As atividades de ensino e pesquisa dos cursos de graduação e pós-graduação da Região Nordeste ligados às Ciências do Mar terão reforço, a partir de 2020, com a chegada de uma embarcação a ser gerida pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). No dia 18 deste mês, o reitor Alfredo Gomes assinou contrato com a empresa Ipom Marine – Instituto de Apoio Portuário, Offshore e Marítimo para a prestação de serviços de gestão na operação, conservação e manutenção preventiva e corretiva da Embarcação Ciências do Mar IV.

O “Laboratório de Ensino Flutuante – Embarcação Ciências do Mar IV” contribuirá com horas de embarque dos estudantes de graduação em Oceanografia, carga horária exigida para obtenção do diploma; possibilitará aos estudantes dos cursos de graduação e pós-graduação participarem das aulas teóricas e práticas em campo/mar; dará segurança e estrutura física necessárias aos estudantes embarcados; e fornecerá informações aos estudantes para o desenvolvimento de monografias, dissertações e teses.

“A Embarcação Ciências do Mar IV poderá ser usada por todas as universidades da Região Nordeste que possuem cursos na área de Ciências do Mar, mas o gerenciamento operacional ficará aos encargos da UFPE, juntamente com uma empresa contratada pela Universidade para operar e manter o navio de forma que ele esteja operacional para a realização das atividades demandadas”, explicou o professor Alex Costa da Silva, do Departamento de Oceanografia da UFPE.

O vice-reitor da UFPE, Moacyr Araujo, docente do Departamento de Oceanografia, ressaltou a importância da embarcação para viabilizar os dias de mar necessários à formação qualificada dos oceanógrafos. “O fato de a embarcação ter sido alocada na UFPE reforça, mais uma vez, o protagonismo da instituição, que se destaca como um dos principais centros de formação e de pesquisa em Ciências do Mar do país”, afirmou ele. O Departamento de Oceanografia (Docean) da UFPE é o mais antigo, maior e mais bem conceituado centro de Oceanografia do Norte e Nordeste do Brasil. Criado em 1952, o Docean é o segundo centro universitário desta área mais antigo do país.

O navio, que está sendo construído no estaleiro Inace (Fortaleza – CE), tem 32m de comprimento, calado de 2,7m, boca moldada de 7,9m, capacidade de tripulação para oito pessoas mais 18 passageiros (alunos e professores). Tem autonomia segura para dez dias de navegação, possui equipamentos de navegação e segurança, além de equipamentos científicos de casco para hidroacústica, sísmica e física. A entrega está prevista para o início do primeiro semestre de 2020, após a realização de todos os testes de mar e terra antes de sua partida para o local de atracagem final (Recife-PE). Um acordo de cooperação técnica entre a UFPE e o Porto do Recife está sendo estabelecido com o objetivo de viabilizar o uso das instalações de acostagem do Porto do Recife como ancoradouro/atracação da Embarcação Ciências do Mar IV.

Segundo o professor Alex Costa da Silva, as atividades a bordo da embarcação serão iniciadas após a liberação das documentações de navegação e controle pela Marinha do Brasil (Capitania dos Portos de Pernambuco). Estes procedimentos serão adotados quando a embarcação chegar ao Recife, seu local de registro.

Na UFPE, além de Oceanografia, alunos de cursos como Engenharia Naval, Engenharia Cartográfica, Engenharia Mecânica, Arqueologia, Geografia, Ciências Biológicas e cursos de pós-graduação serão beneficiados pelas atividades de formação viabilizadas pelo navio.

A demanda das embarcações é resultado de um estudo desenvolvido no âmbito da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), incentivadora do PPG-MAR (Formação de Recursos Humanos em Ciência do Mar). Por meio do estudo, constatou-se a importância da experiência embarcada para os estudantes dos diversos cursos em Ciências do Mar. Os resultados foram apresentados ao Ministério da Educação (MEC), que fomentou a compra dos navios.

