AVIAÇÃO NAVAL BRASILEIRA

Sikorsky S-55C

Helicóptero Pesado de Emprego Geral


M a t r í c u l a s

HUW

N-7014

 


E s p e c i f i c a ç ã o   o r i g i n a l (1)

Origem: EUA (Sikorsky Aircraft Division of United Aircraft Corp.)

Dimensões: diâmetro do rotor principal: 16,16 m; comprimento: 12,85 m; largura: 3,35 m; altura: 4,07 m.

Pesos: vazio: 2.245 kg; máximo na decolagem: 3.583 kg.

Motores: um motor radial Pratt & Whitney R-1340-57 de 9 cilindros (montagem inclinada), desenvolvendo 600 HP.

Desempenho: velocidade máxima: 162 km/h; velocidade de cruzeiro: ? km/h; razão inicial de subida: 213 m/min; teto de serviço: 3.218 m; Alcance máximo 650 km.

Armamento: ausente.

Tripulação: dois tripulantes e até dez soldados.


H i s t ó r i c o

Projeto e desenvolvimento

 

Na segunda metade da década de 1940 os projetos do engenheiro Igor Sikorsky, associado à United Aircraft desde 1929, já tinham grande penetração no mercado civil e militar. O modelo S-47 (conhecido no meio militar como R-4) tornou-se o primeiro helicóptero a ser produzido em larga escala. Em seguida veio o modelo S-48 (R-5) que obteve um sucesso maior ainda, sendo inclusive exportado para vários países, onde tornou-se o primeiro veículo de asas rotativas de muitas Forças Armadas.

Tomando o S-51 como ponto de partida, os engenheiros da companhia passaram a trabalhar no desenvolvimento do S-55 a partir de 1948. A carga e o combustível deveriam ficar o mais próximo possível do centro de gravidade do helicóptero. O motor foi deslocado para o nariz da aeronave, em ângulo inclinado, eliminando o problema de excesso de peso logo abaixo do rotor principal. Exatamente atrás do motor ficava o compartimento de carga. O único local disponível para a cabina da tripulação era acima e atrás do motor, exatamente sobre o tanque de combustível. Os dois tripulantes sentavam-se lado a lado, separados pelo eixo de transmissão que passava obliquamente sobre eles até a caixa de transmissão principal, situada logo abaixo do cubo do rotor. O arranjo era totalmente inovador para a época (2).

s-55.net
Primeiro vôo do protótipo YH-19. Uma das mudanças mais visíveis solicitada pela USAF foi a alteração da cauda (compara com a foto abaixo). 

O desenvolvimento do S-55 não contou com ajuda financeira do governo dos EUA, mas o projeto foi apresentado para a USAF em 1949, que firmou um contrato para a fabricação de cinco protótipos designados YH-19. O primeiro deles voou em 10 de novembro daquele ano (3).

A USAF ficou bastante satisfeita com o desempenho da aeronave, embora algumas mudanças fossem necessárias. O contrato para a produção de um primeiro lote de 50 unidades, agora classificado como H-19A pela USAF, foi feito em 1951 (4). Alguns helicópteros foram enviados à Coréia, onde participaram da parte final do conflito. A experiência da Coréia permitiu o desenvolvimento de várias táticas e doutrinas de combate para o emprego de helicópteros de manobra.

O modelo também despertou o interesse na Marinha dos EUA, cujo primeiro contrato foi assinado em abril de 1950, e do Exéricto, que adquiriu a versão H-19C (também conhecida pelo nome "Chickasaw"), baseada na versão H-19A da Força Aérea. Em dez anos de produção, a Sikorsky produziu mais de mil unidades para as Forças Armadas dos EUA (3).

Diferentes versões surgiram posteriormente, incluindo modelos para o mercado civil. A primeira versão comercial foi o S-55, muito semelhante ao H-19A da USAF. Posteriormente vieram o S-55A, cuja principal diferença era o motor mais possante; o S-55C, baseado no H-19D, mas com o mesmo motor do S-55, e o S-55T equipado com um turbo-eixo. 

