AVIAÇÃO NAVAL BRASILEIRA

S-61/Agusta-Sikorsky AS-61 Sea King

Helicóptero de emprego Geral, A/S e A/Su


M a t r í c u l a s

SH-3D/SH-3A

N-3007

N-3008

N-3009

N-3010

N-3011

N-3012

 

ASH-3H/SH-3A 

N-3013

N-3014

N-3015

N-3016

 

SH-3H/SH-3B

N-3017

N-3018

N-3019

N-3029

N-3030

N-3031

 


E s p e c i f i c a ç ã o   o r i g i n a l  SH-3D ( 1 )

Origem: EUA (Sikorsky Aircraft Division), fabricado sob licença na Itália (Agusta).
Dimensões: diâmetro do rotor principal: 18,90 m; comprimento (com rotores girando): 22,15 m; largura: 3,96 m; altura: 5,13 m; Área do disco principal: 280,47 m2.
Pesos: vazio: 5.387 kg; máximo na decolagem: 9.534 kg.
Motores: Dois turboeixos General Eletric T58-GE-10 com 1.400 HP.
Desempenho: velocidade máxima: 267 km/h; razão inicial de subida: 671 m/min; teto de serviço: 4.480 m; Alcance máximo 1.000 km; autonomia: 5,0 horas de vôo.
Armamento: até 380 kg dispostos em dois ou quatro cabides (cargas de profundidade ou Torpedos Mk 46).
Tripulação: piloto, co-piloto e dois operadores de sensores ASW.


Projeto e desenvolvimento

O primeiro helicóptero norte-americano dedicado à guerra A/S foi o Sikorsky HO4S. Era uma versão derivada do S-55, dotada de sonar de mergulho. No início da década de 1950 alguns helicópteros desse modelo já estavam realizando operações ASW na costa coreana durante a Guerra da Coréia. Em 1955 entrou em operação o HSS-1 Seabat (versão ASW do S-58) para substituir o HO4S (2). Embora fosse uma versão maior e mais potente, o HSS-1 (posteriormente reclassificado SH-34G) utilizava o mesmo conceito operacional do seu antecessor, tendo uma aeronave para localizar os submarinos ("caçadora") e outra para realizar os ataques ("destruidora"). 

Na segunda metade da década de 1950, a USN lançou os requisitos para uma aeronave de asas rotativas com grande autonomia, para qualquer tempo e capaz de localizar e atacar submarinos mergulhados. Inicialmente a Sikorsky propôs um modelo evoluído do HSS-1, dotado de duas turbinas no lugar do motor a pistão. Embora fosse uma novidade para a época, a Sikorky já tinha testado as turbinas com sucesso no S-59 em 1953. O desenvolvimento do projeto acabou levando a um desenho completamente diferente do S-58 e a versão final (designada S-61 pelo fabricante) foi aceita pela USN em 1957. A fuselagem possuía a parte inferior em forma de casco que, juntamente com os dois estabilizadores de flutuação lateral, permitia o pouso da aeronave na superfície do mar. A cabina principal acomodava dois operadores de sonar/radar e os demais equipamentos de guerra A/S. O rotor principal de cinco pás possuía atuadores hidráulicos que recolhiam as pás para trás, permitindo a hangaragem em espaços reduzidos.

 

Um lote de pré-série foi encomendado em setembro de 1957 (3) e a primeira aeronave, designada HSS-2 Sea King pela Marinha dos EUA, voou em 11 de março de 1959. Inicialmente foram construídos dez modelos de pré-série, seguidos por seis lotes, totalizando 255 helicópteros da versão SH-3A (designação introduzida em 1962 no lugar de HSS-2). No geral, essas aeronaves eram muito semelhantes e os principais equipamentos eram o radar Doppler Ryan APN-130 e o sonar de mergulho Bendix AQS-10. As principal diferença estava na motorização. Os primeiros 30 exemplares possuíam dois turboeixos T58-GE-6 de 1.050 HP. Nos demais houve um aumento da potência para 1.250 HP com a introdução dos turboeixos T58-GE-8, 8B ou 8F. O projeto obteve um grande sucesso e a célula básica foi modificada para atender diversos requisitos como SAR, transporte de tropas e transporte VIP entre outras.