O MEC liberou recursos financeiros para a construção de quatro Laboratórios de Ensino Flutuantes. No dia 13 de dezembro de 2013, foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) o resultado da concorrência nº 007/2013, referente à contratação da empresa para construção das quatro embarcações. Em 19 de fevereiro de 2014, o contrato nº 003/2014 foi assinado na sede da Andifes, em Brasília (DF).

Das quatro embarcações, duas já estão em operação, atendendo às demandas acadêmicas das instituições localizadas no Sul e Norte do Brasil, sendo as gestoras a Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e a Universidade Federal do Maranhão (UFMA). Uma outra embarcação, que atenderá ao Sudeste, com gestão da Universidade Federal Fluminense (UFF), encontra-se em testes em mar. E a quarta e última embarcação está em fase de finalização no estaleiro e seguirá para Recife no primeiro semestre de 2020, tendo como gestora a UFPE.

FONTE E FOTO (divulgação): Diário de Pernambuco

NOTA DO EDITOR: conforme as informações do jornal e as características divulgadas da embarcação que servirá à Universidade Federal de Pernambuco, trata-se de navio semelhante aos das fotos abaixo, divulgadas pelo estaleiro INACE, e batizados de “Ciências do Mar I” e “Ciências do Mar II”, já entregues. Os navios foram projetados e construídos pelo estaleiro cearense, com casco em aço e superestrutura em alumínio.

VEJA TAMBÉM:

Batismo e lançamento do ‘Ciências do Mar II’

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Camargoer

Que Legal.

Camargoer

Olá COLEGAS. Feiiz 2020. Boas Festas. Abraços ao amigos e à quem amamos.

Mauro

Será instalado equipamento de auto defesa?? é que eu havia pensado no CIWS chinês.. kkk… só assim estaria bom o novo navio da UFPe para alguns.. kkk… sem o Type730 na proa não serve…

Fabio Araujo

Excelente programa, quantos mais serão construídos para as Universidades?

Formiga

Pelo jeito serão 4. Norte, Sul, Sudeste e Nordeste.

Camargoer

Oi Fábio. A USP também tem um navio de pesquisas, a MB recebeu um novo navio de pesquisas (acho que H39) e tem o navio de pesquisa para a Antartida. O legal é que mesmo que eles fiquem sob a responsabilidade de uma determinada universidade ou da MB, pesquisadores de outras instituições também podem usá-los. São laboratórios multiusuários. O maior problema e a manutenção que também e cara. Além disso, cada navio tem que ter um bom laboratório na base, senão não faz sentido o barco. Tem empresas que participam mas a maior parte vem do CNPq e FAPESP mesmo.

Rafael Oliveira

A USP tem o Navio Oceanográfico Alpha Crucis, um pouco maior do que esse navio da matéria e o Barco de Pesquisa Alpha Delphini, um pouco menor.
Salvo engano, o antigo Navio Oceanográfico da USP foi doado ao Uruguai.
Obviamente esses navios da USP nada tem a ver com esse programa do Governo Federal.

Camargoer

Rafael. A frota de pesquisas brasileira trabalha junto. Depende do projeto. O pessoal da comunidade se conhece, trabalha junto. Claro que cada barco e independente mas são colaborativos. Ainda tem os barcos estrangeiros. Há alguns anos, o minisub japonês tem passado algumas semanas no Brasil anualmente. Tanto os federais quanto os da USP e da MB usam recursos das mesmas agências de fomento. Unesp e Unicamp também usam esses barcos. A comunidade científica e bem solidária. I

Rafael Oliveira

Sim, mas quem comprou e arca com a maior parte dos custos é a USP, com a ajuda principalmente da Fapesp, claro.
Sei também que outras universidades pagam para usar os navios.

