Pequeno reator vai difundir geração nuclear

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Rebecca Smith, The Wall Street Journal

A Bechtel, gigante americana dos setores de engenharia e construção civil, deve anunciar hoje parceria com a Babcock & Wilcox, fornecedora de equipamentos nucleares, para levar ao mercado um projeto de pequeno reator comercial nos próximos anos.

A Bechtel, empresa de capital fechado, recusou-se a revelar seu investimento na joint venture, limitando-se a dizer que é “substancial”, e reafirmou seu otimismo quanto às perspectivas promissoras de novas concepções técnicas que podem baratear a energia nuclear para elétricas menores e colocar as usinas em funcionamento mais rapidamente.

No âmbito da parceria, a Bechtel ajudará a Babcock a concluir o projeto de um reator modular, denominado “mPower”, e buscar a aprovação necessária da Comissão de Regulamentação Nuclear dos EUA, conhecida pela sigla em inglês NRC, para iniciar as vendas.

A Bechtel terá a responsabilidade exclusiva pelos aspectos de engenharia, adquirindo os componentes principais e construindo as usinas modulares. As companhias ainda não informaram quais serão os custos prováveis dessas pequenas usinas nucleares.

Depois de algumas unidades terem sido construídas, esperam os parceiros, eles poderão oferecer versões padronizadas por um preço fixo, algo que os fornecedores de usinas nucleares até hoje não conseguiram. Custos imprevisíveis puniram o setor no ciclo de construção anterior e sufocaram o crescimento após a década de 1980.

Embora o tamanho médio dos reatores tenha crescido gradualmente, alguns observadores acreditam haver espaço para pequenos reatores. Esses esquemas modulares podem ser construídos em fábricas e enviados por via férrea, barcaças ou caminhões até os locais onde deverão funcionar, e depois montadas como “bloquinhos de Lego”. As pequenas dimensões permitem construção mais rápida, com menos dinheiro imobilizado em equipamentos antes de as vendas de energia começarem.

Atualmente, a Babcock produz pequenos reatores para a Marinha dos EUA, assim como combustível nuclear e componentes. No passado, a companhia projetou grandes reatores, mas queria algo que pudesse construir em suas fábricas nacionais existentes.

Sua parceira, a Bechtel, é uma das empresas com maior experiência em construção de reatores do mundo. Ela tem atualmente um contrato para construir um reator grande no Estado de Maryland e foi responsável por volume significativo de obras em 64 dos 104 reatores comerciais em operação no país.

“Nos consideramos a [empresa] principal do setor a ter 5.000 engenheiros com a palavra ” nuclear ” no currículo”, disse Jack Futcher, presidente da Bechtel Power Corp. Christofer Mowry, presidente da Babcock & Wilcox Nuclear Energy, disse que a participação da Bechtel ajudará o reator a ganhar terreno como sério concorrente para os reatores de grande porte. “A Bechtel não se envolve em projetos científicos”, disse Mowry. “Esse [acordo] vem consolidar a confiança de que a promessa desse pequeno reator irá se materializar.”

Atualmente, o reator da Babcock existe só no papel. Ainda assim, ele está atraindo interesse, especialmente de pequenas companhias de eletricidade que querem substitutos para usinas alimentadas a carvão, mas não podem arcar com os custos de reatores nucleares de tamanho padrão – que são dez vezes maiores do que a unidade de 125 megawatts da Babcock.

Em dias recentes, uma dúzia de companhias de eletricidade associaram-se a um consórcio criado para ajudar a Babcock a avançar. O interesse de empresas de eletricidade é fundamental, porque a NRC aloca mais pessoal a projetos de reatores cujos fabricantes têm clientes à espera. A Babcock e a Bechtel pretendem apresentar um pedido de certificação para o reator em 2012 e esperam iniciar sua construção a partir de 2017.

No passado, as pequenas companhias de eletricidade compravam participações minoritárias em reatores de grande porte, em associação com grandes companhias de eletricidade pertencentes a investidores, mas às vezes sentiam-se impotentes em face dos termos dos contratos. Reatores de pequeno porte são atraentes, disse Earl Watkins, principal executivo da Sunflower Electric Power Corp, porque companhias de eletricidade ainda menores poderiam ter suas próprias unidades. Se agregadas em associações, as companhias de eletricidade poderiam compartilhar equipes de segurança e de manutenção para controlar os custos.

