Fotos aéreas tiradas provavelmente em 1937, mostrando o AMIC ainda em conclusão, porém já construindo navios e com a maior parte da “Esquadra de 1910” atracada. Na parte de cima das fotos, os cruzadores (“scouts”) Bahia e Rio Grande do Sul e os encouraçados São Paulo e Minas Gerais. Na parte de baixo, atracados ao cais que une o AMIC à Ilha Fiscal formando uma doca, vários dos “destroyers” da Esquadra. Um pouco mais à esquerda da parte inferior das fotos, vemos as duas carreiras de construção, a menor mostrando provavelmente as obras dos cascos de dois navios mineiros, enquanto na maior mal se vê as quilhas dos três primeiros contratorpedeiros construídos no Brasil, batidas em 8 de maio de 1937. Ao lado das carreiras está a gigantesca Oficina de Trabalhos Estruturais. No grande dique da parte superior direita (dique “Rio de Janeiro”, depois renomeado “Almirante Regis”), provavelmente está o monitor Parnaíba, sendo preparado para seguir a Ladário

Arsenal de Marinha da Ilha das Cobras em construção na década de 1930, com as carreiras e as principais oficinas ainda por concluir. Um dos encouraçados da ‘Esquadra de 1910’ pode ser visto no interior do grande dique (atual dique Almirante Régis), quase ao centro da imagem – fotos DPHDM

Na década de 1930, um novo Programa Naval incorpora um novo monitor

Por Fernando “Nunão” De Martini (adaptação e atualização da matéria publicada na revista Forças de Defesa número 8, em 2013)

Além dos combates da Revolução Constitucionalista, 1932 entrou para a história da Marinha devido à abertura de crédito pelo chefe do Governo Provisório, Getúlio Vargas, para um Programa Naval. Porém, no início a lista de aquisições não incluía nenhum monitor. Pode-se dizer que a “culpa” pela entrada do futuro Parnaíba no programa deve-se ao Pernambuco, tanto por sua presença no conflito de 1932 quanto por sua ausência em outras crises.

A decisiva participação do Pernambuco nos combates de 1932 foi destacada pelo então ministro da Marinha, contra-almirante Protógenes Pereira Guimarães, em seu relatório sobre as atividades daquele ano. Um ano antes, o mesmo ministro havia considerado quase nulo o valor dos navios da Flotilha, inferiores às canhoneiras que o Paraguai havia adquirido recentemente (no que não estava de todo errado), e que a instalação de Aviação Naval na região seria mais útil que a Flotilha.

Porém, os combates de 1932 demonstraram não só a importância daqueles velhos navios, e do monitor em especial, como sua capacidade de se defender, mesmo improvisadamente, de ataques aéreos. A Aviação Naval começou a ser provisoriamente instalada em Ladário, mas sua instalação definitiva só veio décadas depois.

Ao mesmo tempo, o Pernambuco entrava novamente em reparos, ausentando-se das patrulhas de manutenção da neutralidade ocasionadas pela Guerra do Chaco, entre Paraguai e Bolívia, o que o ministro Protógenes relatou em 1935. Ficou evidente que só um monitor não bastava para assegurar a presença da Marinha na região, levando em conta também o temor de que, com o Brasil fraco na região, a Argentina pudesse dominar com facilidade a Bolívia e o Paraguai. O ministro assinalou, em 1935, que o Programa Naval de 1932 não havia cogitado navios para a Flotilha de Mato Grosso, mas que isso estava se tornando uma questão urgente.

Fotos aéreas tiradas no final de 1937, mostrando o Arsenal de Marinha da Ilha das Cobras (AMIC) ainda em conclusão, porém já construindo navios e com a maior parte da “Esquadra de 1910” atracada. Na parte de cima das fotos, os cruzadores (“scouts”) Bahia e Rio Grande do Sul e os encouraçados São Paulo e Minas Gerais. Na parte de baixo, atracados ao cais que une o AMIC à Ilha Fiscal formando uma doca, vários dos “destroyers” da Esquadra. Um pouco mais à esquerda da parte inferior das fotos, vemos as duas carreiras de construção, a menor mostrando as obras dos cascos de dois navios mineiros, enquanto na maior mal se vê as quilhas dos três primeiros contratorpedeiros que seriam construídos no Brasil, batidas em 8 de maio de 1937. Ao lado das carreiras está a grande Oficina de Trabalhos Estruturais, de 270 metros de comprimento. No grande dique da parte superior direita (dique “Rio de Janeiro”, depois renomeado “Almirante Regis”) está o monitor Parnaíba, sendo preparado para seguir a Ladário. O velho arsenal (que no final da década de 1940 seria incorporado ao AMIC, preservando-se o nome AMRJ daí por diante) está no canto esquerdo das fotos, do outro lado da ponte, na área continental, espremido entre  o morro do Mosteiro de São Bento e as águas da Baía de Guanabara

