O Ulyanovsk (em russo: Улья́новск, IPA: [ʊˈlʲjanəfsk]), designação soviética Projeto 1143.7, foi um porta-aviões cuja construção foi iniciada em 25 de novembro de 1988 como o primeiro de uma classe de superporta-aviões nucleares soviéticos. Ele tinha como objetivo oferecer, pela primeira vez, uma verdadeira capacidade de aviação naval em águas azuis para a Marinha Soviética. O navio teria sido equipado com catapultas a vapor capazes de lançar aeronaves totalmente carregadas, representando um avanço significativo em relação à classe Kuznetsov, que só podia lançar aeronaves menos carregadas a partir de suas rampas. No entanto, a construção do Ulyanovsk foi interrompida em cerca de 40% após a dissolução da União Soviética em 1991.

História

O Escritório de Projeto de Engenharia Nevsky da União Soviética desenvolveu o cruzador de aeronaves pesado de terceira geração Kuznetsov com o caça Su-33 na década de 1980 (projeto 1143.5/ordem 105) e o porta-aviões Varyag (projeto 1143.6/ordem 106). Ao mesmo tempo, em dezembro de 1984, começou a construção do cruzador de aeronaves pesado de propulsão nuclear de grande escala de quarta geração. O número do projeto era “Projeto 1143.7” e o projeto preliminar foi concluído em 1986. Em 25 de novembro de 1988, a “Ordem 107” chamada Ulyanovsk foi transferida para o estaleiro, que estava encarregado da construção no Estaleiro do Mar Negro.

Para isso, o governo soviético alocou recursos para realizar a segunda transformação técnica em larga escala do Estaleiro do Mar Negro, incluindo a construção de uma oficina de montagem e soldagem, permitindo que o casco fosse aumentado em seções para 200 toneladas; Um caminhão-plataforma autopropelido de 350 toneladas foi construído e uma pista de transporte da nova oficina até a rampa foi construída; o comprimento da rampa nº 0 foi aumentado em 30 metros; foi construída uma plataforma horizontal ao lado da rampa com um peso total de 1.700 toneladas. A rampa e a plataforma foram instaladas. Dois guindastes de pórtico, cada um com capacidade de elevação de 900 toneladas, e outros guindastes novos foram instalados, de modo que o número de guindastes usados em toda a rampa chegou a 10; Um canal do Rio Liman foi concluído para garantir que o Ulyanovsk pudesse navegar no futuro.

Fim

Devido à dissolução da União Soviética, o financiamento da Ucrânia era insuficiente e o plano de construção do porta-aviões foi suspenso. Em novembro de 1991, o Ulyanovsk estava apenas 40% completo.

O segundo navio “Projeto 1143.8” originalmente planejado para ser construído também foi cancelado ao mesmo tempo.

O Ulyanovsk foi baseado no Projeto 1153 Orel de 1975, que não passou da fase de projeto. O nome comissionado inicialmente seria Kremlin, mas foi posteriormente dado o nome Ulyanovsk em referência à cidade soviética de Ulyanovsk, que originalmente se chamava Simbirsk, mas foi renomeada em homenagem ao nome original de Vladimir Lênin, pois ele nasceu lá.

Ele teria um deslocamento de 85.000 toneladas (maior que os antigos porta-aviões da classe “Forrestal”, mas menor que os contemporâneos da classe “Nimitz” da Marinha dos Estados Unidos). O Ulyanovsk seria capaz de lançar a gama completa de aeronaves de porta-aviões de asa fixa, pois estava equipado com duas catapultas, além de uma proa “ski-jump” . A configuração seria muito semelhante aos porta-aviões da Marinha dos Estados Unidos, mas com a prática típica soviética de adicionar lançadores de mísseis antinavio (ASM) e mísseis superfície-ar (SAM). Seu casco foi iniciado em 1988, mas a construção foi cancelada com 40% de conclusão em janeiro de 1991 e uma segunda unidade planejada nunca foi iniciada.

De acordo com o Decreto nº 69-R de 4 de fevereiro de 1992, assinado pelo Primeiro Vice-Primeiro-Ministro da Ucrânia Kostyantyn Masyk, em 5 de fevereiro de 1992, o desmonte das estruturas do casco do navio começou. Em 29 de outubro de 1992, a rampa estava livre e o navio (Ordem 107) deixou de existir.

Grupo aéreo

O grupo aéreo do Ulyanovsk seria composto por 68 aeronaves com a seguinte composição planejada:

  • 44 caças, uma combinação de caças Sukhoi Su-33 (Su-27K) e Mikoyan MiG-29K
  • 6 aeronaves de alerta antecipado Yakovlev Yak-44 RLD
  • 16 helicópteros Kamov Ka-27 para guerra antissubmarino 2 helicópteros de busca e resgate marítimo Ka-27PS

O navio era equipado com duas catapultas a vapor “Mayak” fabricadas pela fábrica Proletarian, uma rampa de esqui e 4 sistemas de parada. Para armazenar as aeronaves, havia um convés de hangar de 175 × 32 × 7,9 metros com as aeronaves elevadas para o convés de voo por 3 elevadores com capacidades de carga de 50 toneladas (dois a boreste e um a bombordo). A popa abrigava o sistema de orientação ótica de pouso “Luna”.

