Reportagem do jornal britânico “The News” de Portsmouth fala de mais uma reviravolta no programa de porta-aviões britânico, avaliado em 6 bilhões de libras. Mas, ao contrário do que o título e a primeira frase da reportagem (The government is set to perform another U-turn in the Royal Navy’s £6bn aircraft carrier programme) essa reviravolta não se refere a abandonar novamente o F-35B  (de decolagem curta e pouso vertical, que oferece maior flexibilidade porém é mais cara de adquirir e operar) e voltar mais uma vez ao F-35C (versão para navios-aeródromos dotados de catapulta e aparelho de parada, que oferece maior alcance e é mais barata).

A própria decisão de manter a ideia inicial de operar o F-35B levou, isso sim, a outra “reviravolta” que está agradando mais aos almirantes ingleses: o plano de colocar na reserva um dos dois porta-aviões de 65.000 toneladas logo após o comissionamento (medida de economia da revisão dos planos de defesa de 2012) está sendo abandonado, e ambos deverão ser mantidos na ativa após o comissionamento, garantindo que a Marinha Real Britânica (Royal Navy) sempre tenha um deles disponível a qualquer momento.

Assim, tanto o HMS Queen Elizabeth quanto o HMS Prince of Wales deverão entrar em serviço operacional no final desta década, como originariamente planejado pelo Governo Trabalhista anterior. Essa notícia vem após a recente decisão de adquirir o F-35B, que eliminou a necessidade de se instalar catapultas e aparelhos de parada em pelo menos um dos navios (o Prince of Wales) para operar o F-35C, o que custaria 2 bilhões de libras em adaptações e deixaria na reserva a outra unidade, que não receberia os equipamentos.

Segundo declaração de uma fonte da Defesa ao “The News”, “as suposições do planejamento são de quem ambos os porta-aviões agora entrarão em serviço.” Essa mudança deverá ser confirmada na próxima revisão de defesa, em 2015, e está sendo bem absorvida pela Marinha por oferecer uma capacidade de porta-aviões contínua, ao longo de todo o ano (quando uma das unidades entrar em manutenção, a outra estará operando). Um porta-voz do Ministério da Defesa Britânico afirmou: “Estamos planejando colocar o primeiro dos dois porta-aviões em provas de mar em 2017. A decisão a esse respeito para o segundo navio será tomada durante a próxima revisão da estratégia de defesa em 2015.”

A mudança nos planos também deverá garantir centenas de empregos na  BAE Systems de Portsmouth para trabalhos de manutenção e reparo, já que a força de trabalho temia um maior número de demissões após o final da construção dos navios em 2014 – as revisões da empresa em relação ao seu negócio de construção naval geraram rumores de até 1.300 demissões na cidade.

FONTE: The News Portsmouth (tradução, adaptação e edição: Poder Naval)

NOTA DO EDITOR: com os dois porta-aviões na ativa e na mesma configuração para operar caças STOVL (ao invés de apenas um equipado com catapultas e aparelho de parada e o outro na reserva), a Marinha Real poderá ter sempre um dos navios em operações, enquanto outro realiza manutenção. É a velha máxima de que, devido às necessidades de manutenção dos meios, “quem tem um não tem nenhum” e, quem tem dois, pode ter sempre um.

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