Segundo jornais ingleses, cinco pilotos da Royal Navy já estão tendo aulas de francês com esse objetivo

Pilotos ‘top gun’ da Marinha Real britânica estão sendo forçados a tomar aulas de francês, de modo a voar caças Rafale a partir do navio aeródromo Charles de Gaulle, da Marinha Francesa. As informações são dos jornais ingleses Daily Mail e The Telegraph.

Os pilotos da Royal Navy deverão se comunicar em francês com suas contrapartes da Marine Nationale, tanto no ar quanto a bordo do Charles de Gaulle, em treinamentos conjuntos com o caça Rafale, enquanto aguardam pela entrega de seus novos F-35, que não deverão estar prontos antes de 2020.

Os primeiros cinco pilotos navais britânicos, de um total que deverá chegar a trinta, já estão recebendo aulas de francês no Collège Interarmées de Défense (CID), em Paris. Serão 16 semanas aprendendo a língua, antes de iniciarem um período de três anos treinando no grupo aéreo embarcado do Charles de Gaulle, de modo a ganhar experiência no Rafale, cujos melhores pilotos, ou ‘top guns’, são conhecidos como  ‘les chevaliers du ciel’ – cavaleiros do céu.

Um alto oficial da Marinha Real disse: ‘Quem diria que, mais de 200 anos após a Batalha de Trafalgar, estaríamos pedindo aos franceses para treinar nossos pilotos navais de caça? Nossa relação com os franceses sempre foi um pouquinho tensa, então esse será um grande teste de cooperação. Por décadas. nossa percepção dos franceses sempre foi de que eles chegam quando a batalha já acabou. Agora  David Cameron (primeiro-ministro inglês) nos forçou a unir forças, ter aulas de francês, e comer sua comida.’

Falando em comida, ao invés dos ovos com bacon do café da manhã dos navios britânicos, os ingleses terão que se acostumar a croissants com café. Quanto à qualidade da comida, esse não deverá ser um problema: quem já embarcou em navios franceses afirma que as refeições a bordo têm qualidade muito superior às servidas nos navios britânicos, com o jantar sendo o ponto alto de cada dia.  Queijos e vinhos finos também estão no cardápio, estes últimos e o vermute substituindo a cerveja  e o gin tônica e tradicionalmente consumidos por oficiais britâncos nas folgas do serviço.

O Reino Unido já enviou pilotos para treinar com a Marinha dos EUA (U.S. Navy), mas é a primeira vez que os franceses foram solicitados para treinar pilotos navais britânicos.

Segundo o capitão Jock Alexander, a frota britânica precisará contar com um grupo experimentado de pilotos navais de caça antes que a Marinha Real receba seus dois novos navios aeródromo de grande porte, ao final desta década.

Segundo um porta voz do Ministério da Defesa do Reino Unido, ‘o relacionamento com a França tem importância estratégica, e as discussões estão em andamento para que pessoal da Marinha Real seja baseado no Charles de Gaulle, como parte do acordo bilateral entre os dois países. Isso permitirá que mantenhamos nossas habilidades e ajudará a desenvolver uma capacidade superior de ataque a partir de navios aeródromo no futuro.’

FONTES: The Telegraph e Daily Mail

FOTOS: Marinha Francesa (Marine Nationale)

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Wagner

Para uma Europa Unida essa atitude é muito bem vinda, embora represente a continuação da decadencia britanica…

Ozawa

Quem sou eu para criticar a posição adotada pela RN neste caso, mas me parece pouco compreensível esse intecâmbio anglo-francês na operação a partir de porta-aviões. Li aqui em algum momento que eles planejavam construir uma classe de porta-aviões conjuntamente como forma de otimizar os custos, mas ao que parece o Queen Elizabeth e o Prince of Wales vão bem encaminhados… Me pareceria mais lógico, mesmo pela idêntidade da língua, da cultura, da história, que tal intercâmbio se desse exclusivamente com a USN, a “matriz” quando o assunto é navio-aeródromo, a “nata” quando o assunto são pilotos navais ! Aliás,… Read more »

