HMS Dreadnought, primeiro submarino britânico de propulsão nuclear

HMS Meteorite, ex-U 1407

Nos anos 1950, a Royal Navy encomendou dois submarinos experimentais HTP (high test hydrogen peroxide), o Excalibur em 1956 e o Explorer em 1958. Eles eram baseados em um submarino alemão HTP, U 1407, que havia sido afundado no final da guerra.

O U 1407 foi recuperado e, em seguida, comissionado na Marinha Real como Meteorite para testes e avaliação.

Visão em corte do U 1407, Type XVIIB, conhecido também como “Walter” U-Boat

O Excalibur e Explorer foram designados para o 3º Esquadrão de Submarinos, mas passaram pouco tempo no mar.

O combustível que eles usavam era altamente instável e muito perigoso. O Explorer era conhecido como “Exploder” como resultado de vários acidentes graves, e o Excalibur era conhecido como “Excruciator“.

HMS Excalibur
HMS Explorer

Embora tenham alcançado impressionantes 25 nós submersos, o projeto não foi um sucesso e estava claro, a partir do programa de submarinos nucleares da Marinha dos Estados Unidos, que a propulsão nuclear era o único caminho a seguir.

Graças ao impulso implacável do almirante Hyman Rickover, a Marinha dos Estados Unidos fez grande progresso com a propulsão nuclear e projeto de submarinos, culminando no primeiro submarino nuclear, o USS Nautilus de 4.040 toneladas (SSN 571), comissionado em setembro de 1954.

USS Nautilus (SSN 571)

A URSS não estava muito atrás e construiu seu primeiro submarino nuclear de mísseis balísticos (SSBN) no ano seguinte.

Quando o USS Nautilus fez uma visita oficial a Portsmouth em outubro de 1957, o Ministro da Defesa, Sandys e Lord Mountbatten subiram a bordo e ficaram muito impressionados com tudo o que viram. Sandys disse: “O submarino nuclear representa, na esfera da guerra naval, um avanço revolucionário tão grande quanto a mudança da vela para o vapor”.

O programa de submarinos nucleares britânico, no entanto, progrediu muito lentamente. O Projeto Dreadnought não começou adequadamente até 1957, e então houve problemas com seu sistema de propulsão de refrigerante a gás projetado no Reino Unido. Foi só em março de 1958, quando o almirante Rickover visitou o Reino Unido, que um acordo foi feito para instalar uma unidade de propulsão do submarino classe “Skipjack” dos EUA (uma planta Westinghouse S5W refrigerada a água) no primeiro submarino nuclear do Reino Unido.

O negócio foi inteiramente devido ao relacionamento pessoal próximo entre Mountbatten e Rickover e era parte do relacionamento especial emergente entre o Reino Unido e os EUA.

USS Skipjack

O Acordo de Defesa Mútua

Por trás do véu da segurança nacional, o governo Macmillan estava embarcando em acordos de amplo alcance com os Estados Unidos da América, que alteraram fundamentalmente a estrutura e o modus operandi do Serviço de Submarinos da Marinha Real nas décadas seguintes.

O principal acordo veio em 4 de agosto de 1958 com um documento intitulado ‘Cooperação no uso de energia atômica para fins de defesa mútua’. Isso lançou as bases para o intercâmbio entre os EUA e o Reino Unido de informações nucleares controladas, tecnologia e materiais nucleares sensíveis.

Para o serviço submarino, isso significava a transferência da planta de propulsão nuclear submarina e outros materiais para permitir que a Marinha Real desempenhasse um papel importante na Guerra Fria.

Em agosto de 1958, o USS Nautilus completou sua famosa viagem sob a calota polar (Operação Sunshine), chegando a Portland em 12 de agosto. Quando ele chegou ao Canal, a Marinha Real recebeu o controle operacional do USS Nautilus para uma avaliação operacional de uma semana no exercício Rum Tub.

Os exercícios foram realizados na região de South-Western Approaches (SWAPS), com o porta-aviões Bulwark, escoltas ASW, aeronaves e submarinos.

A análise pós-operacional do estado-maior naval confirmou as enormes vantagens táticas do SSN (submarino da frota nuclear), que se deviam à sua alta velocidade subaquática.

USS Nautilus (SSN 571)
USS Nautilus (SSN 571)

HMS Dreadnought (S101)

O HMS Dreadnought foi o primeiro submarino nuclear do Reino Unido e sétimo navio com esse nome, construído por Vickers Armstrongs em Barrow-in-Furness. Lançado pela Rainha Elizabeth II no Dia de Trafalgar de 1960 e comissionado ao serviço da Marinha Real em abril de 1963, ele continuou em serviço até 1980.

