Quando a Espanha optou pelo projeto do submarino S-80 para a sua própria marinha ao invés do Scorpène, muitos rumores sobre a cooperação franco-espanhola no programa Scorpène surgiram na mídia.

França e Espanha engajaram-se no programa Scorpène, um submarino convencional capaz de receber tecnologia AIP, na década de 1990. O primeiro país a encomendar submarinos desta classe foi o Chile, que assinou contrato em 1997. Até o momento, o Scorpène teve relativo sucesso no mercado, sendo exportado também para a Malásia e para a Índia (que constrói localmente os mesmos).

Tudo indicava que a Marinha da Espanha também contrataria o novo submarino para substituir seus antigos Agosta S-70. Foi noticiado que um lote inicial de quatro unidades seria construído a partir de 2002. Pouco tempo depois os acontecimentos seguiram um caminho diferente. Mudanças de caráter geopolítico levaram o Ministério da Defesa da Espanha a reavaliar os requisitos operacionais do projeto do submarino.

Conforme pode ser confirmado pelo Poder Naval junto aos representantes da Navantia durante a LAAD 2009, o Scorpène não atendia aos requisitos colocados pelo Ministério da Defesa da Espanha.

s-80

Assim, o S-80 foi tomando forma e no final de 2002 foi assinado um contrato entre o estaleiro Izar (atual Navantia) e a Marinha da Espanha para o desenvolvimento do novo projeto. Inicialmente noticiou-se que a Espanha desenvolveria um submarino derivado do Scorpène. Na verdade trata-se de um projeto totalmente distinto, mas que também incorporou boa parte do conhecimento adquirido no desenvolvimento daquele submarino franco-espanhol.

Numa rápida comparação entre os dois projetos (Scorpène e S-80), salta aos olhos a diferença entre as características principais, sendo o S-80 um submarino bem maior e mais capaz. Por dentro, os sistemas também serão mais complexos. Obviamente que esta maior capacidade pode ser traduzida em custos mais elevados.

Os espanhóis também optaram por um sistema AIP diferente do MESMA, oferecido pelo consórcio para os clientes do Scopène. Segundo eles, as células de combustível tipo PEM representam uma tecnologia “muito superior” à turbina a vapor em circuito fechado (MESMA).

O contrato para a construção de quatro unidades foi assinado em 2004 e espera-se que a primeira unidade seja entregue em 2013.

A MB, o S-80 e o Scorpène

No início do ano passado, a Navantia esteve com representantes da Marinha do Brasil apresentando o projeto do S-80. Segundo foi informado ao Poder Naval, houve interesse por parte da ForSub no detalhamento de uma proposta contemplando o S-80. Posteriormente, mudanças da Força e no realinhamento geopolítico do governo brasileiro acabaram colocando o estudo da proposta espanhola de lado.

Com a assinatura dos acordos na área de defesa entre Brasil e França, firmado no final do ano de 2008, quatro submarinos convencionais serão construídos no Brasil. Ainda não está claro se estes serão realmente do modelo Scorpène, uma vez que já foi ventilada a hipótese da construção do Marlin.

Caso o modelo a ser construído no Brasil seja realmente o Scorpène, ele necessitará da aprovação dos espanhóis, uma vez que a Navantia detém 50% do projeto. O Poder Naval aproveitou a oportunidade da LAAD 2009 para perguntar aos representantes da Navantia se havia algum impedimento por parte deles em relação ao acordo dos submarinos.

De forma bastante clara, foi dito que a cooperação militar entre Brasil e Espanha está fortemente apoiada pelos escalões mais elevados do Governo Espanhol. Sendo assim, a Navantia está preparada, se assim for, para assinar em conjunto com a DCNS o acordo com a Marinha do Brasil, incluindo transferência de tecnologia.

FOTOS: Navantia/Poder Naval OnLine

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Leo

Esta história de Navantia, Scorpene e MB pode virar um balaio de gatos daqueles! Ao que tudo indica as duas empresas se separaram e a DCN está a vender o Scorpene sem o consentimento/aval da Navantia.

Leo

Guilherme Poggio

Leo, isto não é possível. Qualquer venda de Scorpene em qualque lugar do mundo depende do aval dos espanhóis. Isso eles deixaram bem claro.

Wolfpack

Leia-se o projeto brasileiro e o acordo é com a França e não com a Espanha, o submarino brasileiro será em comprimento diferente do modelo scorpene, e pode-se dar o nome de Marlin, ou outra denominação. Não existe a possibilidade de termos Navantia e DCNS em um mesmo projeto, nunca foi isto que a MB desejou assinar. Isso ai me parece a mesma história ridicula de se colocar no programa FX2 o SU35… Por favor, vamos falar sério. A Navantia seguirá seu rumo com o Governo Espanhol e a DCNS construirá os quatro submarinos convencionais com os arsenais brasileiros.

Cantarelli

é isso ai parece os russo no fx mesmo

Almeida

Eu gosto muito dos projetos da Navantia, em especial o Juan Carlos I. Esse sim seria um otimo “Navio Aerodromo Multifuncional” para a MB.

Leo

Poggio,

Isto está claro para mim. Mas também está claro que a MB assinou a compra de Scorpenes, modificados ou não, ainda são Scorpenes. Em tese, a Navantia tem que participar. Em nenhum momento DCN ou MB fizeram qualquer menção a Navantia. Isto está no mínimo estranho.

Leo

Poggio,

Vocês checaram com a DCN qual a posição dela sobre este assunto?

Claudio

Segundo outros sites houve vários motivos para a briga, tais como a adoção de sistemas de combate de origem americana em vez de franceses, o sistema de AIP e outros.
Os espanhois considerma o modelo francês menos sofisticado e de menor dimensão, o deslocamento do S-80 é de 2400 ton contra 1700 do Scorpene.
Outras info: http://www.areamilitar.net/DIRECTORIO/nav.aspx?nn=155
http://www.areamilitar.net/noticias/noticias.aspx?nrnot=339

Paulo Rick

Gente, nenhum contrato foi assinado, o Acordo fala em Submarinos Scorpenes SBR, na verdade, são SSK SBR´s. O projeto tem por base os Scorpenes, como o S-80, porém o produto final terá nome próprio, até para fugir do acordo DCNS e NAVANTIA. Como a MB falou o contrato está sendo preparado agora, é ele que vai determinar essas coisas.

Iväny Junior

Nem a espanha que é co-proprietária do projeto quis. Vamos aguardar o desenrolar e esperar que a bomba não estoure no nosso bolso.