Ozawa

Agora, por amor ao debate sobre mais do mesmo, vejam que a RN, com toda a sua história naval, que dispensa comentários, que pensa em operar 1 ou 2 NAe(S) novíssimos, operando aeronaves CTOL no “estado-da-arte” em 2020, mesmo com uma elite de pilotos navais, comprovados em combate, vai enviá-los para intercâmbio na França, ou EEUU, quem seja… E um certo país ao sul do equador, com muito menos história naval, com muito menos capacidade e credibilidade navais, com muito menos pilotos navais, seja em quantidade ou proficiência comprovada em combate…, sustenta um navio-aeródromo e aeronaves no “estado-do-desmonte”, próprios, às… Read more »

Alexandre Galante

Ozawa, justamente por não termos uma tradição aeronaval como a britânica nem termos experiência de combate, é que temos que trilhar nosso próprio caminho e fazer um esforço maior que o deles. O NAe São Paulo custa muito pouco pelo conhecimento que proporciona à Marinha. Um dia desses conversei no Xat do Naval com um ex-tripulante do NAe São Paulo que trabalhou nas máquinas do navio. Seu depoimento foi extremamente positivo e reforçou minha opinião sobre a importância do São Paulo para a MB. É preciso ouvir mais as pessoas que tripulam o Sao Paulo e operam os Skyhawk para… Read more »

daltonl

faz sentido… os franceses se aperfeiçoaram com a US Navy na operação de NAes com catapultas já que os britanicos desaprenderam a partir do momento que optaram pelo “porta-harrier” então os britanicos terão aprendizado padrão US Navy com os franceses. Apesar de pilotos britanicos estarem nos EUA voando o Super Hornet,nunca é demais se ter redundancia, principalmente quando os EUA estão se cansando de “ajudar” a Europa, assim é possivel que a OTAN não seja a mesma coisa na proxima década. Também há o fato de que um segundo NAe frances poderá demorar mais do que o esperado e os… Read more »

Ozawa

Galante… Oxalá eu ainda, não velho e farto de dias e com cãs, mais ainda no vigor da meia de idade, possa olhar um Nae brasileiro, que não o São Paulo…, com aeronaves em seu convôo, que não os A4…, passando pela barra da baía de Guanabara…, e diga: puxa !!!!! eu tava errado !!!!! e venha e post isso no blog naval de 12 de junho de 2020…, e você me responda ato contínuo: viiiiiiiiuuuuuuuuuuuu !!!!!!!!!!

GUPPY

Viajando na maionese:

Será se não dava para a MB fechar um acordo com a RN de eles virem treinar no A12 em troca de umas Type 22 B3 e/ou Type 23, logicamente se for do interesse deles também? Acordos de cooperação estratégica entre os dois países, pelo que eu sei, já existe.

Abs

MO

er guppy

Treinar com o que no SP ??????

risos, acho que eh escorregr na maionese, nao viajar .. .kkkkk

Ivan

Reino Unido e França são aliados há quase 100 (cem) anos, quando juntaram forças para enfrentar a Alemanha do Kaiser. Repetiram esta aliança em 1939 contra a Alemanha nazista e em 1956 na tentativa desesperada de manter o Canal de Suez e o sonho de império. O natural seria treinamento conjunto há mais tempo… Entretanto o que vemos hoje é ‘surpresa’ na tentiva de treinamento conjunto, quando deveria ser ‘normal’. Será que as alianças dos últimos 100 (cem) anos era ‘de mentira’? Ou será que os comandantes ingleses e franceses estavam ainda vivendo na época gloriosa (para eles) de Nelson… Read more »

