Outras inclusões realizadas neste mês foram dos sistemas de controle tático e de armas SICONTA Mk II, III e IV. Neste ano e nos anteriores, alguns produtos foram incluídos ou tiveram suas nomenclaturas alteradas conforme seu desenvolvimento, como os mísseis Mansup, MSS 1.2 AC e baterias para submarinos, entre outros

Na Portaria Nº 2.322/GM-MD, de 19 de junho de 2018 publicada no Diário Oficial da União na última quarta-feira, o Ministério da Defesa incluiu diversos equipamentos e armamentos na lista de Produtos Estratégicos de Defesa, iniciada em novembro de 2013.

Dentre os tipos de produtos listados nesta última alteração, chamou a atenção o sonar de casco KingKlip da empresa Omnisys Engenharia Ltda., que desde 2006 iniciou uma associação com o grupo francês Thales, do qual tornou-se subsidiária em 2011.

O KingKlip do grupo Thales é um sonar de média frequência, ativo e passivo, para instalação em cascos de navios de médio porte. Segundo o grupo, o produto tem alto desempenho na luta antissubmarino (ASW), especialmente nas condições difíceis de águas litorâneas, oferecendo capacidade ASW simultaneamente a alerta antecipado de ameaças de torpedos.

No final de janeiro de 2016, a Omnisys inaugurou em suas instalações de São Bernardo do Campo (SP) um Centro de Excelência em Sonares no Brasil, visando a futura produção no Brasil de transdutores eletroacústicos. Trata-se de um componente-chave para diversos tipos de sonares, pois faz a transformação da energia acústica das ondas sonoras em sinais elétricos.

Conforme divulgado no evento de inauguração, ao qual o Poder Naval esteve presente, o objetivo final da empresa era produzir vários tipos de sonares do Brasil, a partir de investimento feito pelo grupo Thales em sua subsidiária brasileira.

Especificamente, o objetivo mais próximo informado no início de 2016 era oferecer o sonar de casco KingKlip para o programa das corvetas classe Tamandaré. Em dezembro de 2017, esse processo de investimento (20 milhões de reais) e desenvolvimento levou a empresa a ser totalmente qualificada para a produção local de transdutores no seu Centro de Excelência em Sonares, tornando-se, segundo informe do grupo, “a primeira empresa a construir uma infraestrutura industrial capaz de fabricar equipamentos de Sonares no Brasil”. A qualificação envolveu testes realizados na piscina do Instituto de Pesquisa da Marinha (IPqM), um dos principais parceiros da empresa.

Sonar Kingklip de média frequência da Thales, que opera no modo ativo e passivo para navios de superfície, fragatas ou corvetas – Foto: Thales

Segundo a área Thales Underwater Systems do grupo francês, o KingKlip tem peso de 1,4 tonelada, altura de 0,7 metros e diâmetro de 1,2m, o sonar opera no modo ativo na faixa de frequência média entre 5250 e 8000 Hz, nos pulsos FM Hiperbólico, CW e combo, em comprimento de pulso de 60 ms a 4s e escala de alcance entre 1 e 72 kYds. As funções passivas de vigilância em todas as bandas, LOFAR, DEMON e canais de áudio, entre 1000 e 8000 Hz.

Siconta e outros produtos – Dentre os equipamentos incluídos na semana passada na Produtos Estratégicos, também chamou a atenção os sistemas de controle tático e de armas Siconta Mk II, III e IV, da empresa CONSUB Defesa e Tecnologia Ltda. A Consub é uma empresa criada em 1980 e adquirida em 2017 pela Adhara Defesa e Segurança, empresa do Grupo ATP Participações, com o objetivo de, a partir de uma nova estrutura societária, tornar a Consub uma empresa 100% brasileira e também uma Empresa Estratégica de Defesa.

A Consub é especializada em soluções em tecnologia, especialmente integração de sistemas navais, sendo responsável pelo desenvolvimento, instalação, integração e testes de Sistemas de Comando e Controle de Armas para navios como as fragatas classe “Niterói” (Siconta Mk II), a corveta Barroso (Siconta Mk III), o NAe São Paulo (Siconta Mk IV) e para navios-patrulha de 500 toneladas.

Displays do SICONTA no COC da fragata Niterói

Em outras portarias publicadas na última quarta-feira, foram incluídos os cartuchos CBC 30CAR ETOG 110GR MIL, da Companhia Brasileira de Cartuchos (onde consta no catálogo de munição para fuzis e metralhadoras da empresa). Também o item “Manutenção preventiva nos painéis da propulsão azimutal de bombordo e boreste” da empresa WEG Drives e Controls – Automação Ltda, quatro tipos de estações meteorológicas da Hobeco, e Simulador de operações aéreas militares (SOPM) da Atech.  Outra portaria do mesmo dia incluiu as já citadas Consub, Weg e  Homeco no rol das Empresas Estratégicas de Defesa.

