Construção comercial corta custos das novas fragatas dinamarquesas

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A Dinamarca bateu a quilha da primeira fragata de patrulha (clicar na ilustração) de 6.600 toneladas, no dia 2 de junho de 2008, no estaleiro Odense Steel Shipyard (OSS). A construção dos próximos dois navios começará em 2009 e 2010, respectivamente, e a prontificação em 2010, 2011 e 2012.
As três fragatas vão custar aos contribuintes dinamarqueses US$ 997 milhões, sem o armamento. O baixo custo de obtenção dos navios é possível porque sua construção está sendo feita por um estaleiro civil, a OSS, que é um dos líderes em construção naval na Europa, seguindo “commercial shipbuilding standards” . Muitos dos blocos de construção das fragatas serão produzidos em estaleiros na Lituânia e Estônia, que pertencem à OSS, resultando em economia de até 46%.
A idéia de construir navios de guerra seguindo padrões comerciais tem ganhado força nos últimos anos, pois as marinhas têm buscado todos os meios de reduzir os custos de projeto e construção.
A OSS entregará os navios à FMT (agência de aquisição e logística de materiais de defesa da Dinamarca) com os certificados completos como navios civis, sem o armamento. A integração dos sistemas de combate será feita posteriormente pela FMT e levará dois anos para ser terminada, fazendo com que as fragatas estejam operacionais em 2012, 2013 e 2014.
Em termos de design, as novas fragatas dinamarquesas terão um casco semelhante à classe “Absalon”, que a OSS construiu e entregou em 2004 e 2005. Mas seu sistema de combate será especializado na guerra antiaérea, centrado em lançadores VLS Mk.56 e Mk.41, para mísseis ESSM (Evolved Sea Sparrow) e Standard SM-2 Block IV ou SM-3, para defesa contra mísseis balísticos. A Dinamarca planeja juntar-se ao grupo de estudos do míssil de defesa de teatro marítimo, com a Alemanha, Espanha e Holanda.
As fragatas serão equipadas com a suíte Thales Anti Air Warfare, que consiste do radar APAR multifunção, capaz de guiar múltiplos mísseis ESSM e SM-2 simultâneamente contra múltiplos alvos e o radar SMART-L, com alcance de 400km, capaz de detectar e rastrear milhares de alvos simultâneos, até mesmo os stealth. A suíte Thales Anti Air Warfare equipa também os últimos navios defesa aérea da Holanda e Alemanha. O sistema de controle tático dos navios será o C-Flex, da empresa dinamarquesa Terma.
Com a entrada em operação das novas fragatas, juntamente com os navios da classe “Absalon”, a Dinamarca estará apta a participar de forças expedicionárias da OTAN, com considerável capacidade de comando e controle e de defesa aérea.

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Baschera

Já tinha lido algo á respeito. Excelentes plataformas, porém não são multifunção como se pretende construir (??) por aqui. O sistema de construção e posterior armamento por outra empresa, também é inovador e redutor dos altos custos deste tipo de plataforma. Alguém aí sabe sobre a capacidade do sonar das fragatas ??
Sds.

Voluntário da Pátria

Como assim? Construída em estaleiro civil, algum problema? Que são Padrões comerciais de construção, qual a diferença para construção “normal” de uma belonave? Fragatas são navios de combate, precisam ser projetas para sofrer danos e não sucumbirem,diferente de navios civis. É isso?

Nunão

Mais uma pro clube APAR – SMART-L. Bacaninhas, mas ainda gosto mais das Zeven, só pra não dar o braço a torcer.
Dá pra ver que têm propulsores auxiliares laterais, ou “bow thrusters”. Queria entender porque os dinamarqueses gostam tanto (ou precisam) deles em suas escoltas / patrulhas etc, pois também estão nas Thetis e Absalon – que aliás são classes de múltiplo emprego, e bota múltiplo nisso. Interessante.

Douglas

A MB deveria pedir algumas informações sobre esse projeto. Interessante. 1 bi pelas tres ta ótimo. ou é 1 bi a unidade????