 

Estado-Maior da Armada, Rio de Janeiro, 5 de maio de 1935: ofício nº 57 do Estado-Maior da Armada ao ministro da Marinha estabeleceu as características principais de um novo monitor. A data marca a entrada em definitivo desse tipo de navio no Programa Naval de 1932, que vinha sendo atualizado nos últimos anos. Um tipo denominado “Pernambuco aperfeiçoado” entrou no fim da fila de uma lista mínima (depois ampliada) de 2 cruzadores, 9 contratorpedeiros, 6 submarinos, 6 navios mineiros e 3 navios-tanque, visando substituir a maior parte da cansada “Esquadra de 1910”. Pretendia-se modernizar os dois encouraçados com caldeiras queimando óleo ao invés de carvão (apenas um terminou o processo).

A maior urgência era a substituição dos contratorpedeiros que acumulavam mais de 20 anos de uso (adquiridos numa época em que a vida útil de “destroyers” era de 10 anos), com manutenção cada vez mais cara e demorada. O desgaste ficou patente nas dificuldades para mantê-los em rodízio no bloqueio do porto de Santos em 1932. Também havia prioridade em substituir os três submarinos recebidos em 1913-14, muito pequenos e ultrapassados. Em seguida, esperava-se obter novos cruzadores, pois os dois cruzadores leves de 1910 (também chamados de “scouts”), ainda que em bom estado, estavam obsoletos. O objetivo, ora explicitado, ora não, era recuperar o equilíbrio em relação ao Poder Naval da Argentina, que vinha incorporando contratorpedeiros e cruzadores de último tipo.

O ministro da Marinha, almirante Henrique Aristides Guilhem (à esquerda na foto), com o capitão-de-mar-e-guerra Júlio Regis Bittencourt na segunda metade da década de 1930, e que em 1938 alcançou o Almirantado. Juntos, impulsionaram a intensa fase de construção de navios de guerra no Brasil, de 1936 até o fim da Segunda Guerra Mundial

Quanto ao Programa Naval de 1932, antes mesmo das ações navais daquele ano o governo já havia atendido à Marinha, abrindo crédito de doze parcelas anuais de 40 mil contos de réis em 11 de junho de 1932. Uma concorrência entre estaleiros estrangeiros foi aberta, com propostas recebidas em 1934. Mas por que um governo pós-Revolução de 30, que dizia incentivar a indústria nacional, compraria navios no exterior como fez a “República Velha” que tanto criticava? Por um lado, havia urgência, e a fase de maior empenho em prol da indústria (especialmente siderúrgica) ainda estava por vir. Por outro lado, deve-se analisar a capacidade real de construir no país. Dissemos acima que o Arsenal do Rio de Janeiro ficou “parado no tempo” por décadas, e isso se devia à demora em preparar novas instalações. Em 1906, quando encomendou a “Esquadra de 1910”, o então ministro Alexandrino de Alencar decidiu transferir o Arsenal para a Ilha das Cobras, bem em frente ao antigo. A principal obra seria um grande dique capaz de docar os encouraçados encomendados. Alguns aterros abririam espaço para novas oficinas, transferindo para lá as atividades. O objetivo inicial era apenas melhorar a manutenção da Esquadra, e não exatamente construir navios. As obras se atrasaram devido à Primeira Guerra Mundial e a dificuldades financeiras (um dique flutuante foi adquirido para cobrir a lacuna) e os trabalhos só ganharam ritmo na década de 1920.