A versão ASW seguinte, o SH-3D, começou a ser produzida a partir de 1966 e entrou em atividade na USN no ano seguinte. Era ligeiramente mais pesada, com motores mais potentes (T58-GE-10 de 1.400 HP), maior autonomia, caixa de redução reforçada e novos sensores (incluindo radar Doppler APN-182 e sonar AQS-13A). Além do protótipo inicial (YSH-3D), a USN recebeu três lotes de 24 aeronaves, totalizando 72 SH-3D. Esta foi a última versão produzida pela Sikorsky para a Marinha dos EUA.

Tanto a versão "A" com a "D" operavam principalmente a partir dos NAes anti-submarino. Nos NAes de ataque, o helicóptero era somente uma aeronave orgânica do navio utilizada para guarda de aeronaves, transporte leve, ligação e SAR. No final da década de 1950, a USN também precisava de um novo helicóptero para estas funções e assim surgiu o SH-3G. A versão "G" não possuía equipamentos de ASW, aumentando o espaço da cabina principal e a capacidade de carga útil. Seu alcance foi estendido com a adição de tanques de combustível maiores. Todos os 105 SH-3G entregues a USN eram reconstruções a partir de células de SH-3A com exceção de duas unidades derivadas de células SH-3D.

Com a evolução das novas ameaças submarinas provenientes do Leste Europeu na segunda metade da década de 1960 e nos anos seguintes, ficou evidente que os Sea King necessitavam de uma atualização dos seus sensores. Nesta época também os NAes especializados em ASW estavam deixando o serviço e as funções anti-submarinas foram absorvidas pelos NAes de ataque. Surgiu então o SH-3H, uma atualização das versões "A" e "D". Assim como o SH-3G, a nova versão ASW do helicóptero baseou-se na reconstrução de células dos modelos anteriores. O SH-3H incorporou sensores mais modernos, aviônicos novos, MAD e equipamentos ECM. Entre 1972 e 1980 foram produzidos 116 aeronaves dessa versão.

Outras modernizações ocorreram ao longo dos anos mas a denominação permaneceu SH-3H. Os últimos helicópteros dessa versão deixaram o serviço ativo da USN em 1995. A função ASW foi assumida pela família SH-60 e alguns poucos SH-3H foram convertidos em helicópteros de transporte (reclassificados como UH-3H) e deverão voar até 2009.

Outros operadores do Sea King

As qualidades do modelo da Sikorsky foram apreciadas por outros países e alguns até passaram a montá-lo ou construí-lo sob licença. No Canadá, a empresa United Aircraft de Montreal montou 37 unidades (localmente designadas CH-124) a partir de 1963. A Mitsubishi produziu no Japão uma variante do SH-3A no início da década de 1960 denominada HSS-1 (167 aeronaves no total). Posteriormente foram modernizados para o padrão HSS-1A em 1972 e HSS-1B em 1977 (4).

A empresa britânica Westland, que já fabricava outros modelos da Sikorsky, adquiriu os direitos de produzir o S-61 no mesmo ano do vôo do primeiro protótipo norte-americano. A Royal Navy oficializou o pedido em 1966 e os primeiros helicópteros (denominados HAS Mk1) foram entregues em 1969 (5). Os modelos construídos na Grã Bretanha possuíam uma série de modificações locais e alguns ainda estavam em produção no início da década de 1980. Além dos clientes locais (Marinha, RAF e Exército), a Westland exportou versões do S-61 para diversos países (Austrália, Alemanha, Bélgica, Egito, Índia, Noruega, Paquistão e Qatar).

Na década de 1960 a empresa italiana Agusta assinou um acordo como a Sikorsky  para que esta pudesse montar sob licença helicópteros do modelo S-61 (ASH-3D). Outros países que operaram ou ainda operam variantes do Sea King são: Argentina, Dinamarca, Espanha  Irã, Malásia e Peru.