Além da produção norte-americana, o S-55 foi construído sob licença na França (através da SNIAS-futura Aerospatiale), no Japão (pela Mitsubishi) e na Grã Bretanha (pela Westland). Esta última modificou extensivamente a aeronave, que recebeu o nome Whrilwind.

Na Marinha do Brasil

Durante a Revolução de 31 de março de 1964, a quase totalidade dos membros da Aviação Naval aderiu à rebelião. As atividades aéreas intensificaram-se e o número de aeronaves tornou-se insuficiente para a quantidade de missões atribuídas ao esquadrão HU-1.

Uma das soluções foi requisitar um helicóptero da Chesf - Companhia Hidro Elétrica do São Francisco. A Chesf possuía um Sikorsky S-55C de procedência norte-americana, em bom estado e com poucas horas de vôo (5).

Em tempo recorde (menos de quarenta e oito horas) a documentação para tomar posse da aeronave foi preparada, autorizada e entregue à uma delegação da Marinha, que recebeu a aeronave. Dando seqüência à numeração adotada nas matriculas das aeronaves até então, esta deveria ser a N-7013. Por superstição, este número foi excluído e o S-55C recebeu a matrícula N-7014 (5). Diferentemente dos outros WS-55, o N-7014 recebeu a designação "HUW".

 

Terminada a Revolução, o N-7014 passou a executar as demais atividades rotineiras no esquadrão HU-1. Em uma delas, ocorrida no segundo semestre de 1964, o HU-1 passou a apoiar as unidades do Exército na fronteira com o Uruguai e o levantamento hidrográfico da Lagoa dos Patos pela Marinha.

Em uma das missões de apoio a estas operações o Sikorsky S-55C N-7014 apresentou um problema no sistema hidráulico, cuja solução definitiva dependia dos equipamentos existentes na sede do esquadrão. O helicóptero foi enviado de volta ao Rio de Janeiro. Durante a travessia Santos-Rio de Janeiro, o sistema hidráulico do helicóptero falhou completamente e a aeronave chocou-se com o mar, próximo ao Colégio Naval. O N-7014 foi destruída e um dos tripulantes faleceu. Após o acidente, a Marinha indenizou a Chesf pela perda da aeronave (5).


P e r d a s / A c i d e n t es / B a i x a s

28 nov. 1964 (6)O Sikorsky S-55C, matrícula N-7014 voava em grande altitude entre Santos e Rio de Janeiro, voltando do Rio Grande, quando o sistema hidráulico da aeronave falhou completamente. A aeronave colidiu com o mar próximo ao Colégio Naval (Angra dos Reis) e foi totalmente perdida. No acidente faleceu o cabo Etheni por afogamento, causado por desorientação após a queda do helicóptero (5).


F o t o s

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B i b l i o g r a f i a

 

(1) PEREIRA NETTO, F. C. Aviação Militar Brasileira 1916-1984. Ed. Revista de Aeronáutica: Rio de Janeiro, 1985. p.7

(2) EVERETT-HEATH, J. British Military Helicopters. Arms and armour press. Londres, 1986. p. 80-91

(3) GUNSTON., B. The Encyclopedia of World Air Power. Temple press. Londres, 1980. p.321

(4) GLOBAL SECURITY. H-19 Chickasaw/HO4S/HRS. disponível em: <http://www.globalsecurity.org/military/systems/aircraft/h-19.htm>, acesso em: 15 jan. 2008.

(5) OLIVEIRA, J. M. A. Histórico - Depoimento do 1º Comandante.  Histórico,Página do 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral, disponível em: <https://www.mar.mil.br/ehu-1/historia.html#9>, acesso em: 15 jan. 2008.

(6) CUNHA, R. D. Westland WS.55 Whirlwind Srs.1 HU2W. Asas sobre os mares: a aviação naval brasileira. disponível em: <http://www.rudnei.cunha.nom.br/Asas%20sobre%20os%20mares/index.html>, acesso em: 15 jan.2008.