Em um novo relatório divulgado na semana passada, o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), sem fins lucrativos, com sede em Washington, destacou a conexão de longa data entre os pedidos de construção naval comercial e a construção da marinha de águas azuis da China.

A maioria dos construtores de navios de ponta – como Chantiers de l’Atlantique, General Dynamics NASSCO, Fincantieri, DSME e Mitsubishi Heavy Industries – produz uma mistura de navios de guerra e navios mercantes. Todas as nações marítimas valorizam a natureza de uso dual de sua base industrial de construção naval, e muitas (incluindo os Estados Unidos) incentivam pedidos comerciais para preservar a capacidade do estaleiro para as necessidades de guerra.

O estaleiro estatal chinês CSSC não é exceção à regra. No entanto, a escala de seus esforços é incomparável, principalmente em sua capacidade de atrair pedidos estrangeiros de construção naval.

A CSSC é o maior construtor de navios do mundo em tonelagem e receita, e é um dos principais produtores das maiores classes de “boxships”, graneleiros e navios-tanque. Nos últimos anos, começou a receber pedidos de navios mais sofisticados, incluindo navios de cruzeiro e transportadores de GNL de última geração. Ao mesmo tempo, e nos mesmos estaleiros, ela usa sua experiência de construção naval complexa para construir o futuro da Marinha Chinesa. A CSSC é o único construtor de porta-aviões da PLA Navy, o principal produtor de seus navios-anfíbios, fragatas e destróieres, e um importante fornecedor de seus submarinos.

Em seu relatório, o CSIS destacou o armador taiwanês Evergreen Marine por seus pedidos de construção naval ao CSSC. Taiwan está sob constante pressão da China para a “reunificação” com o continente, e Pequim não descartou o uso da força para colocar a ilha sob seu domínio. Qualquer invasão envolveria um ataque do mar, usando navios de guerra construídos nos mesmos estaleiros contratados pela Evergreen.

Os dados do think tank mostram que a Evergreen encomendou pelo menos 44 navios de estaleiros chineses desde 2018. No estaleiro CSSC Jiangnan, imagens de satélite obtidas pelo CSIS mostraram três “boxships” usando a pintura de Evergreen, todos ao lado do porta-aviões Type 003 da PLA Navy. “Deve levantar mais do que algumas sobrancelhas em Taipei que a principal empresa de transporte de Taiwan está despejando dinheiro nos cofres dos estaleiros que montam navios de guerra para a Marinha Chinesa”, sugeriu o CSIS.

Em um comunicado enviado à Reuters na sexta-feira, a Evergreen rejeitou a ideia de que seus pedidos estavam de alguma forma ligados ao trabalho de construção naval da CSSC. A empresa observou que seus pedidos foram feitos ao departamento de construção naval comercial da CSSC, não ao departamento naval militar; no entanto, todas as divisões do CSSC pertencem ao estado chinês.

“Acreditamos que as atividades de construção civil de navios comerciais não têm nada a ver com projetos navais nacionais”, disse a Evergreen Marine em comunicado.


FONTE: The Maritime Executive

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gordo

Falou apenas coisas óbvias, qualquer indústria pode ser alocada para fins militares em caso de guerra ou para fabricar equipamentos em tempos de Paz. Idiota somos Nós que não conseguimos consolidar uma Engesa que atendesse o mercado civil e com isso teria receita para se manter ativa. No mais parabéns aos estaleiros Chineses que conseguem eficiência nos dois ramos que atua.

Agressor's

O Plano Comercial da China está se concretizando, com o domínio de produção, transporte e distribuição, estão controlando toda cadeia comercial e suas principais rotas. A China hoje atua igual a tropa de elite do BOPE, ela não entra na favela atirando, ela entra com estratégia, progride de beco em beco. O braziu é como uma Ferrari sendo pilotado por um chimpanzé, muita capacidade mas mal administrado. Entra presidente e sai mais não muda nada. O braziu é um país que literalmente não cuida dos seus. País sem rumo, sem liderança e sem futuro. Aqui o negócio é só vender frango… Read more »

Last edited 2 anos atrás by Agressor's
Samuel Yahata

Brasil, Colônia dos Jesuítas!

Esteves

Isso.

Esteves

A Alemanha fez na guerra. A Chrysler forneceu tanques aos russos.

