Irlanda monitora petroleiro da ‘shadow fleet’ que evitou cruzar o Canal da Mancha

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Autoridades irlandesas estão acompanhando a movimentação de um petroleiro identificado como parte da chamada “shadow fleet” – frota de navios que transporta petróleo fora dos padrões internacionais de monitoramento e fiscalização – após a embarcação evitar transitar pelo Canal da Mancha, onde poderia ser inspecionada pelas autoridades britânicas.

Segundo o Irish Times, esses navios têm optado por uma rota mais longa, navegando ao norte da Escócia e pela costa oeste da Irlanda, para evitar exigências de apresentação de documentação de seguro e verificação de identidade impostas no Canal da Mancha. A escolha dessa rota também se beneficia de sistemas de rastreamento menos avançados e menor probabilidade de fiscalização.

O caso mais recente envolve o Blue, um petroleiro de 169 mil toneladas de porte bruto, construído em 2003, que teria carregado petróleo bruto no porto russo de Ust-Luga e partido em 31 de julho. De acordo com a empresa Starboard Intelligence, o navio desligou seu sistema de rastreamento AIS antes de entrar na Zona Econômica Exclusiva (ZEE) da Irlanda, reativando-o apenas horas depois. Atualmente, navega a 10 nós em direção ao Canal de Suez, com provável destino à Índia, que mantém importações de petróleo russo.

O Blue é listado pelo TankerTrackers.com como sancionado pelo Reino Unido e União Europeia, além de ser citado pelo Greenpeace como ameaça ao meio ambiente marinho. A embarcação também integra o banco de dados de mais de 1.200 “petroleiros oficialmente na lista negra” monitorados pela plataforma.

Nos últimos anos, o navio adotou múltiplas identidades e bandeiras de conveniência – incluindo Benin, Antígua e Barbuda, Libéria, Palau, Djibuti e Chipre – e, desde 2024, é gerenciado a partir da Turquia. O Blue já teve os nomes de Aegean Eagle / Arlene / Iskmati Spirit / Icaria / Azul / Julia A.

A Guarda Costeira da Irlanda informou que o caso chamou atenção pelo uso aparente de bandeira falsa. O país tem implementado “medidas específicas” para monitorar o aumento dessas embarcações na ZEE irlandesa, com apoio do Air Corps e do Serviço Naval. No entanto, ao contrário do Reino Unido e de nações bálticas, a Irlanda não exige que esses navios comprovem identidade e seguro.

O aumento da presença da shadow fleet na costa irlandesa reflete um fenômeno crescente desde o início das sanções ocidentais ao petróleo russo, tornando o Atlântico Norte uma rota alternativa para o transporte marítimo não rastreado e menos regulado.■


 

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Willber Rodrigues

“Atualmente, navega a 10 nós em direção ao Canal de Suez, com provável destino à Índia, que mantém importações de petróleo russo.”

Está indo pra Índia, aonde será “recomprado” por algum país da UE, ou poderia estar indo pra algum país da própria UE, por baixo dos panos.
Da mesma maneira que é um navio petroleiro, mas poderia ser um navio com diamantes ou titânio, especialidade russa.

Não tem ninguém inocente aqui, todo mundo sabe disso, mas todo mundo finge que não vê.

Deadeye

Há um ano atrás, a Bloomberg fez essa matéria

https://youtu.be/Azm4yKKIlqE?si=jUVEtqMx2K3o6eW5

Muitas vezes, ele transferem o petróleo na Costa de Grécia, de um navio sancionado para outro não sancionado, no nariz da UE, e a UE sabe, e não faz nada.

Marcelo

Vai Comprar o petróleo americano que custa 3 vezes mais caro ou vai comprar o petróleo russo com desconto ?
Petróleo russo com desconto não falta cliente,a índia que o diga .