scorpene-malasia

vinheta-exclusivoA opção da Marinha do Brasil pelo submarino convencional Scorpène está mais do que sacramentada nas diversas declarações dadas pelo Comandante da MB e pelo Minsitro da Defesa.

Os critérios adotados pela escolha deste modelo de submarino também já foram objeto de várias entrevistas e declarações das autoridades.

Mais recentemente, durante audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado, o Ministro Jobim detalhou melhor o programa, identificando-o como PROSUB – programa de desenvolvimento de submarinos Brasil-França.

Naquela oportunidade foram divulgadas mais informações sobre o programa, incluindo um cronograma físico da construção das unidades (reproduzido abaixo). Segundo o referido cronograma os Scorpène nacionais, identificados como S-BR, serão construídos a partir de 2011. Cada unidade levaria cinco anos para ser construída e o programa como um todo estaria concluído em 2021.

Em função do cronograma apresentado pelo Ministro Jobim, o Poder Naval OnLine levantou o cronograma de construção dos outros Scorpéne pelo mundo, para efeito comparativo.

O período considerado situa-se entre o batimento de quilha e a entrega do mesmo para o seu operador ou, em outras palavras, a aceitação do mesmo e o início de sua vida operacional. O resultado é mostrado no gráfico abaixo (clique na imagem para ampliá-la).

scorpene-cronograma

Uma rápida análise mostra que os submarinos até aqui completados (dois para o Chile e um para a Malásia), ou próximos disso (segunda unidade para a Malásia), consumiram um período médio de cinco anos e meio. Destaca-se também o fato de que todos eles foram construídos nos estaleiros onde os mesmos foram projetados.

O programa indiano

Em relação ao programa da Índia, por exigência contratual daquele país, todas as cinco unidades acordadas deverão ser construídas nos estaleiros locais.

O primeiro Scorpène indiano começou a ser construído em dezembro de 2006 e deveria ficar pronto em 2012. Outras duas unidades já tiveram sua construção iniciada, sempre com uma defasagem de um ano entre elas. A quarta unidade começará a ser construída no final deste ano, se tudo correr como programado.

Antes do começo do programa, a espectativa era a de que cada unidade consumisse seis anos entre o início da construção e a entrada da mesma no setor operativo. No entanto, atrasos de diveras naturezas esticaram a entrega da primeira unidade em mais dois anos.

Este não é o primeiro programa de construção de submarinos da Índia. Na década de 1980, a Índia adquiriu quatro Tipo 209, sendo que dois deles foram construídos localmente. Estes últimos sofreram diversos atrasos e custaram mais do que o dobro dos submarinos construídos na Alemanha.

Comparativo

Analisando o cronograma exposto pelo Ministro Jobim observa-se que o tempo para a construção de cada unidade do S-BR é um pouco inferior à média do tempo dos Scorpènes já entregues. De certa forma isto poderia ser explicado pela grande experiência adquirida pelos projetistas e construtores europeus com as unidades iniciais. Outra interpretação do cronograma mais “enxuto” seria a exclusão do tempo entre o término da construção em si e a entrega do mesmo ao setor operativo da MB.

Por outro lado, uma comparação mais realista seria feita entre o PROSUB e o programa em desenvolvimento na Índia, pois este último país, assim como o Brasil, exigiu a construção dos submarinos em seu território.

O cronograma inicial de construção dos Scorpènes indianos previa, antes do início dos trabalhos, um período de seis anos. Este tempo é superior ao divulgado pelo ministro para o S-BR. Porém, os atrasos já mencionados acima empurraram o término da primeira unidade indiana para 2014.

É possível que o Brasil realmente ganhe tempo na construção dos S-BR baseado na experiência prévia da França na fabricação de outros Scorpène. Torçamos também para que os problemas ocorridos na Índia não aconteçam aqui e que a eterna contingência de recursos, tão intrínseca no Brasil, não alongue mais este programa.