Um modelo de HMS Dreadnought sendo testado em um estabelecimento experimental do Almirantado para verificar as qualidades do casco em várias velocidades na superfície e submerso
O HMS Dreadnought na carreira e sendo lançado ao mar

Em meados da década de 1960, as viagens do Dreadnought incluíram visitas a Norfolk, Virgínia; Bermudas; Rotterdam; e Kiel. Ele estave em Gibraltar em 1965, 1966 e 1967, e em 19 de setembro de 1967, ele deixou Rosyth, Escócia e foi para Singapura em uma corrida sustentada de alta velocidade. A viagem de ida e volta terminou com 4.640 milhas à superfície e 26.545 milhas submersas.

Durante sua carreira, o Dreadnought realizou muitas missões variadas. Em 24 de junho de 1967, ele foi enviado para afundar o navio alemão Essberger Chemist, avariado e à deriva. Três torpedos atingiram ao longo do alvo, mas os artilheiros da fragata HMS Salisbury completaram a tarefa perfurando os tanques que apenas mantinham o Essberger Chemist à tona.

HMS Dreadnought (S101)
HMS Dreadnought (S101)

Além de pequenos problemas de rachaduras no casco, o Dreadnought provou ser uma embarcação confiável, popular com suas tripulações. Em 10 de setembro de 1970, ele completou uma grande reforma em Rosyth, durante a qual seu núcleo do reator foi reabastecido e as válvulas do tanque de lastro foram trocadas para reduzir o ruído.

Em 3 de março de 1971, o Dreadnought tornou-se o primeiro submarino nuclear britânico a emergir no Pólo Norte. Em 1973, ele participou do primeiro Group Deployment anual da Marinha Real, quando um grupo de navios de guerra e auxiliares realizava um desdobramento longo para manter a eficiência do combate e “mostrar a bandeira” ao redor do mundo.

Junto com as fragatas Alacrity e Phoebe, o Dreadnought participou da Operação Journeyman, um desdobramento no Atlântico Sul em 1977 (antes da Guerra das Malvinas/Falklands) para deter uma possível agressão argentina contra as Ilhas Falklands.

HMS Dreadnought (S101)
HMS Dreadnought (S101)

Características HMS Dreadnought (S101)
Deslocamento
 3.500 t (superfície) / 4.000 t (submerso)
Length
81 mts
Beam
9,5 mts
Calado
7,9 mts
Propulsão  1 x reator Westinghouse S5W / 2 x turbinas a vapor / 1 eixo propulsor
Speed  20 nós na superfície – 28 nós submerso
Tripulação 133
Armament
6 x turbos de torpedo de 21 polegadas (533 mm) para 24 torpedos

 

Modelo do HMS Dreadnought (S101)

Ship Model Collection

FONTE: Safeguard the Nation – The Story of the Modern Royal Navy, John Roberts

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Camargoer

Ola Colegas. Como foi comentado em outros posts, a gente pode aprender com.os acertos e erros dos outros (também). Durante o Projeto Manhattan, havia um acordo entre os EUA e a Inglaterra para o desenvolvimento da bomba atomica, amarrado entre Churchill e Roosevelt. Após o fim da guerra, os EUA mudaram a sua posição, restringindo o acesso britânico aos conhecimentos da bomba (que acabou levando a Inglaterra a desenvvesenvolver sua própria bomba). Está cooperação entre os EUA e a Inglaterra em relação ao propulsor nuclear para seu submarino encurtou o caminho de desenvolvimento do submarino nuclear inglês, lembrando que a… Read more »

Allan Lemos

Não seria um exagero afirmar que os EUA só conseguiram construir a bomba atômica graças ao Reino Unido, mais especificamente ao trabalho de Peierls e Frisch, que fizeram o memorando descrevendo os mecanismos de fissão nuclear necessários para a bomba atômica. Na verdade, o projeto britânico(Tube Alloys) é até mais antigo do que o americano, também havia a participação do Canadá, mas nenhum dos dois países tinha o necessário para prosseguir com o projeto, então os britânicos não tiveram escolha a não ser repassar toda a pesquisa para os EUA.