O Sea King no Brasil

Como forma de complementar os “Whirlwind” no trabalho de helicópteros pesados e substituir os SH-34 nas atarefas ASW, foram adquiridos junto a Companhia Sikorsky seis novos helicópteros SH-3D. Esses equipamentos possuíam capacidade de detectar e atacar submarinos submersos, tarefa impossível para os helicópteros anteriores da MB. As primeiras quatro aeronaves chegaram ao porto do Rio de Janeiro em abril de 1970 e foram trazidas pelo NAe norte-americano USS América (CVA-66). As duas últimas unidades (N-3011 e N-3012) foram recebidas em 1972.

Entre 1970 e 1984, foram perdias duas aeronaves (N-3008 e N-3009), sendo que o SH-3 de matrícula N-3008 caiu no mar em 19/8/76 (6).

Fabricante/

Modelo original

Nº do fabricante ou da USN

Matrícula MB -
data de recebimento

Data de modernização

Nova designação

Data da baixa

Sikorsky/

S-61D

61701

N-3007 - 28/04/1970

 15/01/1987

SH-3A

2006

Sikorsky/

S-61D

61702

N-3008 - 28/04/1970

 -

 -

19/08/1976

Sikorsky/

S-61D

61703

N-3009 - 28/04/1970

 -

 -

21/11/1970

Sikorsky/

S-61D

61704

N-3010 - 28/04/1970

 15/01/1987

SH-3A

2006

Sikorsky/

S-61D

61705

N-3011 - 28/09/1972

 15/01/1987

SH-3A

em atividade

Sikorsky/

S-61D

61706

N-3012 - 28/09/1972

 15/01/1987

SH-3A

em atividade

Agusta/

AS-61D

6053

N-3013 - 27/04/1984

-

SH-3A

2006

Agusta/

AS-61D

6054

N-3014 - 27/04/1984

-

-

08/01/1989

Agusta/

AS-61D

6055

N-3015 - 27/04/1984

-

SH-3A

em atividade

Agusta/

AS-61D

6056

N-3016 - 27/04/1984

-

SH-3A

em atividade

Sikorsky/

S-61D

152693

N-3017 - 

 13/05/1996

 ??/??/1998

SH-3B 

em atividade

Sikorsky/

S-61D

154107

N-3018 - 

 13/05/1996

 ??/??/1998

SH-3B 

desativado

Sikorsky/

S-61D

154118

N-3019 - 

 13/05/1996

 ??/04/1998

SH-3B 

desativado

Sikorsky/

S-61D

165485

N-3029 - 

 13/05/1996

 ??/??/1998

SH-3B 

2006

Sikorsky/

S-61D

156490

N-3030 - 

 13/05/1996

 ??/??/1998

SH-3B 

2006

Sikorsky/

S-61D

156492

N-3031 - 

 13/05/1996

 ??/??/1998

SH-3B 

2006

Em novembro de 1981 foi assinado um contrato com a empresa italiana Agusta para a aquisição de quatro aeronaves ASH-3D/H (7). Essas aeronaves, embora semelhantes às empregadas pela MB, possuíam diversos melhoramentos, incluindo a capacidade de lançarem mísseis Exocet. O valor total do contrato com os italianos foi de US$ 50 milhões, sendo oitenta por cento financiado pelo banco de Roma (com pagamentos a partir três anos após a assinatura do contrato) e vinte por cento vindo diretamente dos 0recursos do Ministério da Marinha (8).

Os helicópteros novos chegaram ao Brasil abordo do Navio Transporte de Tropas Barroso Pereira (G-16) no final de 1984 (9). Após o recebimento dessas unidades, as células de SH-3 remanescentes da encomenda realizada no começo da década de setenta (N-3007, N-3010, N-3011 e N-3012) foram enviadas a Itália em janeiro de 1986 para serem modernizadas nos mesmos padrões. Todos os helicópteros modernizados retornaram em maio de 1988. No ano seguinte, a Marinha perderia o N-3014 num acidente.

O primeiro lançamento de um míssil AM-39 ocorreu no dia 11 de novembro de 1992. Nessa data, a aeronave N-3007 disparou um míssil contra o casco do antigo contratorpedeiro Mato Grosso (D-34) (9).