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Corsario 01

Nós brincamos, mas tinha sub nuk russo com banheira de hidro sim.hehehehehehe

Vamos torcer para que os nossos 15 Scorpenes BR sejam tudo de bom para a MB e para nós, evidentemente.

COMANDANTE MELK

Senhor Poggio,

excelente matéria jornalística, parabens ao Blog.

Lucas Calabrio

Prezados
Sugiro que passemos a debater o sub como um todo desde eletronica, armamentos,casco, hidrodinâmica e coeficientes, e quem sabe beliche kkk
brincadeira hornet
Abraços

CADU

Boa Noite a Todos.
Ué!!!, estes 5 metros, não eram para colocar uma hidromassagem, e uma sauna a vapor para maior conforto dos submarinistas???. Agora não entendi nada!!!
Saudações.

junior44

da uma lida galante porfavor comente
https://www.mar.mil.br/menu_v/sinopse/C … 092009.htm

gerson

Caros amigos,

Sobre a informação de que os sub do Brasil serão 5 m maiores do que seus pares, fica a pergunta para que este espaço de 5 metros? seria para alocar mais torpedos e misseis? seria para melhorar o espaço para a tripulação? colocariam lançadores vls para os MT300? ou um reator nuclear? rsrs

Hornet

Gerson,

pelo o que eu soube (acho que foi o LM que escreveu isso aqui no blog mesmo, ou o Castor, agora não me lembro quem foi) é para se ter mais espaço para a tripulação (mais “conforto”, digamos assim) e também mais espaço para as baterias e outros equipamentos eletrônicos. Que eu saiba, não tem nada a ver com os torpedos. O que eu sei é isso…

forte abraço

URUTAU

Senhores

me perdoem mascreio qye depois disto nossas ilusões acabam
olhem isto por favor

http://defesabrasil.com/site/noticias/defesa/jobim-vai-a-guerra.php

SDS Senhores

Callia

Castor. O Livro que trata do assunto é um Tratado de Fisiologia chamado Gyton , é o livro de fisiologia padrão na maioria das escolas médicas brasileiras , existe um bom livro também que se chama Wildneress Medicine que trata das reações fisiológicas humanas em condições adversas extremas(olho azul por exemplo é mais adaptado a enxergar em ambientes escuros com noites longas como no caso dos paises saxoes daí a menor sensibilidade à falta de luz ,porém é a maior sucebilidade à desenvolver glaucoma e catarata em ambientes tropicais, a pele clara dá maior passagem à raios solares o que… Read more »

Nunão

Pois é Marujo: aproveito para ressaltar que a matéria complementa, atualiza e aprofunda uma outra, de setembro de 2008, publicada neste mesmo Blog e com o mesmo teor (vide link no final da matéria).

marujo

Parabéns ao blog, que com essa matéria começa a resgatar sua credibilidade um tanto questionada nos últimos tempos.

URUTAU

Senhores

ainda em tempo secretaria de compras da defesa ?
advinhem muito dinheiro muitas pessoas ricas da noite para o dia infelizmente devo dizer

SDS Senhores

Lucius Clay

Achei muito interessante a informação citada pelo Gerson, Castor e outros colegas aqui do fórum sobre os 5 m a mais nos submarinos convencionais brasileiros…

Outro comentário interessante também foi do Hornet,

Acrescento um ponto que considero importante, acho que da forma que está em construção não somente de um por vez, quer dizer que o estaleiro poderá fazer mais de um ao mesmo tempo e isso é muito bom.

Meus agradecimentos ao blog pelo espaço de discussão que naturalmente um espaço democrático.

GUPPY

Muito boa matéria. E essa idéia de colocar os beliches na longitudinal já é uma modificação importante porque, digamos assim, fica compatível com o que sempre foi. Ninguém da guarnição vai correr os riscos citados neste Blog.
Abraços.

