Após diversas tentativas de recuperar a capacidade operativa do NAe “São Paulo”, o Almirantado concluiu que o Programa de Modernização exigiria alto investimento financeiro, conteria incertezas técnicas e necessitaria de um longo período de conclusão e decidiu pela desmobilização do meio, a ser conduzida ao longo dos próximos três anos.

Um programa de obtenção de um novo conjunto Navio-Aeródromo x aeronaves, ocupará a terceira prioridade de aquisições da Marinha, logo após o PROSUB/Programa Nuclear e o Programa de Construção das Corvetas Classe Tamandaré. O custo de aquisição desse novo binômio será substancialmente menor que o de modernização do NAe “São Paulo” e de obtenção de novas aeronaves compatíveis com o NAe, já que as aeronaves AF-1 deverão estar no final de sua vida quando o “São Paulo” terminasse sua modernização.

O “São Paulo” foi incorporado à Marinha em 2000, a partir de uma compra de oportunidade da Marinha Nacional da França, com os propósitos precípuos de substituir o antigo Navio-Aeródromo Ligeiro “Minas Gerais”, em término de vida útil, e proporcionar a evolução das operações aéreas embarcadas com o emprego dos aviões de asa fixa e propulsão a jato A-4 Skyhawk.

Apesar de já contar com 37 anos de serviço ativo no momento da aquisição, o Navio cumpriu bem sua missão nos primeiros anos em atividade pela Esquadra brasileira, possibilitando à Marinha adquirir a capacitação para operar aeronaves de alta performance embarcadas.

Lamentavelmente, os estudos de exequibilidade do referido Programa indicam um longo período para sua conclusão, aproximadamente dez anos, além de incertezas técnicas e elevados custos.

Até que a Marinha receba um novo Navio-Aeródromo, a capacidade de conduzir operações de guerra naval com emprego de aviação de asa fixa, obtida às custas de grandes investimentos e intensos treinamentos dos nossos pilotos no país e no exterior, será mantida a partir da Base Aérea Naval e de outras instalações de terra, e também por meio de treinamentos com marinhas amigas.

CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA MARINHA

NOTA DO PODER NAVAL: desde sua aquisição no ano 2000, o NAe São Paulo foi motivo de debates acalorados entre os que eram a favor e os que eram contra a sua incorporação à MB.

O navio operou relativamente bem até o ano 2005, quando sofreu um rompimento em uma tubulação de vapor, que causou mortes e ferimentos em tripulantes.

Depois do acidente, o navio passou por reparos e fez algumas saídas para testes, em 2007 e 2011. Para voltar plenamente à ativa, o São Paulo precisaria ser praticamente reconstruído em seus sistemas de máquinas e diante da crise pela qual passa o País, tal empreitada tornou-se financeiramente proibitiva.

A Marinha operou durante o período da Guerra Fria (e um pouco além) o NAeL Minas Gerais, com aviões da Força Aérea Brasileira e helicópteros da Aviação Naval.

A aquisição do NAe São Paulo ocorreu logo após a compra pela Marinha, em 1997, de jatos de ataque A-4KU Skyhawk do Kuwait, readquirindo durante o governo FHC o direito de operar seus próprios aviões de combate.

Agora, sem navio-aeródromo, a Marinha vai continuar operando suas aeronaves de asa-fixa a partir de terra, na esperança de no futuro o Brasil construir seu próprio navio-aeródromo.

Quem viver, verá.


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joseboscojr

Ufa!!!!!!!!!!!!!

wwolf22

alguém ganhou muito com essa reforma…
aleluia!!!!!
poderiam usa-lo como alvo de torpedos e misseis…
a MB ja opera os MK48 ???
queria ver o poder das armas nessa sucata…

Vader

Antes tarde do que nunca… Foi-se quem nunca deveria ter vindo. A maior caca que o governo FHC fez na Defesa, e que só serviu para seu sucessor brincar de “Bravphil-PuThânphia”… . Nada como o tempo para dar razão a quem sempre teve razão… 🙂 . E nada como uma falência do Estado para cortar projetos inúteis e bizarros. . A Marinha deveria parar PRA SEMPRE com essa idiotice de NAe e, no futuro, se e quando a grana o permitir (?), adquirir aeronaves DE VERDADE, para operar de bases ao longo do litoral. . Três esquadrões de F-35 (sonho… Read more »

Vader

Em tempo: hora da MB aposentar também os estúpidos A-4 Skyhawk e parar de dar dinheiro pra Embraer (?) fazer uma modernização que ela, ademais, não sabe fazer.

