1822             -                NAVIOS DE GUERRA BRASILEIROS            -               Hoje

 

E Rio de Janeiro

depois Sultan Osman I e HMS Agincourt

Classe Rio de Janeiro/Agincourt

 

 

D a t a s

 

Batimento de Quilha: 14 de setembro de 1911
Lançamento: 22 de janeiro de 1913
Incorporação (RN): agosto de 1914
Baixa (RN): 1919

 

 

C a r a c t e r í s t i c a s

 

Deslocamento: 27.500 ton (padrão), 30.250 ton (carregado).
Dimensões: 204.7 m de comprimento, 27.12 m de boca e 8.22 m de calado.

Blindagem: casco - 9 pol. à meia nau e 6 pol. na proa e na popa; torres principais - 12 pol. na parte da frente e 9 pol. nas laterais; convés - de 1 à 1½; torre de comando de 4 à 12 pol; cidadela e casamatas 6 pol.
Propulsão: 22 caldeiras Babcock & Wilcox, e 4 turbinas à vapor Parsons, gerando 34.000 hp, acopladas a quatro eixos.

Eletricidade: ?

Velocidade: 22.4 nós.

Raio de ação: 4.500 milhas à 10 nós.
Armamento: 14 canhões Armstrong Mod. W Mark XIII de 12 pol/45 cal. (305 mm) em sete torres duplas Armstrong; 20 canhões de 6 pol/50 cal. (152 mm) e 10 canhões de 3 pol/50 cal. (76.2 mm) em reparos singelos e 2 canhões antiaéreos de 3 pol/50 cal. (76.2 mm), e três tubos de torpedo de 21 pol. (533 mm) submersos, sendo um na popa e dois nas laterais.

Código Internacional de Chamada: ?

Tripulação: 1115 homens (1914), 1267 (1918).

 

 

H i s t ó r i c o

 

O Encouraçado Rio de Janeiro, foi o segundo navio da Marinha do Brasil a ostentar esse nome em homenagem ao estado e a cidade homônima. Foi mandado construir pelo Governo do Marechal Hermes da Fonseca, na gestão do Ministro, Almirante Belfor Vieira, em outubro de 1910, a um custo estimado de £2.725.000. Único navio de sua classe, teve a quilha batida em 14 de setembro de 1911, no estaleiro Armstrong, Mitchell & Co., em Elswick (Newcastle-on-Tyne), Reino Unido, sob a fiscalização da Comissão Naval Brasileira em Newcastle, chefiada pelo Almirante Huet Bacellar, sendo lançado ao mar em 22 de janeiro de 1913. Antes de sua conclusão, foi cedido à Turquia que o batizou Sultan Osman I, em 14 de janeiro de 1914 por aproximadamente US$ 10.900.000 (£2.100.000). Completado em julho de 1914, sofreu vários atrasos em sua construção para evitar que fosse entregue aos turcos antes que a situação mundial melhora-se. Com a eclosão da 1ª Guerra Mundial, foi confiscado pelo Governo inglês em agosto de 1914 e incorporado a Royal Navy, sendo batizado como HMS Agincourt. O HMS Agincourt, foi o quinto navio a ostentar esse nome na Royal Navy.

 

Foi mandado construir no apogeu do que poderia ser chamado a “Mania dos Encouraçados”, entre os principais paises da América do Sul – Argentina, Brasil e Chile. Não levando em conta considerações geográficas e econômicas, o Brasil ordenou os poderosos Dreadnoughts Minas Geraes e São Paulo (12 canhões de 12 pol., cada) em 1907. Para não ficar atrás, a Argentina ordenou dois navios similares a serem construídos nos EUA, o ARA Rivadavia e o ARA Moreno. Apesar dos navios argentionos, terem entrado em serviço apenas em 1915, o Brasil procurou manter sua supremacia encomendando um Encouraçado ainda maior. O tamanho das fantasias brasileiras podia ser medido pelos projetos em consideração, que iam de 27.500 toneladas com quatorze canhões de 12 pol., passando por um de 31.600 ton com 12 canhões de 14 pol., um semelhante com oito canhões de 16 pol., chegando finalmente ao Riachuelo de 31.250 ton. e dez canhões de 15 pol. Depois de muito debate, e de ser ordenada a construção do projeto de 32.000 tons. foi decidido já na gestão do Alte. Belfort Vieira alterar-se para o projeto de 20.500 tons. Com o retorno do Almirante Alexandrino Faria de Alencar a pasta da Marinha, o navio foi rejeitado e mandado vender a Turquia, pois não satisfazia as ideias originais do projeto do terceiro Dreadnought brasileiro concebida em 1906 na gestão do mesmo.

