Com expansão militar da China, Panetta busca relações mais próximas

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O secretário de Defesa norte-americano, Leon Panetta, deve buscar relações militares mais profundas com a China durante sua visita à Ásia nesta semana. Ao mesmo tempo em que os Estados Unidos estão criando alianças com outros países da regirão, para desconforto de Pequim.

Panetta, que chegou a Tóquio no último domingo, faz sua terceira visita à Ásia como secretário de Defesa, em um momento em que a China está envolvida em disputas territoriais delicadas com o Japão e as Filipinas – dois importantes aliados estadunidenses na região.

Protestos anti-nipônicos ocorreram em diversas cidades chinesas. Os manifestantes destruíram lojas, e atacaram carros e restaurantes japoneses. O motivo das revoltas foi a decisão tomada por Tóquio na última terça-feira de comprar o pequeno arquipélago das Ilhas Senkaku – Dayou para os chineses – do proprietário particular japonês.

Panetta discutirá com oficiais japoneses a reconfiguração das bases militares americanas no país, e a possibilidade de expandir as defesas contra mísseis balísticos. Em seguida, o secretário irá a Pequim na tentativa de aprofundar laços militares com a China. A última parada da viagem será na Nova Zelândia, para conversas acerca de cooperação na área de defesa.

Autoridades estadunidenses e chinesas vêm empreendendo esforços para progredir as relações militares entre os dois países desde a retomada das conversas, há cerca de um ano, após uma ruptura traumática por conta da venda de armas americanas para Taiwan, um território independente tratado como província rebelde por Pequim.

Porém, apesar das visitas de representantes do alto escalão, as relações entre o Pentágono e o Exército de Libertação Popular são marcadas por preocupações e desconfiança.

Um oficial superior americano teria declarado anonimamente que “essas são relações que, no passado, foram caracterizadas por altos e baixos e um ciclo de harmonia e conflito, refletem a falta de uma base sólida o suficiente para aplacar o tipo de turbulência que é natural em uma interação ampla e complexa como a que temos com a China”.

“Ainda não chegamos aonde gostaríamos de estar em termos de aliança militar, mas visitas como a do secretário Panetta devem sustentar o progresso que conseguimos ao longo dos últimos meses”, completou.

Oficiais estadunidenses têm pressionado por uma aproximação com a China, devido  apreensão com o possível direcionamento dos esforços de modernização militar empreendidos por Pequim, e que incluem míssies anti-navios, aeronaves invisíveis e seu primeiro navio-aeródromo. Muitas dessas armas preocupam as autoridades militares, pois parecem ser concebidas para se contrapor às forças norte-americanas e negar seu acesso às vias marítimas da região do Pacífico.

Militares americanos acreditam que, ao estabelecer esforços de cooperação com as Forças de Defesa chinesas, ambos os lados poderão se familiarizar com as operaçãoes, desenvolver transparência nas relações, e canais de comunicação que evitarão mal-entendidos que podem levar a conflitos. Porém, segundo Dean Cheng, analista da agência Heritage Foundation, ainda não há como definir quais os ganhos da renovação dos laços entre Estados Unidos e China.

“As relações não estão congeladas, mas, na melhor das hipóteses, há poucas evidências de progresso”, declarou. “As Forças de Defesa chinesas permanecem avessas ao conceito ocidental de transparência, e continuam hostis, por exemplo, à passagem de navios de guerra americanos pelas Zonas Econômicas Especiais (ZEEs) sem permissão prévia”.

A pressão estadunidense por laços mais fotes pode ser particularmente ríspida em um momento no qual a China não apenas está investigando seus vizinhos no Mar do Leste e no Mar Meridional em busca de ilhas potencialmente ricas em recursos, mas também se preparando para uma transição em termos de liderança.

‘Não queremos provocações’

As reivindicações chinesas sobre grande parte do Mar Meridional, incluindo as ilhas Spaltry e Paracel, levaram a animosidades com o Vietnã, As Filipinas e outras nações do Sudeste Asiático. Um confronto semelhante ocorre com o Japão no Mar do Leste. “Os Estados unidos não tomam partido quanto às disputas territoriais, mas nós insistimos sim que a não apenas a China, mas também as outras nações envolvidas, resolvam suas diferenças de forma pacífica”, declarou Leon Panetta a repórteres durante o voo para Tóquio. “O que nós não queremos é que provocações da China ou outras partes resultem em conflitos. E meu objetivo é encorajar esses países a participar do esforço da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, na sigla em inglês) para solucionar essas questões de forma pacífica”.

A China tem rejeitado propostas apoiadas pelos EUA para uma abordagem multilateral das contendas. O país prefere negociar separadamente com cada uma das nações reivindicantes. Panetta afirmou que espera conversar com as autoridades chinesas sobre a possibilidade de cooperação em várias outras áreas de interesse comum a Pequim e Washington, como proliferação nuclear, livre navegação, combate à pirataria, comércio e assistência humanitária. “Essas são áreas em que podemos trabalhar juntos para proporcionar segurança e apoio para a região da Ásia e do Pacífico e permitir que ela prospere no futuro”, declarou.

Mas ainda que o secretário de Defesa americano consiga levar a cooperação entre EUA e China a um outro patamar, ainda não se pode garantir que essa relação estabeleça o nível de diálogo que os Estados Unidos acreditam ser possível. “Parte dessa questão é o que nós queremos dessa cooperação militar”, explica Dean Cheng. “Caso se trate de abrir um canal de diálogo, então está funcionando. Porém, caso se trate de buscar um canal de comunicação que evite crises  impeça conflitos de tomarem proporções maiores, então épouco provável sob quaisquer circunstâncias. Os procedimentos e a organização do Exército de Libertação Popular, incluindo a importância dos membros políticos, é incompatível com o modus operandi dos Estados Unidos”.

FONTE: Euronews

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