Operation Pocket Money - A-6 na catapulta, pronto para decolar com minas navais Mk 55 sob as asas. Logo atrás, um A-7 também equipado com minas aguarda sua vez de decolar

A Operação Pocket Money foi uma missão significativa durante a Guerra do Vietnã, marcando o início de uma campanha sistemática de minagem dos portos e vias navegáveis do Vietnã do Norte pelos Estados Unidos. Essa operação, iniciada em 9 de maio de 1972, tinha como objetivo principal cortar o fluxo de suprimentos militares e logísticos para o Vietnã do Norte, especialmente através do importante porto de Haiphong.

Haiphong, sendo um dos principais portos do Vietnã do Norte, servia como um ponto crucial para a entrada de suprimentos militares fornecidos por países aliados, como a União Soviética e a China. A decisão de minar Haiphong e outros pontos estratégicos ao longo da costa do Vietnã do Norte foi tomada pelo presidente Richard Nixon como parte de uma estratégia mais ampla para forçar o Vietnã do Norte a negociar um término para o conflito, que se estendia há anos com custos significativos para ambos os lados envolvidos.

A execução da Operação Pocket Money foi realizada principalmente por aviões A-6 Intruder e A-7 Corsair II, que eram aeronaves de ataque embarcadas, operando a partir de porta-aviões da Marinha dos EUA posicionados no Golfo de Tonkin. Estes aviões foram escolhidos devido à sua capacidade de carregar uma grande quantidade de minas e de realizar missões sob condições adversas, incluindo defesas aéreas intensas.

 

A-6 Intruder com minas navais Mk 52 nos cabides das asas

Na manhã de 9 de maio de 1972, coincidindo com a visita do secretário de Estado dos EUA, William Rogers, à União Soviética, os A-6 e A-7 decolaram com a missão de lançar minas navais nas águas que levam ao porto de Haiphong. As minas usadas eram ativadas por influência, o que significa que poderiam ser detonadas pela presença de um navio, sem necessidade de contato direto.

A-6 Intruder
A-7 Corsair II

As aeronaves lançaram com sucesso várias minas em posições estratégicas ao redor do porto, efetivamente fechando Haiphong para o tráfego marítimo. Isso teve um impacto imediato e significativo sobre a capacidade do Vietnã do Norte de receber suprimentos externos. A minagem continuou por vários meses, estendendo-se a outras áreas e contribuindo para a pressão sobre o Vietnã do Norte para retornar à mesa de negociações.

O cargueiro soviético Mtsensk a caminho de Haiphong, Vietnã do Norte, com uma carga de gruas, barcaças e outros equipamentos pesados, em 7 de novembro de 1967, fotografado por um avião do porta-aviões USS Kearsarge. A Operação Pocket Money foi realizada para impedir que navios como este entregassem material ao Vietnã do Norte

A Operação Pocket Money foi uma demonstração de como a guerra de minas pode alcançar objetivos estratégicos em uma guerra moderna. Embora tenha contribuído para a interrupção dos suprimentos para o Vietnã do Norte, também gerou debates intensos sobre a legalidade e a moralidade do uso de minas como ferramenta de guerra, questões essas que permanecem pertinentes em discussões sobre conflitos armados internacionais até hoje.

NOTA DO PODER NAVAL: No dia 9 de maio de 1972, aviões A-7 e três A-6 do USS Coral Sea voaram para Haiphong a fim de lançar 36 minas navais de 1.000 libras em suas águas. Nos dias seguintes, outros porta-aviões colocaram mais de 11.000 minas em toda a rede portuária do Vietnã do Norte. Para conhecer mais sobre as minas navais dos EUA, clique aqui.

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curisco

Os EUA tiveram uma inegável vitória militar neste conflito. Acachapante.

Mas esqueceu que a vitória que interessa é a política. é quem estará com as botas no chão no final. E esta foi o Vietnam.

Não dá para se gabar que ‘ganhou’ se passadas semanas após a retirada militar o ‘lado de lá’ retoma tudo.

Vietnam, Iraque, Afeganistão…

Samuel Asafe

Não deveriam sequer ter entrado. Tentaram combater um movimento e um líder extremamente popular nos dois lados do Vietnam, simplesmente pra não permitir que o país se tornasse socialista organicamente.

Otto Lima

Como você muito bem lembrou, ganha a guerra quem atinge seus objetivos estratégicos ou impede o inimigo de fazer isso. Os Estados Unidos PERDERAM a Guerra do Vietnã porque não atingiram o seu objetivo, que era deter a expansão do socialismo no Sudeste Asiático. O Vietnã foi unificado sob a bandeira vermelha do socialismo e os vizinhos Camboja e Laos também passaram a ser regidos por socialistas.

Miguel Carvalho

É verdade meu caro.

Não dá para ajudar, quem não quer ser ajudado.

Perda de tempo e dinheiro.

Alexandre

Ajudar nunca foi o objetivo!

Leandro Costa

A minagem dos portos Norte-Vietnamitas era uma das propostas militares originais em 1965, mas foi imediatamente rejeitada por LBJ e McNamara.

Voltou para a Linebacker, sob a forma da Pocket Money. Nixon deu aos navios de nações neutras 48hrs à partir do dia 8 de Maio, sendo que as minas seriam ativadas no dia 10 de Maio, início dos ataques aéreos, inclusive em Hanói, com a USAF acertando a ponte Paul Doumer com LGB’s (os 4 Phantom carregando EOGB’s – guiadas por TV, erraram o alvo espetacularmente, como suspeitavam).

