Ele era o capitão do cruzador General Belgrano, afundado pelo submarino nuclear britânico HMS Conqueror, em 1982

“Toda vez que ouço falar das vítimas do Belgrano, adoeço. Eles são heróis e por isso devem ser lembrados”, disse mil vezes o capitão aposentado Héctor Elías Bonzo, comandante do cruzador General Belgrano, que faleceu em 23 de abril de 2009, aos 76 anos, vítima de um ataque cardíaco enquanto dirigia seu carro.

Com a mesma ênfase que ele colocou para resgatar do esquecimento e colocar em seu lugar na história os 323 mortos no naufrágio do navio durante a Guerra das Malvinas, ele reiterou a seus parentes mais próximos nos últimos anos que não queria funeral público e que esperava que suas cinzas fossem espalhadas no mar.

Ele se aposentou da Marinha poucos meses após o fim da guerra com a Grã-Bretanha, Bonzo dedicou o resto de sua vida a manter o espírito daqueles que sobreviveram ao ataque do submarino de propulsão nuclear britânico HMS Conqueror e lembrar-se dos “heróis” mortos de 2 de maio de 1982.

A Guerra das Malvinas foi um ponto de inflexão na sua carreira, que começou em 1947 quando entrou para a Academia Naval.

Nascido em 11 de agosto de 1932 em General Rodriguez, ele serviu em diferentes navios da Marinha, como o cruzador Argentina e 9 de Julio, fragata Sarandi, fragata Libertad e o quebra-gelos San Martin.

Ele foi o responsável pela División Avisos y del Comando Local de Control Operativo. Foi adido naval no Brasil, comandante da Escuadrilla de Apoyo y Sostén e secretário-geral adjunto. O governo brasileiro concedeu-lhe a Medalha Mérito Tamandaré. Ele assumiu o comando do Belgrano em dezembro de 1981.

Pouco depois de sua aposentadoria da atividade militar, Bonzo ajudou a organizar a Asociación Amigos del Crucero General Belgrano, a partir da qual ele manteve contato constante com a tripulação que sobreviveu e as famílias dos falecidos.

Em sua homenagem, ele escreveu o livro 1093 Tripulantes e deixou pendente editar La Historia del Crucero General Belgrano.

Em entrevistas dadas ao La Nacion e outros meios de comunicação, foi contundente quando se referia ao papel de Belgrano na guerra. “Eu não gosto quando se fala sobre o Belgrano como crime de guerra. Se eu tivesse avistado um navio britânico, não tenha dúvida de que eu teria atacado. Não éramos um alvo inofensivo. O Belgrano tinha 15 canhões de 152 mm e mísseis”.

Nos últimos anos de vida, ele teve problemas de saúde. Assim, não pode participar em março de 2003 da expedição realizada pela National Geographic para tentar localizar o General Belgrano no fundo do mar.

FONTE: La Nacion

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horatio nelson

poxa vida muitos ingleses morreram para que as falklands pudessem ser chamadas de falklands…tá ai um verdadeiro argentino que não se vitimiza como muitos outros

Tamandaré

“Eu não gosto quando se fala sobre o Belgrano como crime de guerra. Se eu tivesse avistado um navio britânico, não tenha dúvida de que eu teria atacado. Não éramos um alvo inofensivo. O Belgrano tinha 15 canhões de 152 mm e mísseis”.
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É bom ver isso vindo do Capitão. Que nunca mais se repita que o Belgrano era inofensivo. Só resta saber por quê eles navegaram tão displicentes naquele dia….
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Boa noite a todos

Adriano

acredita-se que como o Belgrano estava fora da zona de exclusão marítima e aérea imposta pelos britânicos, eles não se consideravam alvos em potencial

José Carlos David

O Belgrano não era inofensivo. O problema é que estava num teatro de operações muito adiante do seu tempo.

Jeff

Essa frase do capitão resume tudo. Não se vitimiza, pois estavam em guerra, fazem o que tem que fazer. Muitos argentinos e britânicos se encontraram muitos anos após a guerra e são amigos. Guerra é um momento onde se faz o que tem que ser feito. Parabéns ao capitão.

Mahan

O quanto um submarino tem que se aproximar de um navio para desferir um ataque com torpedos? E com misseis anti-navio, como faz para obter o alvo? O Belgrano tinha alguma chance de se aproximar dos navios Britânicos armados com misseis mar-mar e atirar com seus canhões? Ele, para calcular o tiro tinha computadores, radares etc…? Como isso é feito hoje?

Adriano

Se a burrice dos argentinos não tivesse botado na cabeça deles a ideia absurda de posicionar os principais navios deles na boca da zona de exclusão marítima pra um “ataque total” contra os ingleses, a tragédia desse navio talvez tivesse se evitado. O Belgrano tinha canhões superiores aos de todos os navios ingleses, se ele fosse posicionado na entrada das ilhas protegendo a costa, estaria longe de ataques de submarinos e na certa os ingleses uma hora ou outra o venceriam, mas o custo amigo iria ser bem alto

horatio nelson

uma coisa pouco comentada é q o Bouchard tbm foi torpedeado pelo conqueror mais o torpedo não detonou…sugestão para futuros posts “falklands porque os torpedos não explodirão“rs

Rafael Oliveira

Horatio, há uma discussão se o torpedo explodiu ou não. Mas, com base no quanto dito pelos tripulantes do Bouchard, o torpedo explodiu próximo ao casco (espoleta de proximidade).

Mas é claro que se o Poggio fizer uma matéria a respeito, eu ficaria muito grato.

Roberto

Bem…..se estava navegando e escoltado por dois navios, não era pra ser três torpedos, era pra ser seis
Se não quer guerra ou não guenta, fique no porto