camargoer

Caro Allan, Eu também acho que o apoio inglês ao desenvolvimento da bomba atômica foi muito importante. Também concordo que sob as restrições da guerra, a Inglaterra não teve condições de sozinha desenvolver uma bomba atômica para ser usada contra a Alemanha. A morte de Roosevelt afetou tanto a Inglaterra quanto a União Soviética no pós-guerra. A relação de Roosevelt (e Henry Wallace) com a URSS é muito amigável e com Churchill muito próxima. Aliás, a relação de Roosevel com Vargas também é muito próxima. Truman foi mantido afastado da diplomacia durante a II Guerra, o que prejudicou a continuidade… Read more »

Foxtrot

Os americanos só conseguiram construir a bomba atômica graças as tecnologias alemãs adquiridas na WWII e aos técnicos e engenheiros alemães que se renderam e foram trabalhar no lado americano.
Muito das tecnologias americanas, russas etc, vieram dos alemães.
Há boatos que Hitler estava muito próximo de testar a primeira arma nuclear perto do final da guerra.
O mesmo serve para os Romanos no mundo antigo etc.
Guerras e conflitos servem também para desenvolvimento de tecnologias, não é atoa que os americanos explodem seus equipamentos avariados no campo de batalha.

Wilson Look

Os alemães nunca estiveram perto de ter uma bomba, pelo menos antes dos EUA, eles estavam muito atrás, a Bomba Atômica só teve uma prioridade maior a partir em 1943 e segundo Albert Speer, só conseguiriam a bomba a partir de 1946 e isso se os bombardeiros parassem.

Os alemães que ajudaram no projeto Manhattan eram judeus que fugiram da perseguição nazista.

Se tiver interesse assista esse vídeo que explica toda essa questão da bomba:

Foxtrot

Tenho interesse sim.
Obrigado pelas explicações e informações!

camargoer

Olá Fox. O projeto Manhattan envolveu centenas de milhares de engenheiros, técnicos e cientistas. Claro que toda a ajuda foi bem vinda, mas toda a comunidade internacional já conhecia a teoria de fissão nuclear, desde as descobertas de Curie sobre a radioatividade. Experimentalmente, a primeira fissão nuclear foi observada na Alemanha em 38, antes do início da guerra. Se por um lado, o funcionamento da bomba de urânio conhecido no mundo científico (limitada pela capacidade de enriquecer o urânio 235), por outro lado, a tecnologia para empregar plutônio foi desenvolvida nos EUA a partir dos estudos de Seaborg, inclusive a… Read more »

Cristiano de Aquino Campos

Interessante que um submarino convencional, desenvolvido pelos alemães, no final da segunda guerra mundial foi usado no projeto.

camargoer

Olá Cristiano. Havia um engenheiro alemão, responsável pelo desenvolvimento da jato Me163 que desenvolveu um submarino pequeno com propulsão AIP usando peróxido de hidrogênio (a água oxigenada). Contudo, ao contrário daquela solução diluída usada para desinfectar machucados, o peróxido de hidrogênio concentrado é muito perigoso e instável. A presença de traços de ions metálicos (presentes na água potável) podem desencadear uma explosão. Contudo, estes protótipos (assim como o modelo XXI) serviram de base para o desenvolvimento dos submarinos modernos. Acho que o Mk48 comentou que os U-boat eram “submersíveis” porque eram navios com capacidade de submergir. O modelo XXI teria… Read more »

Leandro Costa

Camargoer, tecnicamente o Me-163 era um foguete, e não um jato hehehehe.

E extremamente perigoso. Mais para seus pilotos do que para o inimigo, inclusive.

camargoer

Olá Leandro. Obrigado pela correção. Creio que ele também tinha pouca autonomia, algo como poucos minutos de propulsão. lembrei daquele filme “Os escolhidos” sobre como os pilotos de testes que voavam o X1 foram para o programa Mercury.

Control

Jovem Camargoer
O sistema desenvolvido para os submarinos tipo XVII era da Walther, mesma empresa que produzia os foguetes usados nos Me163.
Sds

Control

Correção: onde se lê foguete leia-se motores

carcara_br

Conclusão, os ingleses tiveram uma grande ajuda dos EUA, basicamente trocaram o sistema de refrigeração a gás, que dava muito problema, por um sistema refrigerado a água que já funcionava.

Eu tenho uma questão: Nosso programa recebe tecnologia dos franceses, as recentes rusgas diplomáticas estão interferindo no andamento do projeto?

Marcelo Paschoal

Em relação ao subnuc a cooperação francesa ajudou apenas no projeto do casco. Toda a parte de propulsão nuclear é de responsabilidade exclusivamente brasileira.

