Super Lynx da MB operando no Líbano

Super Lynx da MB operando no Líbano

Super Lynx da MB operando no Líbano
Super Lynx da MB operando no Líbano

Três das oito aeronaves AH-11B que fazem parte do programa de modernização devem chegar até o final de 2018 ao 1º Esquadrão de Helicópteros de Esclarecimento e Ataque

Taciana Moury/Diálogo

As capacidades modernizadas da aeronave Super Lynx AH-11B foram testadas por um grupo de pilotos do 1º Esquadrão de Helicópteros de Esclarecimento e Ataque (EsqdHA-1), unidade da Marinha do Brasil (MB) que vai receber oito aeronaves modernizadas até o final de 2020. Durante duas semanas, quatro pilotos realizaram um total de 20 horas de voo na aeronave N-4001, com o objetivo de capacitar os oficiais brasileiros para a nova versão da aeronave.

Na ocasião, foi treinada a eficácia de alguns procedimentos de emergência da aeronave AH-11B e dos equipamentos de navegação, do processador tático e do radar, entre outros. O Capitão-de-Fragata da MB Bruno Tadeu Villela, imediato do EsqdHA-1, foi o responsável por realizar o primeiro voo após o processo de modernização.

“Foi uma experiência indescritível. O acréscimo na potência dos motores, a renovação do cockpit, dos equipamentos de navegação e de diversos sensores fizeram a aeronave ainda mais interessante de voar”, destacou o CF Villela.

Os voos representaram a parte prática do curso diferencial de Coordenador Tático (TACCO, em inglês), realizado na sede da Leonard Helicopters, em Yeovil, no Reino Unido. Segundo o CF Villela, o início do curso de TACCO durou três semanas e foi uma classe teórica de aviação, conhecida como Ground School, dos sistemas da aeronave que foram modernizados.

Ao todo 58 militares do EsqdHA-1, 18 oficiais e 40 praças, participaram do primeiro treinamento. O contrato de modernização prevê um conjunto de oito cursos para os militares da MB. “Durante as duas fases do curso foram ministradas as informações necessárias para o início do processo de transição para a AH-11B”, disse o CF Villela.

O oficial explicou que os militares brasileiros não encontraram dificuldades durante o curso, uma vez que eles já possuíam experiência nas aeronaves AH-11A e são fluentes na língua inglesa. “Conhecíamos os desafios que seriam encontrados ao longo do curso. Desta forma, a preparação dos militares antes do início das aulas foi essencial para o sucesso de todos”, destacou o CF Villela, que faz parte do grupo de pilotos que conduzirá a transição do efetivo do esquadrão para as aeronaves AH-11B. “Teremos muito trabalho na qualificação de pilotos e mecânicos e o resultado disso representará o futuro do nosso esquadrão”, complementou.

Desde janeiro de 2018, o EsqdHA-1 vem aprimorando um memorando interno que orientará a transição para as aeronaves AH-11B. Os militares que realizaram os cursos oferecidos pela empresa no Reino Unido desenvolverão os currículos e os projetos específicos dos cursos a serem ministrados no esquadrão. Esses mesmos militares atuarão como instrutores dos conhecimentos ao restante do efetivo.

Primeiro AH-11B Super Lynx modernizado na Inglaterra
Primeiro AH-11B Super Lynx modernizado na Inglaterra

Expansão da capacidade operacional da MB

O Capitão-de-Fragata da MB Alexandre da Silva Doring, comandante do EsqdHA-1, salientou que as principais mudanças das aeronaves AH-11B consistem na incorporação de motores mais potentes e confiáveis, de aviônicos totalmente digitais e compatíveis com óculos de visão noturna e de um equipamento moderno de medidas de guerra eletrônica. Foram instalados motores LHTEC CTS-800-4N, dotados de um controle de motor digital de pleno poder, com diversas alterações no sistema de potência da aeronave.