Em 1922, foi contratada uma Missão Naval Americana que, pelas décadas seguintes, prestou consultoria à Marinha. Com a Missão, engenheiros dos EUA começaram a contribuir nas revisões do projeto do novo Arsenal, que passou a prever pequenas carreiras de construção. Já em 1928, quando o dique ficou pronto, uma extensa revisão no projeto das instalações levou à configuração final, que incluiu uma grande oficina de obras estruturais e duas carreiras, uma delas capaz de construir até cruzadores. O então chamado Novo Arsenal de Marinha da Ilha das Cobras se transformou na maior obra governamental das décadas de 1920 e 1930, a única a não ser paralisada devido às medidas de austeridade implantadas após a Revolução de 30 (decorrentes da Crise de 1929). Ainda assim, houve cortes que diminuíram o ritmo. Em meados anos 1930, era previsto que apenas os reparos de navios seriam atendidos no curto prazo, e que as instalações só poderiam iniciar a construção de navios por volta de 1945. Como a renovação do Poder Naval não poderia esperar mais de dez anos para começar, foi feita a concorrência com estaleiros estrangeiros.

Eram esses os prognósticos quando da concorrência de 1934. Dois problemas surgiram, porém. O primeiro foi o alto custo das propostas recebidas. O equivalente em moeda estrangeira ao crédito anual de 40 mil contos não daria para atender a mais de uma urgência ao mesmo tempo (por exemplo, somente a compra de submarinos comprometeria três anos seguidos de créditos, atrasando outras aquisições). Numa “canetada” de 1934, tentou-se resolver a situação aumentando o crédito anual para 60 mil contos de réis (em oito parcelas anuais ao invés de dez), mas isso não resolvia a segunda questão: conseguir moeda forte equivalente para as aquisições, pois não se compram belonaves no estrangeiro com contos de réis, e sim com libras e dólares. A Crise de 1929 “secou” o comércio exterior e escasseou as divisas, inviabilizando boa parte das compras, mesmo as que utilizavam formas em voga como o comércio de compensação (grosso modo, trocas de mercadorias com pagamentos nas moedas locais).

Na análise das propostas concorrentes, percebeu-se a grande parcela de custos atribuída à mão-de-obra, havendo também significativa variação de país para país. Percebeu-se que o custo da mão-de-obra no Brasil era bem mais baixo, com a vantagem de ser pago em contos de réis, ao invés da escassa moeda estrangeira. Se fosse possível combinar encomendas de navios no exterior com a construção local, ainda que utilizando material importado, o custo para renovação do material flutuante seria aceitável, sem significar uma proibitiva evasão de divisas. Em 11 de junho de 1934, essa opção foi sacramentada por decreto, que estabeleceu a construção no Brasil de três dos nove contratorpedeiros planejados.

Duas visões do projeto do “Pernambuco aperfeiçoado”, que levaria ao monitor Parnaíba. As principais diferenças são o formato da superestrutura e a disposição do armamento principal que, segundo os planos, seria de dois canhões de 120mm: em dois reparos singelos protegidos por torretas à proa e à popa, como na ilustração de cima, ou numa torre dupla no convés de proa, como na fotomontagem de baixo. No fim das contas, o navio recebeu um canhão principal de 152mm, estocado na Diretoria de Armamento após a baixa do velho cruzador Barroso.

Quanto à mão de obra especializada, desde o início da década já havia gente suficiente trabalhando na modernização do encouraçado Minas Gerais. Eram operários demitidos da Companhia Nacional de Navegação Costeira e reaproveitados no Arsenal. Com o fim dessas obras, as equipes estariam disponíveis para começar a construir navios de guerra. Restava tomar atitudes para conseguir antecipar, e muito, o início das atividades de construção no novo Arsenal.

Ministério da Marinha, Rio de Janeiro, 19 de novembro de 1935: o vice-almirante Henrique Aristides Guilhem assumiu o cargo de ministro da Marinha, disposto a resolver a questão do reaparelhamento naval. Ao longo dos meses anteriores, quando ainda chefiava o Estado-Maior da Armada (EMA), Guilhem já vinha se antecipando às necessidades de ativar a construção naval no novo Arsenal, realizando reuniões em que seu maior aliado era o capitão-de-mar-e-guerra Júlio Regis Bittencourt, então vice-diretor de Engenharia Naval. Um mês após assumir o ministério, Guilhem designou Bittencourt para ajudar a Diretoria de Obras do Novo Arsenal de Marinha (DONAM) a prontificar as carreiras e a equipar a oficina de trabalhos estruturais – à época o maior galpão industrial do Brasil, mas ainda vazia.

