A Marinha Indiana lançou o quarto de seus seis submarinos Scorpène em seu esforço no Projeto 75 em 6 de maio. O lançamento marca um ponto de inflexão para um programa que começou em outubro de 2005 quando – após quatro anos de negociações – a Índia assinou um contrato de US$ 3,5 bilhões com o construtor naval francês DCNS (agora Naval Group) para seis submarinos de ataque diesel-elétrico (SSKs) do projeto Scorpène, além de transferência de tecnologia e produção localizada envolvendo a Mazagon Dock Ltd (MDL).

No momento da assinatura do contrato, um cronograma de entrega provisório exigia que o primeiro submarino fosse entregue dentro de cinco anos.

No entanto, em abril de 2010, o governo indiano admitiu publicamente que o programa do Projeto 75 havia sido atingido por enormes atrasos, o que, por sua vez, afetaria negativamente as capacidades de combate submarino da Marinha Indiana.

Como muitos dos projetos de defesa em larga escala da Índia, o Projeto 75 foi vítima da inflação de defesa, decorrente do crescimento dos custos em partes cruciais. O subproduto desses custos crescentes tornou-se um atraso na aquisição de componentes necessários. Juntamente com problemas em absorver as novas tecnologias e aumentar a infraestrutura industrial no Mazagon Dock, o resultado final tornou-se um atraso do cronograma de entrega.

Devido a esses repetidos atrasos, a entrega do primeiro submarino – INS Kalvari – atrasou quase cinco anos, levando sua entrega para 21 de setembro de 2017. O submarino foi finalmente comissionado para o serviço da Marinha Indiana em 14 de dezembro de 2017.

Os atrasos com o Projeto 75 exemplificam as questões mais amplas com a abordagem de aquisições da Índia e os planos ambiciosos de modernizar suas forças armadas, a fim de impedir uma potencial ameaça colusiva dos vizinhos rivais China e Paquistão. Objetivos como a substituição ampla de artilharia para o Exército e uma frota revitalizada e atualizada de aeronaves de combate para a Força Aérea permanecem décadas após o início, com novos ativos sendo adicionados enquando velhas e obsoletas plataformas continuam em serviço.

No caso da Marinha, um plano de construção de submarinos diesel-elétricos de 30 anos aprovado pelo Comitê de Segurança do Gabinete em 1999 exigiu a introdução de 12 novos submarinos convencionais até 2012, seguido por outros 12 até 2030. No entanto, esse plano não se concretizou, com apenas dois novos submarinos – um dos quais é um navio nuclear, o SSBN Arihant – introduzido em 2018.

Com a construção do Projeto 75 finalmente reunindo força de produção, no entanto, uma nova classe de submarinos logo estará preenchendo as fileiras da Marinha. Todos os seis submarinos estão agora em testes no mar ou em estágios avançados de fabricação na MDL. O INS Vela acaba de ser lançado; apenas o INS Vagir e o INS Vagsheer aguardam o lançamento, enquanto o segundo e terceiro submarinos da classe, INS Khanderi e INS Karanj, deverão ser comissionados em junho e dezembro, respectivamente.

A conclusão do Projeto 75 marcará um ponto importante para a Marinha Indiana, pois seu próximo grande programa, o Projeto 75 (I), foi finalmente aprovado pelo Conselho de Aquisição de Defesa (DAC) do país em janeiro.

Este programa – que prevê mais seis submarinos de ataque diesel-elétricos (SSKs) com propulsão independente do ar e capacidade de ataque terrestre – é abrangido pela categoria Parceria Estratégica (SP) dos mais recentes Procedimentos de Aquisição de Defesa.

Reportagens da mídia local indicam que o Ministério da Defesa da Índia iniciará uma licitação global antes do final de 2019 com o objetivo de selecionar um fabricante de equipamento original (OEM) e listar o fabricante local necessário para associar-se aos concorrentes globais.

Espera-se que essa combinação de OEM e parceiro da indústria local leve de dois a três anos, após o que se espera que os parceiros estratégicos selecionados façam uma oferta pela proposta de 6 submarinos SSK. Com a descentralização, a negociação de preços e a finalização do contrato a seguir, o primeiro submarino não chegará por pelo menos dez anos.

Assim, o Projeto 75 (I) constitui mais um prolongado cronograma de aquisições sob a iniciativa “Make in India” do governo Modi. Mas pelo menos a Marinha Indiana terá seus seis submarinos Scorpène para operar até lá, pois enfrenta uma crescente presença de submarinos chineses na região do Oceano Índico.

FONTE: Forecast International

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Adriano Luchiari

Comparem preço e prazos de execução, mesmo com atrasos, do programa indiano para seus Scorpéne com o nosso Prosub…E sem os mimimi de base e estaleiro, ToT, SN-BR (que não virá) etc…

Bardini

Compara pra gente aí…

julio

Touché.

Adriano Luchiari

Deixe de preguiça, é só pesquisar nas demais matérias do Poder Naval e no site da MB!

