HMS Bulwark (R08)

Em 25 de junho de 1961, o primeiro-ministro (governante) do Iraque, Abdul Qarim Qassem, declarou que o Kuwait fazia parte do Iraque e começou a mover tropas em direção ao Kuwait. Soa familiar?

O “commando carrier” HMS Bulwark (R08) da Royal Navy estava perto de Karachi, Paquistão naquele momento, assim como várias fragatas no Golfo Pérsico. Os britânicos, é claro, estavam no Golfo há muito mais tempo que os EUA e tinham tropas e equipamentos no Bahrein, além de equipamento em Áden.

As primeiras unidades em cena foram o 42 Commando do HMS Bulwark mais três fragatas Loch Fyne, Loch Alvie, Loch Ruthven, e os LSTs Striker e Empire Gull, LCTs Redoubt, Bastion, e Parapet, com bindados do Bahrein, bem como o MSF Meon.

O Bulwark tinha o único radar de busca aérea no teatro até a chegada do HMS Victorious e o destróier Cassandra e a fragata Lincoln, no dia 9 de julho, (eles estavam em Hong Kong no início).

Em 5 de julho partiram o HMS Centaur, os destróieres Camperdown, Finisterre e Saintes do 2º Esquadrão de Destróieres, o AO Olna, e outro LST, Messina, pelo Canal de Suez.

Durante os 62 anos em que o Kuwait permaneceu uma das dependências árabes do Império Britânico, nenhuma força terrestre britânica significativa foi chamada para defendê-lo. Então, em 1961, o xeque rico em petróleo e seus 300.000 habitantes receberam a independência e uma garantia de defesa britânica. Em uma semana, o ditador militar do Iraque, general Abdul Kassem, reivindicou o território e moveu seus tanques até a fronteira. Os apelos de Sheikh Abdullah a outros estados árabes por ajuda foram ignorados e ele foi forçado a invocar o acordo de defesa com a Grã-Bretanha. Imediatamente, 6.000 soldados britânicos retornaram ao país, servindo de dissuasão para Kassem e um lembrete humilhante para os árabes de que uma potência imperial ainda estava envolvida em seus assuntos. A foto acima mostra o HMS Bulwark no Golfo Pérsico com seus helicópteros se preparando para transportar um grupo de Royal Marine Commandos para o Kuwait

Esta foi a primeira vez desde a Crise de Suez que os britânicos estariam movendo qualquer força-tarefa considerável através do Canal, mas nada anormal ocorreu. Outras unidades trazidas para a área foram as fragatas Loch Insh, Llandaff e Yarmouth.

Em 6 de julho chegaram quatro varredores de minas da classe “Ton” e um rebocador. O HMS Centaur chegou em 31 de julho. Dentro de duas semanas, os britânicos tinha 5.700 homens com apoio de artilharia e blindados dentro do Kuwait.

Também foram incluídos jatos Hunter, Canberra e aviões de patrulha Shackleton e várias aeronaves de transporte da RAF.

As forças iraquianas nessa época incluíam 12 embarcações rápidas com torpedos P-6 ex-URSS. A Força Aérea Iraquiana voava 15 jatos Hunter F.6 e 5 F-86 Sabres, além de Vampires FB, Venoms FB e Furys. Eram complementados pelas suas recentes aquisições do bloco soviético de aproximadamente 20 MiG-15, 10 MiG-15 UTI e 11 Il-28 Beagles.

As forças poderosas e a pressão política dissuadiram uma invasão e, em 11 de outubro, todas as forças estavam fora do Kuwait.

HMS Centaur (R06)
HMS Victorious participando da Operação Vantage em apoio ao Kuwait em julho de 1961

FONTE: “White Ensign”, por R.A. Doty

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Carlos Campos

Os bons tempos que não voltam para o UK, hoje penam para manter dois PA que nem são tão grandes assim, não conseguem comprar F35 suficientes, chegaram a cogitar o arrendamento para os EUA.

gordo

Acho que já estiveram piores, hoje tem uma força bem mais propósitiva do que tinham lá no final dos anos 70 e início dos anos 80 (a ponto da Argentina se achar com força para se contrapor). A segunda guerra e a independência da Índia (hoje Paquistão e Índia) quebrou bem Eles. Mantiveram uma boa inércia nos anos seguintes até que Indianos e Paquistaneses conseguissem novos parceiros comerciais, não é simples se desvencilhar economicamente (os próprios ingleses estão vendo isso em relação a UE). É interessante notar que Alemanha e Japão tiveram uma recuperação e ascenção econômica fortíssima, o que… Read more »

