França confirma: em 2017 sai o projeto de sua ‘fragata de tamanho intermediário’ – FTI

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Fregate de Taille Intermediaire
Concepção da FTI – Fregate de Taille Intermediaire

 

O Ministério da Defesa francês confirmou oficialmente, na segunda semana de abril, que sua Marinha terá, dentro de dois anos, o projeto final de uma nova classe de embarcação: as chamadas frégates de taille intermediaire (fragatas de tamanho intermediário) – mais conhecidas, hoje, pela sigla FTI.

No ano de 2025 essas unidades deverão compor a força de 15 fragatas que os franceses planejam possuir.

Estima-se que a Marine Nationale possa receber entre quatro e cinco exemplares do modelo FTI, que substituiriam as cinco fragatas classe “La Fayette”, de 3.600 toneladas e design stealth, incorporadas no período de 1996 a 2001. O comando da Marinha francesa estabeleceu um prazo limite de 30 anos para que seus navios de águas azuis permaneçam na ativa.

Em função disso, pode-se dizer que a década de 2020 será um período de grande renovação para os meios de superfície da esquadra francesa. Pois além das fragatas “La Fayette” também estarão sendo desativadas as fragatas leves tipo Flóreal (na verdade, super-corvetas de 2.950 toneladas), que entraram em operação a partir de 1992.

La Fayette - 7
Fragata “Surcouf”, da classe La Fayette, comissionada pela esquadra francesa em 1993. Na primeira metade da década de 2020 ela deve estar sendo desativada.

 

Essa informação é especialmente importante para esquadras que, no final da presente década, poderiam, eventualmente, vir a considerar a aquisição de navios usados, como a brasileira.

O interesse do governo francês pela fragata de tamanho intermediário foi anunciado, pela primeira vez, em junho de 2013, pelo então ministro da Defesa Jean-Yves Le Drian (hoje ministro do Exterior). O programa FTI está a cargo de um grupo de empresas liderado pelo estaleiro DCNS.

Dúvidas – Nos corredores do comando da Marinha francesa, a FTI é tratada como uma versão simplificada da FREMM (Fragata Europeia Multi-Missão) Aquitaine, de 6.000 toneladas, comissionada em novembro de 2012.

Fremm-Aquitaine
FREMM “Aquitaine”. A Marinha francesa espera que a DCNS se espelhe nesse navio para projetar a classe FTI

 

A fragata intermediária deverá ter cerca de 3.500 toneladas, canhão de 76 mm na proa e dois sistemas de mísseis, sendo um deles de menor porte e complexidade, para defesa de ponto. Entretanto, há muito mais dúvidas do que certezas nesse projeto.

A principal pergunta, nesse momento, é qual o tipo de alcance desejado para o sistema de armas principal do navio. A resposta irá determinar se a FTI transportará, ou não, silos para o lançamento vertical de mísseis.

Outra questão: em que medida o navio estará capacitado contra ameaça submarina. Dessa definição dependerá a especificação de um único sonar de casco para a guerra antissubmarino, ou a previsão de operação de dois sonares, sendo um rebocado, de profundidade variável.

Sejam quais forem essas definições, a DCNS acredita que o lançamento no mercado, no fim dessa década, de um navio orçado entre 400 e 500 milhões de Euros, encontrará mercado entre as Marinhas de médio porte da Europa, do Oriente Médio, da Ásia e até da África e da América Latina.

Cenário – Os altos custos da mão-de-obra na França têm reduzido o mercado dos projetos franceses de embarcações com porte acima de navio-patrulha costeiro.

Na América do Sul, por exemplo, as Marinhas do Brasil, Peru e Colômbia devem fechar a renovação das suas frotas de superfície com o estaleiro espanhol Navantia. O Chile mantém uma ligação especial com a indústria naval britânica. Na Argentina a tendência é a da encomenda, na China, de três patrulheiros com capacidade de guerra antissubmarina; o Uruguai deve fechar uma compra de OPVs com os alemães do estaleiro Lürssen.

Nesse cenário restaria aos franceses a pequena Armada do Equador, que planeja, efetivamente – para o início da próxima década –, a modernização da sua flotilha de navios porta-mísseis leves.

A Venezuela não é opção para os estaleiros ocidentais, por causa do veto do governo americano à venda de sistemas de armas sensíveis para o Regime Chavista.

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Fernando "Nunão" De Martini

Esta nova matéria se soma às informações que já havíamos trazido em 2013 aos leitores do Poder Naval sobre a redução de três unidades da encomenda do modelo FREMM. Na ocasião, o MD francês reduziu a quantidade até então pretendida de 18 fragatas de primeira linha, das quais 11 seriam FREMM, para 15 um total de navios, o que também limitou a encomenda de FREMM a 8 unidades. A redução na encomenda de FREMM foi seguida pelo anúncio de que se desenvolveria uma fragata de porte menor, mais barata, para permitir a continuidade da substituição de navios que darão baixa,… Read more »

Fernando "Nunão" De Martini

Projetando o início da próxima década, o resumo da história é que, quando as FREMM terminarem de compensar a baixa das velhas fragatas das classes Georges Leygues e Cassard (o primeiro navio da já foi desativado e hoje é parte de um “quebra-mar” à frente da Escola Naval francesa – http://www.naval.com.br/blog/2014/11/17/ex-georges-leygues-agora-e-parte-de-quebra-mar-da-escola-naval-francesa/), a composição de fragatas de primeira linha da Marinha Francesa deverá ficar assim: 2 Horizon 8 FREMM 5 La Fayette Total de 15 fragatas da chamada primeira linha – lembrando que, das FREMM, frequentemente se fala que duas serão de versão com maior capacidade antiaérea – a DCNS em… Read more »

Lyw

“… Na América do Sul, por exemplo, as Marinhas do Brasil, Peru e Colômbia devem fechar a renovação das suas frotas de superfície com o estaleiro espanhol Navantia…”

Será que já é tão certo assim? Achei que os alemães estivessem muito bem no páreo!

daltonl

Nunão…

uma outra possibilidade para se chegar ao “15” seria
2 Horizon + 7 FREMM + 2 FREDA + 4 FTI.

Umas das FREMM a Normandie será vendida ao Egito e
como ainda se fala na substituição dos 2 Cassards por uma variante da FREMM, talvez acabe saindo mesmo 2 FREDAS.

Só não sei se os franceses virão a considerar suas La Fayettes como “de primeira linha”, no momento não, mas,
para efeitos “estéticos” eles bem podem vir a considerar.

abs

Iväny Junior

Olho nas La Fayette… Podem ganhar bandeiras verdes e amarelas se descomissionarem antes do previsto.

Alex

Sinceramente, acho que ninguém hoje é capaz de vislumbrar como seria uma guerra global. Penso que depois dos mísseis, bombas guiadas, subs nucleares e tropas especiais de tudo quanto é tipo. Hoje, é muito difícil projetar como se desenvolveria uma guerra com tanta tecnologia e complexidade operacional. Mas diante de tantas bombas poderosas, incluindo-se as atômicas de uso “tático”, enveredar por meio de frotas com meios de alta tonelagem, talvez venha a ser besteira, o mesmo para aviões caça bombardeios com grande carga, acima de 8 tons. Talvez navios com peso intermediário e alta tecnologia, mesmo que carregado com poucos… Read more »