wwolf22

Vader,

seria possível/viavel a Embraer transformar alguns A-4 em “drones” para servirem de alvos ???
acho que a US Navy faz isso com F16…

daltonl

wwolf… . o problema com a sua pergunta para o Vader é que há poucos A-4s…dos 23 adquiridos apenas 18 vieram em condições de voo, os cinco restantes serviriam como fontes de peças, etc, e originalmente todos os 18 seriam modernizados, mas, apenas os 3 biplaces e 9 monoplaces foram selecionados para modernização e um dos monoplaces foi perdido recentemente com a trágica morte do piloto. . Se o programa de modernização prosseguir, se terá os 3 valiosos “biplaces” e 8 monoplaces e com as manutenções de rotina o número disponível será sempre menor, portanto, ao contrário dos F-16s da… Read more »

daltonl

Francisco do facebook…
.
Os AV-8 dos “Marines” estão no fim de suas vidas úteis, serão gradualmente substituídos pelos F-35Bs, não há a menor possibilidade de virem a ser empregados por outra nação e quanto ao “Principe de Astúrias” já foi anunciado que ele será ou já foi vendido para o “ferro velho”…de qualquer forma ele teria que passar por uma grande revitalização, isso, lá em 2013 quando ainda era viável, mas, não depois de 2 anos quando foi degradado ainda mais.
.
abs

daltonl

Na minha opinião a compra do “Foch” não foi muito bem compreendida por muitos…não se pensava em moderniza-lo para durar até 2040, e sim para servir como uma ponte entre o “Minas Gerais” e um futuro NAe que seria construído com apoio técnico francês já que eles possuem um projeto para um NAe de propulsão convencional. . Se antes da compra os franceses tivessem feito uma boa revitalização o que teria feito o preço aumentar substancialmente, provavelmente o NAeSP com manutenções periódicas feitas no Arsenal de Marinha chegaria ao ano de 2020 ou pouco mais como era a ideia em… Read more »

carvalho2008

Fim da linha……

Guizmo

Decisão coerente, tomada com atraso, porém finalmente tomada. A MB precisa focar em Navios de Superfície. Mesmo o ProSub é devaneio, principalmente querendo há 35 anos – sem sucesso – ter um Sub Nuclear.

Poderia aproveitar que a Aviação Naval ficará em SP da Aldeia, sem NaE, e passar a operação dos P-3 para a Marinha.

Abs

Guizmo

Sobre afundar a embarcação em exercício de tiro, não me agrada a ideia. É um navio belíssimo e podemos finalmente criar uma cultura de Navios-Museus mais forte, pois hoje deixa a desejar o Museu da Marinha. Há custo na transformação e manutenção, porém o benefício é grande e a população pagaria pelo ingresso. Enfim, coisas que elogiamos quando viajamos e que seria possível implementar agora.
Abs

Vader

wwolf22 15 de fevereiro de 2017 at 8:48 . “seria possível/viavel a Embraer transformar alguns A-4 em “drones” para servirem de alvos ??? acho que a US Navy faz isso com F16…” . Como bem observado pelo Dalton, a US Navy (s.m.j.) não opera F-16. Quem transformou F-16 em QF-16 foi a USAF. . No mais, gastar um dinheirão transformando os Skyhawk´s em drones para alvos para quê? Pra Marinha gastar os 2 mísseis que ela deve ter em estoque? 🙂 E ainda assim, vai atirar com o quê, se os únicos aviões de ataque que a MB tem são… Read more »

daltonl

Guizmo… . a marinha obviamente não tem recursos para converter o NAeSP em museu além da necessidade de se criar toda uma infraestrutura e encontrar um bom local para ele…não pode ser qualquer local e quanto mais afastado menos possíveis turistas. . Nos EUA a US Navy doou alguns de seus NAes descomissionados para organizações depois de uma série de exigências terem sido cumpridas…como estudos sobre o local, possíveis danos ecológicos, dinheiro disponível para conversão, manutenção, etc, inclusive estudos para uma manutenção eventual em uma doca seca grande o bastante e relativamente próxima. . Alguns NAes museus como o “Intrepid”… Read more »

Guizmo

Oi Dalton, sem dúvida que é caro, burocrático e difícil. Mas não é impossivel nao. Se não estou enganado, grupos internacionais tiveram interesse em fazer algo similar com o Minas Gerais. Criar e disseminar cultura em qualquer segmento é sempre tarefa árdua, pois há dificuldade de percepção de valor – “o que estou colocando e todo esse esforço pra que?”. Em UK, pode não haver NAes como museus, mas sinceramente nem precisa; todo o resto à disposição compensa: museus, bibliotecas, acervos preservados, etc.
Abs

daltonl

Guizmo…
.
é isso mesmo…tiveram interesse e deu em nada…no RU tiveram interesse recentemente em preservar o “Illustrious” e deu em nada, nos EUA tiveram interesse recentemente também em preservar o “Ranger” que seria ainda maior que o “Midway” em San Diego e deu em nada.
.
Acredite…nenhuma “biblioteca” ou “exposição de acervos preservados” substitui o navio em
si, mas, espero que ao menos alguma coisa do NAeSP seja preservada e disponibilizada para
o público no Espaço cultural da Marinha…isso sim é possível.
.
abs

