A Aviação Naval Alemã (Marineflieger) recebeu no dia 1 de outubro oficialmente seu primeiro avião de patrulha marítima P-8A Poseidon, entregue pela Boeing em cerimônia realizada no complexo industrial da fabricante em Seattle, Washington. O evento marca um salto na modernização das capacidades navais alemãs e representa o início da substituição da antiga frota de P-3C Orion.

O novo aparelho, prefixo 63+01, foi repassado ao órgão de aquisição de defesa alemã (BAAINBw) após completar voos de teste e integração de sistemas na instalação da Boeing. Após vistoria final, deve ser transferido à base aeronaval de Nordholz, onde se integrará ao Marinefliegergeschwader 3 “Graf Zeppelin”.

Contexto e motivações do programa

A Alemanha estipulou em 2021 a compra de cinco unidades do P-8A, ao custo aproximado de €1,1 bilhão, para substituir os Orions, com foco em ampliar o alcance de vigilância marítima, combate a submarinos e integração com as redes da OTAN. Em 2023, diante das tensões no Leste Europeu, o país adicionou mais três aeronaves, elevando o pedido para oito unidades.

O novo Poseidon possui missão multifuncional: vigilância marítima, guerra antissubmarino (ASW), guerra de superfície, monitoramento, busca e salvamento (SAR) e apoio de inteligência. Equipado com sensores modernos, capacidade de operar sonoboias, radar marítimo e enlace de dados em tempo real, o P-8A permite maior interoperabilidade com aliados navais.

Do ponto de vista estratégico, esse reforço é especialmente crítico no Mar Báltico, no Mar do Norte e nas rotas do Ártico, regiões onde o tráfego naval e a atividade submarina são constantes focos de vigilância entre os países da OTAN. A nova plataforma também responde ao desgaste do Orion, que vinha sofrendo com custos de manutenção e limitação operacional.

Desdobramentos e expectativas

Com a chegada do primeiro P-8A, a Alemanha entra para um seleto grupo de operadores do tipo, como o Reino Unido e a Noruega, entre outros, melhorando a capacidade aliada de patrulhamento de longo alcance.  O BAAINBw já realiza os testes finais de aceitação da aeronave antes do deslocamento à base alemã.

Enquanto isso, as autoridades alemãs avaliam ainda a possibilidade de ampliar o programa com mais aeronaves além das oito encomendadas, em função da crescente demanda por vigilância marítima robusta em tempos de elevada tensão geopolítica.■


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