 

Ao contrario do muito elogiado Encouraçado Erin, o Agincourt poderia ser colocado no outro extremo em termos de navio de guerra. Com uma blindagem muito fina e um armamento pesado demais, não justificava o valor a ser pago pelos seus donos originais, a Marinha do Brasil, e certamente era um meio de utilidade questionável para a Royal Navy. Contudo, o Agincourt/Rio de Janeiro, quebrou uma serie de recordes: o maior encouraçado do mundo; maior numero de canhões embarcados; o armamento secundário mais pesado e finalmente o maior numero de donos em um ano. Apesar de sua cinta blindada ser menos espessa que em outros Encouraçados contemporâneos da RN, o Agincourt tinha uma blindagem com chapas de 6 pol. no convés superior, melhor do que a dos primeiros Dreadnoughts, e estava além dos padrões usados na época. Sua maior vantagem era o volume avassalador de fogo que podia despejar sobre o alvo , e apesar de ter sido acusado de não ser capaz de agüentar o choque provocado pelo disparo de suas armas ao mesmo tempo, o Agincourt chegou a dar bordadas completas na Jutlandia, confundindo seus detratores. De acordo com testemunhas o lençol de chamas produzido por essas bordadas davam a impressão de uma explosão de um Cruzador de Batalha!

 

Seus canhões de 12 pol., foram construídos especialmente a pedido do Brasil. Tinham uma cadencia de 1.5 tiros por minuto e alcançavam 18.000 metros. Com suas chaminés bem espaçadas e com um convés superior de embarcações, tinha um perfil singular.

 

Desenho do arranjo geral da blindagem do Rio de Janeiro/Agincourt. (foto: Janes Fightning Ships)

 

A oficialidade de recebimento do Encouraçado Rio de Janeiro em 1913 seria a seguinte:

 

     - CMG Silvinato de Moura – Comandante

     - CF César Augusto de Mello – Imediato

     - CF Engº Maquinista João Baptista Menezes Ferreira - Chefe de Maquinas

     - CT Hugo de Roure Mariz - Enc. de Porões
     - CT José Francisco de Caldas - Enc. de Torre
     - CT Carlos Gaston Lavigne - Artilharia Geral

     - CT Alcibiades de Andrade Machado - Enc. de Torre

     - CT Mário Spinola - Enc. de Torre
     - CT Guilherme F. C. Riecken - Enc. de Torre

     - CT Paulo da Rocha Fragoso - Enc. de Torre

     - CT Americo de Araujo Pimentel - Enc. de Torre

     - CT Americo Vieira de Mello - Enc. de Torre

     - CT Tacito Reis de Moraes Rego - Enc. de Telegrafia

     - CT Aristides de Almeida Beltrão - Enc. de Bateria

     - CT Luiz Vieira Bacellos - Enc. de Bateria

     - CT Luiz Margarido Rangel - 2º Maquinista

     - CT Augusto Fernandes de Araujo -

     - 1º Ten Affonso Celso de Ouro Preto -

     - 1º Ten Antônio Rodrigues de Azevedo -

     - 1º Ten Fritz Müller -

     - 1º Ten Francisco Xavier de Alcantara -

     - 1º Ten Isaac Tavares Dias Pessoa -

     - 1º Ten Antônio J. Monteiro dos Santos -

     - 1º Ten Antônio dfe Souza Marques -

     - 2º Ten Comissario Ernani Pivatelli - Comissario Auxiliar

     - 2º Ten Armando Regis Bittencourt -

     - 2º Ten Arthur Ernesto de Menezes -

     - 2º Ten Flavio de Oliveira Machado -

 

Entre os demais tripulantes já designados, estavam com esses oficiais, os seguintes praças: Serralheiro de 1º classe Narciso César Alves; Caldeireiro de 2ª classe Augusto da Silva Lessa; Carpinteiro de 2ª classe José Augusto Teixeira; Armeiros de 1ª classe João Alves Barbosa, João Gonçalves Serpa; e o Marinheiro Nacional Cabo Joaquim da Motta Silveira, ordenança do Comandante.

 

1914

 

A historia do projeto do Encouraçado Rio de Janeiro não acabou por ai. Em 12 de maio de 1914, foi assinado com a firma W. Armstrong Whitworth Ltd., de Newcastle-on-Tyne, o contrato de substituição do E. Rio de Janeiro, preferindo-se, entre os projetos apresentados, o que dava ao navio as seguintes caracteristicas basicas: deslocamento 30.500 toneladas, oito canhões de 15 polegadas e velocidade de 22.5 nós por hora. Os ditos projetos foram devidamente examinados pela Comissão Naval na Europa, e aqui pela Inspetoria de Engenharia Naval, sendo a preferencia feita de acordo com o parecer do Conselho do Almirantado. Infelizmente a situação financeira de país e a conflagração europeia concorreram para o adiamento de construção desse navio.

