Na imagem, o Baependi em 1934. Arquivo Nacional. Fundo Correio da Manhã.

O acervo do Arquivo Nacional possui fotografias de algumas das 35 embarcações brasileiras atacadas durante a Segunda Guerra Mundial. A fotografia deste post mostra o Baependi, um dos navios afundados pelo submarino alemão U-507 em agosto de 1942.

Navios brasileiros vinham sendo atacados por submarinos alemães desde fevereiro de 1942, no Caribe e na costa da América do Norte, com o objetivo de impedir que artigos produzidos no Brasil chegassem aos Estados Unidos. Em julho, o U-507 foi despachado para o Atlântico Sul munido de 22 torpedos e, sob o comando de Harro Schacht, afundou cinco navios e uma barcaça no litoral do Brasil.

O Baependi (ou Baependy) zarpou de Salvador na manhã do dia 15 de agosto com destino a Manaus, com 306 pessoas a bordo. Por volta das 19h, na divisa entre os estados da Bahia e Sergipe, o U-507 disparou o primeiro torpedo e, cerca de um minuto depois, lançou o segundo.

Rapidamente o navio afundou, causando a morte de 270 pessoas. Os sobreviventes chegaram a diferentes pontos do litoral e receberam cuidados médicos em localidades na Bahia e em Sergipe, como Coqueiros (BA) e Estância (SE).

Na imagem, o Baependi em 1934. Arquivo Nacional. Fundo Correio da Manhã.

Em seguida, o submarino alemão torpedeou outras cinco embarcações brasileiras: Araraquara, Aníbal Benévolo, Itagiba, Arará e Jacira. No total, essas investidas causaram a morte de 607 pessoas.

Os ataques alemães no mar causaram indignação em terra. A notícia dos afundamentos foi publicada no dia 18 e gerou manifestações em várias cidades. A população exigia uma resposta a atos de guerra contra navios de passageiros e que transitavam desarmados. Em 22 de agosto de 1942, o governo brasileiro declarou guerra à Alemanha e à Itália.

U-156 e U-507 (ao fundo) recolhendo náufragos do RMS Laconia

O U-507 foi destruído por uma aeronave dos Estados Unidos em 13 de janeiro de 1943, no litoral do Rio Grande do Norte. Não houve sobreviventes.

A foto deste post ilustrou a matéria na primeira página do jornal Correio da Manhã no dia 18 de agosto de 1942.

Manifestação de populares pedindo a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, contra o Eixo, por ocasião do ataque a embarcações brasileiras. Rio de Janeiro, 30 de junho de 1942. Foto: Arquivo Nacional

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Wagner Figueiredo

E o Brasil…essa ” bela república” como sempre não sabe q lado tomar…uma….nessa guerra era pra ter saído fortalecido e industrializado…mas adoramos perder uma oportunidade….ave império!!!

Ozawa

Nada é tão simples assim, muito menos geopolítica. Getúlio Vargas equilibrava-se entre a neutralidade e a dissimulação, supondo ou convicto de que o Brasil seria mais valorizado pelos Estados Unidos enquanto persistisse sua diplomacia dúbia. Os americanos faziam de tudo para arrastar o Brasil à guerra e ocupá-lo com bases e tropas militares. Getúlio fazia de tudo para tirar proveito dos americanos, sem colocar o Brasil na guerra. Vargas, seguindo essa lógica histórica, buscava vantagens econômicas das potências beligerantes: ora felicitando Hitler por seu aniversário natalício em 1941, ato amplamente divulgado pelo Departamento de Imprensa e Propaganda do governo Vargas,… Read more »

Rafael M. F.

“Estamos na eventualidade de ser arrastados à luta, como consequência fatal da nossa posição geográfica.”

O que muito provavelmente ocorrerá novamente no próximo conflito generalizado – que não é uma questão de se, mas de quando

Carlos Campos

concordo, e acredito que a USNAVY vai nos prender nos portos para não enviar insumos para a China

Ozawa

Entre os dias 15 e 17 de agosto de 1942, o U-507 torpedeou cinco navios brasileiros na costa nordestina, entre Sergipe e Bahia: “Após refazer os cálculos, o comandante do U-507 ordena o uso do torpedo do tubo 1. De passagem, após o jantar no salão, o comandante do BAEPENDY, João Soares da Silva cumprimenta o chefe de máquinas Adolfo Kern e um funcionário do Lloyd Brasileiro, que conversam do lado de fora da sala de música, no tombadilho. Segundos depois, um estrondo sacode a embarcação.” O Baependy foi o primeiro navio a ser afundado. Tinha feito escala em Salvador… Read more »

williams

os tedescos menosprezaram os brasileiros e tomaram uma surra nossa na Italia. imagina se os pracinhas tivessem participado nos combates da europa central…
viva a FEB.