Foram feitas as seguintes mudanças e instalações: alteração da configuração dos sistemas hidráulicos; instalação de um sistema de cabine com mostrador digital, conhecido como glass cockpit, composto por três telas digitais multi-função e integrado a um processador tático, o qual passará a concentrar e distribuir todas as informações de sensores e equipamentos táticos da aeronave; instalação de um sistema de navegação GPS com capacidade para realização de voos de rotas de navegação de área e procedimentos do sistema de pouso por instrumentos, associado aos sistemas de alerta anticolisão de tráfego e de Vigilância Cooperativa para Rastreamento de Aeronaves; e instalação de um novo sistema de guincho. “Com essas melhorias, as aeronaves terão capacidade de operar com maior segurança, além de uma melhor compilação dos dados proporcionada pelo uso do processador tático, essencial em um ambiente hostil de operação, onde a troca de informações de maneira eficiente é fundamental”, destacou o CF Doring.

“A atuação na Força-Tarefa Marítima da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), da qual o esquadrão participa desde 2001 com uma aeronave embarcada, vai ser beneficiada pela modernização da AH-11B”, exemplificou o CF Villela. Durante a UNIFIL, o helicóptero é utilizado para o esclarecimento da área sob responsabilidade do navio da MB, no reconhecimento dos navios de interesse. Assim, a aeronave usa seu próprio radar para aumentar a área de cobertura do radar da embarcação, já que tem maior velocidade e pode se deslocar verticalmente.

“Em menor espaço de tempo é possível verificar a área de responsabilidade e determinar alvos de interesse. Esses alvos podem, em seguida, ser identificados pelo uso do equipamento FLIR [câmaras de visão frontal infravermelha] da aeronave, que detecta uma radiação infravermelha, permitindo ao navio executar o seu processo decisório de qual ação pode ser necessária em relação ao alvo”, explicou o CF Villela.

O CF Doring destacou que o Lynx AH-11B proporcionará maior eficiência na missão de ampliar as possibilidades dos sensores e a capacidade de reação do navio em que ele estiver embarcado. Isto influenciará de forma positiva na proteção de qualquer área marítima que esteja confiada à MB.

Novos motores instalados no Lynx da MB em Yeovil
Novos motores instalados no Lynx da MB em Yeovil, no Reino Unido

Ampliar as potencialidades das embarcações

O EsqdHA-1 tem a missão de prover os meios aéreos que integram o sistema de armas dos navios de superfície da esquadra. O esquadrão conta com 322 militares em seu efetivo, sendo 26 oficiais e 296 praças.

A unidade aérea possui um total de 12 aeronaves Super Lynx AH-11A, das quais oito fazem parte do programa de modernização para o padrão AH-11B. Cinco dessas aeronaves já se encontram no Reino Unido para modernização e, de acordo com o cronograma previsto, três delas devem ser entregues até o final de 2018.

O CF Villela avaliou que as aeronaves AH-11B elevam o EsqdHA-1 para a vanguarda das aeronaves navais de ataque pela atualização de diversos sistemas e sensores. “A instalação de um cockpit totalmente digital, lançadores de chaff [contramedida radar em forma de tiras de folha metálica] e de flare [foguetes de sinalização] de última geração permitirão uma evolução operacional do esquadrão semelhante à ocorrida quando foi feita a incorporação dos AH-11A, em 1998. Com a nova aeronave, o esquadrão poderá passar a cumprir suas missões com mais eficiência e mais segurança”, concluiu.

FONTE: Diálogo – Fórum das Américas

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Marcelo Monteiro

Será que esses helicópteros estarão no PHM Atlântico? A MB ja informou alguma coisa sobre essa possibilidade?

Fernando "Nunão" De Martini

Se forem alocados em missões específicas, estarão, assim como outros tipos de helicópteros . Os helicópteros são operados pelos esquadrões dotados dos mesmos, e não pelos navios. São embarcados para as missões, tornando-se “orgânicos” durante as mesmas, mas operados pelo pessoal dos respectivos esquadrões e, ao final das missões, decolam de volta para seus esquadrões.