Guizmo

Boa ideia, isso seria interessante….partes no Navio seriam bem interessantes de serem mantidas

Concordo contigo, não há museu que substitua o navio de verdade. Eu já visitei submarinos na França, navios na Argentina e os próprios Midway e Intrepid, nada se compara.

daltonl

Você e eu fomos privilegiados de poder visitar tais “monumentos”, mas, você e eu fazemos parte de uma pequena minoria que se interessa por assuntos relacionados à História militar/armamentos e ainda bem que há espaços como o PN para trocar ideias…pois não fosse
isso eu continuaria falando e escrevendo apenas para comigo mesmo : )
.
abs

Guizmo

Hahahah, isso é verdade. Aliás, nas duas visitas que fiz, ao Midway e ao Intrepid, minha mulher quase me matou. No Intrepid fui no dia do meu aniversário, baita presente.

Abs!

Franz A. Neeracher

Guizmo
Já imaginou se fosse no aniversário dela?
“Querida, para festejar o seu aniversário, organizei algo bem diferente que voce vai adorar: vamos visitar um porta-aviões!!”

Uma vêz quase perdi uma namorada por algo parecido, no aniversário dela, resolví ir visitar uns navios americanos durante uma Unitas e não fui para o almoço na casa dela….depois ainda tive a cara de pau de perguntar por que ela estava com aquela cara azeda….resposta:
“Se voce não sabe, não vai ser eu que vai te falar”….

Guizmo

Kkkkkk CVN76, vc tbm abusou né?
Eu to com minha cota estourada já, queria ter ido ver o GT em Santos nesse fds mas a mulherada aqui em casa me vaiou

MO

aproveita que “ta acabando” …

Israel

SE fosse para o Brasil comprar uma NAE, de repente, seria muito interessante, comprar um zero da China, hein?!?!?

Rodrigo

Se a Prefeitura do Rio de Janeiro e a MB tiverem alguma visão e boa vontade, farão desse navio um atraente museu que certamente atrairia muitos turistas e que serviria de palco para diversos eventos. Mas seria esperar demais. Afinal, somos brasileiros. Erramos ontem, hoje e sempre.

Leovegildo Monteiro

Sou favorável à manutenção do NAe SP em dique seco porque pode servir aos engenheiros navais estudarem o shape do mesmo em um futuro próximo, para construção do nosso próprio
navio aeródromo , mesmo com propulsão convencional diesel -elétrico.Os custos de manutenção
poderiam vir de visitas ao mesmo mediante uma taxa a ser cobrada.
Dizer que não precisamos de NAe é tolice arrematada, vez que sua utilização como base intermediária próxima às plataformas de petróleo, são de extrema utilidade, apoiando os caças e helicópteros.

Carluitos

A MB possui há décadas parceria com a UFRJ para formação de seus oficiais de engenharia, diferindo do EB que forma seus quadros no IME e a FAB que tem seu ITA. Os alunos da Escola Naval optantes da arma de Engenharia, deve concluir o curso e como 2o Ten, cursar 03 anos do ciclo profissional de Engenharia Naval. Como ex-conselheiro de um CREA, conheço o drama do CIAGA e CIABA na certificação de seus oficiais de Máquinas como Tecnólogos em Construção Naval. A meu ver, a MB não precisa ter um Instituto próprio, mas, deve ampliar a variedade de… Read more »

Carluitos

Errata: onde lê-se CPUs lria-se campus

Carluitos

A FAB passa pela modernização de seus meios operacionais com a aquisição dos novos Gripen NG, aqui designado de Gripen BR. O contrato de aquisição prevê transferência total de tecnologia. A Embraer planejava construir uma fábrica em Gavião Peixoto/SP, construção dos caças no país. A fabricante SAAB/BAe possui um projeto paralelo de uma versão naval, designado como SeaGripen que seria a melhor opção para modernizar nossa aviação naval. A compra inicial da FAB é de 36 caças de superioridade aérea, contudo, a intenção real é de substituir todos os A-1M e F-5M. Assim, novos lotes será adquiridos elevando de 36… Read more »

DaGuerra

Um desastre a perda do Porta Aviões. Todo o investimento na árdua formação dos pilotos e doutrina serão perdidos. A aquisição de um Nae novo é prioritária.Quem sabe com um governo Patriótico em 2019 nossa Marinha passe a ter os recursos , redirecionados da corrupção , do atraso e do sustento de bandidos, vagabundos e tiranos, de acordo com a importância da Pátria entre as nações do planeta.