O SEA 3000 da Marinha Australiana visa substituir os navios da classe Anzac como a HMAS Ballarat da foto

O programa SEA 3000 da Marinha Australiana é uma iniciativa estratégica destinada a substituir os envelhecidos navios da classe Anzac por até 11 novas fragatas de uso geral.

Estas embarcações, classificadas como “Tier 2”, complementarão os navios “Tier 1” da frota australiana, como os destróieres da classe Hobart e as futuras fragatas da classe Hunter.

O objetivo é expandir e modernizar a capacidade de combate da Marinha Real Australiana (RAN) frente a desafios emergentes na região Indo-Pacífico.

Requisitos Operacionais

As novas fragatas devem atender a uma série de requisitos operacionais estabelecidos pela Equipe de Análise Independente (IAT), incluindo:

  • Capacidade de operar helicópteros.
  • Sistemas de autodefesa aérea e antimísseis limitados.
  • Sonar de reboque para guerra antissubmarino.
  • Lançadores de torpedos leves.
  • Capacidade para missões de proteção de forças, ataque marítimo e ataque terrestre.

Além disso, as fragatas devem ter um deslocamento entre 3.000 e 5.000 toneladas, ser capazes de operar com tripulações reduzidas e possuir sistemas de combate compatíveis com os padrões australianos.

Processo de Seleção

O governo australiano identificou inicialmente cinco designs como exemplares para o programa SEA 3000:

  • MEKO A-200 (Alemanha)
  • Mogami (Japão)
  • Alfa 3000 (Espanha)
  • Daegu FFX Batch II (Coreia do Sul)
  • Chungnam FFX Batch III (Coreia do Sul)

 

Meko A200
Meko A210
JS Mogami (FFM-1)

Em novembro de 2024, o processo foi reduzido a duas propostas principais: o MEKO A-200 da alemã ThyssenKrupp Marine Systems (TKMS) e o Mogami da japonesa Mitsubishi Heavy Industries (MHI). Ambas as empresas também apresentaram versões evoluídas de seus designs originais, conhecidas como MEKO A-210 e “Upgraded Mogami”, respectivamente.

Cronograma e Construção

Para acelerar a entrega das novas fragatas, os três primeiros navios serão construídos em estaleiros estrangeiros, com previsão de entrega até 2029 e entrada em serviço em 2030. Os oito navios restantes serão construídos na Austrália Ocidental, possivelmente pela Austal, como parte de um acordo de parceria estratégica.

Orçamento e Sustentação

O orçamento total para o programa SEA 3000 está estimado entre AU$ 7 bilhões e AU$ 10 bilhões até 2034, incluindo AU$ 1,5 bilhão destinados à sustentação das embarcações. A aquisição propriamente dita está orçada entre AU$ 5,5 bilhões e AU$ 8,5 bilhões.

Desafios e Considerações

O programa enfrenta desafios relacionados à integração de sistemas de combate australianos, como o radar CEAFAR e o sistema de gerenciamento de combate 9LV, nos designs estrangeiros. A abordagem de “zero alterações” adotada pelo governo visa evitar atrasos e custos adicionais, mas levanta preocupações sobre a compatibilidade e a interoperabilidade das novas fragatas com o restante da frota da RAN.

A decisão final sobre o design selecionado é esperada para o final de 2025, com a construção dos navios subsequentes prevista para começar em 2026. O programa SEA 3000 representa um passo significativo na modernização da Marinha Australiana, buscando equilibrar rapidez na entrega, custo-benefício e manutenção da soberania industrial e tecnológica do país.

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Underground

Impressionante!
Mais impressionantes ainda é a desculpa esfarrapada que muitos por aqui usam: eles tem inimigos, nós não.

Marcelo Andrade

Na vdd eles têm governantes e sociedade preocupados com a Defesa!

Nativo

Pior que essas desculpas devem ter eco nos quartéis, até que os estrelados se lembrem da boa vida, aí eles berram que a União Soviética está logo ali.

Rodrigo

Vai estar operacional antes das nossas corvetinha.

Carlos Campos

até 2030 terão uma marinha pra botar medo

Abner

Um talvez a classe Mogami ganhe.

Porém a MEKO-A 200/2010 também não está atrás.

Jhon Malafaia

“ser capazes de operar com tripulações reduzidas….”
A MB deveria aprender com as outras marinhas mundiais.
Enquanto que nos requisitos das Tamandaré solicitava camorote especial para o comando da esquadra, dentre uma tripulação gigante.
Tem que se justificar o enorme gasto com pessoal né!

Luís Henrique

130 militares na Tamandare.
x4 Tamandares da 520.

A MB tem mais de 70 mil militares no efetivo.

O problema é o tamanho da tripulação da Tamandare?

Jhon Malafaia

Sim.
Os próprios fabricantes na época da licitação argumentaram isso.

jose benedito

Detalhe que não quer calar, eles assim como a Italia e o Canadá, possuem um orçamento militar bem próximo ao nosso, todavia conseguem ter equipamento desse níve; vale uma reflexão.

Wagner Figueiredo

Galante!!?
Agora faz uma matéria assim!!!
A disputa acirrada entre países da América do sul ( tipo o Brasil) pelos navios da classe anzac australiana….navios bem armados com poucos anos de uso… etc..hehehe

Alexandre

Impressionante, como a Austrália, país com a economia menor que a nossa, população menor que a nossa, o país é sozinho, praticamente um continente, consegue ter recursos para adquirir as fragatas britânicas tipo 26 caríssimas, submarinos nucleares de origem norte-americana, contratorpedeiros de projeto espanhol, navios aeródromos de origem espanhola e agora fragatas provavelmente alemãs e o Brasil não consegue pagar em dia apena 4 fragatas? Porque é tão difícil ter uma política de defesa!?