Leandro Costa

Carcará, enquanto estivermos pagando, os Franceses vão continuar felizes em receberem. Eles sabem que as besteiras ditas por ambos os lados são coisas de Presidentes angariando votos ao invés de compromissos duradouros de ambos os países. Até onde se tem notícia, a parceria com o Naval Group continua da mesma forma que antes, mas eles não vã passar nada em relação à tecnologia nuclear para nós, como acordado anteriormente.

Quem acredita de pé junto que a França vai fazer algo contra o Brasil em termos de território, desceu para brincar no play tem poucas horas.

Welington S.

Olha, faz muito mais sentido a Argentina, por exemplo, sei lá, fazer toda a compra necessária com os Russos ou Chineses e começar a tornar a região em um palco de guerra por conta daquela desgraça de Ilha, do que o Brasil, melhor, a França, querer se aventurar em uma guerra. Isso, realmente, não faz sentido algum. O Brasil, apesar das mazelas do governo, sempre se manteve em paz com qualquer país. Inclusive, eu acredito que daqui alguns anos, a região aqui se tornará um palco de guerra. A Argentina, constantemente, vem reivindicando a Ilha; não tendo dúvidas de que… Read more »

camargoer

Caro Wellington. A América do Sul tem alguns problemas bastante sérios. O primeiro tem sido as tentativas dos EUA de desestabilizar a Venezuela (cuja situação só será normalizada a partir de eleições livres). Os demais problemas são relativamente pouco graves. No caso brasileiro, felizmente a principal fonte de problemas da política externa brasileira (o ex-ministro Aragão) foi demitido por pressão do Senado (nunca tinha visto isso antes) o que reduziu bastante os problemas (infelizmente, ainda há alguma fonte de ruído na política externa que precisa ser resolvido). Acho bastante improvável qualquer conflito na região provocada por um país da região… Read more »

Tamandaré

Nobre Camargo, em meu ponto de vista, a probabilidade da Argentina adquirir a soberania das Falklands caminha cada dia mais para o 0%. Explicando: Os ingleses, que de bestas nada tem, já iniciaram silenciosamente uma movimentação no sentido de fomentar a economia das Falklands, tornando-as um “protetorado mais desenvolvido” mais ao estilo das Ilhas Cayman e Gibraltar. A alguns meses, li um artigo e assisti um curto documentário a respeito. Foi-se o tempo em que a economia daquelas benditas ilhas dependia exclusivamente do auxílio inglês. Já há um gama de produtos e serviços sendo ofertados por lá, especialmente financeiros e… Read more »

camargoer

Olá Tamandaré. Acredito que o problema das Malvinas se tornou mais uma questão política do que econômica. Esta e as próximas gerações estarão marcadas pela guerra. Talvez, passado tempo suficiente, as futuras gerações de ingleses e argentinos já terão superado as dificuldades políticas e emocionais e poderão novamente discutir diplomaticamente a questão da soberania das ilhas. Desde o Brexit, o Reino Unido passou a correr o risco de desintegração a partir da independência da Escócia (e talvez na sequência até da Irlanda). Talvez as Malvinas se tornem um peso para a Inglaterra. Contudo, isso só vai acontecer quanto a troca… Read more »

camargoer

Olá Carcará. É preciso separar as coisas para simplificar a compreensão do problema. Primeiro, há um contrato entre o governo brasileiro e a DCNS para a construção dos SBR, do SBN (sem a parte nuclear) e do estaleiro/base, tudo isso parcialmente financiado por bancos franceses. Enquanto o Brasil pagar as parcelas ao banco, o projeto anda. Outra coisa é a relação diplomática centenária entre o Brasil e a França que é bastante forte. A terceira coisa é a crise em torno da política ambiental desastrosa do governo brasileiro (o que foi agravada pela denúncia contra o ministro do meio-ambiente e… Read more »

Zorann

Os Ingleses tiveram ajuda porque se comprometeram com a defesa mútua. Fizeram uma aliança com os EUA. Nada mais justo.

Muito diferente de nós que não nos comprometemos com nada, nem com ninguém. Eternos na mureta.

Allan Lemos

Muito diferente de nós que não nos comprometemos com nada, nem com ninguém. Eternos na mureta.

Suíça tropical.

Luiz Trindade

quer seja por uma incapacidade sua de interpretar o que está escrito (algo infelizmente muito comum no Brasil de hoje)… Algo que o país carece demais por trocamos os livros com autores formados por uma internet aonde qualquer ignorante escreve e muitos os seguem…

Totalmente de acordo contigo Ignorabimus.