Carvalho2008

12/04 as 14:25hr

Que coisa mais xoxa…correlação esdrúxula que parece coisa de entusiasta de 54 anos…onde já se viu relacionar indústria mercante com a militar…??? Rzrzrzr..

E agora, a lacracao empresarial governamental midiatica….não adianta, já foi falado que 10% da força de trabalho taiwanesa trabalha lá na China Continental…e que 1 milhão de empresários taiwaneses moram lá….

Então….

Thiago A.

Você poderia até ter razão sobre Taiwan, não fosse que a Ucrânia mostrou o exato contrário…
No obstante a forte ingerência russa na politica interna do país; os laços históricos, culturais e sanguíneos; os milhões de russofonos em território ucraniano e os milhões de ucranianos em territorio russo; a grande dependência econômica/ energética e os oligarcas russofilos … No obstante a enorme disparidade de forças…

No obstante tudo isso, a Ucrânia teimosamente ainda luta para manter a própria soberania …

Carvalho2008

Minha ironia foi sobre a correlação ind mercante como lastro da ind bélica naal Mestre…só isto…

Esteves

Não é relacionar. É usar o dinheiro de uma para financiar a outra.

Espertos.

Nonato

Burro é quem financia.
E não é só Taiwan.
A China pretende dominar o mundo.
E as armas serão contra todos os países…

Cristiano de Aquino Campos

Se for assim, toda e qualquer atividade financeira e usada no fortalecimento da defesa de um pais. Em geral na forma de impostos, burro e quem não investe em defesa.

Esteves

Defesa pode ser despesa, pode ser investimento. Depende de quem faz.

A OTAN “obriga” despesa até 60% para que a diferença seja tratada como investimento.

Se o dono do orçamento gasta 97% com despesas…

sub urbano

Taiwan tem uma relação de simbiose com a China continental. Tirando os “patriotas” do novo regime militar brasileiro creio que nenhuma outra nação do mundo faz ou deixa de fazer suas transações economicas por motivos ideologicos.

Zorann

E a nossa Marinha insiste em fazer de conta que constrói aqui….. soldando chapa a preço de ouro, com tudo de importante no navio, vindo importado.

Constrói na China de uma vez, ou na Coreia, Japão… com qualidade melhor, prazos mais curtos e preços melhores. Esqueçam os construtores americanos e europeus.

Heinz Guderian

Acho que se nossas fragatas fossem construídas na China, e o número total fossem de 10 unidades. daqui pro começo do ano que vem no mínimo umas 6 já estavam prontas.
Aqui no Brasil tudo se demora, impressionante, vivemos deitados em berço esplêndido.

Andrigo

Nem precisava ser comprado na China, se a MB caísse na real que o orçamento para investimentos sempre foi (e provavelmente sempre será) curto, e simplesmente comprasse de prateleira ao invés de gastar o parco dinheirinho com TOT’s para se construir meia duzia de embarcaçoes e esquecer do assunto por mais 30 ou 40 anos, provavelmente teriamos uma esquadra em melhores condiçoes…

Esteves

Mas tem o TCU, o BNDES, o Congresso…todos exigindo nacionalização.

Nonato

Não lembro desses órgãos, entidade exigindo isso…

Cristiano de Aquino Campos

Claro que o congresso quer nacionalização, e mais fácil roubar.

Nonato

outro querendo financiar a marinha chinesa…

Erick Barros

Evidente em se tratando da maior potência industrial e maior construtor naval do Mundo

Esteves

“É possível armar as Armadas e Marinhas da América do Sul com um certo grau de independência dos estaleiros europeus?” Sim é. Já está acontecendo, disse por escrito Mestre Glasquis. Não é. Não está acontecendo, mostra a realidade. Submarinos franceses, fragatas alemães, sistemas de combate, sistemas de navegação, armas, mísseis, torpedos, aço, engenheiros, direitos construtivos, patentes, royalties… Europeus. “onde já se viu relacionar indústria mercante com a militar…???” Escreveu Mestre Carvalho. Mestres, Se negam, é porque fazem. Parece sensato compartilhar as BDL, BDI, matéria prima, mão de obra, espaço, recursos financeiros, recursos humanos de forma conjunta. Cooperação. Se não é… Read more »

Carvalho2008

Rztzr..fui apenas irônico….é o que preguei a vida inteira…e os fatos apenas comprovam tudo e que falo a décadas….

