Brasil foi alvo de mesma manobra naval dos EUA que irritou China

21

130707-N-TG831-449 PHILIPPINE SEA (July 7, 2013) The guided-missile destroyer USS Lassen (DDG 88) is underway in the Philippine Sea. Lassen is on patrol in the U.S. 7th Fleet area of responsibility supporting security and stability in the Indo-Asia-Pacific region. (U.S. Navy photo by Mass Communication Specialist 3rd Class Declan Barnes/Released)

Fernando Cavalcanti
Colaboração para a Folha

ClippingNEWS-PAO Brasil foi alvo da mesma operação da Marinha americana que irritou autoridades chinesas nesta semana, quando o navio USS Lassen navegou a menos de 12 milhas marítimas das ilhas artificiais do arquipélago Spratly, mostram documentos americanos.

Segundo relatório publicado no site do Departamento de Defesa americano, no ano fiscal de 2014, encerrado em outubro do ano passado, os EUA realizaram operações do tipo FON (Freedom of Navigation, liberdade de navegação) em 19 países, incluindo Argentina e Brasil.

As operações FON são parte de uma política adotada pelos EUA em 1979 para desafiar pretensões territoriais consideradas por eles excessivas.

Anualmente, a Marinha americana adentra essas águas –geralmente de países pouco amigáveis aos EUA, mas também de nações neutras ou aliadas– para impor sua liberdade de operação.

No caso da operação no Brasil, foi desafiada a exigência de que as Marinhas estrangeiras peçam permissão para realizar manobras militares na Zona Econômica Exclusiva brasileira (ZEE).

O Brasil, que ratificou a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (CNUDM), entende que as disposições do tratado não autorizam outros países a realizar na ZEE exercícios ou manobras militares, em particular as que impliquem o uso de armas ou explosivos, sem aval do Estado costeiro.

ZEE brasileira

SEM SABER

Procurada, a Marinha brasileira afirmou que “teve conhecimento dos navios de guerra dos EUA que navegaram nas águas jurisdicionais brasileiras em 2014, inclusive participando de exercícios com navios brasileiros, que foram divulgados para a imprensa nacional à época e acompanhados pelo Comando de Operações Navais durante o trânsito”.

Os americanos, porém, esclarecem que não se trata do exercício conjunto feito regularmente entre EUA e diversos países, Brasil entre eles.

A porta-voz do Departamento de Defesa americano, porém, afirma que os Estados Unidos “não notificam os Estados costeiros quando conduzem manobras militares nas suas ZEE, porque a lei internacional não o requer”.

A Zona Econômica Exclusiva brasileira é uma área oceânica aproximada de 3,6 milhões de quilômetros quadrados. Somada a ela, há a área da Plataforma Continental reivindicada pelo Brasil nas Nações Unidas, chegando ao total de 4,5 milhões de quilômetros quadrados.

Nesta semana, a reação de Pequim ao desafio dos EUA foi designar dois destróieres para acompanhar o navio americano –um deles, com poder de fogo equivalente.

Apesar da disparidade entre os contextos das duas operações, para o Brasil seria impossível montar uma resposta semelhante. A Marinha brasileira tem recursos limitados para patrulhar uma área dessa extensão.

O Prosuper, programa de reaparelhamento dos meios de superfície, ainda não saiu do papel, e a atual frota de escoltas brasileiras está desgastada, limitando o poder de ação do Brasil nessas águas.

  • O QUE O BRASIL DIZ
    Convenção da ONU sobre o Direito do Mar não autoriza outros Estados a realizar na Zona Econômica Exclusiva (ZEE) manobras militares sem consentimento do Estado costeiro
  • O QUE OS EUA FIZERAM
    Incursões na ZEE brasileira em retaliação à exigência do Brasil de que as Marinhas estrangeiras peçam permissão para manobras militares. Os EUA não informaram qual navio foi utilizado nem o ponto exato da zona onde a operação foi realizada

FONTE: Folha de São Paulo

Subscribe
Notify of
guest

21 Comentários
oldest
newest most voted
Inline Feedbacks
View all comments
daltonl

Não foi a mesma coisa. Se navios americanos tivessem entrado sem permissão nas águas territoriais que compreendem 12 milhas náuticas ou pouco mais de 20 kms
ou mesmo águas contiguas até 24 milhas aí sim, mas, eles
ou ele, não deram o nome do navio transitou ou transitaram
pela ZEE que vai até 200 milhas náuticas ou quase 400 kms
e aí sim não há necessidade de informar.

O que o USS Lassen fez em uma área que o mundo inteiro não reconhece como sendo chinesa foi amplamente divulgado antes e os navios chineses monitoraram o transito todo o tempo.

Pangloss

O texto apresenta viés ideológico evidente.

Juarez

Eu quero ver daqui duas semanas com o Carrier air Wig do Teodore Roosevelt por aqui com SSN, P8, P 3, V 22, ABs, F18 voando a rodo, a tchurma do Gulag vai ter infartos anais diários….