Luiz Trindade

Interessante ver como se deu esse acordo dos EUA com o Reino Unido e como hoje virou um braço vital dos EUA no outro lado do oceano. God Save Queen!

Bardini

Bom, eu dou a minha opinião, que certamente não é a mesma do blog… . Quão superior é um SSN em relação um SSK? Isso depende. Não existe nada escrito em rocha sólida. Depende de vários fatores, dos navios, do cenário em questão, da doutrina, ISR, etc. O SSN não é superior em todos os cenários e o contrário é verdadeiro. Não existe submarino assim. Mas majoritariamente pode-se dizer que um SSN é superior em “águas azuis”, que ficam longe da costa, onde ele pode operar caçando de forma “ativa” por grandes distâncias. É um meio que, pondo de forma… Read more »

Esteves

O tempo não corre a favor dos justos.

O reator do Almirante é um reator militar da MB. Parabéns. O Brasil poderia ter tido esse reator muito antes. Bastava tê-lo encomendado a quem nasceu para construir reatores nucleares.

Assim como ingleses auxiliaram os japoneses depois que receberam ajuda de americanos que aprenderam com alemães, o intercâmbio de mentes foi e é fundamental para termos feito tudo que fizemos bem feito.

Venceremos. Unidos teríamos vencido antes.

Esteves

a) velocidade, tempo de submersão, mísseis balísticos, mísseis de cruzeiro.

b) totalmente vulnerável: os meios de superfície precisarão contar com apoio aéreo, sono bóias, sensores no fundo do mar.

c) os submarinos que não são nucleares precisam de ar.

d) as vantagens imediatas do submarino nuclear estão relacionadas aos víveres e ao tempo que a tripulação possa ficar confinada; havendo como manter a tripulação por meses será dificílimo encontrar um submarino nuclear.

e) subjetivo; cada um acha de um jeito…1,5 bilhões por ano com 20% de execução desde 2008 contribuem para o momento atual.

Allan Lemos

o quão superior um SSN é em relação à um SSK moderno Muito mais. Simplesmente não há comparação em termos de autonomia e alcance. Mesmo submarinos com AIP ficam para trás nesses quesitos já que ele implica perda de performance. Mas os SSK ainda têm a vantagem de ser mais silencioso, mais barato e mais simples de operar. Qual deles é superior? Depende do que você quer fazer. o quão vulnerável uma frota de superfície de uma potência é à um SSN hoje Um submarino nuclear não precisa subir à superfície para recarregar as baterias. Logo se torna muito mais… Read more »

Control

Srs Algumas considerações sobre algumas comparações e dúvidas levantadas na excelente série que o PN vem publicando sobre os submarinos nucleares: Pelo que consta nos dados disponíveis, o contrato do Prosub com os franceses não inclui qualquer informação ou auxílio para a construção do reator e dos sistemas relativos a propulsão e geração de energia. Portanto nada semelhante ao auxílio que o Tio Sam deu a UK. No nosso caso, teremos que desenvolver e construir o reator e os sistemas a ele ligados para a propulsão e geração de energia (trocadores de calor, turbinas, bombas, tubulações, etc.). No que isto… Read more »

camargoer

Olá Control. Muito bom. Gostaria apenas de realçar o fato do reator nuclear do SN10 acionar um gerador elétrico, que fornecerá energia para mover um motor elétrico ligado ao propulsor. A potência transferida para o motor elétrico poderá vir diretamente do gerador (acoplado ao reator), das baterias ou de ambos. Em função da ameaça dos EUA em não fornecer combustível á 3% para Angra I, o Alm.Othon defendeu no fim da década de 70 que o primeiro passo seria desenvolver uma tecnologia para enriquecimento de urânio, o que foi feito por meio das ultracentrífugas (já que a tecnologia oferecida pela… Read more »

Esteves

Mestre,

Angra tem outras versões. Afastamos a comunidade científica brasileira bastante capaz para enfrentar o acordo com os Alemães.

Aonde o Almirante foi buscar conhecimento para fazer o reator do Almirante? Em Angra? Com os alemães? Com a Westinghouse?

camargoer

Olá Esteves. Caso alguém forme um pelotão de cientistas e dê uma ordem unida para olhar para direita, metade deles irá olhar para a esquerda para ver se não estão escondendo alguma coisa. O regime militar teve uma postura ambivalente com a comunidade científica. Ao mesmo tempo que investiu e montou o sistema de pós-graduação (coisa que olavista odeia), foi intolerante com a postura normalmente contestadora do cientista. Dentro da universidade, há um clima de sistemática contestação, necessário para o desenvolvimento científico. A organização científica é horizontal. Algo que parece ser incompreensível para a hierarquia militar, cuja organização é vertical.