 

O Agincourt, recebendo seus últimos equipamentos em Plymouth, em 1914. (foto: ?) O Agincourt, recebendo seu último canhão em agosto de 1914. (foto: ?) O Encouraçado Rio de Janeiro e as canhoneiras Javary. Solimões e Madeira, que acabaram servindo a Marinha Real como HMS Agincourt, HMS Humber, HMS Severn e HMS Mersey, respectivamente, durante a I Guerra Mundial em uma ilustração onde aparecem outros navios que estavam sendo construídos para marinhas estrangeiras e tiveram o mesmo destino. (foto: ?, via Rogério Cordeiro) O Agincourt, durante as provas de mar em 1914. (foto: ?)

 

Enquanto isso, em 7 de setembro, o HMS Agincourt integrou-se ao 4º Esquadrão de Batalha da Grande Esquadra. Quando de sua incorporação sofreu modificações, com o convés de embarcações sendo retirado e as embarcações colocadas no convés principal, para limpar o campo de tiro das torretas centrais.

 

Reprodução de um cartão postal com uma bela pintura do HMS Agincourt. (foto: via Rogério Cordeiro)

 

Desenho de como era o Rio de Janeiro/Agincourt em 1914. Notar as plataformas para os barcos sobre as torretas centrais, retirados algum tempo depois. (foto: ?)

 

1915

 

Desenho de como era o Rio de Janeiro/Agincourt em 1915. Notar que o convés para os barcos já havia sido retirado para "limpar" o campo de tiro das torretas centrais, e foram reposicionados no convés principal. (foto: ?) O Agincourt em 1915, ainda com mastro trípode. (foto: Battle Ships of WWI) O Agincourt, em Plymouth, por volta de 1914-15. (foto: ?) O Agincourt, liderando a coluna do 4º Esquadrão de Batalha, em 1915. (foto: ?)

 

1916

 

Seu mastro trípode da popa foi substituído por outro do tipo simples, mas, esse último foi logo substituído por um pequeno mastro com pau de carga.

 

Em maio, participou da Batalha Naval da Jutlandia, integrando a 6ª Divisão do 1º Esquadrão de Batalha. A 6ª Divisão era composta também pelos Encouraçados HMS Marlborough, HMS Revenge e HMS Hercules, e tinha a particularidade de seus navios terem armamento principal com calibres diferentes, 15 pol., 13.5 pol. e 12 pol. Durante a batalha fez 144 disparos de 12 pol., sem sofrer nenhum golpe e sem vitimas.

 

Mais tarde foi transferido para o 2º Esquadrão de Batalha.

 

1917

 

O Agincourt em 1917, com a mastreação parcilmente reduzida. Além da remoção das plataformas para embarcações a meia naú, o mastro de ré também foi reduzido em um lance. Posteriormente esse mastro foi removido. (foto: Battle Ships of WWI) O Agincourt, em 1917-18 com o mastro de ré já removido. (foto: Battle Ships of WWI)

 

1918

 

Seu passadiço foi ampliado e foram instalados holofotes ao redor da segunda chaminé.

 

Desenho de como era o Rio de Janeiro/Agincourt em 1914. No detalhe das modificações de como ficou em 1918. (foto: Battleships and Battlecruisers 1905-1970)

 

Desenho de como era o Rio de Janeiro/Agincourt em 1918. Notar os reparos antiaéreos na popa e ausencia do mastro atrás da segunda chaminé. (foto: ?)

 

O Agincourt, por volta de 1918. (foto: ?)

 

1919

 

Foi descomissionado.

 

1921

 

Foi recomissionado em Rosyth, para ser usado como plataforma de testes.

 

1922

 

Iniciou conversão para ser transformado em Navio Deposito. Essa conversão envolvia a retirada de todas as torretas de 12 pol., menos as de números 1 e 2, dos depósitos de combustível e dos paióis. Essa conversão foi interrompida no mesmo ano.

 

1922

 

Em 19 de dezembro, foi vendido para ser desmanchado a Rosyth Shipbreaking Co., não se concretizando os rumores de que serie revendido ao Brasil.

 

 

 

 

R e l a ç ã o    d e    C o m a n d a n t e s

 

Comandante Período
CMG Henry M. Doughty __/__/191_ a __/__/191_

 

 

B i b l i o g r a f i a

 

- Mendonça, Mário F. e Vasconcelos, Alberto. Repositório de Nomes dos Navios da Esquadra Brasileira. 3ª edição. Rio de Janeiro. SDGM. 1959. p.225.

 

- Anthony Preston, Battle Ships WW I.

 

- Siegfried Brayer, Battleships and Battlecruisers 1905-1970.

 

- Relatório do Ano de 1913, apresentado ao Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brasil pelo Ministro da Marinha Alexandrino Faria de Alencar em abril de 1914.

 

- Relatório do Ano de 1914, apresentado ao Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brasil pelo Ministro da Marinha Alexandrino Faria de Alencar em abril de 1915.