Os Estados Unidos mobilizaram no Caribe o seu maior contingente militar desde 1983, numa demonstração de força que reacende tensões regionais, sobretudo com a Venezuela de Nicolás Maduro. O Pentágono justifica a operação como parte de uma campanha para combater o narcotráfico, mas a dimensão e a composição do dispositivo despertam desconfiança entre analistas e governos vizinhos.

Segundo informações confirmadas por fontes militares norte-americanas, cerca de 4.500 militares — entre fuzileiros navais, marinheiros e tripulações de apoio — foram deslocados para a região. A força inclui um robusto grupo de navios de guerra: os navios-anfíbios USS Iwo Jima (LHD-7), USS San Antonio (LPD-17) e USS Fort Lauderdale (LPD-28), o cruzador USS Lake Erie (CG-70), os destróieres USS Sampson (DDG-102), USS Gravely (DDG-107) e USS Jason Dunham (DDG-109), além do navio de combate litorâneo USS Minneapolis–St. Paul (LCS-21). Também participam da operação um submarino nuclear de ataque, três navios de apoio logístico da Military Sealift Command e diversos cutters da Guarda Costeira dos EUA.

O componente aéreo não é menos expressivo. Pelo menos dez caças F-35B Lightning II — cinco já estacionados na base de Ceiba, em Porto Rico — reforçam a presença de doze AV-8B Harrier II, dois aviões de patrulha marítima P-8A Poseidon, quatro convertiplanos MV-22B Osprey, helicópteros MH-60R/S Seahawk, dois CH-53E Super Stallion, dois AH-1Z Viper (Cobra) e três UH-1Y Venom, além de drones MQ-9 Reaper, dois cargueiros estratégicos C-5M Galaxy e aviões-tanque KC-46 Pegasus e KC-135 Stratotanker. Estima-se que o arsenal disponível inclua até 140 mísseis de cruzeiro Tomahawk.

USS Gravely (DDG-107)
USS Fort Lauderdale LPD 28

Autoridades norte-americanas insistem que a movimentação é voltada a operações de interdição de drogas no mar do Caribe, mas diplomatas e especialistas questionam se a dimensão da força não reflete também um recado político a Caracas. A tensão cresce em meio a acusações de que o regime de Maduro colabora com redes de narcotráfico, e após incidentes recentes em que forças dos EUA interceptaram embarcações ligadas a cartéis.

A escala da mobilização surpreende mesmo veteranos do Pentágono: comparável à intervenção de 1965 na República Dominicana, quando Washington enviou tropas para conter a instabilidade política local em plena Guerra Fria e também à invasão de Granada, em 1983. Para analistas ouvidos por agências internacionais, o desafio agora é evitar que a exibição de poder militar se converta em escalada.

Enquanto o governo venezuelano denuncia uma “provocação direta”, países do Caribe acompanham com preocupação os desdobramentos, temendo que a ostensiva presença naval e aérea dos Estados Unidos altere o equilíbrio de segurança regional.■

Subscribe
Notify of
guest

13 Comentários
oldest
newest most voted
Inline Feedbacks
View all comments
Dr. Mundico

Intimidação boboca regada a bravatas. Maduro não pode entrar na dança pois a Venezuela não tem nada a ganhar, mas os EUA só têm a perder.

Jagder

É um conselho para o companheiro Maduro?

Henrique A

É uma força potente mas ainda assim muito menor do que a mobilizada para a operação Just Cause que derrubou o Noriega, então é muito insuficiente para uma ação direta contra o regime de Chavista.

Franz A. Neeracher

No Panamá foi uma campanha basicamente da USAF e do U.S.Army…

A participação da marinha foi pequena.

Onde houve uma grande mobilização da US Navy foi em 1983 em Grenada.

Charles Dickens

Para aqueles “patriotas” que defendem a intervenção e a intromissão dos EUA no Brasil, lembro a resposta do líder farroupilha David Canabarro ao presidente argentino Rosas, quando este último ofereceu apoio militar e financeiro aos revoltosos na Guerra dos Farrapos, que durou de 1835 a 1845 e proclamou a República de Piratini na província do Rio Grande do Sul: “Senhor: o primeiro de vossos soldados que transpuser a fronteira fornecerá o sangue com que assinaremos a paz com os imperiais. Acima de nosso amor à República está nosso brio de brasileiros. Se a separação for a esse custo, preferimos a integridade… Read more »

Bueno

Mas a Venezuela invadir Essequibo esta tudo certo ?

Charles Dickens

Nenhuma intervenção de um país em outro é legítima. No caso específico, refiro-me às tentativas do governo Trump de se intrometer e interferir em assuntos internos brasileiros.

João Moita Jr

Quando aconteceu isso???

João Moita Jr

Bravo!!!
Mas, 11 de 20 brasileiros contra um comentário desses??? Triste esse país. Acho que se algum dia realmente vinhesse a ocorrer uma intervenção aí, o USMC seria recebido de braços abertos por uma legião de clones do Juan Guaidó.

Abs

Wellington R. Soares

Complicado chegar em uma conclusão do que ocorrerá daqui para frente, porém é notório que aos poucos vão chegando cada mais vez mais equipamentos próximo a Venezuela.

Não acredito em uma invasão americana em larga escala, porém ataques cirúrgicos não descarto, em centros de comando, defesas antiaérea, bases, etc…

Aguardemos os próximos capítulos, porém é sabido que o Trump é uma caixinha de surpresas, no começo dos ataques de Israel no Irã, muitos não acreditavam que os EUA iriam atacar e deu no que deu.

Bardini

Todo o amontoado de meios presente na ilustração, assim como a quantidade de Marines envolvida, está aí por simplesmente fazer parte da composição da unidade anfíbia… Sendo assim, é algo puramente organizacional. . É uma “caixa de ferramentas”… . E eles geralmente colocam três ou quatro escoltas e um submarino nuclear de ataque a disposição para proteção dessa unidade… Então, segue o que tem que ser, na doutrina deles. . Se for olhar bem, a única coisa mais “fora de ordem”, são os meios de apoio da USAF. Mas isto é o que foi visto em termos de apoio logístico,… Read more »

Last edited 1 hora atrás by Bardini
amarante

EDITADO

Por favor, focar no tema da matéria e não começar com a politicagem!

Demais comentários serão apagados!

Marcelo Duarte

Os USA estão fazendo vários voos de reconhecimento na região com diferentes tipos de aeronaves. Acredito que estão selecionando alvos onde estão as fabricas de drogas dos traficantes para ataques cirúrgicos com misseis. Caso o governo Venezuelano tente responder de alguma forma, pode ser que no futuro algumas bases militares ou algo do tipo se torne alvo também. Invasão de tropas acho que não ocorre. As milicias do maduro nada poderão fazer. Fazendo isto mandarão o recado para o Maduro esquecer a Guiana e os interesses americanos presentes lá. Somente um achismo de minha parte.

Last edited 10 minutos atrás by Marcelo Duarte