Estrangeiros viram minoritários para vender às Forças Armadas

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Empresas estrangeiras da área de segurança têm bons assistentes legislativos. Eles sabem que, no corpo da Medida Provisória 544, consta que, para se beneficiar de preferências para fornecer a Exército, Marinha e Aeronáutica, as companhias terão de ter maioria de capital nacional – para se enquadrarem como Empresas Estratégicas de Defesa. Como a chance de uma MP virar lei, devido à força da base de apoio ao governo, é de 100%, os estrangeiros já estão se adaptando. Espera-se, no entanto, que sejam nacionalizações reais e não fictícias, com estrangeiros donos de 40% do capital mandando, na prática, nas empresas.

Do lado puramente nacional, gigantes como Embraer e Odebrecht crescem a cada dia no setor. Nos últimos dias, sem alarde, a norueguesa Siem Consub mudou sua denominação para Siem Offshore do Brasil e criou uma empresa com maioria de capital brasileiro, subscrito por um conjunto de engenheiros empregados na empresa, chamada Consub Tecnologia. Sabe-se que outras estrangeiras seguirão o mesmo caminho: viram minoritárias para não serem alijadas do sistema.

A Siem Consub é a empresa que desenvolveu a série de sistemas de comando e controle para a Marinha (conhecidos por Siconta) e os integrou ao sistema de combate das fragatas da classe Niterói e da corveta Barroso. Atualmente está trabalhando em nova versão para o porta-aviões São Paulo.

Após a MP 544 virar lei, a nova subsidiária, já com capital nacional, estará habilitada a ser classificada como Empresa Estratégica de Defesa e gozar de diversos benefícios previstos nesta nova legislação. Além disso, por causa de sua grande experiência (única no Brasil na área de sistemas navais), ela vem sendo muito procurada pelos estaleiros estrangeiros que estão competindo no Programa de Navios de Superfície da Marinha (Prosuper) que prevê o fornecimento – com construção no Brasil e transferência de tecnologia – de cinco navios de patrulha oceânicos, cinco fragatas e um navio de apoio logístico.

FONTE: Monitor Mercantil

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Mauricio R.

MP 544, a nova muleta p/ a indústria de defesa, tadinha dela!!!
Se fosse p/ valer a END deveria se resumir a uma única frase:

“Sabemos aonde e como, adquirir aqueles equipamentos, sistemas e serviços que interessam as ffaa do Brasil, virem-se!!!”

Grifo

Senhores, ao contrário do que diz a matéria a MP 544 não exige que a maior parte do capital seja nacional. Na verdade ela sequer fala em capital ou controle. O que é exigido é “que o conjunto de sócios ou acionistas e grupos de sócios ou acionistas estrangeiros não possam exercer em cada assembléia geral, número de votos superior a dois terços do total de votos que puderem ser exercidos pelos acionistas brasileiros presentes”. Acho que veremos uma série de reestruturações societárias e alterações nos estatutos das empresas de defesa (como AEL e Helibrás), mas é possível perfeitamente fazer… Read more »