1822             -                NAVIOS DE GUERRA BRASILEIROS            -               Hoje

 

E São Paulo

Tipo Dreadnought

Classe Minas Geraes

 

RELATÓRIO DO ENCARREGADO-GERAL DO ARMAMENTO DO ENCOURAÇADO SÃO PAULO.

Do: Encarregado-Geral de Artilharia

Ao: Sr. Capitäo-de-Mar-e-Guerra, comandante

Levo ao vosso conhecimento que, de acordo com as vossas ordens, a artilharia foi preparada convenientemente para entrar em ação contra o Forte de Copacabana.

As 5 horas da manhã do dia 6, o navio suspendeu e às 07:25hs tocou-se postos de combate. As torres foram guarnecidas, com exceção da torre 4, cuja guarnição, de há muito tempo foi dividida pelas guarnições das outras torres para preencher os claros das mesmas.

Quando a bateria de 120 mm, devido aos reforços dos Primeiros-Tenentes Mascarenhas e Accioly foram reunidas algumas praças para guarnecer alguns canhões, porquanto estes canhões também não tem guarnição, o mesmo acontecendo com os canhões antiaéreos.

Este fato, absolutamente não vos é estranho, convindo porem reiterá-lo a vista das ordens dadas pelo Sr. Vice-Almirante Chefe do Estado-Maior da Armada de atirar com estes canhões.

Às 07:35hs, ao transpormos a barra, a Fortaleza de Copacabana fez dois disparos não se podendo, contudo, precisar para onde eram dirigidos os tiros.

Às 07:55hs, foi dado o primeiro tiro pela tone 2, por descuido indo cair na água mais ou menos na direção do Forte de Imbuí, devido ao apontador ter calcado a chave de fogo.

Às 8 horas, foi dada uma salva com os canhões de 305mm, sendo os tiros curtos, com boa direção.

A 2ª salva foi dada 18 minutos depois. Nada se pode observar por causa da fumaça das chaminés e de ainda achar-se encinzeirado o Forte de Copacabana, dificultando assim ainda mais a direção do tiro.

A Fortaleza de Copacabana fez dois novos disparos às 08:17hs e, dois minutos depois, três outros.

Às 08:22hs, foi dada nova salva com os canhões de 305mm; nada pode ser observado em relação aos acertos, podendo-se, contudo precisar ter sido muito boa a direção.

Às 08:25hs e 08:28hs, a Fortaleza de Copacabana fez novos disparos e, às 08:30hs foi dada nova salva, que desta vez atingiu claramente o alvo, por causa da fumaça levantada no Forte pela explosão de granadas de aço, comuns, que foram exclusivamente empregadas, tendo sido a carga de projeção constituída por três quartos de carga (carga reduzida).

Às 09:07hs, o Forte da Vigia, por rneio de bandeira, confirmou a rendição do Forte de Copacabana, já anteriormente assinalada pela bandeira branca içada.

Às 09:15hs, o Forte da Vigia içou a bandeira P - "Papa" (sinal de cessar-fogo).

Às 09:55hs tocou volta aos postos, continuando, no entanto, os canhões carregados.

Às 11 horas, voltou-se novamente a "postos de combate", por ainda não ter sido içada a bandeira nacional no forte, conforme combinação prévia, e assim se permaneceu ate às 13:50hs quando foi dada a volta.

Já tinha sido começado o serviço de descarregamento dos canhões quando, ás 14:25hs, tocou novamente "postos de combate".

Os canhões foram, de novo, carregados e assim permaneceram até às 15:20hs, quando foi dada a volta.

Às 16 horas, fundeou-se no poço.

Todo o material portou-se muito bem, não havendo nenhuma avaria.

As cargas de pólvora, que durante longo espaço de tempo permaneceram na câmara dos canhões, foram mergulhadas dentro de água destilada nos próprios cofres e posteriormente pediu-se a Diretoria do Armamento uma embarcação para vir busca-las, por não ser conveniente a sua permanência a bordo devido a terem ficado, como foi dito acima, nas almas dos canhões por algum tempo.

Ao todo, foram dados 20 tiros de 305mm.

Cumpre-me levar ao vosso conhecimento os grande esforços feitos pelos Capitães-Tenente Clodoveu Gomes e Eleazar Tavares, assim como pelos comandantes das torres no sentido do bom desempenho de tarefa incumbida a artilharia de fazer Calar o Forte de Copacabana.

A Bordo do Encouraçado São Paulo no Porto do Rio de Janeiro, 11 de julho de 1922.

Assinado Guilherme Ricken

Capitão-de-Corveta

Encarregado-Geral da Artilharia