Dalton

Não encontrei nada sobre um suposto arrendamento e na verdade conforme publicado não há pilotos suficientes treinados no F-35 então nem adiantaria querer acelerar encomendas que por uma série de razões o programa tem sofrido diversos atrasos. . O “UK” deverá receber seu último F-35B da encomenda de 48 em 2025 mais uma unidade extra para substituir o que foi perdido em um incidente em 2021 quando operando em um esquadrão reduzido a bordo do HMS Queen Elizabeth levando o Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA a contribuir com um esquadrão a bordo e Já está praticamente certo que um… Read more »

Carlos Campos

a informação que eu tive era de que o F35 é caro, tem o Tempest, Fragata Type 26, o novo reator caríssimo para futuros subs, nisso tudo o F35 foi podado, agora com a Rússia atacando a ucrania mudou as coisas.

Rui Mendes

Arrendamento??!!!! És um lírico e quem te dera estar como eles, no mínimo terão 70 F-35 mas o mais provável é chegarem a mais de 120, como querem, ter também quase 200 Typhoon com talvez o melhor radar aesa do mundo, tirando o do F-22, ter 2 porta-aviões de 65.000T, que pelos teus standards, não são tão grandes assim, teres 5 grandes LPD”s, teres 6 Destroyers Type 45, terá 8 fragatas Type 26(em construção), 5 Type 31(em construção), 7 Submarinos nucleares de ataque Astute classe (com mísseis tomahank, 4 submarinos nucleares lançadores de mísseis balísticos nucleares, os famosos Bommers da… Read more »

Nonato

Mas acho que se cogitou se desfazerem de 1 dos porta aviões…

ADM

Estão em franco crescimento, inversamente ao nosso…

Dalton

Para quem não sabe é curiosa a carreira do NAe HMS Victorious envolvido na caça ao
“Bismarck” em 1941 e que chegou a combater no Pacífico sendo inclusive atingido por aviões suicidas.
.
Como aconteceu com a classe Essex dos EUA o “Victorious” também foi modernizado para operar jatos, o único da classe e sendo menor não ficou tão eficiente e as obras levaram quase toda a década de 1950 para serem concluídas servindo até 1967 quando no meio de nova modernização decidiu-se não levar o trabalho adiante sendo descartado.

Alberto

Durante a I guerra mundial muitos Sheiks do golfo Pérsico traíram o Império Otomano e se aliaram aos ingleses, no final da I guerra mundial países no Levante e na Mesopotâmia foram criados e colocados sobre a governança de elites alinhadas aos ingleses e franceses. Já os países do Golfo Pérsico como Kuwait e Qatar ficaram sobre o acordo de Protetorado com a Inglaterra, eram administrados por elites locais mas tinham acordo de proteção com a Inglaterra. Lembrando que foram os próprios ingleses que desistiram desse acordo, com o Kuwait em 1961 e com o Qatar em 1971.

Thiago A.

Trair é no mínimo inapropriado em contexto como esse, onde uma potência estrangeira estabelece o seu domínio sobre a região como foi o caso dos turcos. Não existia concordância e lealdade as duas partes, os países da região procuraram uma alternativa para fugir desse jugo. Encontraram uma opção nos ingleses, pensaram de usar os ocidentais, utilizá-los como ferramenta para obter a própria independência. A realidade é que maioria se ferrou, foram os ocidentais que usaram eles. E é isso que os espertalhões daqui precisam entender, não existe um herói externo que irá nós salvar se continuamos na mesma mediocridade e… Read more »

Alberto

Totalmente fora de contexto o seu texto…
Turcos, vivem no Oriente Médio, vc diz ” potência estrangeira… ”
Eu não estou dando a minha opinião
Eu leio bastante
Existem diversos sites de associações tanto da Síria, Turquia, Jordânia, etc
Sites da comunidade mulçumana no Brasil
Aí vc diz coisas sem muito nexo possivelmente baseadas no que vc acha, na sua opinião
Deixa pra lá… sério…

Thiago A.

