Amazonas, o Vapor Belmonte e a Canhoneira Mearim, precipitaram-se ao rio, procurando ganhar a margem do Chaco.

 

Depois disso a nossa bandeira foi de novo içada.

 

O Comandante Garcindo de Sã, em parte que dirigiu ao Comandante-Chefe da Esquadra brasileira, assim se expressou sobre Marcilio Dias: “O Imperial-Marinheiro de Primeira Classe Marcilio Dias, que tanto se distinguira nos ataques de Paissandu, imortalizou-se ainda nesse dia. Chefe do rodízio raiado, abandonou-o, somente, quando fomos abordados, para sustentar braço a braço a luta de sabre com quatro paraguaios.

 

“Conseguiu matar dois, mas teve de sucumbir aos golpes dos outros. Seu corpo crivado de horríveis cutiladas, foi por nós piedosamente recolhido, e só exalou o último suspiro ontem (12 de junho), às duas horas da tarde, havendo-se-lhe prestado os socorros que me tornara digna a praça mais distinta da Parnahyba. Hoje (13 de junho), pelas 10 horas da manhã, foi sepultado, com rigorosa formalidade, no rio Paraná, por não termos embarcação própria para conduzir seu cadáver à terra.


- Andréa, Júlio. A Marinha Brasileira: florões de glórias e de epopéias memoráveis. Rio de Janeiro, SDGM, 1955.

 

- NOMAR - Noticias da Marinha, Rio de Janeiro, SRPM, n.º 502, abr./mai/jun. 1985; n.º 686, jun. 1999.

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