Marcelo Monteiro Ribeiro

Obrigado, Nunão!!!

Lucas Schmitt

Não seria interessante trazer os Lynxs que já estão prontos embarcados no PHM Atlântico? Não seria um custo a menos de transporte? Afinal, se eles vierem voando ( o que eu acho difícil) vai gastar bastante combustível, e se vierem transportados por navio ou avião, será feito por uma empresa terceirizada.

Leandro Costa

Lucas, como diz a matéria, três devem estar prontos no final do ano. Se um deles já está pronto e funcionando bem, talvez tendo atuado como protótipo da modernização encomendada pela MB, e ao mesmo tempo sendo usado como aeronave treinadora das tripulações que servirão como instrutores no Brasil, o que significa que sua presença em Yeovilton deve ser necessária. Como o PHM (não tinha um ‘N’ no começo?) Atlântico deve vir já agora em Agosto, então os cronogramas não batem. Os helicópteros devem ser entregues via aeronave de transporte pousando em Cabo Frio, como aconteceu com os Sea Hawks.

Fernando "Nunão" De Martini

“Como o PHM (não tinha um ‘N’ no começo?) Atlântico deve vir já agora em Agosto”

Nas comunicações oficiais, passou a aparecer como PHM.

http://www.naval.com.br/blog/2018/06/02/phm-atlantico-comeca-a-aparecer-no-diario-oficial/

ALEX TIAGO

Quando foi contratar a modernização falava se em reposição das aeronaves que não fariam a modernização por outras alguém sabe algo a respeito desse assunto se houve desistência por essa necessidade por parte da MB???

Leandro Costa

Talvez a Marinha ainda queira fazer isso sim. Não acho que haveria desistência. Porém… como querer não é poder… duvido que ela tenha considerado isso com muito afinco, afinal de contas há sempre o problema de falta de verbas.

Tallguiese

Mas esses helis não são orgânicos das escoltas? Se colocarem eles no Atlântico as escoltas ficam com o quê?

Dalton

Na US Navy por exemplo…um esquadrão de helicópteros é repartido entre o NAe e os
navios de escolta, cabendo inclusive ao NAe fazer manutenções mais complexas das aeronaves do esquadrão e assim fornecendo se necessário uma substituição para o navio de escolta…então é possível que o Lynx venha a ser embarcado tanto no “Atlântico”
como em outro navio que o acompanhe…não haverão muitos deles, escoltas e helicópteros disponíveis de qualquer forma.

Fernando "Nunão" De Martini

Tallguiese,
Já expliquei mais de uma vez, inclusive em matéria recente: helicópteros só são orgânicos deste ou daquele navio quando embarcados numa missão. Eles são operados por seus esquadrões e voltam a eles ao final das missões.

Caso não estejam embarcados em uma fragata ou corveta em missão, nada impede que sejam embarcados no PHM durante alguma missão específica, compondo um Grupo Aéreo Embarcado com outros helicópteros. É uma questão de disponibilidade X necessidade.

Gustavo

eu gosto demais desse helicóptero! Deveriam modernizar todos… mas tá ótimo! Pelo menos vão permanecer em operação por um bom tempo.

Fernando Ferraz

Por que não atualizaram todos os 12 helicópteros? Custos ou alguma questão técnica? E, há planos/intenção de atualizar os 4 restantes?

jodreski

Sabe o famoso: cascaio, pois então! Nos falta!

Fernando Ferraz

Ok. Obrigado. Pena ver sempre essa prática de ter de deixar de fora uma parte das aeronaves por falta de verbas…

Épsilon

Será que a marinha tem planos futuros de optar pelo Wildcat pra substituir os Lynx ou vão preferir adquirir mais Seahawks.