Ivan

Em tempo. A Royal Navy está agindo corretamente em enviar seus pilotos navais para treinar nos Estados Unidos e na França. Desta forma, quando seus novos porta-aviões forem entregues, terá tripulações aéreas prontas para embarcar. Apenas um pequeno reparo. Conforme publicado no Aereo (link abaixo), o treinamento nos EUA é com os US Marines, portanto com caças F-18 Hornets, dos modelos A, B, C ou D. http://www.naval.com.br/blog/2010/08/21/pilotos-britanicos-vao-aos-eua-para-treinar-em-cacas-lancados-por-catapultas/ “O Ministério da Defesa (MoD) confirmou que um grupo de 12 pilotos da Marinha Real passará por treinamento junto ao Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA (US Marine Corps) pelos próximos oito anos,… Read more »

Mauricio R.

Ivan,

A França sempre fez força p/ impedir os inglese de entrar e mante-los longe da Comunidade Européia.
Qnto ao treinamento em sí, mandar somente os pilotos, é fazer metade da lição de casa.
As tripulações de convés, são igualmente importantes p/ a operação segura e eficiente de um NAe.
A menos que pretendam manter a proeficiência desse pessoal, treinando decolagens roladas de helicópteros.
Vai ser hilário.

Ivan

Maurício,

Nem mesmo “decolagens roladas de helicópteros”, pois aparentemente pretendem aposentar o Ocean também.

Contudo é melhor ter um núcleo de pilotos navais do que nada.

Sds,
Ivan.

Augusto

Galante, poderia nos expor detalhes do depoimento do ex-tripulante do São Paulo?

Vader

Faz bem a Royal Navy em ir dar uma “espiada” nos franceses.

Experiência nunca é demais; mas se o avaliado fosse o PA, importante mesmo seria mandar equipes de bordo, e não apenas pilotos.

Estes estarão lá para avaliar os Rafales e sua operação no CdG, apenas.

E por favor, que não venham rafalechetes tresloucadas dizer que a RN irá comprar Rafales… 😉

Quanto à comida, sem dúvida que a francesa é melhor. A britânica normalmente é alta, dura, ossuda e sem remolejo… 🙂

Sds.

Ozawa

A despeito de alianças episódicas para superar um inimigo comum, a Alemanha, o que se vê correntemenete na história anglo-francesa, ou diriam os franceses: ne pas, franco-inglesa…, é uma história de tensões…

As episódicas alianças citadas nem foram lembradas na entrevista, ao contrário da própria declaração de oficialda RN: “Um alto oficial da Marinha Real disse: ‘Quem diria que, mais de 200 anos após a Batalha de Trafalgar, estaríamos pedindo aos franceses para treinar nossos pilotos navais de caça? Nossa relação com os franceses sempre foi um pouquinho tensa, então esse será um grande teste de cooperação…”

daltonl

Ivan…

além do treinamento com os legacy hornets dos marines, haverá, segundo outras fontes, treinamento com os Super Hornets também e já há pilotos voando Super Hornets de NAes também através do Personnel Exchange Programme.

abs

Wagner

Na verdade França e Inglaterra se quebraram durante mais de 500 anos, enquanto que ambos ficaram menos de 100 anos em rivalidades com a Alemanha.

A Inglaterra sempre gostou de se achar a “Independente”. Acho incrivel treinarem com os franceses e não com seus Senhores e donos, os norte-americanos.

Mas o intercambio vai beneficiar aos franceses tambem…hãã, em alguma coisa…

????????

Wagner

off topic : Lembrando que a Russia fez tudo sozinha : construiu primeiro os Kiev ( probleminhas com a Turquia…), depois os Kusnetsov, adaptou os Su 33 e agora Migs 29, treinou sozinha os Yak e depois treinou sozinha essa nova geração de pilotos, e hoje sua arma aérea embarcada, embora modesta, é fruto do exclusivo trabalho russo. teve um revés com o Yak 141 ( explodiu no pouso no Gorshkov), mas, os sukhois e Migs se adaptaram muito bem. E agora estão vindo o Vikramanditya ( o mesmo Gorhskov) e o Varyag, frutos da ciência soviética, um com Migs… Read more »

Wagner

Aliás nao seria mais econômico mandar o VF1 treinar na França ??