Nunão

Um bi as três, segundo a notícia. Mas sem o armamento. Como armamento, sensores e outros recheios especiais (e no caso específico são sofisticados sistemas de defesa de área) podem chegar a custar 2/3 do custo de um navio de guerra moderno, no fim das contas…

Jorge

Qual será o critério para colocar na proa um canhão de 76mm e um de 114mm ou será 127mm?

Baschera

Nunão,
Bem lembrado, sobre os propulsores laterais.
Acredito ser por que o litoral deles é muito recortado e cheio de fiordes e canais por vezês estreitos. Também pelo caso de se necessitar manobrar o navio em lugar ermo e desprovido de meios em todos os lugares (rebocadores). Quando estive na Holanda, reparei um pequeno barco que me pareceu ser Norueguês, em reparos no porto de Roterdam, que também tinha o mesmo sistema.
Sds.

daniel

Queria saber qual o segredo dos dinamarqueses para fazer navios mais baratos que o de outras marinhas, vejam o preço de um destroier americanos por exemplo, ou mesmo, da zeven holandesas, que por sinal acho os navios mais elegantes atualmente, com equilibrio em equipamentos e armamentos perfeito.

agora para uma marinha como nossa navios como os da Class Absalon nao seriam ideais?

Nunão

Realmente, a utilidade de bow thrusters normalmente é ajudar o navio a docar, agora se lá da Dinamarca (não confundir com Cundinamarca, curioso nome de um departamento Colombiano) os caras têm usos adicionais pra eles, eu já não sei. Quanto a preço, sei não, o do navio “pelado” não tá com cara de ser muito diferente dos bons estaleiros comerciais do ramo, sejam eles na Dinamarca, na Alemanha ou especialmente na Coréia do Sul, que eu acho que deve oferecer o melhor custo-benefício do mundo, mas isso já é departamento do Ostra. Mas esse sistema de fazer as seções nos… Read more »

Bosco

Jorge, realmente estranho este “critério” de terem 1 canhão de 127mm e um de 76. Além de outro de 30 ou 35 à ré. Deve ser para dar tiro de longe, de média distância ou de curta distância. Ou então para causar grande dano no alvo, dano médio ou pequeno. Estes dinamarqueses são birutas. Nunão, estes bow thruster geralmente são associados a propulsores azimutais ou a stern thruster para que o navio possa se deslocar lateralmente. Só os laterais de proa é também um critério interessante (ou a falta de). Eles associados a motores convencionais de eixo rígido não permite… Read more »

José da Silva

Permite sim, Nunão é que ai vai demandar, mais pratica, mais tempo e principalmente mais talento do pratico (se for o caso), dos oficiais, mestres e timoneiros que estiverem na manobra. Quanto mais recursos ($$$), mais equipamento, mais facil sera a manobra. Notar que em navios Graneneleiros e Tanque (Mercantes), proporcionalmente o numero de navios assim equipados é muito menor, porque, em especial no caso dos Graneleiros o retorno financeiro é muito lento e incerto para compensar esse custo na construcao. Isso é só para armador top de linha. Navios de Cruzeiros, quer dizer hoteis flutuantes, tem uma rentabilidade absurda… Read more »

Nunão

Valeu as infos, Zé. A afirmação sobre prescindir de rebocadores nem era minha, mas fica como se fosse!

Nunão

Aproveitei pra olhar o perfil um pouco melhor – pena que a imagem 3D não dá pra ampliar. Retiro uma porcentagem do “bacanhinha” que eu coloquei lá em cima: realmente o navio tem um quê de “show room” de armamento de tubo, o que é um tanto estranho – apesar de que os reparos superpostos à vante da superestrutura me agradem no aspecto da tradição, mas não nessa combinação de calibres e nessa distribuição. Enfim, deve haver algum porquê, é claro. Mas ponto a favor, a meu ver, para o que parece ser a instalação dos VLS, a meia-nau. Apesar… Read more »

Mauro Lima

estes bow thruster não poderiam ajudar numa eventual manobra evasiva contra torpedos, por exemplo.

lembro que na União (fragata em que servi) havia um complexo esquema de manobras para esse fim, disponível para o Oficial na ponte… e quanto mais rápido for possível reposicionar a “espinha dorsal” do navio, maiores as chances de escapar do fatídico final!