ARA San Juan fora d'água

ARA San Juan fora d’água, para a modernização de meia vida

O primeiro submarino TR-1700 argentino, ARA Santa Cruz recebeu sua modernização de meia vida no Brasil, no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro (AMRJ), entre setembro de 1999 e 2001. O trabalho envolveu a substituição dos motores, baterias e sonar.

Seu irmão, o ARA San Juan, recebeu a modernização de meia-vida na Argentina, no estaleiro Astillero Domecq Garcia, de 2008 até 2013.

Na modernização de meia-vida, um trabalho difícil e complexo, foi necessário cortar o casco do submarino pela metade com solda de oxigênio-acetileno e separá-lo em duas partes, porque não é possível remover ou inserir equipamentos através das pequenas escotilhas.

Os quatro motores diesel MTU de 16 cilindros em V e 1200 Kw de potência foram substituídos e o motor elétrico responsáveis ​​pelo movimento da hélice recebeu uma manutenção integral – que incluiu a sua completa desmontagem, limpeza, medição, calibração e posterior remontagem – com a substituição das montagens que amortecem a vibração do motor.

Também foram reparadas ou substituídas cada uma das 960 baterias que alimentam o submarino e reparadas válvulas e outros mecanismos.

A tarefa de reconectar o casco do submarino ocorreu no final de 2011, envolveu complexidades do ponto de vista técnico: não pode haver nenhum erro que comprometa a vida e a segurança da tripulação do submarino.

Chegada do submarino ARA San Juan no syncrolift do CINAR para ser colocado fora d’água
O San Juan dentro das oficinas do Almirante Storni, pronto para o corte do casco
Corte do casco do ARA San Juan
Separação do casco cortado em duas partes

ARA San Juan – o casco já cortado é separado em duas partes para a retirada de equipamentos
Retirada de um dos motores diesel MTU
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Carlos Alberto Soares

1) Os Argies são capacitados as manutenções, inclusive construção apesar da fábrica estar “desativada”;

2) O Sub não é velho, está dentro dos padrões da Engª Naval segura e

3) Nehum comandante sai para missão ainda mais de rotina com um Sub problemático.

Acidentes e incidentes acontecem, felizmente raramente.

A Sala de máquinas estava sob responsabilidade de uma oficial tripulante, aparece comentando em dois vídeos que já poste.

Carlos Alberto Soares

postei *

Nunão

“Carlos Alberto Soares 18 de novembro de 2017 at 10:28 1) Os Argies são capacitados as manutenções, inclusive construção apesar da fábrica estar “desativada”;” . Carlos, bom dia. A capacitação é algo que se perde em poucos anos se não é praticada. Não lembro de notícias recentes sobre os trabalhos nos quais está hoje engajado o pessoal que realizou a manutenção/modernização de meia vida do San Juan desde 2013, teria que pesquisar. Mas se não estiverem trabalhando diretamente nesse tipo de trabalho, esses 4 anos de lacuna (se existir, deixo claro) já seriam um problema. . Quanto à construção de… Read more »

Carlos Alberto Soares

Nunão,
bom dia e boa tarde

Concordo,
mas a infra está lá. Como quase tudo é importado o suporte técnico dos diversos fabricantes devem ser requisitados.

Quanto a construir concordo também, mas tem o famoso “um lá” e depois cá.

Reitero, em linhas gerais concordo contigo, mas …. .

Os Argies em Metal-Mecânica etc etc são muito bons, mas nós os ultrapassamos com certeza.

Ozawa

Superada a busca e, na melhor hipótese, o resgaste, as apurações da mídia leiga e especializada serão minudentes e implacáveis.

A Armada Argentina, mais que outras ou tanto quanto muitas, não tem dinheiro para as manutenções/aquisições desejáveis.

Se o pior acontecer como está se delineando o naufrágio com vítimas não será somente no mar…

Nunão

Sim, Carlos, nem estou fazendo comparações com o Brasil (embora use, além do que sei sobre o programa argentino de submarinos, aquilo que sei do caso brasileiro e suas iniciativas não perder capacitação para ter mais parâmetros para analisar o caso da Argentina ). . Em muitos aspectos, os argentinos tiveram ao longo do tempo muitas capacidades, razoavelmente capilarizadas, para manutenção de seus equipamentos militares. A família de caças Mirage III / Dagger / Finger, por exemplo (ainda que de outra área que não a naval), tinha ao longo de suas décadas de serviço na FAA muitas peças de reposição… Read more »

Nunão

não seu = não sei

Silva

Muito interessante as fotos. Eu como sou leigo, sempre achei que necessariamente, submarinos possuíam casco duplo para aumentar a segurança no caso de uma colisão ou no caso do sub ser alvejado. É, vivendo e aprendendo.

JT8D

Até agora não há nenhuma informação oficial sobre o que pode ter acontecido, apenas especulações. E, especulação por especulação, eu espero que tenha ocorrido apenas algum dano na antena de comunicação devido às condições severas do mar naquela região

Alex

Quantas pessoas cabem num sino de mergulho? Quantas poderiam ser retiradas de cada vez pelo Perry, junto com o pessoal q desce nele?

