AVIAÇÃO NAVAL BRASILEIRA |
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Reorganização da Aviação Naval na Década de Vinte Da Ilha das Enxadas à Ponta do Galeão
As instalações da Ilha das Enxadas (atual Centro de Instrução Almirante Wandenkolk - CIAW) eram bastante precárias, mesmo para aqueles tempos. O setor administrativo da escola trabalhava em puxados de madeira junto aos hangares e os alojamentos eram compostos de uma casa da alvenaria para todos os oficiais e barracos de madeira para suboficiais, sargentos e praças (1). A reduzida área ocupada na ilha (6.000 m2) não permitia a ampliação das instalações e limitava a expansão da flotilha. Resultado - a Escola precisava de um novo local para funcionar. Estudos para a relocação da Escola de Aviação Naval foram iniciados em 1920 (2), mas foi somente na administração do Ministro Veiga Miranda (12/09/1921 a 15/11/1922) que a projeto tomou forma. O terreno escolhido localizava-se na Ponta do Galeão, Ilha do Governador, local onde funcionava a Escola de Aprendizes-Marinheiros. A defesa aérea do litoral e os Centros e Aviação NavalAinda no final de 1921, o Ministro Veiga Miranda designou uma comissão para a reestruturação da Aviação Naval. O ponto principal era a elaboração do Projeto da "Organização da Defesa Aérea". A idéia não era nova uma vez que durante a I Guerra Mundial o Ministro Alexandrino de Alencar propôs o " Serviço de Defesa das Costas", mas este nunca chegou a ser implantado (3). O projeto foi aprovado pelo ministro em 5 de dezembro daquele ano. Ainda em dezembro, o presidente Epitácio Pessoa sancionou o Decreto 4.436, estabelecendo a ligação aérea entre o Rio de Janeiro e o sul do país. Dentro do projeto de reorganização da Aviação Naval e visando apoiar a ligação aérea com o sul, projetaram-se os "Centros de Aviação Naval" espalhados pelo litoral. O primeiro deles, o Centro de Aviação Naval do Rio de Janeiro, foi criado de imediato e aprovado em 4 de novembro de 1921, antes mesmo que o Decreto da Organização (1).
O local escolhido para a implantação do Centro de Aviação Naval do Rio de Janeiro era o mesmo da nova escola de aviação naval - a Ponta do Galeão. Como o terreno da Escola de Aprendizes-Marinheiros não era suficiente para a instalação de ambas, uma área conjugada e ocupada por um asilo de alienados foi desapropriada (Decreto de 22 de maio de 1922). Todo o processo ocorreu de forma bastante rápida e o projeto das edificações novas (as antigas foram demolidas) ficou pronto em três meses. A concorrência foi aberta em 11 de julho e a obra começou logo em seguida. A Escola de Aviação foi construída na extremidade mais próxima do continente e o Centro de Aviação na parte mais interna da ilha. Situada entre os dois estabelecimentos foi construída uma pista de pouso de concreto com 700 m de comprimento (1). Em novembro de 1923 a pista já era utilizada pelos aviões enquanto as obras das edificações seguiam em frente. A mudança efetiva da Escola de Aviação Naval ocorreu no segundo semestre de 1924 (4). Dando prosseguimento à implantação da Organização da Defesa Aérea e da ligação com o sul do país, partiu-se para a implantação dos centros nas localidades de Santos e Florianópolis. Em São Paulo, o Governo do estado doou à Marinha um terreno medindo 500 m por 200 m na margem esquerda da Baía de Santos. Como o local, conhecido como Conceiçãozinha, não se prestava pois era muito alagadiço, outros terrenos mais acima, na chamada Bocaina, foram adquiridos (1). A pedra fundamental da Base de Aviação Naval de Santos foi lançada em 22 de outubro de 1922. Ainda durante a gestão do Ministro Veiga Miranda (encerrada em 15 de novembro de 1922) a Marinha recebeu como doação do Governo de Santa Catarina e do Ministério da Guerra duas áreas denominadas respectivamente Caracanja (ou Caracanga-Mirim) e Ressacada para a implantação de mais um centro de aviação (1). Ao contrário do centro do Rio de Janeiro, as obras em Santos e Florianópolis seguiram vagarosamente. Outros postos de aviação também foram planejados no Rio Grande do Sul, na Bahia, em Pernambuco e Belém mas somente o primeiro realmente foi implantado. A criação da Diretoria de Aeronáutica da MarinhaNo final de 1922 Arthur Bernardes assumiu a presidência e escolheu o Ministro Alexandrino de Alencar para ocupar a pasta da Marinha mais uma vez. Grande apoiador da Aviação Naval, o ministro deu prosseguimento aos projetos do seu antecessor de instalar o Centro de Aviação do Rio de Janeiro na Ponta do Galeão e construir outros centros no sul. No âmbito geral, e seguindo as diretrizes da Missão Naval Americana, o ministro promoveu alterações na organização administrativa do Ministério da Marinha (5). No dia 18 de novembro de 1923 (Decreto 15.847) foi criada a "Defesa Aérea do Litoral", englobando a Escola de Aviação Naval e demais unidades aéreas. A mesma seria extinta pouco depois (3). Em seu lugar nasceu a Diretoria de Aeronáutica do Ministério da Marinha (DAerM). Mas esta primeira fase da Diretoria teve vida curta, sendo desativada em 17 de setembro de 1924 e os órgãos a ela subordinados passaram para o Estado-Maior. Mais de um ano depois ela seria recriada, de forma definitiva até a extinção completa da Aviação Naval em 1941. As diversas alterações na estrutura administrativa da Aviação Naval em tão pouco tempo demonstram claramente as incertezas, inseguranças e indecisões que ocorriam na época. Para complicar o quadro, o país era assolado por movimentos revolucionários desde o ano de 1922 e, a partir de 1924, com o apoio de parte dos aviadores navais liderados pelo Capitão-de-Fragata Protógenes Guimarães (ex-comandante da Escola de Aviação) (6). Na segunda metade da década de vinte a Aviação Naval entrou num período de baixa atividade e poucas aeronaves foram recebidas, ao mesmo tempo em que muitas delas tornavam-se obsoletas. Destaca-se a aquisição de seis Avro 504 N/O, recebidos em 1928. Bibliografia (1) MARTINS, H. L. Logística - Bases e Arsenais. In: História Naval Brasileira. Rio de Janeiro: SDGM, 1985. vol. V, Tomo II, p. 194-203. (2) CHAVES, J. F. Relatório do Ministério da Marinha do ano de 1920. Imprensa Naval: Rio de Janeiro, abr. 1921, p. 43-45. (3) INSTITUTO HISTÓRICO-CULTURAL DA AERONÁUTICA. A aviação da Marinha. In: História Geral da Aeronáutica Brasileira. Ed. Itatiaia Ltda. Rio de Janeiro: 1990. v. 2, p. 43-94. (4) LAVENERIE-WANDERLEY, N. F. História da Força Aérea Brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. Gráfica Brasileira, 1975. p. 65-66. (5) CAMINHA, H. M. Organização - Estrutura administrativa da Marinha. In: História Naval Brasileira. Rio de Janeiro: SDGM, 1985. vol. V, Tomo II, p. 20-26. (6) MARTINS, H. L. Forças Combatentes. In: História Naval Brasileira. Rio de Janeiro: SDGM, 1985. vol. V, Tomo II, p. 100-119.
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