O reator da Babcock foi projetado para ser enterrado no solo, para maior segurança e para funcionar pelo dobro do tempo entre paralisações para recarga de combustível nuclear – cerca de quatro anos -, dos reatores existentes.

A Babcock está negociando com a NRC para reduzir o número de trabalhadores dos reatores de pequeno porte. Por exemplo, uma usina composta por uma só unidade pode ter 80 funcionários de segurança, contra 400 no caso de um reator de grande porte. O número cresceria com a incorporação de mais reatores, sendo que uma usina formada por oito unidades exigiria uma equipe de segurança equivalente à empregada num único reator de grande porte. “Precisamos ser mais eficientes em termos de pessoal ou a equação econômica não fechará”, disse Mowry.

FONTE: Valor Econômico – 14/07/2010

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MatheusTS

É uma otima idea mais aja lixo nuclear seria bom se esse lixo foce aproveitado ou destruido na mesma hora porque ou ele vai para bombas ou para o solo que mesmo com toda a segurança pode escapar um pouco para o solo e vai saber no que da…..
Mais mesmo assim estão de parabens estes reatores poderam ajudar muito a eles talves daqui apoco saiam até corvetas nucleares….

Raptor

Mateus, Já existe a possibilidade de reciclagem de lixo nuclear, isto, e o desenvolvimento de reatores nuclares bem mais eficientes do que o desing da dácada de 60, gera pouco resíduo, garantindo a possibilidade do controle com estrema segurança por pelo menos 1 século (antigas minas de sal ou equivalente), até destino definitivo (espacial – para o sol ou fora do sistema). Lembrando que a energia nuclear é a principal fonte para a transição da economia do petróleo por uma economia sustentável energeticamente. Abs. Ps. A uma amiga. Não tenho nada a me opor pelo tamanho milimétrico do verme. Considero,… Read more »

marujo

Um reator com essas características pode ser usado para impulsionar um um submarino?

Elizabeth

Interessantissimo este projeto. A grande “sacada” de seus projetistas é a colocação do nucleo do reator, do circuito primario e gerador de vapor dentro do mesmo vaso de pressão eliminando grande parte dos perifericos que normalmente ficariam dentro do predio do reator. Pressurizador, tubulação, bombas e gerador de vapor. Com isto a complexidade da instalação cai de sobremaneira. Outro ponto que parece ter sido considerado na redução de custos de uma planta nuclear com este tipo de reator é o fracionamento em pequenas unidades geradoras (turbina + gerador). Vou dar um exemplo de como funciona este problema em usinas nucleares… Read more »

MatheusTS

Nossa Elizabeth gostaria de saber do que você trabalha e oque você estudou sem querer se entrometer na sua vida…
Mais digamos assim gostaria de saber qual é a usina nuclear mais potente e qual a potencia de um reator de porta aviões americano.
E se pode ser colocado em uma Corveta media ou Fragata.
E qual a possibilidade de colocar em avião (parece loucura mais pode ser futuro tambem)
Ultima pergunta quanto que custa faser Hidrogenio para aviões ou se dar para colocar enegia solar em um avião comercial 747 (Meio loco)

Pedro

Desculpem a ignorância…. mas de alguma forma de esses “pequenos reatores”, cairem em mãos erradas e ser usado para uma eventual “bomba suja”? ou para demais tipos de ataques terroristas de cunho ambiental(fazer os mesmos vazarem em cidades ou áreas mais afastadas)?

ABRAÇOS.

Paulo

Prezado MatheusTS

Vi num documentário da TV a cabo que tanto EUA quanto URSS (quando ainda existia) já fizeram a experiência de usar energia nuclear em avião. Além do peso, não foi possível um isolamento eficaz. Segundo o documentário, os pilotos soviéticos acabaram morrendo a longo prazo. Só não lembro se os EUA chegaram a voar ou ficaram apenas no projeto.

Abraços

Elizabeth

Ola Matheus, como são varias perguntas, vou responder tudo curtinho sem entrar em detalhes ta… >>>> gostaria de saber do que você trabalha e o que você estudou sem querer se intrometer na sua vida… Sou formada em engenharia eletrônica e também em engenharia espacial. Atualmente estou licenciada 2 anos do trabalho para passar mais tempo com a família. >>>>Mais digamos assim gostaria de saber qual é a usina nuclear mais potente e qual a potencia de um reator de porta aviões americano. A usina nuclear mais potente do mundo fica no Japão tem algo próximo a 8000 MW de… Read more »