Esteves

Explica.

Esteves lembra das explicações para assinarmos o acordo com os alemães. Transferência de conhecimento. TOT.

O medo dos militares, Esteves convenceu-se disso, tem com a desconfiança. O amigo do meu inimigo (professores sempre são inimigos) também é inimigo do meu amigo.

Penso que confundiam cientistas em aventais brancos com umbandistas.

Aché!

camargoer

Olá Esteves. O Alm.Othon foi enviado aos EUA para estudar engenharia nuclear, onde aprendeu que a tecnologia oferecia pelos alemães para o enriquecimento de urânio não funcionaria. Foi dele a iniciativa em desenvolver ultracentrífugas. Nas décadas de 60/70, o regime militar perseguiu, prendeu, exilou e cassou professores universitários, ao mesmo tempo que carecia de pessoal com formação superior e técnica para ajudar a desenvolver os projetos estratégicos. Acho que os cientistas tinham mais medo dos militares do que os militares tinham medo dos cientistas. Durante a ditadura, a polícia invadiu o apartamento de um jornalista de esquerda e perguntou se… Read more »

Esteves

Bem… Nao foram as publicações do PN que levaram a turma a concluir que esse primeiro submarino convencional movido a energia nuclear será capaz. No YouTube gracejam vídeos garantindo que após a incorporação do submarino nuclear seremos aceitos no clube. Marx disse. Não aceito clube que me aceita. O ufanismo e o patriotismo somados à esperança de sermos reconhecidos como potência independente eficaz são os culpados. Somos osorianos. É uma arma de guerra. Nunca testada. O Riachuelo mostrou falha. Se a falha apresentada pelo Riachuelo ocorrer no Álvaro Alberto seremos justos para compreender que faz parte do esforço ou nos… Read more »

camargoer

Olá Esteves. Cuidado em citar Marx. Há quem confunda Engels com Hegel.

Esteves

Esteves divertia-se.

Esteves

Marx foi para o cinema o que Frank Zappa foi para o rock.

Isso também nos falta.

https://youtu.be/RzxGyV4w9Wg

guilardo

Caro Camargoer. Nós aprendemos muito com você, daí eu ter que fazer uma pergunta sobre um assunto que há muito tempo me intriga. É sabido que o Brasil luta com esse projeto do SBNUC, há mais te trinta anos. Sabido também, que devido à complexidade de se projetar e construir um sub nuclear, vários entraves são colocados. Mas aí é que a coisa pega. No projeto inicial do submarino brasileiro, que todos sabiam não haveria transferência de tecnologia, estava implícito que o CASCO também seria desenvolvido no Brasil. Ou seja, todo o projeto e não apenas o propulsor nuclear. Como… Read more »

camargoer

Olá Guilhardo. O casco e todos os sistemas, exceto a unidade de geração de energia nuclear, está recebendo o apoio da DCNS. O desenvolvimento dos sistema de geração de energia é de responsabilidade da MB. Este sistema já foi projetado e uma unidade está sendo construído no Labgene. Toda a parte de geração de vapor, condensação, geração de energia elétrica está pronta, inclusive com um motor elétrico idêntico ao que será instalado no SBN instalado. A diferença é que ao invés de um hélice propulsor, o motor elétrico está ligado a um dissipador de potência. Esta unidade irá operar exatamente… Read more »

Guilardo Pedrosa.

Ok. Muito obrigado.

carcara_br

– Para conter a reação dentro de um limite seguro faz-se necessário o uso de materiais moderadores capazes de absorver parte da radiação contendo-a dentro do reator e mantendo a reação controlada; – Além dos materiais moderadores , para o controle da reação faz-se necessário dispositivos de controle, dispositivos estes que devem, não apenas controlar a reação mas também, em caso de emergência, atuar para diminuir rapidamente a reação de fissão. A água é um excelente moderador, normalmente a segurança de reatores refrigerados a água veem justamente por esta funcionar tanto pra refrigeração quanto pra moderação. Faltou água, falta moderador,… Read more »

