Argentina busca fragatas europeias para recuperar capacidades navais

De acordo com o site Naval News, a Armada Argentina deu início a negociações para adquirir ao menos duas fragatas multipropósito da Europa, com a missão de substituir os escoltas ARA Hércules e ARA Heroína, que há anos se encontram inativos. A iniciativa representa um esforço estratégico de modernização de frota, diante do envelhecimento dos principais navios de superfície do país e das limitações orçamentárias que têm afetado a manutenção naval.

Os dois navios antigos foram aposentados oficialmente em 2024 após passarem por décadas de serviço. O ARA Hércules, antigo destróier da classe Type 42 que se transformou em navio de transporte multipropósito, deixou de operar efetivamente por falhas mecânicas, especialmente nas turbinas. Já o ARA Héroina, da classe MEKO 360 (classe Almirante Brown), parou de operar devido à quebra de uma peça vital — chamada “slow wheel” — cujo reparo teve entraves por restrições do Reino Unido.

Além da compra das fragatas, a Argentina definiu uma agenda de prioridades navais que inclui também a aquisição de novos submarinos e a modernização dos demais destróieres MEKO 360 ainda em serviço. A proposta de modernização cobre sistemas eletrônicos, sensores e armamentos, e empresas internacionais como a turca ASELSAN já ofereceram pacotes de atualização para as fragatas MEKO do país.

Entre os candidatos que despertam maior interesse, destacam-se três classes europeias: a classe Iver Huitfeldt, da Dinamarca; a classe Fridtjof Nansen, da Noruega; e a classe italiana Maestrale. Os modelos dinamarqueses são vistos como os mais atraentes.

Se concretizada, essa aquisição deverá conferir à Armada Argentina novamente capacidade que se perdera com a desativação das fragatas antigas. No cenário atual, as fragatas Iver Huitfeldt — se obtidas — poderiam se tornar os navios de superfície mais avançados da Argentina, oferecendo grandes melhorias em monitoramento marítimo, defesa aérea e presença estratégica no Atlântico Sul. Ainda assim, especialistas apontam que não basta adquirir os navios: será crucial garantir manutenção sustentada, suprimento de peças, treinamento do pessoal e integração dos novos sistemas no contexto orçamentário argentino.

Com essa movimentação, a Argentina sinaliza um esforço para recompor seu poder naval em meio a desafios geopolíticos crescentes, especialmente aqueles relacionados à segurança marítima, à proteção de recursos naturais em sua zona econômica exclusiva e à cooperação/competição regional. O desfecho dessas negociações poderá marcar um ponto de inflexão para a capacidade de defesa marítima do país nas próximas décadas.