Mísseis, baterias e outros – Já na portaria nº 88/GM/MD, de 11 de janeiro deste ano, passaram a fazer parte da lista de Produtos Estratégicos de Defesa o projeto do Míssil Mansup (antinavio) na nomenclatura “ativo de informação” e o Míssil Superfície-Superfície 1.2 Anticarro (MSS 1.2 AC) na nomenclatura “mísseis guiados”, ambos da empresa SIATT. Vale acrescentar que, nesses dois casos, os produtos já estavam incluídos, e provavelmente se tratou de uma mudança na nomenclatura e razão social da empresa envolvida. Da Avibras, foi incluído o Projeto Sistema Míssil para Combate Aéreo  A-Darter, como “ativo de informação”.

A Bateria 31DD16 da empresa New Power (recredenciada em portaria do mesmo dia devido provavelmente à mudança da razão “New Power Sistemas de Energia S.A” para “New Power Comércio de Sistemas de Energia e de Defesa Estratégica”) foi incluída na nomenclatura “Equipamentos de propulsão de navio”. Já a bateria denominada 31DD6, assim como seus acessórios, destinada a submarinos Classe “Tupi” e “Tikuna”, estava incluída desde junho de 2016 pela portaria nº 708/GM/MD. Outros produtos, incluindo o Vant Zangão V (empresa Skydrones), Aeróstato ADB-A-250 A (Airship), radares e diversos equipamentos relacionados (Omnisys), e mais empresas envolvidas podem ser vistos clicando nos links das portarias já mencionadas acima e navegando para as páginas seguintes do Diário Oficial da União.

Em setembro de 2017, foram incluídos diversos produtos como lançadores de torpedos e de bombas de profundidade da empresa ARES, softwares da Atech e Defil, serviços de manutenção de vários itens do caça F-5 EM/FM (empresa IAS), VANT Caçador (Avionics), contramedidas (IACIT) e diversas munições da Imbel, contratos de transferência de tecnologia para montagem de plataforma de manutenção do sistema de combate de submarino (Exute), entre outros.

Entenda o que são Empresas e Produtos Estratégicos de Defesa – Em 28 de novembro de 2013 foi publicada no Diário Oficial da União a Portaria nº 3.228 do Ministério da Defesa, que credencia Empresas Estratégicas de Defesa – EED. A Portaria, datada do dia 27, foi assinada pelo ministro da Defesa, Celso Amorim. Estar na categoria de EED representa, entre outras vantagens, a redução de tributos para as empresas, num regime tributário especial. Clique aqui para conferir a íntegra do Decreto 8.122/2013, que regulamenta o Regime Especial Tributário para a Indústria de Defesa. 

São considerados Produtos Estratégicos de Defesa os que, pelo conteúdo tecnológico, pela dificuldade de obtenção ou pela imprescindibilidade, sejam de interesse estratégico para a defesa nacional. Para saber mais sobre as primeiras empresas e produtos credenciados, clique aqui para acessar matéria publicada no Blog das Forças Terrestres em novembro de 2013.

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Larri Gonçalves

Gostaria de saber onde anda os misseis ar-ar (piranha A e B), MAR-1(antirradiação), Radar de bordo SCP-1 (scipio), enfim tem outros produtos da antiga Mectron, ao que parece colocaram na geladeira, esta empresa estava com a odebrechet, falava-se que estaria agora sob o controle da Elbit, são produtos e desenvolvimentos de suma importância para o Brasil, que sumiram.

Alex Nogueira

O Piranha B já devia estar sendo produzido aos montes, pela especificação é para ser um bom míssil… é uma pena que tudo que se diz respeito a defesa seja negligenciado pelo governo.

LucianoSR71

“passaram a fazer parte da lista de Produtos Estratégicos de Defesa o projeto do Míssil Mansup (antinavio) na nomenclatura “ativo de informação”
– Alguém poderia me explicar o que isso ( ativo de informação ) significa na prática?
Obs.: isso também aparece ref. ao A-Darter.

Nilson

Luciano, enquanto não aparece quem entende de verdade do assunto, chuto o seguinte (acho que é um bom chute…): – são ativos de informação porque ainda são projetos, não teria como classificar como um produto (míssil) que ainda não está concluído. Veja que no caso do MSS 1.2 (anti-carro) a nomenclatura já é “mísseis guiados”, e no nome do PED (produto estratégico de defesa) já consta “míssil”, e não “projeto”, como no caso do ManSup e A-Darter. Fica aí uma boa diversão, acompanhar no DOU quando o ManSup vai mudar de nome (passar de projeto para míssil), será uma grande… Read more »

LucianoSR71

É uma boa tentativa, mas se o Mansup ainda não foi nem lançado, o A-Darter se ainda não está ativo na Africa do Sul, está quase lá ( tentei acessar o site da Denel p/ me atualizar, mas está fora do ar ), não posso considerá-lo apenas um projeto. De qualquer forma valeu por sua atenção. Abs.

Nilson

Ok, é mesmo só uma tentativa, mas reforço que na Portaria do MD a empresa citada é a Avibras. Trata-se de um regime (uma lei) de incentivo às empresas. Então, parece-me que enquanto a Avibras não lançar (ela própria) o A-Darter ele não pode ser classificado pela legislação brasileira como míssil, pois aqui ainda é projeto. Mesmo que na África do Sul (Denel) já tenha sido lançado (realmente não sei como está por lá).