 

No primeiro semestre de 1996, foram adquiridos outros seis (10) SH-3 usados que se encontravam estocados na AMARC (Aircraft Maintence and Regeneration Center), localizada na Base Aérea de Davis Monthan - Arizona/EUA. Essas aeronaves eram do modelo SH-3H e pertenciam a US Navy. Após uma revisão nas próprias instalações da Marinha Americana, os seis helicópteros seguiram para o Alabama (EUA) para serem modificadas e modernizadas pela empresa PEMCO Co. Possuem um sonar AQS-18(V) semelhante aos instalados nos SH-60F e um radar Marconi LN66HP instalado na porção anterior da fuselagem. Estes helicópteros, designados como SH-3B na MB, foram embarcados no NAeL Minas Gerais na porto de Pensacola (Florida/EUA) e desembarcaram no Rio de Janeiro em 10 de junho de 1996. A pintura dessas aeronaves é totalmente fosca, reduzindo os efeitos de cintilamento.

Os SH-3 provenientes da US Navy receberam as matrículas seqüenciais entre N-3017 e N-3029. No entanto, o intervalo entre N-3020 e N-3028 foi pulado pois essas matrículas, na época, eram utilizadas pelos Lynx.

Outros dois SH-3D (cujo provável "serial number" na USN era 154108 e 154112 (BOUGHER, 2005)) foram adquiridos apenas como fornecedores de peças, não tendo condições de vôo. A característica externa mais marcante dos SH-3B é o fato de possuírem a carenagem do radar na porção central inferior da fuselagem (11).


P e r d a s / A c i d e n t es / B a i x a s

 

21 nov. 1970   O Sea King N-3009 sofreu uma pane na sua transmissão principal e foi obrigado a fazer um pouso de emergência próximo à cidade de Florianópolis (SC). Houve perda total da aeronave. A célula tinha apenas sete meses de atividade na Marinha do Brasil.

19 ago. 1976   Durante uma operação ASW noturna na proximidades de Cabo Frio (RJ), perdeu-se o Sea King N-3008. Com ele, desapareceram os pilotos e tripulantes também. Tal acidente ocasionou a suspensão de vôos ASW noturnos até meados de 1977. Seus destroços foram encontrados somente em Junho de 1994, quando partes do helicóptero ficaram presas nas redes de pescadores locais. 

08 jan. 1989   Após decolagem "cross deck" noturna a partir do NAeL Minas Gerais, o Sea King N-3014 perdeu altitude e caiu no mar próximo ao navio. Juntamente com a aeronave perderam-se os dois tripulantes.


F o t o s

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B i b l i o g r a f i a

 

(1) PEREIRA NETTO, F. C. Aviação Militar Brasileira 1916-1984. Ed. Revista de Aeronáutica: Rio de Janeiro, 1985. p.79

(2) LAWSON, R. L. US Naval Air Power. Temple Press Aerospace: London, 1985. p.142

(3) GUNSTON, B. The Encyclopedia of World Air Power. Temple Press Aerospace: London, 1985. p.322

(4) GLOBALSECURITY.ORG. H-3 Sea King. Disponível em: <http://www.globalsecurity.org/military/systems/aircraft/h-3.htm>. Acesso em:20 jun. 2005.

(5) HEATH, J. E. British Military Helicopters. Arms and Armour Press: London, 1985. p.133.

(6) REVISTA AERO. ?. n. 13, p. 4, 1977.

(7) TECNOLOGIA & DEFESA ?. São Paulo, n. 10, p.23-25. 1984.

(8) VOAR. Novos Sea King para a Marinha. São Paulo, nº 08, p.?, nov. 1982.

(9) REVISTA FORÇA AÉREA. ?. Rio de Janeiro,RJ, ano ?, n. 4, p. 14, 1996.

(10) AIR INTERNATIONAL Navy Without Wings. dez. 1997. Vol 53, n. 6, p. 368-371.

(11) WORLD AIR POWER. volume ? , p. 155, 1996.

(*) BAUGHER, J. F. US Navy and US Marine Corps Aircraft Serial Numbers and Bureau Numbers--1911 to Present. Disponível em: <http://home.att.net/~jbaugher/navyserials.html>. Acesso em:20 jun. 2005.