Sukhoi Su-33 (Flanker-D)
MiG-29K

FONTE: Wikipedia

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Um Simples Brasileiro

Excelente matéria.

Dalton

É um tanto quanto surreal revisitar revistas e livros da década de 1980 que previam que
até 4 desses NAes estariam em serviço até 2010, dois com a Frota do Norte que eventualmente despacharia um para o Mediterrâneo e/ou África Ocidental enquanto os outros dois pertenceriam a Frota do Pacífico que os despacharia para o Oceano Índico e Mar Arábico contrabalançando a presença de NAes dos EUA por lá.

Kommander

Acredito que se estivessem em operação, os EUA não teriam toda essa liberdade de navegar com seus PAs, como faz atualmente, ou o encontro entre os PAs soviéticos (russos) e americanos seria frequente. Vamos ver daqui com um tempo, já que a China está expandido seu número de NAes.

Dalton

Ainda assim seriam 15 contra 4 – nem todos esses 19 estariam disponíveis por conta de manutenções e treinamentos – já que os EUA se veriam obrigados a manter os 15 que tinha em 1990, com os CVNs 74 e 75 que entraram em serviço respectivamente em 1995 e 1998 substituindo os USSs Forrestal e Saratoga e mantendo encomendas de 2 NAes ao mesmo tempo depois disso para conseguir substituir todos os demais sem decréscimo nos números. . O que já se desconfiava no início da década de 1980 e se confirmou é que a marinha soviética já estava com… Read more »

Kommander

Resumindo: o fim da URSS foi bom para todos. A disputa seria para quem iria colapsar primeiro, e os EUA ganhou.

Augusto

Isso e um fato, só não foi tão bom para os russos nos ano 90, o pais estava completamente falido, faltava de tudo lá. Que isso sirva de lição para os adoradores do comunismo.

Felipe

Lição aos adoradores do comunismo: Neoliberalismo quebrou a Rússia!

Kommander

Isso é fato, tanto a Rússia quanto as ex-republicas soviéticas passaram perrengue nos anos 90, muito por conta da desorganização da “organização” e mudança de sistema para o quase capitalismo.

José Rodrigo

Comprador de produto chinês????

Augusto

Claro, por que não, se for mais barato e for de boa qualidade por que não? Uma das maravilhas do capitalismo e a que a concorrência tende a baratear os produtos e melhorar a qualidade dos mesmos. Há também liberdade do poder de compra, coisa que não existia na finada URSS.

Sblogniev

O PIB da Rússia é meno do que o do Brasil.

André Macedo

Hoje temos duas nações ex-URSS em guerra, com ambas usando equipamento projetado e/ou produzido pelos soviéticos, bem surreal se parar pra pensar

Last edited 11 meses atrás by André Macedo
Alex Barreto Cypriano

Qual a grande diferença entre os Ulyanovsk e os Kuznetsov? O deslocamento quase dobrado, a motorização (quatro reatores somando 2,4 GWt), duas catapultas de cintura )uma atrapalhando a operação da outra, na prática, apena uma catapulta) e aeronaves de AEW. Ele conservou a ski ramp, portanto na maior parte das vezes lançaria aeronaves com payload limitado. Tentativa desesperada de imitar a capacidade dos Nimitz, sem nunca ter tido as missões dos Nimitz; adivinha se não ia dar com os burros n’água. Toda solução híbrida é problemática: possivelmente vai atender mal aos dois princípios opostos que se propõe mesclar.

Dalton

Talvez se quisesse ter o melhor de dois mundos já que catapultas exigem pessoal extra e muita manutenção e poderiam não funcionar adequadamente em certas situações de extremo frio uma realidade soviética então ter duas ao invés de quatro se teria uma economia substancial e além do mais nem sempre se pode precisar que um avião decole totalmente carregado de armas e combustível daí a rampa. . Interessante os 3 elevadores de aeronaves já que o quarto elevador presente nos NAes da US Navy a partir do USS Forrestal foi considerado excessivo e pouco utilizado servindo mais como área de… Read more »

Alex Barreto Cypriano

Aquele quarto elevador nos Forrestal era um engano notável: ficava no fim da landing Lane e precisava ficar travado no convoo a maior parte do tempo. Não me lembro se essa configuração fora corrigida nos CVs entre o último Forrestal e o primeiro Nimitz…

Neto

Na prática este elevador foi movido para antes das catapultas, permanecendo nos Nimits perto do equipamento de frenagem.
.
UM do lado oposto é que foi descontinuado.