Camargoer

Caro Rafael. Geralmente, é a FAPESP e o CNPq quem financiam equipamentos científicos em SP. O orçamento da FAPESP é da ordem de R$ 1 bilhão por ano, do CNPq era da ordem de R$ 4 bilhões. Geralmente, 1/3 do CNPq é investido em SP. O navio da USP foi financiado pela FAPESP (a USP banca o salário dos professores e tripulação). O barco é aberto para outros pesquisadores que submetem propostas de pesquisa (cujo financiamento é parcialmente feito pelo proponente e pela FAPESP). Como o barco da USP é um equipamento multiusuário, qualquer pesquisador que precise dele submeter uma… Read more »

cwb

espero que não seja um daqueles elefante branco que só serve para enfeitar quadro de parede,com tantas demandas para serem pesquisadas no nosso mar territorial.Boa sorte e que netuno o proteja dos cortes de verba e ineficiência do nosso sistema educacional….
bom ano para todos!

Camargoer

Olá Cwb. Concordo que poderá virar um elefante branco flutuante se o MEC e o MCTC abandonarem o financiamento. Agora, talvez seja o caso de você um dia marcar uma visita em um desses barcos quando ele estiver em sua base.Olha que legal, tem um no MA, outro em PE, um no RJ, um SP, e outro no RS. Você deve estar perto de um deles. Tenho certeza que ou um professor ou um estudante de pós-graduação vai ficar feliz em mostrar o barco para você e explicar tudo que o que souber. Você só não pode julgar o que… Read more »

Formiga

O problema desses navios para as Universidades é a manutenção. Tem um navio da USP que o dia no mar custa 50.000 reais (se não me engano), na situação de pesquisa atual, onde o orcamento do CNPq caiu de 7 bi para 150 mi, não sei como serão mantidos. As Federais estão sem recursos para nada, mal estão pagando a conta de energia. Veja que a compra foi feita em 2013, mas planejamento não existe no nosso país, então podem ser candidatos à elefantea brancos…

Camargoer

Olá Formiga. Você tem razão sobre o custo de manutenção alto. 1) tem o custo de oficina, que o pessoal mais próximo a MB aqui saberia explicar melhor que eu. 2) tem o custo de operação do barco, tripulação combustível, etc 3) tem o custo da operação científica, reagentes, equipamentos (esse eu dei como é caro…) e 4) tem o custo dos laboratórios em terra, onde são feitas as análises mais complexas (um microscópio eletrônico custa 2 ou 4:milhões de euros para comprar, uns 25 mil dólares de manutenção por ano…).. projeto de pesquisa com empresa geralmente paga os custos… Read more »

Marcos10

Dinheiro para pesquisa não há, mas o salários dos professores das federais, que muitas vezes sequer dão aulas e tem sua remuneração em média três vezes maior que das universidades privadas, está em dia.
Mesmo problemas de outras instituições.

Señor batata

Boa tarde Marcos10. Sua afirmação é injusta. Eu já tive aulas em uma universidade pública e os professores sempre compareciam as aulas (afinal eles estão sujeitos a sanções se não o fizerem). A única crítica q eu guardo de minha experiência é o fato de que o modelo de professor-pesquisador não aproveita o melhor de certos profissionais. Tem professores q eram ótimos pesquisadores e por mais q se esforçassem não possuíam muito talento para lecionar (não era um desmerito deles, era apenas dificuldade em se expressar). O inverso da situação tb vale. Na minha humilde opinião valia uma revisão em… Read more »

Camargoer

Olá Sr.B. A questão depende do regime de contratação. Se for 20h, só dá para dar aula na graduação e alguma coisinha na pósgraduação. 40h dá para dar aula na graduação e na posgraduação e orientar alunos de graduação mas ainda é difícil conseguir orientar na posgraduação, mas dá para fazer bastante coisa na extensão. O DE (dedicação exclusiva) tem que fazer tudo mesmo. Um abração e FELIZ 2020 (duas patinhas nos ninhos com um ovinho cada).

Señor batata

Primeiramente feliz ano novo ao senhor e a sua família. E sim me faltou diferenciar as categorias dos docentes ( faço um mea culpa). Com relação ao dito anteriormente ainda acho q valia uma avaliação sobre a necessidade do DE de necessariamente exercer tantas funções (tem profissionais que seriam muito mais produtivos focando em determinadas áreas). Uma outra reclamação q eu lembro ter ouvido dos professores era com relação a tempo para apresentar resultados de pesquisa se não me falha a memória. Mas acho q apesar de achar q algumas melhorias poderiam ser feitas no final tive uma experiência muito… Read more »

Señor batata

Ok eu sou a prova cabal do analfabetismo funcional brasileiro. Li patinhas nos nichos. Falha minha.
Tchau e perdão.