Até então, as obras do Arsenal eram realizadas em várias frentes simultâneas, sob a direção do contra-almirante engenheiro naval Octavio Jardim. Essa linha de ação buscava evitar que o projeto original sofresse cortes definitivos em alguma área não iniciada, em caso de mudança radical no governo. Assim, ao invés de terminar um setor para iniciar outro, tudo era feito ao mesmo tempo para garantir o conjunto, ainda que isso retardasse o prazo das operações iniciais. Com a necessidade de começar logo a construção de navios, a atenção dos engenheiros e operários foi focada nas carreiras e na grande oficina, ao invés de se dividir em várias frentes. Isso permitiria atender ao prazo ordenado pelo ministro Guilhem: começar a construir o primeiro navio na Data Magna da Marinha (Batalha do Riachuelo) do ano seguinte. Em outras palavras, em 11 de junho de 1936 seria batida a quilha do “casco número 1” do novo Arsenal.

E que navio seria o pioneiro? Como vimos, as prioridades do Programa Naval eram contratorpedeiros e submarinos. Para estes últimos, negociações resultaram no redirecionamento ao Brasil de três unidades italianas em construção. Para os contratorpedeiros, foi possível encomendar seis à Inglaterra, após um longo processo de viabilização financeira. Quanto aos três contratorpedeiros a serem construídos no Brasil (conforme decreto de 1934), conseguiu-se a um preço simbólico, junto à Marinha dos EUA, os planos da classe “Mahan”. A princípio, esses eram os navios prioritários para o início da construção do Arsenal, mas tratava-se de contratorpedeiros de último tipo e que incorporavam técnicas construtivas como a solda elétrica, ainda novidade mesmo nos maiores estaleiros do mundo. Além disso, eram obras relativamente grandes (1.500 toneladas de deslocamento leve) quando se leva em conta a retomada de uma atividade interrompida há décadas, e cujo último expoente foi um pequeno monitor de menos de 500 toneladas, o Pernambuco. Os riscos de falhas e atrasos levarem ao descrédito e ao desânimo seriam grandes, caso se iniciasse as atividades com esses três contratorpedeiros.

A solução seria “passar do mais simples para o mais complexo”, nas palavras do ministro Guilhem. De todos os tipos previstos no Programa Naval, havia um navio de menor porte, de emprego fluvial, e que entrara na lista pela “porta dos fundos”, em último lugar. Poderia ser construído com riscos controlados, usando técnicas consagradas como a rebitagem, e foi considerado o navio ideal para se começar “do mais simples” (embora essa simplicidade se revelasse, mais tarde, repleta de complexidades e desafios). Era o monitor do tipo “Pernambuco aperfeiçoado” para a Flotilha de Mato Grosso. Era o futuro monitor Parnaíba.

A carreira menor do AMIC – Arsenal de Marinha da Ilha das Cobras (em 1948 renomeado AMRJ – Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, após absorver as instalações do continente) sendo preparada em maio de 1936 para receber a quilha do Parnaíba. À direita e separada pela elevação com o guindaste, vê-se a carreira maior, que logo receberia as quilhas dos três primeiros contratorpedeiros construídos no País

VEJA NA TERCEIRA PARTE: O navio que não poderia falhar: projetando, construindo e incorporando o monitor ‘Parnaíba’ (clique para acessar)

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Manuel Flávio

O Parnaíba é uma putriqueira. Já deu o tempo dele. Aliás, o 6º DN está cheio de putriqueira.
Aliás, quase tudo na MB é putriqueira…aaffff

Celacanto Beldroega

Mais uma vez, excelente leitura. Parabéns!!!
Só lamento que toda a história da MB tem um “deja vu”. Sempre os famigerados cortes e contenções de despesa. Assim fica quase impossível a tão sonhada projeção de poder econômico/militar brasileiro. Não adianta ter ocorrido conflitos como a 2.a guerra, “guerra da lagosta”, guerra das Malvinas (ocorrida nas nossa fuças), para alertar-nos para nos precaver. Não precisa muito. Basta um poder naval suficiente para causar estrago suficiente para inviabilizar uma intromissão nos interesses nacionais.