Ozawa

Sem viralatismo, é certo, tampouco sem ufanismo, e em nome da análise histórica o governo americano autorizou o Eximbank a financiar 17 navios mercantes, sendo 3 navios tanque, para o Lloyd Brasileiro, 17 locomotivas e 1.000 vagões para a Central do Brasil e um
crédito de 25 milhões de dólares para o Tesouro Nacional.

Na área militar, o governo americano reaparelhou as forças armadas brasileiras e treinou seus oficiais em centros e bases militares nos Estados Unidos, ao nível necessário para se unirem às forças aliadas no esforço de guerra contra o Eixo.

Joao

Sim, mas não por desmérito. Apos a I GM, o Brasil foi um dos países que mais rapidamente modernizou sua doutrina e meios. Porem, como toda Europa e EUA, foi surpreendido pela nova doutrina alemã. Com o andar da guerra, os americanos destacaram-se em desenvolver metodologias e doutrina que os fez superar alemães e japoneses, mesmo com muitos meios menos capazes. O Brasil “surfou” nessa onda americana se “reaperfeicoando.” Salienta-se a criação da ESAO com a Missão Francesa, após a IGM, já em 1919. O aperfeiçoamento do Staff Colege, inclusive com o então Maj Castello Branco, nos EUA. Um fator… Read more »

Dr.Mundico

Na II GM, Getúlio seguiu a mesma linha de Salazar, que conseguiu manter uma penosa neutralidade equilibrando-se entre ingleses e alemães quase até o fim da guerra. Getúlio, Salazar e Franco não estavam errados. Em vez de jogar seus países pobres numa aventura tresloucada (como fez Mussolini), procuraram tirar vantagem dos dois lados e lucrar com a venda de produtos básicos. Brasil exportava açucar, algodão, borracha e minérios e Portugal tinha reservas de tungstênio que milagrosamente vendia caríssimo a ingleses e alemães através da Espanha. Alemães e ingleses exploravam duas minas de tungstênio em Portugal na região central de Arouca.… Read more »

Miguel Carvalho

O Brasil foi forçado a entrar na guerra, por pressão dos EUA.
Ou o Brasil negava o acesso ao litoral nordeste aos alemães, ou os EUA o fariam, o que faria o Brasil ficar mal internacionalmente.
Desta forma, o Brasil foi forçado a ficar do lado dos aliados, e os Alemães não perderam tempo a atacar as rotas maritimas brasileiras.

Leandro Costa

Não. Foi culpa dos torpedeamentos de nossos navios pela Kriegsmarine.

Talvez seja interessante notar que Vargas é que prometeu enviar tropas para a Guerra. Os EUA até disseram que não seria preciso, mas Vargas insistiu, e ele estava certo.

Nós sofremos pressão de todos os lados. Americanos, Ingleses, Alemães, Italianos, Japoneses. Era uma Guerra Mundial e tínhamos (temos) grande número de imigrantes dos países do Eixo aqui.

Poderíamos ter ficado neutros, da mesma forma como Portugal, mas já que os Alemães torpedearam nossos navios… O resto virou História.

Miguel Carvalho

Foi pressão dos EUA.
Ou o Brasil optava por um lado, ou os EUA optavam pelo Brasil.
O ataque aos navios por parte dos alemães, foi a desculpa de Vargas para justificar á opinião pública brasileira, o porquê de entrar na guerra.

Leandro Costa

Não sei se você sabe, mas a opinião pública em massa, foi às ruas protestar e pedir ao governo Vargas que declarasse guerra. Até a UNE fez protesto pedindo isso.

Foi, novamente, pressão de ambos os lados. Os EUA de forma diplomática e Alemanha de forma militar.

Rodrigo Hemerly

O Brasil foi o único país latinoamericano a participar das duas guerras mundiais.