Camargoer

Caro Marcos. Os salários dos funcionários do executivo federal são públicos e podem ser verificados no portal da transparência. Há uma diferença entre os salários pagos aos professores sem pósgraduação e aqueles com doutorado ou pósdoutorado. Quando você diz que a há uma diferença na remuneração média entre as universidades publicas e as instituições privadas, isso reflete apenas a diferença de capacitação. Apenas 24% dos docentes das instituições privadas têm doutorado, enquanto 72% dos docentes das federais têm doutorado. O salário médio com nível superior é cerca de R$ 6,5 mil e com doutorado é cerca de R$ 15 mil.… Read more »

Rommelqe

Nem tanto à terra mas com tanto ao mar: temos uma importante parcela de atividades em pesquisa e desenvolvimento ligadas com a área marítima! Muitos doutores e mestres voltados quase que exclusivamente a áreas nao vinculadas ao ensino em si não podem deixar aqui de ser citados, cujos produtos vao de meros reatores nucleares até anos de trabalho na Antártida (enquanto a própria MB não tinha um navio dedicado). Estou falando da USP da capital ( a de São Carlos é com o Camargo…..) que abriga, entre outros importantes centros, o CTM-SP, o IPT e o IOUSP. Entendo que o… Read more »

Nunes-Neto

Camargoer não sei na iniciativa privada,mas na pública pós doc não gera acrescimo salarial,mestrado e doutorado sim,mesmo pq ao contrário do que a maior parte da população acha, é mais dificil fazer, passar num mestrado que realizar um pós doc,vc faz um pós doutorado até por convite de instituições, o pós doutorado é um estágio, treinamento ou aperfeiçoamento em alguma técnica que vc têm interesse ( de meses ou anos), conheço gente que faz só para aperfeiçoar o inglês ou outra língua.Tanto que tenho colegas com vários pós doc, 5 por exemplo e o sálario é igualzinho ao meu que… Read more »

Camargoer

Olá Nunes. Pósdoc não é título acadêmico. O máximo é doutorado. PósDoc já é carreira profissional. Nem sempre o pesquisador encontra uma posição aberta, então o normal é entrar em um grupo de pesquisas como pósdoc (que é um pesquisador pleno sem vínculo empregatício). O fato do pesquisador ser bolsista, o deixa livre para concorrer em vagas sem comprometer sua carreira. Um doutor em ciências custa mais ou menos R$ 1 milhão para ser formado. Faz todo o sentido aproveitar o recem doutor como pósdoc do que deixa-lo em casa procurando uma oportunidade. A bolsa do Pósdoc é maior que… Read more »

Nunes-Neto

Inclusive estamos com um grande problema no Brasil, temos muitas pós graduações ,muitas com baixa pontuação, formando todo anos doutores que não conseguem ser absorvidos pelo mercado ( temos poucas empresas na área de ciência e tecnologia e os institutos e universidades não abrem concursos peiodicamente,inclusive a média de idade dos técnicos e pesquisadores é altissima, existem instituições que vão fechar se não tivermos concursos), então os recem doutores viram caçadores de pós doutorados para se manterem financeiramente ,pulando de pós doc para pós doc, esperando um concurso, e vão ficando com 40 anos, sem nunca terem sido “empregados”, eternos… Read more »

Renan

Que preste seus trabalhos por 50 anos e nos ajude a realizar inúmeras pesquisas
Que no futuro reduza os custos de processos
Que traga riqueza através do conhecimento adquirido.

Fabio Jeffer

Fosse em uma universidade do Rio de Janeiro a Marinha doava um navio e ainda pagava a tripulação

Fabio Jeffer

Li e reli caro Nunão
O MEC está de parabéns
Mas foi o MEC
A Marinha presta essas benesses aos cariocas