sergio ribamar ferreira

Concordo com o Sr. Celacanto De nove contratorpedeiros, apenas três depois preferiu-se o Pernambuco. Bem o Almirante Guilhem tentou, o Contra almirante Octavio Jardim criou várias frentes simultâneas para evitar possíveis “cortes”. A historia parece se repetir. Valeu a leitura e a história de nossa MB e sua eterna luta para desenvolver meios.

James Chaves da Silva

Surgiu uma dúvida: qual o caminho que faziam os navios para se deslocar do RJ até o MT, e vice-versa?

Paulo Itamonte

Essas matérias históricas aqui do Naval são ótimas. A história do Parnaíba se funde (claro!) com a história do Arsenal da Ilha das Cobras.

Nunão

“sergio ribamar ferreira 15 de novembro de 2017 at 1:12 Concordo com o Sr. Celacanto De nove contratorpedeiros, apenas três depois preferiu-se o Pernambuco.” . Sérgio, bom dia. Na verdade, foi iniciada a construção todos os nove contratorpedeiros desse programa original de 1932. Três no Brasil e seis na Inglaterra. Está no texto: . “Para os contratorpedeiros, foi possível encomendar seis à Inglaterra, após um longo processo de viabilização financeira. Quanto aos três contratorpedeiros a serem construídos no Brasil (conforme decreto de 1934), conseguiu-se a um preço simbólico, junto à Marinha dos EUA, os planos da classe “Mahan”. “. .… Read more »

Nunão

“Manuel Flávio em 15 de novembro de 2017 at 0:28 O Parnaíba é uma putriqueira. Já deu o tempo dele. Aliás, o 6º DN está cheio de putriqueira.” . Eu concordo, em parte, apenas com a última frase. Eu visitei com olhos bem atentos praticamente todos os compartimentos do Parnaíba, exceto paiol de munição e escoteria. Tirando o casco de oitenta anos, que está mantido em ótimas condições, quase tudo que realmente importa nele é mais novo, no sentido cronológico, tecnológico e operacional do que as demais embarcações do 6º DN. A modernização do Parnaíba no final dos anos 90… Read more »

Nunão

“James Chaves da Silva 15 de novembro de 2017 at 7:06 Surgiu uma dúvida: qual o caminho que faziam os navios para se deslocar do RJ até o MT, e vice-versa?” . James, a rota era seguir ao longo da costa pelo sul, entrar na foz do rio da Prata passando ao largo de Buenos Aires e Montevideu e subir o rio Paraguai (passando no caminho pelos palcos das lutas da guerra da Tríplice Aliança de 1864-70) até chegar em Ladário. . Mas aguarde que esse assunto é tema de uma das próximas partes (a quarta, se não me engano).… Read more »

jose luiz esposito

Antes de entrar no Paraguai , deveria subir o Paraná , o Prata é apenas o nome do Estuário do Paraná !

Nunão

Jose Luiz, em parte estamos falando a mesma coisa, pois por lá também aquelas águas são chamadas, historicamente (e até geograficamente) de rio da Prata. . Muitas vezes a mesma coisa é chamada por mais de um nome por razões diversas, seja estuário do rio Paraná, seja do rio da Prata. Daí denominações como países platinos, times como River Plate, entre outras coisas. . PS – mas agradeço a correção, de fato eu esqueci de mencionar de forma específica o bom trecho do rio Paraná até chegar à confluência com o rio Paraguai, falha minha, justamente no palco de grandes… Read more »

Celacanto Beldroega

Estas fotos eu não as conhecia. É muito difícil encontrar fotos históricas das nossa marinha. Porém, em visita ao site argentino histarmar.com.ar encontrei no link “arquivos fotograficos” o link “arquivo ferrez” fotos de excelente qualidade de navios da MB. Há tb fotos de embarcações argentinas e chilenas dos finais do século XIX e início do séc. XX., além de fotos dos monitores paraguaios adquiridos na década de 30, construídos na Itália. Os argentinos fazem questão de divulgar tais arquivos históricos. Não sei pq aqui não acontece.

