Fassmer MPV70 MKII

Fassmer MPV70 MKII

Por Roberto Lopes
Especial para o Poder Naval

A Armada Equatoriana decidiu modernizar a sua frota de superfície concentrando esforços na obtenção de meios de patrulha e, assim, evitando ter que investir um vultoso orçamento na compra e manutenção de fragatas porta-mísseis (novas ou usadas) na faixa das 2.500/3.000 toneladas.

Os equatorianos possuem dois navios desse tipo, construídos na Inglaterra há quase 50 anos, mas a substituição dos navios perdeu prioridade, mesmo diante da intensa corrida armamentista naval mantida pelas forças navais do Peru, Chile e Colômbia – todas corporações que mantém complexos programas de renovação das suas flotilhas de alto mar.

Em dezembro passado, o ASTINAVE (Astilleros Navales Ecuatorianos), da cidade de Guayaquil, adquiriu, à conhecida indústria naval alemã Fassmer, o projeto MPV70 MKII, de um navio de combate definido como “multiuso”.

Trata-se, nesse caso, de um design híbrido, que combina boa consciência situacional e recursos C4I com amplas possibilidades de patrulha e dissuasão. Em suma: um desenho inovador, que harmoniza funções de apoio e patrulha, com boa qualificação para missões de socorro a desastres e ajuda humanitária.

Ao mesmo tempo, a Marinha do Equador se prepara para receber dois navios-patrulha de segunda mão, da Classe Haeuri/Type A, que vinham servindo à Guarda Costeira da Coreia do Sul.

Tripulados por quatro oficiais e 35 subalternos, esses meios deslocam 300 toneladas vazios (460 tons. carregados), e estão equipados com um canhão Vulcan Gatling de 20 mm na proa, além de quatro metralhadoras .50. distribuídas por ambos os bordos.

Os novos barcos vão recompor a principal força de patrulha da frota equatoriana, constituída por seis corvetas rápidas dotadas de mísseis, classe Esmeralda, que foram construídas pelo Grupo Fincantieri, na Itália, no início dos anos de 1980.

Recentemente, três delas – Los Ríos, Manabi e Loja – foram modernizadas pelo ASTINAVE, recebendo o sistema de comando, controle e comunicações Orión (C3), desenvolvido localmente. O investimento do governo de Quito nessa revitalização foi de 71 milhões de dólares.

Fassmer – Aliás, também o MPV70 MKII equatoriano contará com o sistema de gerenciamento Orión, que irá se valer de um mastro para radar a ser desenvolvido pela ASTINAVE em parceria com a empresa italiana Virtualabs S.R.L. – provavelmente uma variação do radar de banda S VirtuaLabs SEADAR.

Dotado, possivelmente, de um canhão Leonardo Super Rapid 76/62 na proa, e de dois suportes para metralhadoras à meia-nau e a boreste (talvez armas do conhecido sistema Rafael Typhoon), o navio representará o mais sofisticado meio de vigilância da Armada do Equador.

Operando na configuração C4I, ele poderá acionar dois botes interceptadores de casco rígido lançados pela popa, abaixo do deck de operações aéreas.

Essa plataforma de voo estará apta a receber helicópteros de até 11 toneladas, mas não possuirá hangar. A classe Esmeralda foi dotada pelo estaleiro Fincantieri de um heliponto pequeno, para aeronaves até o porte de um Bell 206.

A Fassmer desenvolveu uma ampla gama de embarcações especiais para atender a requisitos variados, cada uma mostrando excelente desempenho no mar. Um conceito de design modular está no centro disso, mercê de conceitos sofisticados de integração que resultam em sistemas flexíveis de guerra e de vigilância naval.

No caso equatoriano o objetivo é manter sob estreita observação as Ilhas Galápagos e as águas jurisdicionais equatorianas, frequentemente assediadas por pesqueiros asiáticos de atuação ilegal, traficantes de tóxicos e piratas marítimos.

Recentemente a Força Naval do Equador chegou a mobilizar um dos seus dois submarinos tipo IKL 209 para acompanhar a pesca predatória em seu mar territorial.

Entre os recursos de logística, o projeto da Fassmer inclui um convés à meia-nau para contêineres, carga líquida e sistema de recebimento de combustível em alto-mar.

Tanto a empresa fabricante alemã quanto a Marinha equatoriana, ao confirmarem a negociação do projeto MPV70 MkII omitiram outras características da embarcação, mas o Poder Naval lembra que o navio de apoio logístico Fassmer MPV70 original possui 70m de comprimento, 15,6m de bôca, 4,50m de calado e 2.400 toneladas de deslocamento.

Esse barco, de uso essencialmente civil, tem velocidade baixa, de 13 nós, e alcance apreciável, na casa dos 3.240 km (1.800 milhas). Sua tripulação é de 16 oficiais e marujos, mas a capacidade total é para abrigar 30 pessoas.

Classe Haeuri

Coreia – A vigilância naval equatoriana também contará com os patrulheiros classe Haeuri PC302 e PC303.

Construídos pela Hyundai Heavy Industries, eles entraram em serviço nos meses de dezembro de 1990 e 1991, e foram descomissionados (pelo Ministério dos Oceanos e da Pesca da Coreia do Sul) em dezembro de 2019 e janeiro deste ano.