Control

Jovem Carcará
Nos PWR o controle da reação, usualmente, é feito pela inserção/extração de barras de material capaz de reter neutrons dentro da “gaiola” de combustível nuclear. Conforme a quantidade de neutrons retidos a reação em cadeia aumenta ou diminui (mais neutrons retidos, menos reação, menos neutrons retidos mais reação). Talvez o termo material moderador não seja o mais correto, pois existem diversos materiais que capturam as partículas geradas no processo de fissão, mas apenas alguns capturam os neutrons que são as partículas envolvidas diretamente no processo deflagrador da fissão dos átomos.
Sds

carcara_br

Então não sou nenhum especialista meu conhecimento quase todo veio de aulas no youtube e alguns pdf, dito isto: Existe um gráfico relaciona a probabilidade da ocorrência de fusão (cross section) e a energia do neutron. Basicamente quanto mais energético um neutron é menor a probabilidade de ocorrer fusão. O gráfico é um tanto complexo e existem curvas pra cada isótopo de urânio com zonas de ressonância na parte central, mas o comportamento geral é como descrevi. A função do moderador é diminuir a velocidade (energia) do neutron pra que a cadeia de fissão nuclear se mantenha. Esses reatores também… Read more »

carcara_br

Correção, substitua o termo fusão por fissão!

Control

Jovem Carcará Realmente, você está correto quanto ao uso, nos PWR, da água leve como moderador, para reduzir a energia cinética dos neutros e absorver a energia térmica resultante. No meu texto anterior, ficou meio confuso a questão do uso do moderador e da função de controle da reação, coisas diferentes. No caso dos PWR, a água pressurizada atua para reduzir a energia cinética dos neutrons e para refrigerar o reator, sendo o controle da reação exercido por barras que materiais absorvedores de neutrons. Um ponto a se lembrar é que há reatores que não fazem uso de moderadores sendo… Read more »

carcara_br

Olá Control, foi apenas preciosismo de minha parte, comecei a me interessar pelo assunto por causa do PROSUB.
Imagino que uma maneira de superar o “problema” dos neutros energéticos em reatores rápidos seja justamente compensando a baixa probabilidade com uma maior emissividade (radioatividade) de nêutrons, isso deve implicar num combustível mais enriquecido.
Já percebi que quando se fala em segurança de planta nucleares tudo depende de um feedback negativo entre algum elemento chave pra manutenção da reação de fissão em cadeia e a temperatura do reator. Em reatores rápidos como o processo garantiria a segurança?

Control

Jovem Mk48
Só uma observação:
Nós estamos ainda na fase do projeto básico preliminar.
Sds

camargoer

Olá Control. Pelo que li, já estão treinando equipes técnicas para a construção do casco

Control

Jovem Camargoer
Segundo a própria MB, estamos, ainda, na fase de projeto, o que, naturalmente não impede o treinamento de pessoal.
Sds

camargoer

Olá Control. Você tem razão. As etapas de projeto e treinamento de pessoal podem ser realizadas paralelamente. Creio que o Alm.Olsen comentou em sua apresentação (publicada em outro post), o projeto detalhado está em fase inicial. O projeto detalhado e a construção do SBN iniciará ano vem (2022) e será concluído em 2031. A construção do casco também iniciará em 2023 (para isso, as equipes precisam ser treinada agora para estarem qualificadas em 2023). O reator será comissionado a frio a partir do ano que vem para entrar em estágio crítico no fim de 2024, se tornando operacional a partir… Read more »

Control

Jovem Mk48
Vide resposta ao Camargoer.
Sds

Anderson

O primeiro Submarino nuclear lançado em 1958 já fazem quase 63 anos e o nosso ainda não tem previsão.. esse é o Brasil sendo Brasil.

Esteves

A conta começa em 2008.

Piassarollo

Anderson, realmente estamos muito atrasados, mas pensando no modo otimista, a grande maioria dos países no mundo nem conseguiram estar neste patamar. Ressaltando que não tivemos ajuda externa.

camargoer

Caro Anderson. Os EUA proclamaram a sua república em 1776 e o Brasil apenas em 1889. Não obstante, a república democrática continua sendo uma excelente ideia para o bem estar da população.

Mark

Para que aprecia analises, essa cara, ex sonar man de um 668, tem videos sensacionais. As analises dos submarinos russos e seu historico sao imperdiveis. Segue um video para quiser seguir no Youtube. https://www.youtube.com/watch?v=uyXCeoKj4zQ

Alexandre

Só aguardando a matéria falando que a Esquadra da Marinha do Brasil está extinta (ou desaparecendo).

Last edited 2 anos atrás by Alexandre
Mauro S.