Bardini

Você fala em comparação, mas não tem capacidade de fazer uma, pra provar seja lá o que quer provar…

Juarez

A única similaride entre os dois e o “milk children’s”

André Macedo

Adriano, não que eu ache o investimento em defesa desnecessário ou que o Brasil esteja perfeito em questão de armamento, mas a Índia vive em pé de guerra com o Paquistão e está do lado da China, tem bem mais motivos pra se armar que nós…

Fkoelho

Sou leigo, mas a demanda deles é bem maior que a nossa. Eles sim tem necessidade, nós não. Ate acho que merecíamos mais, mas ai tem que somos Brazil, um país de corrupção e desvios, de medidas diferentes. Aí fazer o que, que depois do Riachuelo , pelo menos se cumpra o combinado!

Daniel Silva

Sim, a demanda deles é bem maior, gastam em torno de US$ 65 BI por ano com defesa, pouco mais que o dobro que o Brasil, mesma faixa de gastos que a Russia. Olhando só para os submarinos, possuem 2 submarinos nucleares em operação e 14 convencionais, mais que o tripo da nossa esquadra. Isso se repete na outras áreas, possuem armamento convencional em geral mais novo e muito mais numeroso que o nosso, ainda que a diversidade de fornecedores possa gerar problemas logísticos. Além disto, os programas indianos enfrentem toda sorte de problemas políticos e financeiros (Tejas, Rafale etc…).… Read more »

peter nine nine

Brasil, escreve-se Brasil…. com S

Marcos R.

Realmente, contrato assinado em 2005, 1° entregue 12 anos depois…prosub assinado em 2008, 1° em 2019, estados com um ano de vantagem e ainda gastamos uns parte desse tempo construindo o estaleiro.
Lembrando que os indianos são do projeto original e os brasileiros são maiores, ou seja tiveram que ser reprojetados.

Rommelqe

Alem disso, Marcos, estamos com o SNBR bastante adiantado (veja o LAB-GENE, por exemplo). Ate onde saibamos o programa indiano nao progrediu nesta area. É importante notar que o desenvolvimento hidrodinamico , por exemplo, do casco do SNBR continua em estagiode desenvolvimento normal…

Dalton

Talvez não tenha entendido Rommelqe…mas…a Índia já comissionou seu primeiro submarino de propulsão nuclear em 2016 e dentro de 4 anos outros 3 que encontram-se em construção serão incorporados.

Gil

O SSN da India é de fabricação russa.

Dalton

Além do submarino russo que foi “alugado” pela marinha da Índia, foi comissionado em 2016 o “Arihant”e outros 3 similares encontram-se em construção.

Roberto Bozzo

Dalton, não foi esse sub nuclear que foi construído sem o reator ?

Dalton

Sim…e… não ! Acho que houve um certo exagero quanto a ser lançado sem o reator, seja como for, depois de uma longa gestação, o submarino foi comissionado em 2016 e quando todos os 4 estiverem em serviço, ao menos, 4 é o número inicial, um sempre poderá estar no mar e como trata-se de um “pequeno SSBN”, com mísseis dotados de ogivas nucleares, a Índia terá sua força dissuasória bastante aumentada.

Franz A. Neeracher

De fato o SSN é alugado da Rússia, porém o SSBN é de produção local.

smichtt

Bom dia Rommelqe. Eu queria agradecer por sua resposta em outro post (soldadores). Só ontem fui vê-la. Muito gentil.

Adriano Luchiari

O LABGENE não entra na conta do Prosub…

cesar silva

pra que a índia pagou por transferência de tecnologia e agora ta lançado uma nova licitação para submarinos ? a nova classe não devia se baseada nesses submarinos?

Juarez

Boa noite, não se surpreenda, se daqui um tempo tu vejas que o preço pago não serviu exatamente para isto e que ficaremos restritos aos Scorpene.
E ainda, países não tem boa vontade, tem apenas interesses……..

Control

Jovem
A TOT dos franceses é apenas para o casco. O reator e sistema de propulsão não está incluso e nem corresponde ao contrato. Esta parte, que é a sensível, a França não se comprometeu a passar, ficando para ser desenvolvida pelo Brasil (Labgene incluso), custos a parte.
Sds

Alessandro

Aquele destroyer ao lado nas fotos, é o Visakhapatnam?

Nostra

Yes 2nd destroyer of Project 15B ( Vishakhapatnam class ), INS Mormugao

Bavarian Lion

Parece-me que os scorpenes indianos não chegaram com AIP. E pra instalar esse AIP doméstico deles vão ter que cortar o submarino no meio, o módulo não produz a energia necessária e nem está próximo disso…

A Índia deveria fazer uma coalizão com Japão e Austrália naquele T.O. Mas parece que a organização de lá é pior que a de cá.