Fernando "Nunão" De Martini

Celacanto, o Histarmar de fato tem ótimas fotografias. . As fotos históricas desta série sobre o monitor Parnaíba foram pesquisadas na DPHDM (Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha), no Rio de Janeiro (RJ), e no acervo do próprio navio e do 6º Distrito Naval, em Ladário (MS). . O acervo de fotos da DPHDM é predominantemente físico, sendo que a parte digitalizada é resultado de demandas específicas. Mas foi iniciado um processo, que espero que continue, de digitalização e publicação no portal da coleção Brasiliana, num acordo com a Biblioteca Nacional. . Por enquanto estão disponíveis várias fotos… Read more »

Fernando "Nunão" De Martini

Outro link para as 114 fotos disponibilizadas na seção DPHDM do site. Há fotos do lançamento do cruzador Tamandaré em 1890, que foi assunto da primeira matéria dessa série:
http://brasilianafotografica.bn.br/brasiliana/handle/bras/3541/discover?rpp=10&page=1&group_by=none&etal=0

Ferreira Junior

Se nota claramente como é grave a descontinuidade de projetos. Ontem como hoje. Assim não se pode permitir que a história se repita. Temos de aproveitar os novos estaleiros navais, e ampliar os antigos.
O Brasil tem de se lançar ao mar.

Celacanto Beldroega

Valeu, Nunão!!!!!

sergio ribamar ferreira

Obrigado Sr. Nunão li de forma rápida e por estar cansado, não observei. Da próxima vez serei mais atencioso. Enfim excelente matéria. gosto muito destas matéria históricas, parabéns.

sergio ribamar ferreira

Reli sobre os contratorpedeiros. interessante é que achei sobre as várias frentes simultâneas de trabalho ao invés de priorizar apenas um. Modernização do couraçado Minas Gerais. arsenal de Marinha deveria estar fervilhando de trabalhos. Adorei. Almirante Guilhem, Contra -almirante Otávio Jardin e o capitão de Mar-e- Guerra Júlio Regis Bittencourt. uma meta: reaparelhamento naval. Muito bom.

Dalton

Dá para deduzir na primeira foto, de 1930 que o encouraçado no dique é o “Minas Gerais” no início de sua modernização…por
eliminação o atracado é o “São Paulo”…e na segunda foto de cima para baixo, claramente se vê as diferenças entre o já
modernizado “Minas Gerais” que perdeu uma chaminé e ficou com apenas uma de maior tamanho e o não modernizado “São Paulo”.
.
Excelente matéria e fotos Nunão !

Fernando "Nunão" De Martini

Oi, Dalton. . Na verdade a primeira foto não é de 1930, mas de algum ano do início da década (por isso coloquei apenas década de 1930) e, infelizmente, a imagem original em papel fotográfico é de tamanho pequeno e, ao contrário de outras fotos aéreas que ampliadas para formato grande, não permite observar muitos detalhes quando ampliada. Certamente é de 1931 pra frente, por causa da ponte Arnaldo Luz, inaugurada em 1931 (aparentemente ela já está pronta). Eu diria até que foi tirada entre o segundo semestre de 1933 e o ano de 1935, pois o edifício 19 (a… Read more »

Dalton

Queria saber Nunão quanto tempo dos cerca de 7 anos que levou a modernização do “Minas Gerais” ele ficou no dique…tenho que a modernização foi iniciada para valer em junho de 1931 e puro chute mesmo considerei 2 anos no dique e o restante da modernização feito com ele atracado, assim deduzi que a foto seria de 1932 quando ainda não se teria mexido nas chaminés, mas, ele ainda estaria no dique ! . Por outro lado vendo novamente a imagem ampliada da foto parece que o encouraçado atracado tem apenas uma chaminé de maior tamanho e com as outras… Read more »

Fernando "Nunão" De Martini

Dalton, vou consultar o que tem de informação a respeito livro do navio, do qual digitalizei várias páginas como parte da minha pesquisa de doutorado. Mas não é comum deixar um navio tanto tempo ocupando o dique. Já te respondo.

