AVIAÇÃO NAVAL BRASILEIRA

A Aviação Naval após a Revolução de 1930

 

SDM

Almirante Protógenes Guimarães, ex-Ministro da Marinha.

Os acontecimentos políticos ocorridos no Brasil ao longo da década de 1920, principalmente após 1924,  marcaram um período de baixa atividade na Aviação Naval. Neste período, ocorreram vários "movimentos tenetistas" espalhados por todo o país. Parte dos aviadores navais, incluindo o Capitão-de-Fragata Protógenes Guimarães ( ex-comandante da Escola de Aviação) aderiu ao movimento e o Governo Federal acabou penalizando o Centro de Aviação como um todo. Um novo e importante impulso ocorreria somente no ano de 1931, com o então recém empossado governo de Getúlio Vargas. Para ministro da Marinha, foi escolhido o próprio Protógenes Guimarães, agora contra-almirante.

No âmbito estrutural, a Aviação Naval foi reorganizada sob o nome "Corpo de Aviação da Marinha", oficialmente criado em 3 de outubro de 1931. Também foi criado o Quadro de Aviadores Navais, o estandarte de Aviação Naval e a Defesa Aérea do Litoral (1). Esta última seria dividida em cinco setores aéreos, oficialmente criados em março de 1933. A tabela a seguir, resume os setores aéreos definidos.

 

SETOR

SEDE

ÁREA COMPREENDIDA

Norte

Belém

Bacia do Rio Amazonas, litoral do Pará, Maranhão e Piaui

Nordeste

Natal

Litoral dos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia (incluída a Ilha de Fernando de Noronha)

Centro

Rio de Janeiro

Litoral dos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo

Sul

Florianópolis

Litoral dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul

Sudoeste

Ladário

Fronteiras fluviais do estado do Mato Grosso

No entanto, as unidades aéreas que deveriam guarnecer os setores acabaram não sendo adquiridas e os mesmos  nunca foram organizados. 

Novas Aeronaves

Quando o Governo Provisório assumiu, a aviação naval contava com apenas 18 aeronaves disponíveis (2). Disposto a fortificar a Aviação Naval, o novo governo adquiriu um expressivo número de aeronaves produzidas nos EUA, Grã-Bretanha e Itália. Já em 1931, chegaram ao Brasil três Martin PM, seis Vought O2U-2A Cousair e onze Savoia-Marchetti S.55. Com as novas aeronaves, foram criadas  duas unidades:

  • 1ª Divisão de Observação (com aviões Vought O2U-2A Corsair)

  • Flotilha Mista Independente de Aviões de Patrulha (com aviões Martin PM e Savoia-Marchetti S.55)

 

Nos dois anos seguintes (1932 e 1933), chegariam mais 88 aeronaves. Destaca-se que além de treinadores e aviões de instrução aérea, vieram várias aeronaves de emprego tático como bombardeiro, patrulha, reconhecimento e, pela primeira vez desde os Sopwith Snipe remanescentes da I Guerra, aeronaves de caça modelo Boeing. O aumento do número de aparelhos levou a Aviação Naval  a uma reorganização de seus esquadrões. Em 11 de setembro de 1933, as divisões anteriores foram extintas. A criação do Corpo de Aviação originou as seguintes unidades:

  • 1ª Flotilha de Aviões de Esclarecimento e Bombardeio (com aeronaves Fairey Gordon); 

  • 1ª Flotilha de Observação (com aviões Vought O2U-2A Corsair);

  • 1ª Flotilha de Bombardeio e Patrulha (com aviões Martin PM e Savoia-Marchetti S.55)

  • Divisão de aviões de combate (com caças Boeing 256)

  • Divisão de aviões de treinamento (com aeronaves Waco CSO)


B i b l i o g r a f i a
 

(1) LAVENERIE-WANDERLEY, N. F. História da força aérea brasileira. 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. Gráfica Brasileira, 1975. p. 127

(2) GUIMARÃES, P. P. Relatório Apresentado ao Exmo. Sr. Chefe do Governo Provisório Dr. Getúlio Dornelles Vargas pelo Contra-Almirante Ministro de Estado dos Negócios da Marinha. Imprensa Naval: Rio de Janeiro, 1932. p. 54-59