Uma nota publicada pela revista Veja revelou para o Brasil as intenções da Aviação Naval

No primeiro semestre do ano de 1997 eram poucos aqueles que sabiam algo sobre a eventual aquisição de aeronaves de asas fixas por parte da Marinha do Brasil. O assunto era tratado de forma sigilosa por um pequeno número de oficiais diretamente envolvidos na questão.

Existiam razões políticas para tamanho sigilo. Até aquela data a legislação em vigor proibia a operação de aviões pela Marinha. Desde a criação do Decreto 55.627 em 1956, somente a FAB poderia ter aviões militares, mesmo que embarcados.

Mas naquela época a Aeronáutica vivia momentos difíceis e não tinha recursos para os seus principais programas de reaparelhamento. Como a aviação embarcada não estava entre as suas prioridades, o programa de modernização dos P-16 foi abandonado e nenhum substituto foi selecionado.

Se nada fosse feito, o navio-aeródromo Minas Gerais (A 11) passaria o resto da sua vida simplesmente operando com helicópteros. Mas não era esse o desejo do Estado-Maior da Marinha. E mesmo antes da última decolagem de um Traker do convés do Minas, a Aviação Naval já trabalhava com a hipótese de recuperar a capacidade perdida desde 1956.

Uma nota, uma revelação

Poucas pessoas deram importância para uma pequena nota que aparecia no topo da página 19 da edição nº 1481 da revista Veja (5 de fevereiro de 1997). A nota, assinada pela repórter Roberta Paixão, fazia parte da seção “Radar”, na época sob os cuidados do colunista Ancelmo Góis.

Sem muitas informações técnicas e tratando a questão de forma bastante jocosa, a nota anunciava que uma eventual aquisição de caças norte-americanos pela Marinha dependia da aprovação do presidende Fernando Henrique Cardoso. Deixando de lado a parte que depreciava tal empreitada, a nota chegou bem perto do que realmente aconteceu. O texto falava de vinte aviões e na verdade foram adquiridos 23 células. O valor anunciado foi de 60 milhões de dólares, sendo que a fatura final ficou bastante próxima (79 milhões incluindo do o apoio logístico).

A nota possui o mérito de ser uma das primeiras, se não a primeira, a  divulgar para o público em geral de que realmente existiam negociações entre a Marinha e o Kuwait para a compra de aviões A-4. Notícias com maiores detalhes e fornecidas pelos veículos especializados em defesa somente foram aparecer no final daquele ano de 1997, quando as negociações estavam praticamente concluídas.

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Esdras

Pena que de lá para cá pouca coisa mudou.

celsors

Esdras, pouca coisa nao……. nao mudou nada….vide avioes nao operacionais verdadeiras rainhas de hangar, vide NAE A 12 ainda se arrastando pela baia de guanabara……..e isso so pra comentar…penuria total mesmooooooooooooo

Sds

Esdras

Entao piorou porque nada evoluiu.

Lucas

Lapso grande e infeliz pra armada… Briguinha mais fútil essa da marinha com a aeronáutica… Excesso de força armada no rio pode até ter sido o motivo… Lamentável ainda hoje as forças armadas se concentrarem tanto na antiga capital

robert

eu nao sabia que desde 56 a marinha nao tinha aeronaves de asas fixas….

somente AGORA que eu entendo que o São Paulo é válido. Ficamos anos sem essa capacidade.

Que vergonha me deu a FAB agora. Que vexame.

Fabio

robert, pqvergonha da FAB? Vergonha dos governantes que desde sempre, prejudicaram o crescimento das FFAA´s.

A Lei não foi feita pela / para FAB.

Paulo

Fabio

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. A FAB não aceita que a MB opere seus asas fixas a partir de bases terrestres. Da mesma forma, pergunte se os brigadeiros aceitam que os KC 390 sejam divididos entre as três Forças. Mas nunquinha mesmo.

Abraços

Gilberto Rezende

Caro amigo QUASE houve conflito armado entre a FAB e a MB na década de 50 por causa da asa fixa. A MB importou aviões quase como contrabando e durante a construção da base aeronaval de São Pedro da Aldeia os aviões da FAB faziam rasantes para pertubar e interromper as obras. Dentro da falta de recursos daquela época seria difícil manter a asa fixa na Marinha e a decisão ERRADA acabou por vias tortuosas dando mais ou menos certo. Já que, apesar de tudo, a Marinha conseguiu manter operando seu PA por três décadas mesmo sem poder operar com… Read more »

Mauricio R.

E pq as aeronaves A-4 estão sendo reformandas na Embraer, alguma coisa de sensacional vai acontecer??? Não ,não vai, justamente pq é somente a uma gambiarra p/ dotar a MB de uma aeronave de combate. Nem digo “caça”, pq na sua origem o Skyhawk era, uma aeronave naval leve de interdição, análogo em parte ao A-1/AMX da FAB. Não vai melhorar a disponibilidade, pq somente uma parte das aeronaves em inventário será reformada. Não irá melhorar a confiabilidade, pq 2/3 da aeronave não serão realmente mexidos e ainda estaremos dependentes de peças de reposição e partes recuperadas das aeronaves não… Read more »

Gilberto Rezende - Rio Grande/RS

Maurício R. mas para quem NEM PODIA operar aeronaves de asa fixa há pouco mais de 10 anos á é um baita progresso! Anos-luz, e os velhos A-4 vão operar ainda melhor modernizadas. Mas concordo que os A-4 são um caça-tampão que terá sua vida operacional certamente limitada pelas razões que levantaste Com o porta-aviões que possuimos era esta praticamente a única alternativa possível pois fora desta restaria continuar não operarando. E esta é nunca foi opção válida para a MB. POLITICAMENTE a indefinição dos programas FX da FAB paralisam no nascedouro qualquer iniciativa da MB. Mesmo que fosse possível… Read more »