A-4Q Skyhawk em formação

Por Luiz Reis*

Eram aeronaves A-4B ex-Marinha dos EUA (US Navy) que foram revisadas e atualizadas para serem entregues aos argentinos. Recebidos em 1971, foram distribuídos para o 3º Esquadrão Naval de Caça e Ataque, do Comando da Aviação Naval Argentina (COAN), que foi ativado com a chegada das aeronaves.

A Marinha Argentina recebeu 19 células do A-4Q, mas apenas ativou 16 aeronaves, com as três células restantes servindo como fonte de peças de reposição. Receberam as matrículas 0654 a 0669, com a numeração lateral 3-A-3XX.

Seis aeronaves haviam sido perdidas em acidentes entre 1973 e 1981, portanto, quando a Guerra das Malvinas/Falklands começou em abril de 1982, havia apenas dez células operacionais, que enfrentavam problemas de manutenção por causa do discreto embargo norte-americano de 1977, recebendo apoio de Israel para os Skyhawks da Marinha e também os da Força Aérea Argentina (FAA).

Três aeronaves foram perdidas durante a Guerra das Malvinas/Falklands, deixando a frota com apenas sete aeronaves. Após mais duas perdas depois da guerra, os cinco A-4Q sobreviventes foram estocados em 1986 por falta de peças de reposição e desativados definitivamente em 1988, com o 3ª Esquadrão de Caça e Ataque encerrando suas atividades por falta de uma aeronave substituta.

A-4Q a bordo do porta-aviões ARA 25 de Mayo

 

Pilotos e mecânicos da 3ra escuadrilla de Caza y Ataque preparando os aviões para atacar a frota britânica. Observar a bomba “endereçada” ao HMS Invincible

EM AÇÃO NA GUERRA DAS MALVINAS/FALKLANDS EM 1982

 

Durante a Guerra das Malvinas/Falklands em 1982, os jatos A-4Q Skyhawk da Aviação Naval Argentina (Comando de Aviación Naval Argentina – CANA) desempenharam um papel ativo em ataques contra a frota britânica. Embora tenham causado danos significativos, apenas um navio britânico foi afundado diretamente por esses aviões.

A fragata Type 21 HMS Ardent (F184), em 21 de maio de 1982, foi atacada por três A-4Q Skyhawk da 3ª Esquadrilha Aeronaval no Estreito de Falkland. O navio foi atingido por pelo menos duas bombas de 500 lb, além de outras que não explodiram, causando incêndios e danos estruturais severos. A HMS Ardent afundou no mesmo dia.

Os A-4Q Skyhawk da Aviação Naval Argentina operaram a partir de bases terrestres em Rio Grande, na Terra do Fogo, após o porta-aviões ARA Veinticinco de Mayo ser considerado vulnerável e retirado das operações aéreas ofensivas. Durante suas missões, os pilotos enfrentaram intensa oposição das defesas antiaéreas britânicas e dos caças Sea Harrier.

OS A-4Q OPERADOS PELA MARINHA ARGENTINA:

  • 3-A-301 (BuNo 144872): Aeronave de instrução terrestre na Escola Técnica, La Matanza, Buenos Aires;
  • 3-A-302 (BuNo 144882): Em exibição na Argentina como 3-A-302. Realizou o último voo de A-4Q na Argentina. Aeronave de instrução terrestre na Base Aérea de Bahia Blanca;
  • 3-A-303 (BuNo 144895): Perdido em acidente antes da guerra, no dia 09 de agosto de 1981;
  • 3-A-304 (BuNo 144915): Em exibição na Argentina como 3-A-304. Edifício Libertad preservado da sede do COAN, em Buenos Aires;
  • 3-A-305 (BuNo 144929): Sobreviveu a guerra, acidentado no dia 22 de maio de 1986 e não reparado, seu estado atual é desconhecido;
  • 3-A-306 (BuNo 144963) Sobreviveu a guerra, mas foi perdido em acidente no dia 11 de novembro de 1982;
  • 3-A-307 (BuNo144983): Abatido por um AIM-9L do Sea Harrier XZ457, no dia 21 de Abril de 1982. Seu piloto (CC Philippi) ejetou com sucesso e foi resgatado;
  • 3-A-308 (BuNo 144988): Em exibição na Argentina como 3-A-314. Preservado pelo Aeroclube Batan;
  • 3-A-309 (BuNo 144989): Preservado em BAN Bahia Blanca. Vendido em 1998 para particular nos EUA e voa até hoje como o N82079;
  • 3-A-310 (BuNo 145001): Perdido em acidente antes da guerra, no dia 29 de setembro de 1975;
  • 3-A-311 (BuNo 145004): Perdido em acidente antes da guerra, no dia 16 de agosto de 1977;
  • 3-A-312 (BuNo 145010): Perdido no dia 21 de maio de 1982, durante a guerra. Foi abatido pela AA argentina. TN Arca ejetou com sucesso e foi resgatado;
  • 3-A-313 (BuNo 145025): Perdido em acidente antes da guerra, no dia 13 de março de 1975;
  • 3-A-314 (BuNo 145050): Perdido em 21 de maio de 1982 durante a guerra, com o TF Marquez morto. abatido por tiros de canhão do Harrier XZ500;
  • 3-A-315 (BuNo 145053: Perdido em acidente antes da guerra, no dia 25 de junho de 1973;
  • 3-A-316 (BuNo 145061): Perdido em acidente antes da guerra, no dia 16 de janeiro de 1973. Foi o último A-4B fabricado.