Eu acho ? Os turcos são árabes por acaso ? Qual é a origem dos povos turcos ?Qual é língua deles ? Meu nobre, não existe coesão nem entre os próprios árabes e mulçumanos dentro da península Arábica… com os turcos então … por favor, leia mais, mas sobretudo entenda o que você lê.

Alberto

E quem disse que no Oriente Médio vivem só árabes? Tem persas, turcos, curdos, judeus, drusos, etc, nem vou dizer para vc ir pesquisar
Prefiro dizer deixa pra lá…

Thiago A.

Obrigado pela pela informação, muito útil… só que em nenhum momento afirmei que existem só árabes na península Arábica ( nem falei do OM inteiro, onde a falta de coesão e os interesses contrastantes são ainda maiores). P ara quem prefere “deixar pra lá ” tá escrevendo demais e muita bobagem.

Alberto

Dos mulçumanos, menos de 30% são árabes, considerando árabe os que falam a língua árabe, mas é bem menos, no Norte da África eles se consideram em primeiro lugar berberes, foram arabizados ( muitas vezes pela força militar ) quando os árabes invadiram o Norte da África. No Oriente Médio mesma coisa, sírios e libaneses são fenícios, Iraque é ligado a antiga Mesopotâmia, árabe mesmo é na península Arábica, o resto todo foram conquistados e introduzido a língua árabe e a religião mulçumana. No Líbano e Síria, por exemplo, o Irã ( persas ) são considerados aliados, e não as… Read more »

Eu mesmo

Sírios não são Fenícios, são Assírios.

Alberto

Sou brasileiro, mas não tenho mais esperança no Brasil
De modo geral a sociedade no Brasil não se interessa pelo conhecimento, pela pesquisa a fundo, por investigar, etc nada
Por isso que é tão fácil pro Ocidente controlar o Brasil como quiserem
Sempre é na base do “eu acho”
“Minha opinião”
Nunca se questiona, se investiga, um jeito inocente, etc
Como eu disse deixa pra lá…
Da até desânimo, continua acreditando em tudo que o Ocidente através dos livros, mídias, etc diz…

Dalton

O que nos faz lembrar de Lawrence da Arábia, também um bom filme e até li boa parte do livro que escreveu, Os sete pilares da sabedoria.

Alberto

Sim, Lawrence, um espião inglês que se infiltrou no Império Otomano em 1916 durante a I guerra mundial, para semear a discórdia entre os mulçumanos, e mudar o rumo da guerra no Oriente Médio, pois até então os otomanos haviam infringido duras derrotas aos ingleses, em Galipoli em 1915 e em Kut ( Mesopotâmia ) em 1916.

Dalton

Foi muito mais que um “espião”, um idealista e sincero apoiador da causa árabe.

Alberto

Nunca houve uma “causa árabe”, essa é justamente a narrativa contada pelos ingleses…, o exército Otomano era composto por árabes, turcos, drusos, curdos etc, oque houve foram Sheiks do golfo Pérsico traindo o Sultão para assumir o controle político do Oriente Médio, e para isso se aliaram aos ingleses. Na verdade o grande fator para a derrota do Império Otomano foi em 1917, com a entrada dos EUA na guerra, a Inglaterra pode deslocar mais tropas que estava lutando na Europa para o Oriente Médio.

Dalton

Claro que houve, chamou-se “revolta árabe” e Lawrence ficou profundamente decepcionado quando britânicos e franceses não cumpriram a palavra de dar independência aos árabes no fim da guerra.
.
Sem dúvida a entrada dos EUA foi crucial para a vitória mas os
árabes fizeram a parte deles contra os turcos aliados da Alemanha.

Alberto

Como disse, vá lá no Oriente Médio e escute a versão deles da história, no Brasil a versão sempre é a versão do Ocidente, “revolta árabe” é uma invenção dos ingleses. Oque Lawrence acordou com os Sheiks seria uma península Arábica totalmente unificada, sobre o controle dos Sheiks em Meca, realmente não aconteceu, e ingleses e franceses criaram diversos pequenos países sobre controle de elites que atendiam a seus interesses, e até mantiveram tropas de ocupação nestes países ( igual os EUA faz até hj com Japão e Alemanha ), porém estás tropas acabaram sendo expulsas durante e após a… Read more »

Nonato

E por que não se unem hoje???