Nunão

Silva, há muitas variações do chamado “casco duplo” de submarinos. Há casos de um casco externo (ou “hidrodinâmico”) envolver boa parte do casco interno (ou “de pressão”), mas a regra é que o casco de pressão é de chapa mais grossa e estrutura reforçada, pois é o que tem que resistir à diferença da pressão do ar “atmosférica” dentro dele e a pressão do mar do lado de fora, enquanto o casco hidrodinâmico tem chapa (pode ser até de fibra/material composto) fina, pois a água do mar quando o submarino está imerso preenche o espaço entre ele e o casco… Read more »

camargoer

Olá Silva. O Nunão que conhece muito fez uma excelente descrição, mas fiquei pensando também nessa questão do casco duplo e lembrei sobre o problema da compressibilidade do ar. Se a gente colocar pressão sobre um gás, ele diminui de volume, mas líquidos mantêm o volume mesmo sob grandes pressões. Então o volume entre um casco interno e externo teria que ser preenchido com um líquido que sofreria a mesma pressão do meio externo, então a pressão sobre o casco interno seria iguai à pressão no casco externo. O resultado disso é que apenas o casco interno suportaria toda a… Read more »

Nunão

Camargoer, boa descrição. Acrescentaria ainda mais uma função (ou característica derivada da função hidrodinâmica), do casco externo, em especial o adendo superior ao casco interno, que diferentemente dos adendos da popa e proa, esgota a água nele encerrada quando o submarino emerge: na parte final da imersão, conforme a água preenche o espaço entre ele e o casco interno, há um grande aumento da peso de água, permitindo diminuir o tempo de mergulho. Isso era algo bem característico, se não me engano, dos Tipo VII alemães da IIGM, que tinham um tempo de mergulho bastante reduzido.

Silva

Nunão 18 de novembro de 2017 at 12:19

Muito esclarecedor sua explicação para um leigo no assunto como eu. Agora uma outra dúvida neste mesmo assunto: Há alguma diferenciação específica na construção de um casco para um submarino movido a propulsão convencional, no caso, diesel-elétrica e outro movido por propulsão nuclear? Em outras palavras, há a necessidade ou a exigência de alguma margem maior de segurança entre um projeto e outro?

Silva

camargoer 18 de novembro de 2017 at 12:45

Imagina amigo. Se eu pode contribuir em algo aqui, foi simples e puramente por curiosidade minha. Mas sua observação foi pertinente, contribuiu em muito para o meu conhecimento sobre esse assunto. Obrigado.

Nunão

Sim, Silva, os cascos resistentes para submarinos de propulsão nuclear necessitam de volume interno maior que a maioria dos convencionais, o que é combinado à necessidade de mais resistência para operar a profundidades maiores, e isso tudo os torna estruturalmente ainda mais exigidos, além da necessidade de válvulas especiais instaladas no casco de pressão para as necessidades desse ripo de propulsão, entre outros detalhes.

Antônio

Essas descrições são muito complexas para mim.
Casco duplo? Pensei que era para reforçar, mas pelo que falaram, o casco interno é que segura o tranco?
Os dois cascos seriam apenas para a entrada de água?

Theo Gatos

Uma dúvida de leigo, o casco externo tem alguma função também na redução de assinatura do submarino (acústica por exemplo)?
.
Sds

JT8D

Antônio 18 de novembro de 2017 at 14:13
Antonio, o casco interno é o que é guarnecido pela tripulação, tendo que resistir à diferença entre a pressão atmosférica interna e a pressão da água na profundidade em que o submarino navega. Já o casco externo não passa, na maioria das vezes, de um conjunto de tanques dotados de válvulas, que admitem água do mar para fazer o submarino mergulhar e que são preenchidos com ar pressurizado para fazer o submarino emergir.

Alex Barreto Cypriano

Parece que usaram pro corte do casco um dispositivo conhecido como oxicorte, e não uma solda oxiacetileno (solda une, corte separa).

Renan

Nunão
Uma pergunta.
Sabe me dizer se submarinos no estado da arte.
Possuem 3 cascos?
O motivo seria o primeiro para exercer as funções descrito nos comentários. O segundo poderia ser ermėtico e preencher o espaço entre o terceiro com gas pressurizado.
Assim somando a preção do casco 2 e a preção do mar diminui a preção no casco 3
Permite o submarino ir mais fundo.
Conhece algo do tipo?
Com certeza este princípio é aplicado em submarinos não tripulados. Mas e os que tem pessoas existe algo assim?

Carlos Alberto Soares

Nunão 18 de novembro de 2017 at 11:31 Nunão, concordo com tudo que afirmastes e acrescento: a situação das perdas de capacidades e capacitação no Brazil é grave, na Argentina muito pior. Lembro-me na década de 70 quando os forjados e fundidos argentinos eram muito superiores. O que os segura são as multinacionais e as poucas grandes empresas nacionais que sobreviveram, muita gente e empresa boa sumiu. Décadas de militarismo barato, antes populismo canalha e nas últimas duas décadas mais populismo safado. O Macri está ferrado, os Argie vão precisar de décadas (3 ou 4 ?) para se recuperar. Nós… Read more »

Carlos Alberto Soares

*história

Nunão

“Antônio em 18 de novembro de 2017 at 14:13 Essas descrições são muito complexas para mim. Casco duplo? Pensei que era para reforçar, mas pelo que falaram, o casco interno é que segura o tranco? Os dois cascos seriam apenas para a entrada de água?” Antônio, vou tentar deixar mais simples. Pense numa latinha de cerveja de 269ml, bem fechadinha, isolando o conteúdo interno do externo. Só imagine que, em vez do líquido estar dentro e o ar fora, é o contrário. Esse é o casco resistente, ou casco interno. Agora corte uma bolinha de ping-pong no meio, faça alguns… Read more »