.G abraço

daltonl

Juarez…

você cometeu uma pequena confusão, pois é o USS
George Washington que está circundando à América do Sul
rumo à Norfolk onde passará pela modernização de meia vida e reabastecimento dos reatores nucleares.

Ele virá acompanhado por apenas um Arleigh Burke o
USS Chafee que após a “entrega” atravessará o Canal do Panamá e retornará à Pearl Harbor no Havaí, onde está baseado.

O USS Theodore Roosevelt ainda encontra-se na área da VII Frota e deverá chegar à sua nova base em San Diego dentro de duas semanas.

abs

daltonl

Só complementando…o USS George Washington irá para Norfolk, onde ficará baseado antes de ser rebocado para a vizinha Newport News onde será de fato feita sua modernização.

Farragut

“Procurada, a Marinha brasileira afirmou…”
Mostra do baixo padrão da matéria: quem respondeu pela Marinha? O repórter questionou no contexto da manobra mencionada?
Se foi fora do contexto ou mesmo para rebater a manchete (“mesma manobra”), não caberia uma resposta do MD ou da MB?
Relatório citado na reportagem

MO

kkkkk paramim tipico noticia padrão da emprençça, um navio 9?) qual 9/) onde 9?) e Marinha Brasileira … kkk padrao mesmo. so faltou falr que foi o americano “HMS” Pyotr Velekiy ou algo assim … kkkkkk

Juarez

Obrigado pela correcao Dalton, a informacao diz que terão um SSN junto.

G abraco

daltonl

Juarez…

já que você confundiu o TR com o GW será que você não confundiu também o SSN que recentemente treinou com
o TR no Oceano Índico ?

Não há nenhuma menção em lugar algum de um SSN acompanhando o GW ainda mais que não está sobrando SSN na US Navy para tal luxo.

abraços

Mijolnir

Quanta besteira.
Como se mar territorial e ZEE fossem a mesma coisa.
E sem considerar que enquanto o fato reveste se de um desafio deliberado a um estado oponente, no caso da China.
No caso brasileiro nem chega a ser um contencioso, sequer de ideias.

Johnatan warp drive

Poderiam fazer isso com mais frequencia, assim todos notariam nossa vunerabilidade e talvez tomassem alguma providencia para termos meios decentes de autoproteção, para ontem, bem como tentaram fazer com o SGDC !

joao.filho

Brasil?? Haha! Com sua minuscula guarda costeira, vai protestar como? Me imagino a força tarefa da US Navy morrendo de rir no convez ao aproximarse um Amazonas class para pedir satisfação.

O ultimo a sair, por favor apague a luz…

Carlos Campos

Espero que um dia apareceçam no Rio de Janeiro sem avisar com um Porta Aviões, aí vai ter interesse em alocar verba para o PROSUPER sair do papel

BrancoF-16

bom dia pessoal
tenho uma duvida em relação ao monitoramento marítimo, no espaço aéreo utilizamos os radares principalmente os fixo em solo para monitorar, e no mar como se faz isso, somente através de navio? satélite? radar ?? etc. E quais são os meios que o Brasil utiliza para faze-lo ??

joseboscojr

Branco, O meio mais efetivo de monitoramento marítimo são as aeronaves dotadas de radar que cobrem grandes extensões e usam radares que podem varrer centenas de quilômetros da superfície do mar. O horizonte radar de um navio é limitado a 25/30 km e além disso a curvatura da Terra impede que qualquer coisa seja detectada, o que aliado à baixa velocidade do navio impede que grandes extensões sejam cobertas. Alguns países utilizam satélites ELINT voltados para a monitoração de navios, que conseguem detectar as emissões de RF a partir dos navios e há até radares de abertura sintética instalados em… Read more »

Zé

Que pena, só transitaram? Se metessem um Tomahawk pela janela do palácio da dilma eu aplaudiria !

BrancoF-16

Bosco, dito isso

Pergunto quase é nossa capacidade de monitoramento marítimo ???
qual a área hoje monitorada ou que tenha um monitoramento podemos dizer satisfatório ??

joseboscojr

Branco,
Aí eu não sei dizer não meu amigo.
Não sei qual a doutrina empregada e mesmo se ela é implementada satisfatoriamente tendo em vista os recursos limitados.
Só o que a marinha tem demais é marinheiro (incluindo Almirantes) mas navio, avião , UAV, etc., tá carente.

Ismael

O que eu entendi neste episódio é que se o Brasil tivesse suas águas invadida a marinha brasileira não teria como responder porque é limitada ou eu entendi errado?

Cristiano.GR

O gringo bacana deu um oi meio desaforado para a prenda do faceiro do brasileirinho que teve de ficar bem quietinho, fazendo que não viu porque só tava com um rebenque podre na mão e o gringo, além de forte, com uma Solingen na cintura, um 38 do lado e um rifle nos arreios. Barbaridade!

Fabiano

Na mesma proporção, navios russos e chineses, podem fazer a mesma coisa nas costas dos estados unidos, já no Brasil, tem que colocar a viola no saco, com tanta corrupção e roubalheira, tem que se contentar que as fragatas velhas fiquem no porto.