Alberto

No Brasil a comunidade libanesa por exemplo não gosta de serem chamados de “turcos”, e realmente se sentiam perseguidos pelo Império Otomano, mas é outra história, é devido a serem cristãos, e realmente o Império Otomano era bem rígido contra os cristãos. Mas os mulçumanos, árabes, turcos, curdos, etc, estes todos se identificavam com a liderança do Sultão. Lembrando que a comunidade cristã no Líbano, principalmente Maronitas, é mais antiga que o próprio islamismo, remontando há dois mil anos atrás quando surgiram a primeiras comunidades cristãs no Oriente Médio, principalmente no Levante e Anatólia, e até na península Arábica.

Alberto

O Ocidente é especialista nisto, basta ver oque estão fazendo hoje, jogando ucranianos e russos uns contra os outros, povos irmãos se exterminando, tudo devido o jogo que os EUA fizeram na Ucrânia instalando uma elite política em 2014 que tenta afastar o povo ucraniano de seus laços históricos com a Rússia.

Carlos Campos

Não é bem assim a história não, tu coloca os Turcos como santos que deveriam continuar governando o oriente médio, e o que os Ingleses são bons em fzer e que a CIA copiou é usar os elementos naturalmente existentes e trazer o caos, no caso a revolta árabe, ordem através do caos é muito antigo, vem antes dos romanos, existia um descontentamento com os Turcos, que nem árabes são, vieram a muito tempo atrás das planícies da Ásia, ou seja um bando de forasteiro que se tornaram isllamistas e dominaram os árabes, vivem numa boa na capital bem longe… Read more »

Alberto

Em nenhum momento disse que os turcos eram santos. Só disse os fatos. Os mulçumanos no Oriente Médio consideravam o Sultão o líder do Islã, e não houve nenhuma revolta ou descontentamento, oque houve foi que os ingleses depois de serem derrotados enviaram espiões, Lawrence era o principal, para criar intrigas dentro do Império Otomano, eram grupos reduzidos que sabotavam linhas férreas, depósitos de munição etc. O Império Otomano era multi-etnico, turcos, árabes, cristãos, judeus, etc, mas de modo geral os mulçumanos estavam satisfeitos e havia sim repressão contra minorias, cristãos, armênios, judeus, etc, e no final a Inglaterra conseguiu… Read more »

Alberto

Resumindo, um monte de grupos étnicos vivendo no Oriente Médio, islamizados pelos árabes ( que vieram da península Arábica ) há mais de mil anos, e vivendo em um estado oficialmente mulçumano chamado Império Otomano, cujo líder, o Sultão, é o líder do Islã. Os ingleses convencem Sheiks do golfo Pérsico a montar pequenos grupos e realizar ações de sabotagem, foi isso, essa história de Lawrence e a revolta árabe é uma invenção da Inglaterra para oque os ingleses fizeram, uma espécie de revolução colorida e armada na época.

Lucas

Texto muito bom!

Alberto

Matéria que explica oque eu disse, sobre a criação dos atuais países do Oriente Médio após a derrota do Império Otomano no fim da I guerra mundial (1918), e tb explica vários fatores não só do Oriente Médio como do mundo mulçumano. Na matéria explica a ilusão criada chamada “revolta árabe”.

https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/reportagem/invencao-oriente-medio-isla-maome-civilizacao.phtml

PRAEFECTUS

UOL!!??

Alberto

Não que ao ler um artigo se tome tudo como verdade, sempre tem que verificar, mas este realmente é bom. Para entender, oque é o mundo mulçumano, os países onde a maioria da população é mulçumana, todos do Oriente Médio exceto Israel, todos do Norte da África, mais vários países da África sub-saariana, a maioria da Ásia Central, Bósnia, Kosovo e Albânia nos Balcãs e Indonésia e Malásia no sudeste da Ásia. Todo este “mundo” devido a expansão e conquista dos dois grandes Impérios mulçumanos, Império Árabe e Império Otomano, a excessão do sudeste asiático que foram navegadores árabes realizando… Read more »

Alberto

Esqueci sul da Ásia tb, Paquistão, Bangladesh, Siri Lanka, na Índia 150 milhões de mulçumanos, extremo oeste da China, sul da Rússia tb com grande população mulçumana, península Ibérica foram expulsos junto com os judeus acho que décadas após a independência total da Espanha em 1492, enfim dominaram terras por toda Ásia, Europa e África, apogeu o cerco a Viena em 1683.Os últimos 100 anos foram difíceis, mas já estão se reerguendo novamente.