A Marinha dos Estados Unidos realizou um teste pioneiro de autonomia baseada em inteligência artificial no alvo aéreo BQM-177A, em cooperação com a empresa Shield AI. O experimento ocorreu em 5 de agosto, no Point Mugu Sea Range, na Califórnia, e demonstrou que a tecnologia já permite que aeronaves não tripuladas executem manobras complexas sem controle humano direto.

Durante o evento, a Shield AI conduziu dois BQM-177A: um equipado com o Advanced Vehicle Control Laws (AVCL), software central para a integração de autonomia, e outro que incorporou comportamentos autônomos adicionais. O AVCL converte comandos de missão de alto nível em entradas de controle de voo em tempo real, possibilitando manobras dinâmicas e perfis de voo mais representativos de ameaças, como as de mísseis de cruzeiro antinavio modernos.

“Demonstramos com sucesso o AVCL, adicionando elementos de autonomia ao BQM-177A. Quando totalmente integrado, este recurso vai permitir simular interações realistas com meios da frota e oferecer cenários de treinamento mais eficazes para os combatentes navais”, explicou Greg Crewse, gerente do programa PMA-208.

Fabricado pela Kratos, o BQM-177A é usado para replicar ameaças subsônicas de mísseis antinavio e desempenha papel crucial em testes de desenvolvimento e treinamento operacional. A integração do AVCL faz parte de um esforço mais amplo para dotar o alvo aéreo de capacidade de manobras avançadas e aproximações realistas, aprimorando a avaliação de táticas navais.

O capitão Todd Keith, gerente do programa PMA-281, destacou que o avanço representa “um passo significativo para demonstrar como a Marinha pode planejar e executar missões combinando aeronaves tripuladas e não tripuladas, avaliando a eficácia de operações multiplataforma a um custo muito inferior ao de exercícios totalmente tripulados”.

A Marinha pretende realizar um segundo teste ainda este ano, com até dois BQM-177A voando de forma autônoma em coordenação, para avaliar planejamento de missão, integração homem-máquina e controle simultâneo de múltiplos sistemas autônomos em tempo real.

O contrato com a Shield AI, assinado em agosto de 2024, prevê a integração do software de piloto autônomo Hivemind, capaz de processar dados de sensores em tempo real e tomar decisões de voo sem intervenção remota, com arquitetura aberta e modular para aplicação em diversos sistemas do Departamento de Defesa dos EUA.■


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