Celacanto Beldroega

Observei que no site Histarmar há embarcações brasileiras construídas no Arsenal da Marinha da Bahia, inclusive a Galeota Real, utilizada por Pedro II. Foi neste Arsenal que foi construído o primeira navio a vapor do Brasil. Não me lembro se teve uso civil ou militar. O maquinário era importado da Inglaterra, se não me engano. Outra coisa: há fotos, de excelente qualidade, que podem ser encontradas no site http://www.salvador-antiga.com. Cliquem no link “Comércio” e verão uma senhora foto do Arsenal baiano em 1873, do alto. Há tb fotos panorâmicas de Salvador em diversos anos do século XIX. Do lado direito,… Read more »

Fernando "Nunão" De Martini

Dalton, . No primeiro volume do livro do navio, há página relativa a docagens especificamente, mas os registros são apenas após 1934. . Está registrada uma docagem entre maio e agosto de 1935 e outra entre setembro de 1936 e janeiro de 1937, ainda durante o período de modernização (depois disso há várias docagens praticamente anuais, de rotina, interrompidas apenas pelos anos em que o navio fez parte da defesa do porto de Salvador, na guerra). . No relatório de 1931 (assinado em dezembro daquele ano) das obras no AMIC, onde também se relatam de forma geral os navios docados… Read more »

Fernando "Nunão" De Martini

“Celacanto Beldroega 16 de novembro de 2017 at 11:15” . Muito boa a foto do Arsenal de Marinha da Bahia, Celacanto. . Nessa época da foto, 1873, ele já estava em decadência, mas até meados do século XIX ele suplantava o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, sendo até então o principal arsenal de marinha, desde o período colonial, quando era chamada de Ribeira das Naus. Destaque para a nau Imperador do Brasil, depois renomeada D. Pedro II, de 1830, de 74 canhões. Foi a última nau construída no Brasil, pois naquela época as fragatas – que eram até… Read more »

Dalton

Obrigado Nunão …realmente dois anos docado é demais…mas…já imaginando a crônica falta de recursos, etc,
arredondei para 2 anos. Provavelmente você está certo…o encouraçado atracado é mesmo o “Minas Gerais”
continuando a modernização e o encouraçado no dique é o “São Paulo” para uma docagem de rotina.
.
abraços

Fernando "Nunão" De Martini

Isso, Dalton. . Mas talvez a docagem do São Paulo não seja mera rotina, conforme o ano que atribuirmos à foto, 1934 ou 1935 (dado que antes disso as obras no Edifício 19 estavam menos adiantadas que as mostradas na foto e, depois disso, as obras nas carreiras estavam mais adiantadas). . O ministro Protógenes destacou, no seu relatório sobre o ano de 1934, que o São Paulo passou por obras uma “restauração que permitiu sua volta ao serviço em condições de completa e eficiente utilização material”. O mesmo se dá quando fala do presente no relatório sobre o ano… Read more »

James chaves da silva

Muito obrigado Nunão!

Dalton

Aparentemente os dois encouraçados argentinos um pouco mais novos, estavam em melhores condições, ao menos quando comparados com
o “São Paulo” e eventualmente visitavam o Rio de janeiro…fico imaginando como a população de maneira geral enxergava o “Minas” e o
“São Paulo” na década de 1930…tenho um modelo do “São Paulo” do “Bahia” do “Maranhão” e uns poucos outros adquiridos décadas atrás e quando os comparo com modelos de navios pouco mais novos de outras nações vejo como rapidamente se tornaram “pequenos”…não se trata de
denegrir apenas uma espécie de “choque” mesmo.
abraços

Fernando "Nunão" De Martini

Dalton,
.
Sobre as visitas de navios argentinos, acho que devia impactar mais ainda a comparação com os dois novos cruzadores da ARA, quando comparados ao Bahia e Rio Grande do Sul, pois estes iam recepcionar fora da barra e escoltar os visitantes até o cais, e todos podiam ver a brutal diferença.
.
E Vargas naquela época pelo jeito ficou impressionado quando visitou a Argentina a bordo de um navio da MB que foi recepcionado, ao largo de Buenos Aires, por diversos dos novos navios de guerra da ARA, tanto que anotou o fato em seu diário.