Marcos Silva

Essa ponte Paul Doumer e a de Thanh Hoa levaram muitos recursos dos EUA até serem derrubadas. Desde 1965 os ataques eram quase diários,usando bombas burras,que cobraram seu preço em aeronaves e tripulações. Thanh Hoa finalmente cedeu quando aeronaves Phantom equipadas com as primeiras Paveway entraram em ação.

Leandro Costa

Foram dois pesadelos mesmo, Marcos. Mas foram suspensos em ’68 e só retornaram em ’72 com a Linebacker.

Marcos Silva

Então,depois de todo esse esforço tardio,a minagem,que deveria ser efetuada em 1965,a US Navy,em 1973,usou helicópteros CH-53D Sea Stallion com aparelho que “pescava”as minas e as explodia com fogo de metralhadoras.

Leandro Costa

Acho que foram os RH-53D. Foram parte dos acordos de Paris que os EUA fariam as operações de desminagem.

Marcos Silva

Fiquei em dúvida mesmo. Até imaginei que haviam usado os MH-53,mas essa variante é posterior ao Vietnã.

Leandro Costa

Coisa mais fácil do Mundo é se confundir nas mil variantes do H-53. Tem variantes só da USAF, da USN e do USMC.

Marcos Silva

Verdade. Uma variante impressionante da USAF no Vietnã era a HH-53C Super Jolly Green. Muito bem equipada e armada,ainda tinha sonda revo e dois tanques extras nos sponsos. Se não me falha a memória.esses eram os mesmos do F-100.

Jagder

Legal ver A7 carregando minas.
Golden age da aviação naval: A4, A6, A7 etc.

Marcos Silva

Legal mesmo. Era uma variedade incrível de modelos de aeronaves. Tem dois aí,além do F-4,que falam mais alto ao coração:
F-8 Crusader, o último “caça de canhões” e
A-5 Vigilante. Enorme e ao mesmo tempo gracioso,era a mais bela aeronave embarcada dessa época.

Last edited 9 dias atrás by Marcos Silva
Dalton

Na verdade Marcos o F-8 foi apelidado de último “gunfighter” que significa pistoleiro como nos bons tempos do “velho oeste” já que tinha os canhões como armamento principal, havia 4 deles.
.
Estes canhões não eram muito confiáveis, a introdução de um único canhão como o Vulcan em aviões posteriores provou ser melhor, então na prática o armamento principal foram os 4 “sidewinders” que normalmente transportava.

Marcos Silva

Exato. Fica pra história como o último com canhões como armamento principal.
Sobreo Sidewinder,foi criado pros Crusaders,pela Motorola,uma variante SARH,o AIM-9C.
Este míssil sofreu os mesmos problemas de desempenho de outros mísseis da época,não apresentou uma performance convincente e logo foi abandonado.

Leandro Costa

O AIM-9C acabou sendo reaproveitado, refeito como um míssil antiradiação, o AGM-122 Sidearm.

Marcos Silva

Não lembrava desse. Sabia sobre MIM-72 Chaparral.

RSmith

Interessante artigo… que me faz pensar… alguém teria informações sobre a minagem do Mar Negro na atual guerra Rússia x Ucrânia?

RSmith

Também me fez lembrar da participação da nossa marinha na 2 guerra… salvo engano foi usado pela MB a “minagem” defensiva de certo trecho da costa brasileira e da entra de certos portos… tem algum site que cota essa historia ou maiores informações?

Dalton

Desconheço isso, não havia necessidade de “minagem defensiva” o que se temia era uma possível minagem por parte dos alemães daí o envio de navios varredores pelos EUA que também guardavam a entrada de portos.
.
Os 6 navios lançadores de minas, classe Carioca, que entraram em serviço 2 anos antes da guerra foram logo reclassificados como corvetas e as minas e equipamento afim substituídos por calhas e morteiros para armas A/S, cargas de profundidade.

Zé Rato

Guerras como a do Vietname ou Coreia eram difíceis de serem ganhas devido às “Regras de Engajamento” bastante limitativas, para evitar conflitos com a URSS ou a China. Imaginem como seria a segunda guerra mundial se os Aliados apenas pudessem combater nas linhas da frente, sendo impedidos de bombardear fábricas, centrais eléctricas, refinarias, poços de petróleo, navios de carga vindos de países neutrais ou bases militares dentro do território controlado pelo Eixo, com as infraestruturas industriais e logísticas do inimigo intocáveis? A guerra teria durado bastantes mais meses ou até anos. Esta operação apenas foi efetuada na parte final da… Read more »

Alex Barreto Cypriano

A estratégia era a de contenção da ameaça comunista e não a de destruição da ameaça comunista. Atacar um alvo soviético ou chinês (já a esta altura, uma nação nuclear) seria contrário aa estratégia de contenção e nada com RoE (coisa do nível tático). O bombardeio maciço das rotas terrestres norte-vietnamitas no Laos e Camboja já mostra que não existia nenhuma RoE cavalheiresca. E mesmo no lado mais fresco da guerra periférica quente que foi a guerra fria, a diplomacia cínica das cem mil toneladas de democracia sutilmente advertiu aos lisboetas logo após a Carnation Revolution de 75…

Zé Rato

Acrescento que isto me faz lembrar a atual situação no Mar Vermelho e Oceano Índico, em que as marinhas ocidentais gastam biliões a defender a navegação comercial de ataques de mísseis e drones. Contudo, as Regras de Engajamento do conflito impedem o Ocidente de tocar nas fábricas que produzem esses mísseis e drones, os quais também continuam a ser transportados para as mãos de quem os lança.

Bigliazzi

Mais ou menos o que vemos na Ucrânia… Um exército contra um Povo.