Callia

Sobre beliches e reatores nucleares! acho válido aumentar o espaço de conforto , nunca servi à bordo de submarino mas imagino que o stress fisico e ocupacional seja imenso , alterações em ciclo circadiano(ciclo biologico dia/noite que define grande parte das funções orgãnicas e psicológicas) , e tudo mais que acarreta a falta de luz natural e e o trabalho em ambiente restrito.Já é sabido que o minimo de melhora nas condições de trabalho aumenta extremamente o rendimento das tripulações.Os soviéticos perceberam isso antecipadamente(questão das banheiras e academias), o tabalho fisico não laboral(academia por diversão) libera endorfinas no organismo que… Read more »

Flavio

Excelente matéria, meus parabéns.

Esta foi imparcial e propôs a discussão do que realmente importa – OS NOSSOS SUBMARINOS.

Acho que o caminho é esse. Acompanhar o desenvolvimento do Sub-Br, e não ficar chorando por alemãs.

Mas, todo debate é bem vindo, afinal, isso é democracia.

BRASIL!!!

Castor

Callia
Interessante seu comentário.
Pode citar alguma fonte para consulta? Principalmente da parte dos latinos serem mais sensíveis a essas variações.
Só para acrescentar um pouco de humor, quando faço palestras a leigos eu costumo dizer que trabalhar em um submarino é como estar em um grande big brother, só que não tem mulher, nem sol nem bebidas e festas.

Hornet

Também gostei da matéria. Acho que é bem mais concreto discutirmos sobre tais questões, prazos, cronogramas e “espaços para imprevistos”. Mas de forma concreta, como está na matéria. O que eu gostei, ao comparar o tempo de construção dos Scorpenes de outros países com o nosso cronograma (a visualização e a comparação ajudam neste caso), foi detectar que estaremos construindo até 3 subs Scorpene simultaneamente (certamente em estágios diferentes de construção). Ao meu ver, isso dá uma boa margem para lidar com os “imprevistos” (de qualquer natureza), que sempre ocorrem neste tipo de projeto, mas é impossível prever (pois são… Read more »

Claudio

Os 5 metros a mais são para baterias (aumentando o alcance) e para aumentar a área habitável.

luciano

“Sobre a informação de que os sub do Brasil serão 5 m maiores do que seus pares, fica a pergunta para que este espaço de 5 metros? seria para alocar mais torpedos e misseis? seria para melhorar o espaço para a tripulação? colocariam lançadores vls para os MT300? ou um reator nuclear? rsrs” Agora acorda um pouquinho tá 😀 o reator não tem só comprimento, ele tem também largura e altura, que acaba por ser incompatível… O espaço serão para armazernar mais baterias e almentar a autonomia do submarino (não sei se vai ter melhora no conforto da tripulação mas,… Read more »

Roberto CR

junior44

Seu link está quebrado.

Abs

Claudio

Um dos fatores que atrasaram na India a fabricação dos sub, foi a falta de pessoal capacitado para receber a transferência de tecnologia.
Um problema que pode acontecer com o Brasil, esperemos que as lições sejam aprendidas.

Robson Br

01/09/2009 – A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). Senado, aprovou nesta terça-feira (1º) autorização para contratação pela União de empréstimo externo no valor de 6 bilhões de euros junto a um consórcio de bancos para financiar a construção de submarinos e para equipar as Forças Armadas

Castor

Gerson e Hornet
O comprimento maior é para aumentar o conforto, colocando os beliches na longitudinal e para aumentar os tamanhos dos tanques de óleo. Não tem nada com baterias.

Hornet

Castor,

grato pela informação. Vc já tinha falado isso, é que não me lembrava direito…enfim, chutei na trave!

Mas nem me fala mais em beliches aqui…hehehe

abração

Castor

Muito interessante.
Vou fazer algumas pesquisas e mandar um médico estudar o assunto.
Muito obrigado