Homenagem aos marinheiros mortos em guerra

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Todos os anos, no dia 21 de julho, a marinha realiza o evento em memória daqueles que perderam suas vidas no mar, no estrito cumprimento do dever.

camaqua2Era manhã de 21 de julho de 1944. Após o término de mais um comboio, entre tantos outros que fizera, a Corveta Camaquã, cujo nome homenageava o rio homônimo do Rio Grande do Sul, já demandava o porto do Recife, quando sendo atingida por uma sucessão de grandes ondas que se abateram por seu través. As duas primeiras a fizeram adernar perigosamente, porém, a terceira onda foi fatal, provocando seu adernamento a boreste e fazendo-a emborcar. Mais tarde, seus náufragos foram recolhidos pelos Caça-Submarinos Jutaí e Graúna, componentes daquela mesma escolta de comboio.

Neste trágico infortúnio, 33 homens perderam suas vidas, contudo, marcou uma data na qual, dos conveses dos navios, flores são lançadas ao mar em homenagem a todos os marinheiros das Marinhas de Guerra e Mercante que foram mortos em guerra.

Ao relato deste episódio da nossa história recente se somam tantos outros, não só da Segunda Guerra, mas, também, daqueles decorrentes da participação da Marinha do Brasil nas lutas no passado mais distante. Podem ser citadas as lutas pela consolidação da Independência, os embates para conter as insurreições e levantes ocorridos durante os períodos da Regência e do Segundo Reinado, sem esquecer as batalhas da Guerra da Tríplice Aliança. Naqueles momentos difíceis, a participação da nossa Marinha foi fundamental para que fossem mantidas a integridade territorial e a soberania do País.

Tal participação em outros momentos não foi diferente. Na Segunda Guerra Mundial, antes que o Brasil declarasse oficialmente estado de guerra em 31 de agosto de 1942, já tinham sido torpedeados e afundados 18 navios da Marinha Mercante. Foi a partir daí que, através da recém-criada Força Naval do Nordeste, a principal tarefa da Marinha do Brasil consistiu em compor comboios e dar proteção à Marinha Mercante. Na longa Batalha do Atlântico, como ficou conhecida esta fase da guerra, a prioridade era garantir a segurança dos transportes marítimos, uma vez que o objetivo das forças inimigas consistia em cortar as linhas de comunicações dos Aliados, impedindo que as provisões transportadas pelo Atlântico chegassem ao seu destino. É preciso atentar para o fato de que o esforço de guerra desprendido pelos nossos marinheiros foi silencioso e pertinaz, pois, até o final da guerra foram realizados 575 comboios, nos quais 3.164 navios mercantes cruzaram o Atlântico com segurança. Entretanto, o preço pago nesses quatro anos de intensas ações reverteu-se na perda de 1.468 homens, entre marinheiros, marítimos e usuários do transporte marítimo. A capacidade de superação desses homens do mar foi extraordinária, a ponto de muitos deles, sendo sobreviventes de outros torpedeamentos, continuarem navegando até o final do conflito. Além da Corveta Camaquã, a Marinha perdeu o Cruzador Bahia e o Navio-Auxiliar Vital de Oliveira, o que representou o sacrifício de 486 marinheiros.

A Primeira Guerra Mundial foi outro conflito no qual, diante da campanha submarina irrestrita alemã, findou-se a neutralidade que o Brasil desfrutada. O objetivo dos alemães consistia em asfixiar a Grã-Bretanha, pondo a pique todos os navios que lhe eram destinados, dentre os quais estavam os de bandeira brasileira. Após o naufrágio do terceiro navio mercante, em outubro de 1917, o governo brasileiro declarou guerra ao Império alemão.

Organizada a Divisão Naval em Operações de Guerra (DNOG), sob o comando do Contra-Almirante Pedro Max Fernando de Frontin, os navios suspenderam do porto do Rio de Janeiro em maio de 1918 com destino final em Gibraltar. Lá, a Força Naval faria sua base para o cumprimento de sua missão de patrulhamento das águas européias e africanas. Contudo, o maior inimigo das guarnições daquela Força foi a gripe espanhola, que assolou todo o mundo naqueles anos. Nessa campanha foram vitimados 156 marinheiros por aquela epidemia.

Assim, foram nos momentos difíceis da nossa história, nos conveses dos navios de guerra e mercantes, que nossos marinheiros não se furtaram ao dever de enfrentar as adversidades e agruras das guerras passadas a fim de que, hoje, a Nação brasileira possa desfrutar da soberania e da e da paz.

FONTE: MB

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Raul Coelho Barreto Neto

Prezados amigos do blog, mais uma vez, em nome de todos os náufragos do Vital, Camaquã e Bahia, além daqueles militares da nossa Marinha de Guerra que perderam a vida nos demais acidentes ocorridos no conflito, agradeço imensamente pela lembrança. Em especial, minha reverência ao saudoso Alte. Lúcio Torres Dias.

Azul&branco

Na verdade, a CAMAQUÃ não era uma corveta, no entanto, devido à falta de meios flutuantes, foi armada e improvisada na missão, tornando o navio instável e acarretando o acidente.

Norberto Pontes

ESSE GESTO DE lançar flores ao mar então começou aqui no Brasil, ou já era algo que veio de “fora”?