Juarez

Alex Nogueira 24 de junho de 2018 at 18:48

O Piranha B já devia estar sendo produzido aos montes, pela especificação é para ser um bom míssil… é uma pena que tudo que se diz respeito a defesa seja negligenciado pelo governo.

Infelizmente ainda não é, e está muito longe de ser um 3 g.

Foxtrot

Incluíram um produto estrangeiro, fabricado por um espelho da multi estrangeira em solo nacional ( pois a Onimisys pertence ao grupo Thales, e não é uma simples associação).
Ainda reclamam quando digo que nossos militares não possuem visão estratégica.

Nilson

Fox, talvez não seja assim. Veja o requisito para ser EED (empresa estratégica de defesa, Lei 12.598): “V – Empresa Estratégica de Defesa – EED – toda pessoa jurídica credenciada pelo Ministério da Defesa mediante o atendimento cumulativo das seguintes condições: … d) assegurar, em seus atos constitutivos ou nos atos de seu controlador direto ou indireto, que o conjunto de sócios ou acionistas e grupos de sócios ou acionistas estrangeiros não possam exercer em cada assembleia geral número de votos superior a 2/3 (dois terços) do total de votos que puderem ser exercidos pelos acionistas brasileiros presentes; e” Ou… Read more »

Nilson

Bem, Fox, pesquisando melhor, de 2012 até hoje, na seção 2 do Diário Oficial não saiu o nome da Omnisys como EED. Então, só o produto (sonar) é que foi classificado como PED (produto estratégico de defesa).
Mesmo nesse caso (PED não fabricado por EED) a Lei 12.598, pelo que vi rapidamente, concede alguns incentivos, não tão abrangentes quanto para a EED. Ou seja, de qualquer forma nesse caso não é problema de visão estratégica dos militares, é o sistema legal de incentivo à indústria de defesa funcionando da forma como foi concebido.

Osório

O Missil de cruzeiro MTC-300 não está incluido na lista de produtos estrategicos de defesa ??

Nilson

Ih, colega, são várias Portarias dizendo quais são os PED, estão no link a seguir:
http://www.defesa.gov.br/industria-de-defesa/comissao-mista-da-industria-de-defesa
Aqui no site do Poder Naval não vi nada a respeito, salvo engano. Talvez o pessoal que frequenta mais o Forte saiba de cor.

Nilson

Apenas aproveitando o ensejo para trazer mais informações, a regulamentação da Lei 12.598 (Decreto 7970/2013) traz algumas cláusulas para evitar os prejuízos quando a Empresa de Defesa – ED ou a Empresa Estratégica de Defesa – EED descontinuar a produção ou encerrar suas atividades: “Art. 9º. As ED e as EED, quando participarem de licitações, deverão apresentar garantias para que, no caso de descontinuidade da produção de um PED ou na ocorrência do encerramento da pessoa jurídica relativa à área estratégica de defesa, sem sucessor equivalente que garanta a sua perenidade, seja assegurada a continuidade das capacitações tecnológica e produtiva… Read more »

Bardini

Thales investindo aqui… Isso é o que importa. Que os próximos produtos estratégicos sejam Smart-S MK2 3D e CAPTAS-2, ambos equipando a Classe Tamandaré. Sistemas com escala, testados e que teriam manutenção feita aqui, assegurado mão de obra brasileira, via Omnisys.

_RR_

Boa, Bardini…

Se o interesse surgir, prioridade para o CAPTAS… Vejo como necessidade maior recompor a capacidade ASW da esquadra, posto que teoricamente o enfrentamento a submarinos se constitui na maior possibilidade de engajamento real da força de superfície da MB no futuro previsível, seguido da luta ASuW.

Foxtrot

Ótimas informações Nilson, retiro o que disse e fico mais tranquilo.
Obrigado pelos esclarecimentos.
Se levarem a fio o que está na lei, principalmente nesse seu último post, se torna bem vantajoso mesmo.
Cordial abraço!

Juarez

Sem escala e reforma fiscal, no way…..não sei porque isto me lembra os EC 725, “fabricar, exportar e lero lero, a realidade, bem, ma bem diferente.

Foxtrot

Só uma dúvida, a MB não desenvolveu e fabricou transdutores baseados em cerâmicas piezoelétricas ?
Tendo utilizado os mesmos só SONAP que está em fazer de testes.
Acho que mesmo tendo a opção da Onimisys, não devemos abandonar nosso projeto 100% nacional.
Dando concorrência a um produto nacionalizado.
Assim contaremos sempre com mais de uma opção.

XO

Fox, o projeto do SONAP continua… é um trabalho muito bacana do pessoal do IPqM… abraço…

Camargoer

Olá… minha iniciação científica foi na síntese de materiais para fabricação de transdutores para com o pessoal do IPqM.

Foxtrot

Engraçado que falta catalogado produtos e sistemas como
MAR-01, MAA1-B, SMKB, FPG-82, REMAX, TORC-30, SABER M200/60, SENTIR-M20, OLHAR VDN X1, RDS etc.