Chama atenção o baixo deslocamento do Dreadnought.

Dalton

Deslocamento similar ao do “Nautilus”. Como curiosidade o deslocamento/tamanho do “Nautilus” e o custo foi considerado alto demais para produção em série daí a classe “Skate” de 4 unidades deslocar menos de 3.000 toneladas submerso, mas, classes seguintes, por conta de novo e mais capaz reator tiveram seus deslocamentos/tamanhos aumentados.
.
Até o advento da classe “Los Angeles” deslocando 7.000 toneladas submersos os SSNs da US Navy permaneceram abaixo de 5.000 toneladas de deslocamento submersos.

Esteves

Mestre Dalton,

Nos submarinos atuais a hidrodinâmica das calotas é feita no formato balístico. Esses como o Dreadnought tinham a proa em “forma de baleia cachalote”.

Penso que a construção atual favorece um deslocamento mais eficiente.

camargoer

Olá Esteves. Você tem razão. Inclusive é interessante notar que os 214 alemães ainda usam este perfil de cachalote.

sergio

Opa bom dia, na matéria sobre o Nautilus, esta bem exemplificado as vantagens do sub Nucleares sobre o restante dos navios.

Control

Jovem Ignorabimus Complementando outros comentários: a) a1 – Os SSN são superiores em velocidade sustentada por bastante tempo (em teoria por anos). Cabe observar que em velocidades maiores seus sensores acústicos perdem eficácia e eles se tornam surdos e portanto cegos e, por outro lado, produzindo mais ruídos, se tornam mais detectáveis. Portanto não é uma prática comum e, geralmente é aplicada em águas mais profundas onde o fenômeno da cavitação acontece menos (a cavitação gera bastante ruído). Uma prática usada eventualmente é o avanço em lances como o SSN avançando em alta velocidade por um trecho e quase parando… Read more »

José Luiz

Parabéns Control. Bem abrangente e consiso. Creio que junto com os outros comentários fechou o assunto.

Control

Jovem Mk48
Grato pelo “elogio”. Nunca naveguei em um submarino, mas os estudos e os trabalhos com máquinas e sistemas de controle por um bom tempo me deram alguma base e atrevimento para dar uns pitacos.
Sds

carvalho2008

-* Apenas frisndo o que o Mestre Control já colocou.o Tudo dependedo do cenario e contexto. Não existem vantagem absolutas, mas sim muitas vantagens relativas. Exemplo da união do item “c” e “d” mencinados. Entendam que a 100 metros de profundidade (raso)a helice de um Subnuke vai cavitar muito…a pressão é menor e então a cavitação surge com mais facilidade…. Velocidade de translado ou chegada a area de combate é uma coisa… Velocidade de infiltração, posicionamento e discrição é outra… A Plataforma Continental tem em “media” 120 metros de profundidade ….mais ou menos entre 100 km a 200 milhas do… Read more »

José Luiz

Amigo natural a sua sugestão, pois o assunto é bem complexo o referente a arena ASW, guerra anti submarino, para você conseguir entender bem, precisa ler bastante, começando com a guerra anti submarino na Segunda Guerra e ir avançando. Mas vou completar o que outros colegas já expuseram, a diferença principal entre um submarino convencional e o nuclear é a questão da resistência x velocidade. Explico um sub diesel elétrico, tem duas formas de propulsão basicamente: motores diesel ou motores elétricos. No caso do diesel ele precisa “respirar” e tem que ter contato com a atmosfera, seja emergindo como os… Read more »

Esteves

Alguns estudam. Outros não. É a vida.

silvom

Li e aprendi bastante aqui, claro que não considero tudo como verdades inexoráveis. Só entrei para comentar que você é um chato mesmo…sabichão…

Leonardo Costa da Fonte

Ignorabimus, por ocasião da Guerra da Malvinas a Argentina tinha, de longe (!!!), a segunda marinha das Américas! Só perdia, obviamente, para os EUA. Os submarinos nucleares ingleses demonstraram que todo o aparato de superfície da Armada eram inúteis. Grosso modo, aqueles que não ficaram nos portos, foram afundados. Na análise do conflito, os almirantes brasileiros entenderam que, nossa MB também seria inútil e teria que ficar nos portos, caso tivesse que enfrentar submarinos nucleares. Todo o projeto do combustível nuclear, reator, submarino, etc. foi alavancado à partir das lições aprendidas com este conflito. Isto já bem explicado em outras… Read more »

Last edited 2 anos atrás by Leonardo Costa da Fonte