CÉLULAS DO A-4Q QUE SERVIRAM COMO FONTE DE PEÇAS DE REPOSIÇÃO:

  • BuNo 144932;
  • BuNo 144972;
  • BuNo 145017.
A-4Q Skyhawks a bordo do ARA 25 de Mayo
Cinco A-4Q a bordo do porta-aviões ARA 25 de Mayo

FONTES: Wikipedia, Skyhawk.org e Tudo Sobre Defesa.


*Professor de História no Estado do Ceará e da Prefeitura de Fortaleza, Historiador Militar, entusiasta da Aviação Civil e Militar, fotógrafo amador. Brasiliense de alma paulista, reside atualmente em Fortaleza-CE. Articulista com artigos publicados em vários sites sobre Defesa.

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Wagner Figueiredo

Os países da América do Sul nunca enfrentaram um adversário forte vindo aqui atacar, primeiro pq tinha o grande irmão ao norte que os protegia e pq era uma distância razoável vindo aqui…mas a Inglaterra provou que não..e veio proteger os seus interesses…mesmo depois dessa guerra continua os mesmos problemas financeiros ( falta de investimento) nas forças dos países…quem sabe agora os EUA com esse auê tenha algum movimento de rearmamento ( acho difícil) massss …como sempre o exército é pra conter o povo e não pra protege- lo!!!!

João Fernando

E o A4 que está no museu naval de Tigre? Alguem sabe qual é?

Dalton

Não sabia, mas após uma pesquisa desvendei o mistério. Trata-se de um dos 3 que serviram como fontes de peças de reposição, o 144932 conforme numeração americana que foi caracterizado como o 3-A-312 perdido em combate.

Carvalho

Dalton, não sei qual fonte para sua pesquisa, mas o blog abaixo possui uma lista beeeemmm extensa de aeronaves preservadas na Argentina, onde consta o histórico de cada exemplar.
Em minhas andanças por lá sempre consulto este blog, atrás de Mirages, Canberras e Mirages.
https://aeron-aves.blogspot.com/

Sergio Cintra

Lembrando que foram oficiais navais argentinos que escolheram as nossas células de A-4k lá no Kuweit, quando o GF autorizou a compra, devido a experiência com a aeronave.

Afonso Bebiano

Fiquei impressionado com o número de perdas anteriores à Guerra das Malvinas.

Com um retrospecto desses, como é que a Armada conseguiu conceber uma guerra contra uma potência nuclear, membro permanente do CS da ONU?

Leandro Costa

Afonso, não é divulgado o motivo dos acidentes, mas de qualquer forma, acidentes fazem parte do negócio, ainda mais com aviação embarcada e com uma aeronave ainda não familiar para os Argentinos. Infelizmente perdas operacionais acontecem em qualquer país.

Afonso Bebiano

Sim, acidentes são mesmo parte do negócio. Mas o alto número de perdas foge do razoável, e deveria ter alertado o comando naval argentino.

Leandro Costa

Não sei, Afonso. Como detalhes dos acidentes não são conhecidos por nós (talvez uma pesquisa resolva isso), não dá para saber ao certo. Mas uma coisa que foi constatada, pelo menos pela USAF e USN, é que quanto mais se voa, quanto mais se leva a aeronave aos limites, tendo à diminuir o número de acidentes por hora voada. Não sei com qual frequência nem qual o tipo de treinamento que os Argentinos faziam com seus A-4Q para dar uma especulada com um pouco mais de precisão. Mas como efeito interessante de comparação, podemos citar o caso clássico da Luftwaffe… Read more »

Willber Rodrigues

Como disseram abaixo, acidentes em treinamento é normal.

O problema MESMO é que a Junta Militar Hermana, no “alto de sua sabedoria”, invadiu as Falkland’s achando que:
A Inglaterra e a OTAN não iriam reagir;
Os EUA ficariam neutros;
O resto da AL ajudaria a Argentina.

Todo o resto foi consequência dessa “miopia”.

Hamom°

Imagino que se um veterano da US Navy que pilotou os A-4 em seu auge, visitar ‘Esquadrão Falcão’ da MB, vai despertar emoções e saudosismo. É um museu ainda ativo e operacional…

Afonso Bebiano

Operacional? Mesmo?

Hamom°

Parece que ainda tem uns 6 A-4 voando/operando… embora operacional não queira dizer ter prontidão para combate.

IBZ

E pensar que a MB deixou de operar aeronaves embarcadas por decadas por pressão e disputa coma a FAB. Muito tempo de experiencia perdida por picuinha dos ofíciais.

JS666

Poderíamos ter recebido um lote similar de A-4 na mesma época.

Aéreo

Me faz lembrar a célebre anedota que se o combate a dengue fosse de responsabilidade dos militares. O mosquito em sua fase de larva, por estar na água é de responsabilidade da Marinha, em sua fase adulta por conseguir voar é de responsabilidade da Aeronáutica, se não estiverem em voo nem na fase de larva, a responsabilidade é do Exército.