Os navios possuem 55,5m de comprimento total (53,7 entre perpendiculares), 7,4m de boca e calado de 2,48m.

A propulsão está confiada a dois motores diesel MTU 16V396 (potência total de 4.392 HP), que permitem velocidade de 19 nós, e um alcance de 3.780 km (2.100 milhas) a 15 nós.

Atualmente, os dois barcos vem sendo submetidos a reparos e pequenas modernizações, além de estarem sendo pintados nas cores da Marinha do Equador.

A entrega dessas embarcações estava prevista para o período de maio a junho deste ano, mas a altíssima incidência de coronavirus no porto de Guayaquil deve alterar essa previsão.

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Leandro Costa

Me parece um passo bem lógico. Identificaram suas necessidades mais prementes e tomaram iniciativas para dar conta delas. Parabéns ao Equador.

Renan

Espero que estejam felizes com o resultado do seus investimentos. Mas para o Brasil esperando que o governo contrate patrulhas que sejam uma evolução da classe Amazonas. Se o Brasil contratar 40 navios de patrulha Oceânica de 2000 toneladas de preferência com grandes capacidade de drones, que consiga ter capacidade de permanecer 30 dias no mar. Seja rápida 35 nós e com radar AWS-10 Automatizado ao máximo para reduzir o máximo de número de tripulantes. Que possa receber helicóptero pequenos para operação aérea. E que possua ExlS de 3 células anti aérea para pequenas embarcação. E possa lança até 2… Read more »

Mano Jô

Com 2000t de deslocamento, esses naviam deixariam de serem NPa e passariam a ser NPaOc, né?

E se for levar em consideração os armamentos que você falou, deixou novamente de ser um NPaOc e tá mais com cara de Cv.

Renan

Eu falei no texto claramente patrulhas Oceânica
Tá bom essa é a tradição
A Tamandaré é uma corveta com cara de fragata
Logo precisa de uma patrulha Oceânica com cara de de corveta
Depois uma patrulha com cara de patrulha Oceânica
Segue o jogo
O importante é ter uma marinha

marcus

O governo vai contratar os bancos para defender o Brasil contra ameaças externas, pois são os bancos que ficam com todo o dinheiro.E um detalhe, bancos que são privados.

Luiz Floriano Alves

Esses patrulhas Coreanos da classe Haueri poderíamos construir aqui sem comprar projeto (TT). Temos muitos cascos semelhantes em bom uso para fazer engenharia reversa. A disposição dos equipamentos segue um padrão universal.

Antoniokings

Deveriam, neste exato momento, concentrar esforços para recolher os cadáveres que estão de amontoando em Guayaquil.
Parece que o caos se instalou por lá.
O Presidente equatoriano é simplesmente bizarro.

Carlos Gallani

Só o Equatoriano? :/

Eduardo

O da Venezuela também é Carlos Gallani.

Javier Bonilla

Esclareço que nao foi a Fassmer que ganhou o fornecimento de três OPV para a Armada Nacional Uruguaia(nunca concretizado por falta de orçamento), mas a Lürssen, com a série OPV 80, numa proposta, que posteriormente sería muito semelhante às atuais Classe Makassar australianas.

Dinoacjunior

Uma dúvida OFF TOPIC!

O NSS Felinto Perry era pintado na cor cinza, por que o NSS Guillobel, que vai substitui-lo, foi pintado de vermelho e branco, que é usado para os navios polares? existe alguma modificação na classificação do navio?

GUPPY

Ele também será desdobrado para a Antártida, ou seja, será utilizado para operações antárticas. Li isso aqui no PN mesmo mas não lembro em qual matéria.
Acho que alguém vai informar melhor.

Dinoacjunior

Obrigado, Guppy! Trabalhei muito tempo nos Classe Guppy da MB , Ceará, Bahia, Amazonas e Rio Grande do Sul. Bons tempos!!1

Entusiasta Militar

E com certeza, a armada contando com 4 desses patrulheiros, daria um salto de qualidade, mas, é necessário rever o armamento, acho que um canhão de 57mm e dois canhões de 20mm fariam mais sentido para um patrulha …

Luiz Floriano Alves

Entusiasta Militar
Temos muitas armas de barcos que deram baixa. Se os Jerryes estão retirando suas armas para vender o casco, faz muito sentido aproveitarmos as armas que devemos ter nos arsenais da MB. O velho, e bom Bofors 40 mm. serve para patrulha. Acho…Abço.

Luiz Floriano Alves

As nossas Inhaúmas podem ser convertidas em navio patrulha. Retirar a turbina GE 2500 e deixar os motores Diesel. Remover aquele canhão desproporcional da proa e colocar um “bom r erlho Bofors de 40mm. No casco soldar uma proa em bulbo para melhorar o centro de empuxo na proa e a navegabilidade.

Luiz Floriano Alves

OOPPSSS…afundaram as Inhaumas. Fui alertado .. Marinha rica é assim: deixa cascos velhos apodrecendo e faz tiro com cascos de poucas décadas de uso. Queima de arquivo? Mas, sobrando alguma a sugestão persiste, e não esqueçam de remover os tubos lança torpedos e aqueles misseis AA Sea Cat. Deixarem só dois tubos para Exocet. Um a bombordo e outro a estibordo. Aumentar o heliporto. Um heli maior faz muita diferença.