Alexandre Galante

Augusto, o ex-tripulante descreveu muitos detalhes da propulsão e disse que a até o acidente de 2005, o navio operava muito bem.

Contou que estava a bordo quando o NAe São Paulo fez mais de 30 nós de velocidade e deixou as escoltas para trás!

Ele acredita que com os reparos que foram feitos, o navio voltará a operar tranquilamente. O que se confirmou nos testes de mar feitos durante a última semana inteira.

daltonl

“A Inglaterra sempre gostou de se achar a “Independente” Wagner…o mesmo pode ser dito da França de Charles de Gaulle, que inclusive fez todo aquele teatro de abandonar a OTAN e sabe-se que não foi bem assim nem nunca houve tanta independencia , o NAe Charles de Gaulle estás repleto de tecnologia americana. “Lembrando que a Russia fez tudo sozinha” Até hoje eles não possuem um genuino NAe com catapultas e mesmo o Kuznetsov que só voltará ao serviço no fim da década, está sendo modificado para parecer mais um NAe convencional do que os hibridos que até agora foram… Read more »

Mauricio R.

OFF TOPIC…

…na falta de onde postar:

Da série: “Ursinho de pelucia, te aquieta ou tu vira tapete!!!”

“Russia on June 12 protested the arrival of a U.S. Navy cruiser equipped with a ballistic missile defense system in the Black Sea to take part in naval exercises with neighboring Ukraine, saying it was a threat to its national security.”

(http://www.defensenews.com/story.php?i=6791280&c=AME&s=SEA)

Aí eu pergunto:

Qndo é que a escritura da compra do Mar Negro, foi passada aos russos?
Nunca!!!

Wagner

Mauricio

É só retorica, os russos tem que protestar para fazer bonito… normal.
É igual botar um Slava par manobrar ao lado do Caribe…

Dalton

Ainda assim o navio está lá, foi construido por eles e está voando, ops, navegando, com avioes voando… e quem quiser desafiar seus sukhois e migs terá problemas !!

Wagner

Historicamente, a potência hegemonica do Mar Negro sempre foi a Russia-URSS. E a Ucrania tambem, como republica sovietica… Lembrando a presença de França e GB, historicamente, o que nos leva a constatar que de fato é um teatro muito importante. A Ucrania está falida, escravizada, endividada, desmoralizada e acabada. Não nos preocupa. Contanto que não entre para a Otan e continue e pagar pelo gás… o presidente é amigo do Kremlin agora… Vão continuar beeem bonzinhos e submissos, e não vai ser um cruzador do Tio Sam que vai fazê-los escapar de nossas garr, ops, influencias… Eles mesmos querem nos… Read more »

Wagner

o ursinho de Pelucia é a segunda potencia militar-nuclear do mundo, possui a segunda frota de submarinos nucleares do mundo, um dos maiores exércitos, o maior numero de tanques gigantescas reservas humanas , terceira maior força aérea , know how em quase tudo militarmente falando , auto-suficiencia em quase todos os recursos naturais, ao contrario da grande maioria do resto do planeta e um dos unicos dois únicos paises que EUA não tem como atacar ( junto com a China) sem levar resposta proporcional. E considerando que a Europa militarmente está uma verdadeira decadencia, ninguém mais pode só falar de… Read more »

Marine

O Wagner agora se referindo a Russia como “nos”…

Voce finalmente recebeu a cidadania russa ou e so sonho mesmo? Hehehehe

Sds!

Mauricio R.
Mauricio R.

Os acordos França X Grã-Bretanha em assuntos de defesa, começam a despertar desconfianças no restante da Europa.

(http://www.defensenews.com/story.php?i=6792075&c=FEA&s=CVS)