Sem lastro de marinha Mercante, não existe possibilidade de indústria naval de defesa….ja escrevi dezenas e dezenas de vezes

Esteves

Escreveu mesmo.

Chengdu J-10

Liberalismo taiwanês financiando o próprio fim de seu semi-estado.

Esteves

Esse gráfico mostra uma base pequena anterior a 2006 com crescimento acelerado sem expor uma linha de sustentação. Até aonde vai o crescimento da PLAN e aonde for que chegarem, será possível manter o mesmo ritmo?

A USNavy vem de uma base 40% maior, com queda em 2016 e recuperação em 2020, retomando o ritmo de 2006.

Teoricamente é mais crível os americanos recuperarem a base construtiva. Continuidade. Teoricamente é mais crível ver esse gráfico quando os chineses alcançarem uma estabilização.

Hellen

É só Taiwan contratar os navios nos estados unidos ou na europa pagado o triplo do preço chines,lembrando que a europa deixou de comprar gas russo para comprar gas americano pelo triplo do russo !!!
Se taiwan comprar navios mais caros da europa ou estados unidos eles iram perder competitividade para empresas americanas e europeias que sao subsidiada pelo governo americano e europeu !!!
Nao tem jeito (opção ) vai comer na mao dos chineses !!!! Kkkk

Last edited 2 anos atrás by Hellen
Willber Rodrigues

É aquela velha história:
Todo mundo fala que precisa deter o Dragão, mas ninguem pensa 2X em comprar/fazer/construir/fazer negócios do Dragão, graças a seus preços competitivos.

Nonato

o barato que pode sair caro…
Que o digam os ucranianos, os alemães…

Willber Rodrigues

Se até a indústra bélica norte-americana não pensou 2X em encomendar peças do F-35 pra China, pra cortar custos…
O “ponto de não retorno” já foi ultrapassado a muito tempo. É praticamente impossível pro Ocidente competir, em várias áreas, com os preços da indústria chinesa.

Antonio Palhares

Estou diante do meu computador.
tudo é chinês.
Do cabeamento até a internet que vai ser a 5G.
Não tem jeito. Só falar mal e não fazer o mesmo.
É o mesmo que latir e não morder.

Willber Rodrigues

Meu notebook
Meu celular
Minha cafeteira e sanduicheira
Meus equipamentos de internet e wi-fi
Todos os equipamentos do provedor de internet do meu bairro
Todos “made in China”.

Esse discursinho de “temos que deter a China Cumunixxxta malvadona” é bonitinho, mas não vejo ninguem jogando seus produtos “made in China” no lixo, e nem o empresariado mundial deixando de fazer negócios com a China.

Esteves

A rede de infraestrutura que faz o notebook e o smartphone funcionarem…é uma rede construída por empresas alienígenas de 3G, 4G, 5G como Qualcomm, Ericsson, Siemens, Motorola, Huawei.

Made in China ou Made in Europa ou USA é a mesma coisa. Pagamos royalties.

Willber Rodrigues

Os equipamentos da Huawei são, de longe, os mais utilizados na infra-estrutura de comunicações, internet, redes móveis de 3G, 4G e 5G no Brasil. Arrisco dizer que é a mesma coisa no resto do Ocidente.
O Brasil e o resto do mundo estão a fim de gastar Deus sabe quantos bilhões de dólares pra mudar toda sua infra-estrutura de telecomunicações e se livrar de tudo que seja “made in China”, pra deter o Dragão?
Duvido.

Esteves

3G e 4G são redes do consórcio europeu GSM. Os chineses querem fornecer a tecnologia 5G. Não precisa substituir a infraestrutura, basta sobrepor à rede antiga, no caso 3G e 4G.

Depois que digitalizamos passando de 2G para 3G e 4G perdemos o domínio sobre a tecnologia. Pagamos royalties para usar redes de europeus.

Sem falar que pagamos a Internet.

Pagamos tudo.

Nonato

Com a Rússia, Trump alertou a Europa
Só agora estão agindo.
Já deveria começar a agir com a China, que é muito pior do que a Russia.
Não se deve alimentar o dragao que quer lhe queimar…

WSilva

Isso é capitalismo.

Antonio Palhares

Enquanto eles apenderam com o capitalismo. E estão colhendo estes frutos e feitos espetaculares outros desaprenderam.