Dalton

Complementando o Neto, apenas os 4 “Forrestal” comissionados entre 1955 e 1959 – nessa época havia 3 estaleiros construindo NAes daí essa grande quantidade em curto tempo – tinham esse elevador no final da pista em ângulo que foi corrigido posicionando-o mais para trás em todos os NAes posteriores.

Alex Barreto Cypriano

Obrigado, senhores. Nos Kitty Hawk a configuração dos elevadores (3 por 1) já era aquela dos futuros Nimitz. E os Ford adotaram três elevadores, apenas, e com a promessa de melhores tempos operacionais. Não duvido: a ilha entre elevadores sempre me pareceu um estorvo justificado pela especiosa divisão da área livre para aeronaves (patio, junk yard, corral, point, the street, the six pack, box, crotch, finger…). Agora, nos Ford ficou melhor.

Otto Lima

A Classe Kitty Hawk já não tinha esse problema, pois o quarto elevador foi reposicionado.

Marcelo

Não acho que na prática teria apenas uma catapulta, já que bastaria lançar uma aeronave de cada vez…
As catapultas laterais dos Nimitz tem a mesma configuração e mesmo as suas catapultas frontais, não creio que lancem 2 aeronaves ao mesmo tempo.

Alex Barreto Cypriano

Ora, só tem as catapultas de cintura pra lançar as AEW que não lançam de ski jump ramp. Lança alternado, tanto nas de cintura quanto nas de proa, mas ainda assim os tempos operacionais não equivaleriam ao de um supercarrier. Os elevadores de armas, salvo engano, estão distantes das catapultas de cintura e a aeronave teria que ir da área de estacionamento/armamento pra catapulta de cintura passando pela landing Lane…

Alex Barreto Cypriano

Ao que se lê na Wikipedia, a catapulta n°4 (a de cintura mais próxima ao bordo do convoo do CVN ianque) não poderia lançar aeronaves com carga subalar completa por falta de ‘clearance’. Aconteceria o mesmo na do CVN soviético? Ademais, a ski ramp pode lançar aeronave com mais carga: basta posicionar a aeronave junto ao JBD mais à ré na trilha 2, que coincide com o JBD da catapulta 1.

Last edited 11 meses atrás by Alex Barreto Cypriano
Alex Barreto Cypriano

Explícito isso que ficou implícito no meu comentário: a marinha soviética não operava do mesmo jeito que a americana, daí que emular as capacidades de um Nimitz seja uma contradição ou a primícia de uma nova forma de operar – coisa que militar, em nenhum lugar desse mundo, gosta de fazer sem muitos e bons motivos. O Ulyanovsk foi a superarma nazista dos soviéticos já adivinhando o colapso. Nós aqui também fizemos o mesmo com planos de operar porta-avioes, segunda esquadra, submarino nuclear e outros mimos bem durante o período de clarividência sobre o colapso da modernização brasileira. Ricardo Salles… Read more »

Last edited 11 meses atrás by Alex Barreto Cypriano
Luiz Trindade

O Yakolev YAK 44-E estava a frente do seu tempo. Teria sido um salto enorme para marinha da ex-URSS. Interessante essa reportagem.

Esteves

Pode ser. Pode ser que tenha Estado tão à frente que levou o próprio estado a interromper. Isso faz pensar o quão longe fomos operando porta-aviões ainda que com recursos limitados (que os soviéticos também tinham mas descobririam mais tarde que dinheiro não é mato) e tecnologia dos anos 1970/80. Operar esses navios não é pra qualquer, provou-se nas Malvinas. Ficou evidente no desmantelamento do estado soviético e, Está cobrando um preço altíssimo dos norte-americanos, vide comentários do Dalton sobre. Biden precisará dos votos dos Republicanos para rolar a dívida norte-americana. Eu sou o presidente da guerra, disse Bush. A… Read more »

Last edited 11 meses atrás by Esteves
Tiago

Acho que a Rússia entendeu bem que um porta aviões p sua política seria totalmente desnecessário.. e que para abater qq um dos EUA não seria missão difícil, então pq porta avioes militares? Se não tem intenção de fazer guerra com ninguém…

Dalton

Lembrei da fábula “A raposa e as uvas”. Não é que a Rússia não precise de um NAe e sim que não tem os recursos necessários, tanto que mais de 10 anos atrás, os mais antigos de blog deverão lembrar-se, anunciou-se que haveria pelo menos um novo em serviço até 2020 com um segundo na fase final de construção e poucos anos atrás voltaram a falar em NAes até 2030, algo que não irá acontecer, mas, fala-se agora em um antes de 2040. . Durante anos negligenciou-se a manutenção do único NAe o “Almirante Kuznetsov” e o resultado foi sua… Read more »

Sblogniev

Esse alvo acabou boiando ou ficou só na prancheta? Esses Russos são patéticos.

Fernando "Nunão" De Martini

Leia a matéria e vai descobrir.