Carlos Campos

Os subs Japoneses são de dar inveja, realmente deviam se organizar melhor ede vez quando entrar no mar do Sul da China ou no Mar do Japao fazendo exércicios perto do Estreito de Malaka, Mar do Sul da China e Mar do Japão e o Mar Amarelo

Nostra

https://www.strategicfront.org/forums/attachments/6736668_1_jpeg83b5009e040969ee7b60362ad7426573-jpeg.6455/ Endurance mode user trial of drdo Land-based Prototype (LBP) for Air Independent Propulsion (aip) System for submarines for a period of 14 days was successfully completed at Naval Materials Research Laboratory (NMRL), Ambernath, on 2 December 2017. The aip, developed by Naval Materials Research Laboratory (NMRL) is a 250 kW Phosphoric Acid Fuel Cell (PAFC) based system, that allows up to 14 days of underwater endurance for a submarine running solely on power supplied by this system. NMRL’s aip system incorporates a set of innovations. eg. NMRL’s AIP package has an onboard hydrogen generation plant, which produces hydrogen ‘in… Read more »

Nostra

comment image

Nostra

Above is the picture of the DRDO Land-based Prototype (LBP) for Air Independent Propulsion (AIP) System for submarines.

Bavarian Lion

Mr. Nostra

It’s true if they have a operational AIP system actually working in a submarine? Seems like not. On a pressure of the subwaterline, a variation of real energy it may happen.

The german system made a endurance on subwater of a 18 days and it’s a record. That’s the real measure until here.

I’m really cheering for the PAFC, and i hope it can be tested on a submarine system, under the water, to prove his value.

My regards.

Nostra

Not operational , experimental prototype. 1st stage extensive land based testing of the AIP starting 2017 and ongoing. 2nd stage, on successful completion of land based trials of the AIP , it will be fitted to a marine testbed for extensive undersea trials. Only then it will be operationalized. Revised plans calls for ordering 3 more scorpenes , Indian Navy has recommended 15+ major upgrades / modifications to the current scorpene submarines and which has been accepted by the naval group . The 3 additional scorpenes when ordered will include the additional modifications and the DRDO AIP. Later the current… Read more »

Adriano Luchiari

OK, vamos lá. Atendendo a pedidos, faço uma resumida comparação: Prosub, inclui construção do complexo de Itaguaí, de 4 SBR e do casco do SNB, iniciado 2009 com valores estimados à época: complexo R$ 7 bi, 4 SBR R$ 10,54 bi (custo unitário R$ 2,61 bi), casco do SNB R$ 8,91 bi. Situação em 2019: 1 SSK finalizado aguardando testes de mar, 3 SSK em construção. Desembolsos com o programa até 2019: complexo R$ 8 bi, SSKs R$ 6,9 bi, SNB R$ 2 bi, Programa Nuclear da Marinha R$ 1,5 bi (de R$ 6,8 bi estimados). Projeto 75 da India:… Read more »

Jorge Knoll

Decepção, tudo igual no governo de Abrantes, mudam-se as moscas, mas o agir, o pensar continua o mesmo. Tinhamos esperança em mudanças para o melhor, pelo jeito só para o pior. Paulo Prestes está pavimentando o caminho para as FFAA do Brasil se tornarem sucateadas ainda mais, e se tornar a 4ª Força da America do Sul. logo o Chile nos ultrapassará e poder de fogo. Hoje estamos atrás da Venezuela e Colômbia, Amanha o Chile nos alcançará e ultrapassará. Governo BOLSONARO corta R$ 45 Bilhões do Ministério da Fazenda, que transformado em dolares, seriam U$ 11,3 Bilhões de dolares,… Read more »

Celso

Besteira, esse caminho ja foi percorrido e o nosso pais (sic) ja esta no fundo do abismo. Exercite-se agora para saber como vamos voltar a subir galgando o precipicio e quanto tempo isso levara. O Brasil so vai aos trancos e barrancos, mais pra barrancos e chafurda cada vez mais. Nossa sazonalidade economica entre subir e cair vira em media a cda 10 anos. Agora so estamos no meio da descida e se tudo caminhar bem ou razoavelmente bem nos proximos 4 anos, levaremos outros 10 anos para voltar a um niovel razoavel de crescimento e equilibrio fiscal. Brasil, pais… Read more »

Daniel Silva

Só acrescentando. A Índia, mantendo sua tradição de múltiplos fornecedores, com todas as vantagens e desvantagens que isso acarreta, não opera e não pretende operar, aparentemente, apenas submarinos do projeto 75.
Segundo a Wiki(não é muito confiável, mas é o que tem para hoje). Operam:
02 submarinos nucleares (Chakra um Akula Russo alugado e um novo “Arihant).
04 submarinos convencionais derivados projeto tipo IKL 209 (comissionados entre 1986 e 1994).
09 submarinos derivados do projeto russo Kilo (comissionados entre 1994 e 2000)
01 submarino do projeto citado no texto (comissionado em 2017, com mais dois entrando este ano)

Dalton

Uma pequena correção, Daniel. Os 9 submarinos “Kilo” foram comissionados entre 1986 e 2000, ou seja, 6 deles já estão com 30 anos.

Daniel Silva

Verdade, obrigado pela correção.

carlos chaves

Países como India e Brasil em desenvolvimento, gastam bilhões de dólares na construção de equipamentos militares.
No Brasil a construção das novas corvetas e dinheiro gasto a custa da miséria, corrupção e péssima gestão publica dos políticos.
Não adianta ter equipamentos modernos se esses países não oferecem a população o mínimo em saúde, segurança publica, ……